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Síntese de Indicadores Sociais

Oito em cada dez jovens que nunca frequentaram escola estavam sem ocupação em 2019

Editoria: Estatísticas Sociais | Alerrandre Barros | Arte: Jessica Cândido

12/11/2020 10h00 | Atualizado em 12/11/2020 14h57

  • Destaques

  • Quanto mais cedo abandonam os estudos, maiores são as chances de jovens ficarem sem ocupação.
  • A proporção de jovens que não estão ocupados nem estudam reduziu de 23,0%, em 2018, para 22,1%, em 2019.
  • Estados do Nordeste têm maior proporção de jovens nessa situação.
  • Uma jovem preta ou parda tem 2,4 vezes mais chances de não estar estudando nem estar ocupada do que um jovem branco.
  • 42,8% dos jovens nessa situação tinham renda domiciliar per capita de até R$ 353,50.
  • Frequência escolar avança em todas as faixas etárias, com destaque para crianças que estão na creche.
Quanto mais cedo jovens abandonam os estudos, maiores são as chances de ficarem sem ocupação - Foto: Arquivo Agência Brasil

Cerca de 82,3% dos jovens de 15 a 29 anos que nunca frequentaram a escola estavam sem ocupação em 2019, segundo a Síntese de Indicadores Sociais, divulgada hoje (12) pelo IBGE. O levantamento mostra, pela primeira vez, que entre os que já tinham estudado, quanto mais cedo abandonaram os estudos, maiores eram as chances de estarem sem trabalho.

Dos jovens que frequentaram a escola até os 10 anos de idade, 55% não estavam ocupados no ano anterior. Essa proporção vai diminuindo enquanto aumenta o número de anos estudados. Em 2019, 62,6% dos jovens que estudaram até os 18 anos ou mais estavam ocupados.

Esses dados ajudam a entender por que no Brasil ainda há tantos jovens que não estudam nem têm ocupação. No ano passado, a proporção de pessoas nessa situação reduziu, passando de 23,0%, em 2018, para 22,1%, em 2019. Apesar da melhora no indicador, o país tem mais jovens que não estudam nem têm ocupação do que outros países da América do Sul, como Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.

“A redução nesse indicador resulta do aumento do nível de ocupação dos jovens no período. Não se tratou, portanto, da expansão do acesso à educação”, explica a analista da Gerência de Indicadores Sociais do IBGE, Luanda Botelho, acrescentando que o indicador de quem não estuda nem tem ocupação não tem uma variação conjuntural tão destacada de um ano para o outro.

Entre as regiões do país, os estados do Sul apresentaram os percentuais de jovens sem estudar e sem ocupação mais próximos de países desenvolvidos, principalmente, nas capitais. Por outro lado, em todos os estados do Nordeste mais de 25% dos jovens estavam nessa condição. Em 2019, apenas 40,5% dos jovens estavam ocupados no Nordeste, enquanto a média nacional era 49,8%.

As mulheres jovens (27,5%) foram as que mais vivenciaram essa situação, enquanto apenas 16,6% dos homens jovens não estudavam nem estavam ocupados. A desigualdade é ainda maior entre a população branca e a preta ou parda. No ano passado, 17,0% dos jovens brancos e 25,3% dos jovens pretos ou pardos não estudavam nem estavam ocupados. Essa diferença foi maior do que a registrada em 2018, quando 18,5% dos brancos e 25,8% dos pretos ou pardos estavam nessa situação.

Entre as mulheres pretas ou pardas o percentual era ainda maior: 32,0% não estudavam e não tinham ocupação. Uma jovem preta ou parda tinha 2,4 vezes mais chances de estar nessa situação do que um jovem branco (13,2%). As mulheres pretas ou pardas também estavam em desvantagem tanto em relação aos homens de mesma cor ou raça (18,9%), quanto em relação às mulheres brancas (20,8%).

Segundo Luanda Botelho, a diferença entre homens e mulheres vem, sobretudo, do acesso ao mercado de trabalho. “Embora sejam mais escolarizadas que os homens, as mulheres enfrentam dificuldades na transição para o mercado de trabalho, porque muitas delas são responsáveis pelos afazeres domésticos e os cuidados de outras pessoas. Elas também encontram dificuldades mesmo estando na força de trabalho, com maior taxa de desocupação”, explicou.

Em 2019, 42,8% dos jovens que não estudavam nem trabalhavam estavam no quinto da população com os menores rendimentos domiciliares per capita, que representa aqueles com renda de até R$ 353,50. Apenas 4,7% desses jovens estavam no quinto com os maiores rendimentos.

“Esse resultado pode ser explicado tanto pela origem familiar desses jovens quanto pelo fato de, uma vez ocupados, passarem a contribuir para o rendimento domiciliar. Os jovens que estavam estudando e ocupados contavam com maior participação no quinto populacional de maiores rendimentos (25,9%), seguidos pelos jovens que estavam só ocupados (17,5%)”, acrescentou Luanda Botelho

Frequência escolar avança em todas as faixas de idade

A Síntese de Indicadores Sociais também mostra que, entre 2016 e 2019, a frequência escolar cresceu em todas as faixas etárias, de 0 a 17 anos.

O ritmo de ampliação na cobertura do ensino foi mais acelerado, contudo, nas creches, onde estudam crianças de 0 a 3 anos, que atingiu 35,6%, um acréscimo de 5,2 pontos percentuais em relação a 2016. Apesar do avanço, o país ainda não chegou à meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de colocar 50% das crianças de 0 a 3 anos nas creches. O prazo termina em 2024.

Entre 2016 e 2019, a proporção de estudantes que frequentavam o nível de ensino adequado à sua faixa etária ou que já haviam concluído esse nível de ensino também avançou no Brasil. O indicador cresceu 1,6 ponto percentual entre os jovens de 18 a 24 anos, indicando que 25,5% desses estudantes já haviam concluído ou estavam frequentando curso de ensino superior, contra 23,9% em 2016. A meta do PNE para essa faixa etária é 33%.

O levantamento ainda detalha que apenas 18,9% dos jovens pretos ou pardos na faixa etária entre 18 e 24 anos frequentavam, em 2019, o ensino superior. Esse percentual era de 35,7% entre os estudantes brancos. Ou seja, um jovem branco tem quase duas vezes mais chance de frequentar ensino superior do que um jovem preto ou pardo.