Projeto experimental
Pesquisadores vão à região do Matopiba testar modelo de Contas Ambientais
24/04/2019 11h00 | Atualizado em 31/05/2019 19h17
A partir desta quinta-feira (25) até o dia 3 de maio, pesquisadores do IBGE e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acompanhados por consultores das Nações Unidas (ONU), estarão em campo na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) para analisar o uso do solo e os impactos causados pela agricultura na bacia do Rio Grande.
A iniciativa faz parte do projeto de Contabilidade Experimental de Ecossistemas, que estuda diferentes metodologias de medição das Contas Econômicas Ambientais no Brasil, México, Índia, África do Sul e China, com financiamento da União Europeia. Os resultados obtidos nesses países poderão contribuir para o desenvolvimento de um sistema de cálculo internacional do Produto Interno Verde (PIV), conhecido como PIB Verde.
Na bacia do Rio Grande será testado um modelo matemático em parceria com o Laboratório de Monitoramento e Modelagem Pedogeomorfológica da UFRJ. “Vamos usar dados de volume dos rios e das chuvas para analisar quanto de solo está sendo removido ali. Com a remoção da cobertura vegetal original e introdução da soja, que é uma monocultura, a gente tem outra dinâmica de uso do solo”, explica a assistente de projetos internacionais de Geociências do IBGE, Ivone Batista, que justifica a escolha da área da bacia por ser um ambiente possível de isolar informações hídricas.
Nesta primeira visita, os pesquisadores irão aos municípios de Barreiras (BA) e Santa Rita de Cássia (BA) para observar mais de perto a dinâmica de ocupação e utilização da terra em áreas mapeadas anteriormente pelo IBGE, no Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra. A equipe também se reunirá com as prefeituras e secretarias de meio ambiente para conhecer o planejamento de políticas locais frente ao impacto da agricultura.
O método utilizado no Matopiba, a depender dos resultados do teste, poderá ser ampliado para o país e demais nações como diretriz da Divisão de Estatísticas das Nações Unidas. Estão previstas outras duas visitas à bacia do Rio Grande, em outubro deste ano e a partir do primeiro semestre de 2020. O resultado do projeto, previsto para o final de 2020, será consolidado em uma publicação e no Banco de Tabelas Estatísticas (Sidra).
Em 2017, o IBGE foi designado por lei como órgão responsável pelas Contas Econômicas Ambientais e pelo cálculo do PIB Verde. Hoje, a contabilidade do setor produtivo é realizada somente pelo Sistema de Contas Nacionais, através do PIB. A lei exige que a metodologia para o cálculo do PIB Verde seja amplamente discutida com a sociedade e as instituições públicas antes da criação do novo sistema de contas. “Todas as Contas Econômicas Ambientais são um passo para se chegar ao PIB Verde”, esclarece Ivone.