Pesquisa Anual de Comércio
Cresce participação das atividades relacionadas à alimentação no comércio
28/06/2018 10h00 | Atualizado em 28/06/2018 10h06
De 2007 a 2016, “Hipermercados e supermercados” e o comércio varejista e por atacado de “produtos alimentícios, bebidas e fumo” foram as atividades que mais ganharam participação na receita líquida do comércio brasileiro. Em contrapartida, os setores “comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes” e “comércio de veículos automotores, peças e motocicletas” sofreram as maiores quedas no ranking de atividades do comércio no mesmo período.
É o que mostra a Pesquisa Anual de Comércio 2016 (PAC), divulgada hoje pelo IBGE, que traz informações sobre a estrutura produtiva das empresas comerciais do país.
O ganho de participação do setor de hipermercados e supermercados, que saiu da terceira posição, em 2007, para a primeira, em 2016, passando de 9,4% para 12,4%, está relacionado às perdas do setor de veículos automotores, peças e motocicletas, que saiu da segunda posição (11,0%) para a sexta (6,0%).
“Com a crise dos últimos anos, a gente percebe que a venda de veículos automotores caiu. Outro elemento da pesquisa que consegue confirmar isso é o setor atacadista de combustíveis, que até então era o primeiro da nossa pesquisa e hoje está em segundo, pois foi ultrapassado pelo setor de hipermercados e supermercados”, explica a gerente da PAC, Danielle Oliveira.
Os números da pesquisa mostram o período em que a crise econômica passa a influenciar esses setores. Em termos reais, de 2015 para 2016, a receita líquida da atividade de veículos automotores caiu 9,6%, depois de ter caído 13,8% entre 2014 e 2015 e 4,3% entre 2013 e 2014. Já a atividade de hipermercados e supermercados teve queda de 1,5% entre 2015 e 2016, queda de 0,9% entre 2014 e 2015, mas cresceu 11,7% entre 2013 e 2014, acumulando, no período 2007-2016 um crescimento de 81,4% - superior ao crescimento dos veículos automotores (45,2%).
“Nos supermercados, você pode substituir marcas, mas você não deixa de comprar comida. Agora, você deixa de comprar um carro. Quantas lojas de roupa fecharam por aí. Quantas concessionárias fecharam por causa da crise. Agora, não vimos hipermercados fecharem, apesar de terem diminuído as vendas”, ressalta Juliana Paiva, gerente das pesquisas econômicas do IBGE.
Ainda segundo Danielle, o setor de hiper e supermercados é o maior do comércio varejista: “Apesar de ter o menor número de empresas, [hiper e supermercados] tem a maior receita operacional líquida e os maiores salários, além de ser o segundo maior empregador do comércio”. O setor de produtos alimentícios, bebidas e fumo também se destaca por possuir o maior número de empresas e o maior número de pessoal ocupado.
Em 2016, o Brasil contava com 1,547 milhão de empresas comerciais, que geraram R$3,3 trilhões de receita operacional líquida, pagaram R$214,8 bilhões de salários, retiradas e outras remunerações e ocuparam 10 milhões de pessoas, em 1,685 milhão de unidades locais. No mesmo ano, o Sudeste se destacou por possuir 49,6% das unidades locais, 51,8% do pessoal ocupado, 51,3% da receita bruta de revenda, 55,7% da massa salarial e o maior salário médio mensal (2,1 salários mínimos).