Maior produtor de feijão do país, Paraná responde ao Censo Agro 2017
21/11/2017 09h00 | Atualizado em 24/01/2019 11h02
No município paranaense de Porto Amazonas, a 75km de Curitiba, o produtor rural Felipe Kampa, de 33 anos, diversifica a produção nos cerca de 220 alqueires (cerca de 5,3 km²) de sua propriedade. Durante o verão, planta feijão, milho e soja. Já no inverno, tem pastagens, trigo e gado. A dedicação e o conhecimento técnico do agricultor, aliados ao clima favorável da região, contribuíram para que todas as culturas produzissem bem este ano, até mesmo a do feijão, que é considerada de alto risco. “É uma cultura bem exigente em fertilidade de solo, qualidade de semente, manejo de pragas. Exige chuva em determinadas épocas. Então são vários fatores que incidem na qualidade da produção”, afirma Felipe.
Desde 2006, o Paraná lidera a produção de feijão no Brasil. Com boa aceitação no mercado e ciclo curto, cerca de 90 dias entre o plantio e a colheita, o alimento costuma interessar aos produtores, que chegam a ter até três safras por ano no estado. Em 2016, de acordo com dados da última Pesquisa Agrícola Municipal, o Paraná colheu 590 mil toneladas de feijão, o que representa 22,57% do que foi produzido em todo o país.
Nas propriedades de Felipe, o plantio de feijão é dividido entre os tipos preto e carioca e corresponde a cerca de 10% da área total plantada. Para ele, que já respondeu ao questionário do Censo Agro, há esperança de que os dados coletados pela pesquisa ajudem a cidade e o país verem o setor com outros olhos. “Se você pegar a agricultura dos últimos anos, a modernização foi muito grande. Hoje você vê robô pilotando trator, trabalhando praticamente sozinho. Acabou aquela filosofia de você falar em agricultor e pensar num senhorzinho do campo, com um chapeuzinho na cabeça e uma enxada nas costas”, afirma.
Retratando a realidade do campo
Conhecer esse novo perfil do produtor rural paranaense e brasileiro é um dos objetivos do Censo Agropecuário. “A fotografia que nós vamos mostrar da atividade da agricultura precisa refletir aquilo que de fato tem no campo”, afirma o chefe do IBGE no Paraná, Sinval Dias dos Santos.
Os dados levantados pela pesquisa interessam ao poder público, a quem trabalha no campo, aos pesquisadores e às entidades ligadas à agricultura, como cooperativas, federações e sindicatos rurais.
"A importância do Censo Agro é o renascimento da necessidade de sabermos a nossa realidade – porque não sabemos. Como é que vamos projetar, como é que vamos estruturar, como é que vamos pensar como sociedade, se a gente não se conhece?”, questiona o diretor-secretário da Federação da Agricultura do Estado Paraná (FAEP), Livaldo Gemin.
No Paraná, o retrato do setor rural do estado está sendo feito por cerca de 1.350 recenseadores, grupo do qual Adriele dos Santos faz parte. Formada em Letras, ela estava insegura no início dos trabalhos. Tinha receio de errar o questionário, não ser bem recebida. Hoje, depois de ganhar até presente dos produtores, diz que a hospitalidade das pessoas é muito boa e que o trabalho está superando as expectativas. "As pessoas estão aceitando bem, estão respondendo. Às vezes tem uma adversidade ou outra, mas no geral, está indo muito bem”, conta.
Até o momento, pouco mais de 20% dos cerca de 372 mil empreendimentos agropecuários do Paraná já foram recenseados.
Para Sinval, o número é bastante positivo, já que a coleta tem sido prejudicada pelas fortes chuvas no estado, que acabam dificultando o acesso às áreas rurais. “Já tivemos vários casos de carros atolados. Mas, de qualquer forma, os recenseadores, supervisores e o pessoal da casa [do IBGE] estão trabalhando com muita determinação, muita seriedade, para que possamos cumprir o cronograma da coleta – o que é muito importante –, mas com qualidade. Porque, acima do cronograma, importa a qualidade do trabalho levantado”, afirma Sinval.
Texto e fotos: Larissa Grizoli, do Paraná
Arte: Helena Pontes
Infográfico: Pedro Vidal