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Em 2008, PIB atinge R$ 3 trilhões e cresce 5,2%

A economia brasileira, em 2008, apresentou expansão em volume do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,2% em relação ao ano anterior...

05/11/2010 08h01 | Atualizado em 05/11/2010 08h01

A economia brasileira, em 2008, apresentou expansão em volume do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,2% em relação ao ano anterior. Em valores correntes, o resultado alcançado foi de R$ 3.032 bilhões, e o deflator (variação média dos preços em relação à média dos preços do período anterior) do PIB, 8,3%. Naquele ano, o PIB per capita atingiu R$ 15.989,75, o que representa uma variação em volume de 4,1% em relação ao observado em 2007. Esses e outros resultados definitivos integram o Sistema de Contas Nacionais - Brasil 2004-2008.

O PIB registrou taxas de crescimento nos três primeiros trimestres de 2008, apresentando, porém, desaceleração significativa no quarto trimestre. A economia mundial, em 2008, registrou expansão em volume do PIB de 3,0% em relação ao ano anterior. Entre 2004 e 2007, o crescimento anual médio havia sido de 4,9%.

O PIB pode ser calculado segundo três óticas distintas:

a) da produção - é igual ao valor bruto da produção, a preços básicos, menos o consumo intermediário, a preços de consumidor, mais os impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos;

b) da demanda - é igual à despesa de consumo das famílias, mais o consumo do governo, mais o consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias (consumo final), mais a formação bruta de capital fixo, mais a variação de estoques, mais as exportações de bens e serviços, menos as importações de bens e serviços. Permite a análise de acordo com o destino dos bens e serviços que a economia do País põe à disposição dos usos finais;

c) da renda - é igual à remuneração dos empregados, mais o total dos impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e a importação, mais o rendimento misto bruto (remuneração recebida pelos proprietários de empresas não constituídas - autônomos -, que não pode ser identificada separadamente entre capital e trabalho), mais o excedente operacional bruto (saldo resultante do valor adicionado deduzido das remunerações pagas aos empregados, do rendimento misto e dos impostos líquidos de subsídios incidentes sobre a produção).

Ótica da produção: agropecuária é a atividade com maior crescimento (6,1%)

O crescimento do PIB em 2008, de 5,2%, foi decorrente de um aumento de 4,8% do valor adicionado bruto (VAB) e de um aumento 7,6% dos impostos sobre produtos.

Agropecuária - O valor adicionado bruto da agropecuária cresceu em volume 6,1%, em relação ao ano de 2007, explicado, sobretudo, pelo desempenho da lavoura no ano de 2008. A variação da participação da atividade no valor adicionado bruto da economia (de 5,6%, em 2007, para 5,9%, em 2008) foi decorrente, além do crescimento em volume da atividade, da elevação de 12,7% do preço do VAB.

A atividade agricultura, silvicultura e exploração florestal cresceu 7,3%, acima da média da economia em 2008. Segundo a pesquisa Produção Agrícola Municipal 2008, os principais produtos com crescimento expressivo no volume de produção em 2008 foram trigo em grão (46,5%), café em grão (24,4%), cana-de-açúcar (17,4%), milho em grão (13,1%) e arroz (9,0%).

A atividade pecuária e pesca também contribuiu positivamente para o desempenho da agropecuária com crescimento de 3,6%, superior ao resultado de 2007 (1,0%). De acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal 2008, os destaques foram as aves e os suínos, com aumentos de 6,6% e 2,4%, respectivamente, sobre os efetivos registrados no ano anterior. Quanto aos bovinos, produto de maior importância na pecuária, houve um crescimento de 1,3% no efetivo, após dois anos sucessivos de variações negativas.

Indústria - O valor adicionado das indústrias de transformação cresceu 3,0% em 2008, com 23 atividades apresentando crescimento (contra 28 em 2007) e 11 atividades apresentando queda (contra 6 em 2007). O crescimento industrial em 2008 também foi mais concentrado, com apenas três atividades (máquinas e equipamentos, outros equipamentos de transportes e produtos farmacêuticos), respondendo por mais de 50,0% do aumento do VAB das indústrias de transformação, contra as seis atividades, para o mesmo percentual, em 2007.

Entre as atividades com desempenho positivo, destacam-se as relacionadas com formação bruta de capital fixo (FBCF, o mesmo que investimento), que cresceu 13,6% no ano. Fabricação de veículos ferroviários (54,4%), fabricação de caminhões e ônibus (15,5%) e fabricação de máquinas e equipamentos (9,3%) foram as mais afetadas, positivamente, pelo aumento do investimento.

O crescimento da atividade construção civil (7,9%) também exerceu impacto positivo sobre as atividades tintas e vernizes (12,0%), cimento (10,1%) e outros produtos de minerais não metálicos (5,5%). Por outro lado, entre as atividades com queda em 2008, destacam-se fabricação de produtos de madeira, exclusive móveis (-9,1%) e artefatos de couros e calçados (-5,3%), ambas explicadas pela redução do volume exportado (-30,0% e -15,0%, respectivamente). Os produtos da atividade “Material eletrônico e equipamentos de comunicação”, que registrou queda de 8,0%, também tiveram queda nas exportações (-17,9%) e aumento nas importações (17,9%).

As atividades produtos do fumo (-7,8%) e produtos químicos (-7,2%) também registraram desempenho negativo, nesse caso explicado pela queda da demanda interna. O baixo crescimento da atividade alimentos e bebidas (0,3%) também contribuiu para uma taxa de crescimento mais baixa.

A indústria extrativa mineral cresceu 3,5% em 2008, com crescimento de 3,3% da atividade petróleo e gás natural e 0,6% da atividade minério de ferro. A participação da atividade petróleo e gás natural no VAB elevou-se de 1,7% para 2,1% em 2008, enquanto a participação da atividade minério de ferro dobrou, alcançando o patamar de 0,8% do VAB.

Serviços - O valor adicionado, a preços básicos, do grupo de serviços apresentou variação positiva de 4,9%, acima da média da economia em 2008, mas inferior ao desempenho observado no ano anterior (6,1%). Entre as 15 atividades que compõem o setor, oito apresentaram variação em volume inferior à observada em 2007 e representaram 71,4% do valor adicionado do grupo serviços, contribuindo para a redução do ritmo de crescimento. A variação de preços do valor adicionado se reduziu de 7,3% para 6,8% em relação ao ano anterior. Esta combinação de variações de volume e preços menores em relação aos demais setores gerou uma redução de 0,4 ponto percentual da participação do grupo no total do valor adicionado da economia. Este comportamento foi influenciado pelos serviços de intermediação financeira, seguros e previdência complementar e serviços relacionados, que mantiveram crescimento expressivo (12,6%), mas inferior ao observado em 2007 (15,1%).

Os serviços de informação tiveram a segunda maior elevação em volume (8,8%) no grupo, acima da verificada no ano anterior (7,4%), decorrente principalmente da expansão dos serviços de telefonia móvel, das atividades de informática e conexas, e dos serviços cinematográficos e de vídeo. As atividades de educação pública (-2,8%) e serviços domésticos (-0,8%) mantiveram variações negativas, influenciadas pela redução nas matrículas do ensino fundamental na rede pública e redução da ocupação, respectivamente.

A atividade comércio registrou variação positiva de 6,1%, inferior ao desempenho observado no ano anterior. O volume do comércio de veículos, que experimentara crescimento de 21,6% em 2007, variou 11,5% em 2008, influenciado pelo aumento do crédito. O comércio de produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e odontológicos apresentou variação em volume de 11,0%, contribuindo para o crescimento da atividade.

A continuidade do processo de valorização cambial e o aumento no volume das importações constituíram fatores que também favoreceram a atividade comércio no período. A elevação da demanda doméstica também influenciou a variação de preços do setor, que ficou em 9,9%, acima da média da economia. Este desempenho fez com que a participação do comércio no valor adicionado a preços básicos se elevasse de 12,1% para 12,5%, entre 2007 e 2008.

Ótica da demanda: investimento em máquinas e equipamentos cresce 18,3%

Em 2008 o componente da demanda com maior crescimento foi a formação bruta de capital fixo, com um crescimento de 13,6% em volume. O principal responsável por esse aumento foi o investimento em máquinas e equipamentos, que cresceu 18,3%.

O consumo - que em 2008 representou 79,1% do PIB - teve crescimento de 5,0%, passado principalmente pelas famílias. A despesa de consumo das famílias cresceu 5,7% enquanto a da administração pública cresceu 3,2%. O dado é coerente com o aumento de 7,9% na massa salarial real, segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE, e com o aumento de 30,3%, em termos nominais, nas operações de crédito do sistema financeiro para pessoa física, segundo dados do Banco Central do Brasil.

A taxa de câmbio em 2008 foi, em média, 5,9% mais baixa que a de 2007, passando de R$1,95 para R$1,83 por dólar. Isso contribuiu para o aumento das importações, de 15,4%, e para a desaceleração no ritmo de crescimento das exportações, que cresceram 0,5% no ano. Do ponto de vista da demanda, o maior crescimento das importações - comparado ao das exportações - levou a uma contribuição negativa do saldo externo de bens e serviços para o PIB.

Na análise pelos bens e serviços consumidos, destacam-se o consumo de serviços de informação, (13,7%) e o de serviços de intermediação financeira, seguros e previdência complementar (12,5%). Por outro lado, os serviços imobiliários e de aluguel (2,0%) e o grupo administração, saúde e educação públicas e seguridade social (3,0%) registraram os menores crescimentos.

A formação bruta de capital fixo para o ano de 2008 correspondeu a R$ 579,5 bilhões. Esse resultado significou um aumento de 24,9% em relação ao ano anterior, composto por um crescimento real de 13,6% e por uma elevação no nível de preços de 9,9%. Para o período compreendido entre 2004 e 2008, o crescimento real só foi inferior ao ano de 2007, quando a expansão foi de 13,9%.

O resultado de R$ 579,5 bilhões para 2008 correspondeu a uma taxa de investimento da economia de 19,1%, e contribuiu para o crescimento da participação da formação bruta de capital fixo no PIB, tendência observada desde 2005. Naquele ano, a taxa de investimento foi de 15,9%, passando para 16,4% em 2006, 17,4% em 2007.

Os três grandes grupos de ativos fixos compondo a formação bruta de capital fixo - máquinas e equipamentos, construção civil e outros produtos – apresentaram crescimento em comparação com o ano anterior. Máquinas e equipamentos apresentaram a maior variação nominal (30,8%) e em volume (18,3%), e alta de 10,6% do nível de preços. A construção civil teve elevação de 18,3% em valor, resultante da variação de 9,3% em volume e 8,3% em preço, e o grupo outros produtos registrou um crescimento nominal de 15,3%, decorrente de uma variação de 1,7% no volume e de 13,3% no preço.

Em termos de participação na formação bruta de capital fixo, máquinas e equipamentos representou 56,7% (R$ 328,5 bilhões) do total em 2008, a construção civil representou 36,3% (R$ 210,4 bilhões) e o grupo outros produtos representou 7,0% (R$ 40,6 bilhões). Máquinas e equipamentos deram continuidade à trajetória de crescimento da sua participação na composição da formação bruta de capital fixo, tendência observada em todos os anos no período compreendido entre 2004 e 2008. Por outro lado, a participação de 36,3% da construção civil em 2008 foi menor que em 2007 (38,3%), dando continuidade à queda da participação deste grupo de ativos fixos na composição da formação bruta de capital fixo.

Em 2008, o desempenho do comércio exterior mundial foi afetado pela crise financeira internacional. A menor demanda por bens e serviços brasileiros por alguns dos seus principais parceiros comerciais provocou efeitos na economia real, notadamente a partir do 3º trimestre do ano. Porém, os bons resultados das exportações verificados ao longo do ano foram suficientes para compensar essa desaceleração, garantindo crescimento nominal de 16,5% das exportações de bens e serviços em relação a 2007. O crescimento deveu-se principalmente pela alta nos preços (15,9%); o volume manteve-se praticamente estável (0,5%). Analisando-se apenas os bens exportados, os preços avançaram 19,1%, enquanto o volume caiu 2,7% em comparação com o ano anterior.

O câmbio favoreceu as importações que variaram positivamente em volume em todas as categorias de uso. Destaque para bens de capital que tiveram forte alta em volume (28,0%), seguidos por bens e serviços de consumo final (23,6%) e bens e serviços de consumo intermediário (11,4%). O crescimento real de bens de capital foi impulsionado pela importação de máquinas e equipamentos (29,4%), indicando que o Real valorizado tem estimulado o nível de investimento das atividades econômicas. Ao contrário das exportações, o crescimento em valor das importações foi causado pelo maior aumento em volume, e não pelos preços.

No ano de 2008, a variação de estoques (diferença entre os valores dos estoques de mercadorias finais, de produtos semimanufaturados, bens em processo de fabricação e matérias-primas dos setores produtivos no início e no fim do ano) foi de R$ 47,6 bilhões. As principais oscilações foram verificadas nos produtos das indústrias de transformação.

Ótica da renda: 1,5 milhão de postos de trabalho foram gerados em 2008

A expansão da economia em 2008 repercutiu diretamente nos indicadores do mercado de trabalho nacional. No que diz respeito ao total de ocupações, em termos relativos, manteve-se o desempenho de 2007, com crescimento de 1,6%. Em termos absolutos, esse acréscimo representa a geração de 1,5 milhão de novos postos de trabalho, ou seja, cerca de 52 mil postos gerados a mais que em 2007.

A indústria teve o desempenho mais significativo na oferta de empregos, com aumento de 6,0%. Contribuíram para este resultado praticamente todas as atividades que compõem o grupamento, destacando-se a construção civil, que contabilizou um aumento de 11,1% no total de ocupações. Essa expansão respondeu em grande medida pelo ganho de participação da indústria no total da geração de empregos no país (de 20,1%, em 2007, para 20,9%, em 2008). O grupamento serviços não manteve a trajetória de expansão da participação no total do emprego, já identificada nos dois anos anteriores, a despeito do crescimento de 1,5% verificado no indicador entre 2007 e 2008. Ainda assim, a variação representou, em termos absolutos, um incremento na oferta de trabalho de 873 mil postos no ano, dado o peso total das atividades que compreendem o grupamento de serviços no total da ocupação (61,3%).

Considerando as ocupações segundo o tipo de inserção no mercado de trabalho, percebe-se que o processo de ampliação da formalização do emprego manteve-se em curso, com crescimento de 5,6% no número de ocupações com vínculo formal, superando as variações apuradas nas ocupações sem vínculo formal: empregados sem carteira, com acréscimo de 1,6% e autônomos com queda de 3,4%.

Entre os componentes relativos ao fator trabalho, a remuneração dos empregados representou 41,8% da renda e o rendimento misto, 8,8%. A proporção da remuneração do fator capital, verificada no excedente operacional bruto, correspondeu a 33,2% e a relativa às administrações públicas, 16,2%. A parcela da remuneração de empregados vem apresentando uma trajetória ascendente nos últimos quatro anos, refletindo a evolução positiva do mercado de trabalho no período.