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Pesquisa da Pecuária Municipal

Rebanho bovino tem leve alta em 2019, após dois anos seguidos de quedas

Editoria: Estatísticas Econômicas | Alerrandre Barros | Arte: Jessica Cândido

15/10/2020 10h00 | Atualizado em 15/10/2020 12h39

  • Destaques

  • Com 214,7 milhões de cabeças de gado, rebanho bovino cresceu 0,4% em 2019, com destaque para o município de São Félix do Xingu (PA).
  • A produção de leite de vaca avançou 2,7%, somando 34,8 bilhões de litros. O Sudeste voltou a liderar produção.
  • O rebanho suíno reduziu 1,6%, com 40,6 milhões de cabeças.
  • Produção de ovos de galinha cresceu 4,2% e alcançou a marca de 4,6 bilhões de dúzias.
  • Impulsionada pelo Paraná, criação de peixes em cativeiro (piscicultura) subiu 1,7%, totalizando 529,6 mil toneladas.
  • A produção de camarão criado em cativeiro (carcinicultura) aumentou pelo segundo ano consecutivo.
  • 46 mil toneladas foi a produção de mel, alta de 8,9% em relação a 2018.
  • Valor de produção dos produtos pecuários e de aquicultura chegou a R$ 64,4 bilhões.
O rebanho bovino atingiu a marca de 214,7 milhões de cabeças - Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O rebanho bovino voltou a crescer em 2019, após dois anos consecutivos em queda, segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada hoje (15) pelo IBGE. A leve alta de 0,4% garantiu a marca de 214,7 milhões de cabeças de gado, o que mantém o Brasil como o segundo maior rebanho bovino do mundo e o principal exportador desse tipo de carne.

“Em 2019, verificamos uma queda na participação das fêmeas no abate, sugerindo uma transição do ciclo de baixa para o de alta da pecuária, que é quando o produtor passa a reter fêmeas devido aos bons preços de mercado”, explica a supervisora da pesquisa Mariana Oliveira. Além disso, ela lembra que o ano foi marcado pelo recorde de carne bovina exportada, especialmente para a China, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, o que incentiva a produção de bovinos.

Essa leve recuperação foi puxada pelo estado do Mato Grosso, que aumentou seu rebanho em 5,1% e segue como estado com mais cabeças de gado, 31,7 milhões, respondendo por 14,8% do total nacional. Entre as grandes regiões, o maior crescimento de rebanho bovino ocorreu no Nordeste, avançando 2,7%. O Centro-Oeste, contudo, concentrou um terço do rebanho do país (34,5%), seguido pelo Norte (23,1%), que vem crescendo nos últimos anos.

A cidade de São Félix do Xingu (PA) continuou líder no ranking de bovinos do país, com 2,2 milhões de cabeças de gado. Corumbá (MS) seguiu em segundo lugar (1,8 milhão). Já Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) despontou da sétima posição em 2018 para a terceira devido a alta de 14,0% do seu rebanho, somando 1,2 milhão de animais.

Produção de leite de vaca chega a 34,8 bilhões de litros com melhora na produtividade

A produção de leite de vaca também cresceu em 2019, chegando a 34,8 bilhões de litros, um aumento de 2,7% em relação ao ano anterior. O valor de produção atingiu R$ 43,1 bilhões. Essa alta vem do ganho de produtividade, já que o efetivo de 16,3 milhões de vacas ordenhadas foi 0,5% menor em relação ao ano anterior. Com menos animais produzindo mais leite, a produtividade subiu para 2.141 litros de leite por vaca ao ano.

Com um crescimento de 4,4%, a região Sudeste voltou a ser a maior produtora de leite do país em 2019, com 34,3% de participação, tirando a liderança do Sul, que ocupava o posto desde 2014. Minas Gerais seguiu como maior estado produtor, seguido por Paraná e Rio Grande do Sul. Os três produzem mais da metade do leite nacional (51,9%).

Dos dez maiores municípios produtores de leite, sete são mineiros. O maior, porém, é Castro (PR). Em seguida vem Patos de Minas (MG) e Carambei (PR).

Rebanho de suínos diminui, mas sobe número de fêmeas

Já o rebanho de suínos reduziu 1,6% em 2019, somando 40,6 milhões de cabeças. Em contrapartida, o número de fêmeas destinadas à procriação (matrizes) apresentou acréscimo pelo terceiro ano consecutivo e atingiu a marca de 4,8 milhões, alta de 0,5%, o que indica, segundo Mariana, que os produtores estão realizando investimentos no setor.

Em 2019, a região Sul, que detém quase metade do rebanho do país (49,5%), teve efetivo 2,4% menor de suínos que em 2018. Toledo (PR) foi a cidade com o maior número de cabeças: 1,2 milhão.

Produção de ovos bate recorde de 4,6 bilhões de dúzias

A produção de ovos de galinha cresceu 4,2% e alcançou a marca de 4,6 bilhões de dúzias, sendo que 83,2% foram provenientes de granjas de médio e grande porte. Segundo Mariana, essa alta decorre, principalmente, pelo aumento do consumo interno. “Isso significou mais um ano de aumento e recorde na série histórica e resultou em um rendimento estimado em R$ 15,1 bilhões”, afirma.

Embora o Sudeste seja a principal região produtora de ovos (43,3%), o Nordeste teve o maior crescimento, 8,9%, chegando a 17,6% de participação. São Paulo lidera entre os estados (25,4%). Quase todos os municípios brasileiros (5.439) apresentaram alguma produção de ovos de galinha em 2019, sendo o principal Santa Maria de Jetibá (ES).

A pesquisa também mostra que o número de galinhas criadas para produção de ovos cresceu 1,7%, atingindo 249,1 milhões de animais. Já o total de galináceos, que inclui galos, galinhas, frangos, frangas, pintinhos e pintainhas, ficou em 1,5 bilhão de aves, praticamente estável (0,1%) na comparação com o ano anterior.

Criação de peixes atinge 529,6 mil toneladas, puxada pelo Paraná

A criação de peixes em cativeiro (piscicultura) também avançou 1,7%, totalizando 529,6 mil toneladas em 2019, impulsionada principalmente pelo Paraná, que produziu 23,9% do total nacional. O Mato Grosso do Sul, embora nono maior produtor, se destacou esse ano devido a um aumento de 4,2 mil toneladas de peixes. Nova Aurora (PR) foi o principal município criador de peixes do país “A maior produção foi da espécie tilápia (61,1%), seguido pelo tambaqui (19,1%)”, destaca Mariana, lembrando que essa pesquisa não investiga dados de pesca, somente da criação de peixes em cativeiro.

Produção de camarão sobe pelo segundo ano seguido

A supervisora da PPM observa também que a produção de camarão criado em cativeiro (carcinicultura) cresceu pelo segundo ano consecutivo. “Foram 54,3 mil toneladas, alta 18,8% maior que a de 2018, quando a atividade voltou a se recuperar depois do vírus da Mancha Branca, que derrubou a produção nacional entre 2016 e 2017. Antes do vírus, o país chegou a produzir mais de 70 mil toneladas de camarão”, conta.

O Nordeste é líder absoluto na produção de camarão, com destaque para o Rio Grande do Norte e o Ceará. Com a alta de 19% na produção em 2019, a região passou a respondeu por 99,6% de todo o camarão comercializado no país, maior participação já registrada desde o início da série histórica.

Produção de mel chega a 46 mil toneladas, mas valor de produção recua 1,8%

Outro destaque de 2019 foi a produção de mel, que cresceu 8,9% em relação ao ano anterior, atingindo 46 mil toneladas. Mariana observa, contudo, que o valor de produção recuou 1,8%, totalizando R$ 493,7 milhões, por conta da queda no preço médio do produto. “Essa queda no preço pode ser explicada pelo aumento na oferta”, avalia.

Houve aumento na produção de mel em todas as regiões. Mas o destaque veio do Nordeste, com incremento de 1,5 mil toneladas. Entre os estados, o Paraná (15,7%) ultrapassou o Rio Grande do Sul (13,6%), tornando-se o maior produtor. O município de Ortigueira (PR) teve a maior produção de mel do país.

Valor de produção dos produtos pecuários e de aquicultura chega a R$ 64,4 bilhões

Em 2019, o valor de produção dos principais produtos pecuários cresceu 9%, somando R$ 59,3 bilhões, sendo 72,8% desse valor só de produção de leite. O restante vem de ovos de galinha (25,6%), mel (0,8%), ovos de codorna (0,6%), lã (0,1%) e casulos de bicho da seda (0,1%).

Já os produtos da aquicultura somaram R$ 5,16 bilhões, um aumento de 5,1%, sendo que a atividade de criação de peixes foi responsável por 72,6% desse total. A produção de camarão gerou 25,9% do valor nacional, ostras vieiras e mexilhões, 1,4%, e outros animais da aquicultura, como rãs e jacarés, 0,1%.