No Dia da Mulher, estatísticas sobre trabalho mostram desigualdade
08/03/2018 14h00 | Atualizado em 10/04/2018 08h50
As estatísticas sobre o mercado de trabalho mostram que as mulheres não usufruem das mesmas condições que os homens em diversos aspectos, como rendimento, formalização e disponibilidade de horas para trabalhar. No dia Internacional da Mulher, os dados relativos ao quarto trimestre de 2017 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C) comprovam que ainda há muito a conquistar na direção da igualdade de gênero.
Das 40,2 milhões de trabalhadoras, 24,3% haviam completado o ensino superior, enquanto entre os homens ocupados a proporção era de 14,6%. Apesar disso, em média, as mulheres que trabalham recebem rendimentos 24,4% menores que os dos homens.
A pesquisa mostra que 6,0% dos homens trabalhadores eram empregadores, enquanto a proporção das mulheres ocupadas nessa posição era praticamente a metade: 3,3%. Já o percentual de mulheres na posição de trabalhador familiar auxiliar (3,6%), caracterizada pelo não recebimento de salário, era muito superior ao dos homens (1,5%).
A PNAD Contínua mostra, também, que a participação das mulheres supera a dos homens em algumas profissões culturalmente identificadas como “femininas” e associadas a menores salários. A maior disparidade é encontrada na categoria dos empregados domésticos, na qual 92,3% são mulheres. Mas elas também predominam no magistério, nas enfermarias e na assistência social. Nesse sentido, no setor da administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde e serviços sociais, a participação das mulheres (25,2%) era bem maior que a dos homens (10,9%).
Atividades tipicamente masculinas, como construção civil e transporte, armazenagem e correio, empregavam, respectivamente, 13% e 7,8% dos homens ocupados. Já os percentuais da população ocupada feminina nessas atividades eram pequenos: 0,5% e 1,2%, respectivamente.
Sete em cada dez empregadas domésticas não têm carteira assinada
Em relação à carteira de trabalho, as estatísticas são mais favoráveis às mulheres do que aos homens: quase 80% das empregadas do setor privado possuíam carteira de trabalho assinada, enquanto entre os homens o percentual era de 72%. Mas a situação era bem diferente entre as 5,9 milhões de empregadas domésticas, das quais 71,6% não tinham carteira assinada. Entre os homens nessa atividade, 57,7% trabalhavam sem carteira.
As mulheres dedicaram 18 horas semanais a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, 73% mais tempo do que os homens (10,5 horas). Trata-se de uma característica arraigada em nossa sociedade, que leva grande parte das mulheres a procurarem por ocupações em tempo parcial, como forma de conciliar trabalho e afazeres. Assim, o percentual de mulheres que trabalhavam 39 horas ou menos por semana (34,6%) era muito superior ao dos homens nessa condição (19,1%), no último trimestre de 2017. Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, professoras e atendentes de telemarketing estão nessa situação.
Com isso, as mulheres eram cerca de 54% dos 6,46 milhões de trabalhadores subocupados (pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar mais). De acordo com Cimar, um exemplo dessa situação “são as mulheres que têm filho pequeno, que querem trabalhar mais, porém não conseguem, por não terem com quem deixar a criança”.