Meio ambiente
IBGE lança livro que cataloga mais de 500 espécies de gramíneas do Cerrado
28/06/2021 10h00 | Atualizado em 28/06/2021 10h00
Destaques
- IBGE lança o livro “Gramíneas do Cerrado”, publicação póstuma da obra de Tarciso de Sousa Filgueiras.
- Filgueiras, agrônomo e doutor em Biologia Vegetal, foi pesquisador da Reserva Ecológica do IBGE, onde contribuiu com o inventário da flora do Cerrado e com a coleção de gramíneas do Herbário IBGE.
- Livro cataloga 532 espécies, distribuídas em 117 gêneros, 28 tribos e 8 subfamílias.
- Gramíneas figuram entre as dez famílias botânicas com maior número de espécies do Brasil.
- Contribuem diretamente para agricultura, representando importantes produtos como o trigo, o milho, a cevada e o arroz.
- Destaca-se também a cana-de-açúcar, que além de alimento, é uma importante fonte de biocombustíveis.
- E ainda os bambus, muito utilizados na construção civil.
O IBGE lança hoje (28) a publicação “Gramíneas do Cerrado”, uma edição póstuma da obra do agrônomo e pesquisador do instituto, Tarciso de Sousa Filgueiras, falecido em 2019. Em mais de 600 páginas, o livro traz uma compilação de variadas informações sobre os grupos dessa família de plantas encontrada no bioma. A obra será divulgada, amanhã (29), no Congresso Nacional de Botânica.
Considerado um dos maiores especialistas em gramíneas do Brasil, Filgueiras atuou em vários institutos de pesquisa e universidades. Foi pesquisador na Reserva Ecológica do IBGE por 16 anos, inventariando a flora do Cerrado.
Para o gerente de Recursos Naturais e Estudos Ambientais do IBGE, Leonardo Bergamini, o livro presta grande serviço para a pesquisa da vegetação brasileira e para a sociedade. “É um verdadeiro tratado dessa família de plantas do Cerrado, com muita literatura e informação sobre as espécies pesquisadas”, afirma.
Abundantes e diversas, gramíneas têm grande importância ecológica e econômica
As gramíneas pertencem à família botânica Poaceae, uma das mais diversas e amplamente distribuídas no mundo. Elas também figuram entre as dez famílias com o maior número de espécies conhecidas no Brasil, estando presentes em todos os biomas do país. O livro aborda particularmente as do Bioma Cerrado, onde se sobressaem nas formações campestres e savânicas. Também estão representadas nos sub-bosques das florestas úmidas e pelos bambus e taquaras.
Sua relevância vai além dos aspectos ecológicos: as gramíneas contribuíram diretamente para a agricultura ao longo do desenvolvimento humano, através de alimentos como o trigo, o milho, a cevada e o arroz. Também é dessa família a cana-de-açúcar, que além de mantimento, é uma importante fonte de biocombustíveis. Os bambus, muito utilizados na construção civil, também são gramíneas. No Cerrado e, especialmente, nos biomas Pantanal e Pampa, as pastagens naturais de gramíneas nativas são tradicionalmente utilizadas para criação de gado.
“O livro tem ampla contextualização bibliográfica e uma introdução abrangente sobre a família, sua importância e seu estudo, além de chaves de identificação e descrições botânicas de mais de 500 espécies”, explica Bergamini. Ao todo, são apresentadas 532 espécies, distribuídas em 117 gêneros, 28 tribos e 8 subfamílias. Boa parte do material pesquisado se encontra no acervo dos herbários do IBGE em Brasília e Salvador, que estão disponíveis para consulta pública no banco de dados digital JABOT.
A publicação traz ainda, no apêndice, uma visão geral do conteúdo em língua inglesa e uma sintética explanação sobre técnicas de coleta para estudos taxonômicos, anatômicos e citológicos. “A equipe de apoio à publicação da obra reviu todo o material organizado pelo autor e manteve o texto o mais original possível, atualizando apenas algumas informações. Além de um material técnico valioso, essa publicação é uma homenagem a esse importante pesquisador e colega que tanto contribuiu para o conhecimento da biodiversidade e para o rico acervo dos herbários do Brasil e do mundo", completa Bergamini.