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Produção industrial varia -0,3% de novembro para dezembro e fecha 2009 em -7,4%

Em dezembro de 2009, a produção industrial brasileira registrou variação de -0,3% frente ao mês anterior, na série livre de influências sazonais...

02/02/2010 07h01 | Atualizado em 02/02/2010 07h01

Em dezembro de 2009, a produção industrial brasileira registrou variação de -0,3% frente ao mês anterior, na série livre de influências sazonais. Foi o segundo resultado negativo nesse tipo de comparação, levando a uma perda de 1,2% entre outubro e dezembro.

Em relação a dezembro de 2008, houve expansão de 18,9%, refletindo, em grande medida, uma base de comparação ainda mais deprimida que a de novembro (quando o crescimento havia sido de 5,2%), por conta dos efeitos da crise financeira internacional.

Com isso, a produção do 4º trimestre de 2009 avançou 5,8% frente ao mesmo período de 2008, invertendo a sequência de quatro trimestres de taxas negativas nessa comparação; e o indicador para o fechamento do ano ficou em -7,4%, reduzindo em 1,9 ponto percentual a perda observada até novembro, mas, ainda assim, registrando a maior queda desde 1990 (-8,9%).

Com a taxa de -0,3% de novembro para dezembro de 2009 (após redução de 0,8% no mês anterior), o patamar da produção industrial voltou a um nível próximo ao de setembro de 2007. Na formação desse resultado, observou-se maior concentração de setores que expandiram a produção (18) do que dos que apresentaram decréscimo (9).

Dentre os ramos em queda, a contribuição mais importante veio de material eletrônico e equipamentos de comunicações (-12,2%). Em seguida, vieram veículos automotores (-1,2%), alimentos (-1,0%), têxtil (-4,0%) e outros equipamentos de transportes (-4,2%). Em contrapartida, produtos de metal (11,3%), farmacêutica (6,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,3%) e outros produtos químicos (1,3%) exerceram os principais impactos positivos.

Ainda no confronto com novembro de 2009, entre as categorias de uso, mantiveram-se os resultados positivos para bens intermediários (1,0%), que cresceram pelo 12º mês consecutivo, acumulando expansão de 19,7%, e bens de capital (0,3%), que avançaram 29,3% entre março e dezembro do ano passado. Os bens de consumo semi e não duráveis voltaram a apontar taxa positiva (0,4%), após terem recuado 0,5% no mês anterior. Já os bens de consumo duráveis (-4,9%) foram os únicos com queda, pelo segundo mês consecutivo, sugerindo uma acomodação após crescimento ao longo de 2009, influenciado principalmente pelos incentivos fiscais para automóveis e eletrodomésticos da “linha branca”1.

O resultado negativo de dezembro contribuiu para reduzir o ritmo de crescimento da média móvel trimestral, que avançou 0,5% entre novembro e dezembro, o menor incremento dos últimos dez meses. Os bens de consumo duráveis interromperam a expansão observada por dez meses consecutivos, apontando a única taxa negativa (-1,0%); os bens de capital (3,6%) e os bens intermediários (1,4%) registraram os maiores avanços; já os bens de consumo semi e não duráveis (0,4%) praticamente repetiram a taxa do mês anterior.

Em relação a dezembro de 2008, 22 dos 27 setores industriais crescem

Em relação a dezembro de 2008, o crescimento de 18,9% do setor industrial apoiou-se na expansão da produção de 22 dos 27 setores, com destaque para os veículos automotores (129,6%), seguidos por máquinas e equipamentos (33,9%), outros produtos químicos (20,7%), borracha e plástico (48,8%) e indústrias extrativas (19,1%). Embora esse quadro de recuperação tenha sido disseminado entre os setores, foi especialmente marcado naqueles mais sensíveis à restrição de crédito, particularmente a cadeia do setor automobilístico, e à queda das exportações de commodities, que, em dezembro de 2008, com a finalidade de ajustar estoques, haviam dado férias coletivas e/ou realizado paralisações não programadas.

Essa recuperação confirma-se na ampliação do conjunto de produtos com taxas positivas: o índice de difusão mostra que 66% dos 755 produtos investigados apresentaram avanço na produção. Por outro lado, a principal contribuição negativa veio de outros equipamentos de transporte (-24,9%), pressionados, sobretudo, pelo recuo na fabricação de aviões.

Ainda na comparação com dezembro de 2008, todas as categorias de uso apontaram taxas positivas. O destaque ficou por conta dos bens de consumo duráveis (72,1%), particularmente influenciados pela maior fabricação de automóveis (164,7%) e de eletrodomésticos (45,2%), tanto da “linha branca” (50,2%) como da “linha marrom”2 (41,0%).

A produção de bens de capital (23,0%) teve perfil generalizado de crescimento, com destaque para os avanços dos bens de capital para uso misto (40,2%), para transporte (24,5%) e para fins industriais (18,2%). Nessa categoria de uso, o único resultado negativo foi o do subsetor de bens de capital para energia elétrica (-29,7%). Em bens intermediários (21,0%), as principais contribuições positivas vieram de produtos associados à produção de veículos automotores (106,5%), metalurgia básica (25,1%), borracha e plástico (50,2%) e outros produtos químicos (20,7%). Destaque também para os insumos para construção civil (12,2%) e as embalagens (17,8%).

A produção de bens de consumo semi e não duráveis avançou 6,0%, abaixo da média, influenciada positivamente pelos grupamentos de outros não duráveis (9,9%), alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (5,0%) e semi e não duráveis (8,9%). A queda de 4,6% no subsetor de carburantes, por conta do recuo na produção de álcool, contribuiu para amortecer o crescimento do setor.

No último trimestre de 2009, indústria volta a crescer

Analisando-se a produção do ponto de vista trimestral, em relação ao mesmo período do ano anterior, verifica-se que, ao longo de 2009, o setor industrial registrou taxas negativas decrescentes até o terceiro trimestre: -14,6% de janeiro a março, -12,3% de abril a junho e -8,2% de julho a setembro. No último trimestre do ano, porém, a indústria interrompeu a sequência de quedas e avançou 5,8%.

A produção de bens de consumo duráveis mostrou o maior ganho nos três últimos meses do ano (25,0%), vindo a seguir bens intermediários (6,7%) e bens de consumo semi e não duráveis (2,2%). A produção de bens de capital (-1,6%), embora com redução significativa no ritmo de queda, foi a única que manteve o sinal negativo nessa comparação.

Na série ajustada sazonalmente, os sinais de recuperação ao longo de 2009 também ficam evidenciados, com o quarto trimestre avançando 3,6% frente ao trimestre imediatamente anterior, na terceira expansão consecutiva nesse tipo de comparação, período em que o setor industrial acumulou ganho de 13,0%.

Os bens de capital registraram a aceleração mais forte na passagem do terceiro (6,9%) para o quarto trimestre (13,3%), seguidos pelos bens de consumo semi e não duráveis (de 0,6% para 1,4%). O setor de bens intermediários praticamente manteve o ritmo de produção entre os dois períodos (de 4,6% para 4,5%), enquanto os bens de consumo duráveis reduziram o ritmo de avanço (de 9,0% para 2,6%).

Em 2009, indústria tem maior queda desde 1990

No ano de 2009, o setor industrial teve o seu maior recuo (-7,4%) frente a igual período do ano anterior desde 1990 (-8,9%). O primeiro semestre apontou perda mais acentuada (-13,4%) que o segundo (-1,7%), ambas as comparações contra igual período do ano anterior, por conta principalmente da aceleração da atividade industrial no último trimestre (5,8%). No ano, o perfil de queda foi generalizado, com todas as categorias de uso e 23 dos 27 setores mostrando redução na produção. Os resultados acumulados em 2009 refletem em grande parte as perdas no nível de investimento, influenciadas pela deterioração da confiança dos agentes econômicos, e a redução brusca da demanda internacional.

Entre as atividades, as quedas mais expressivas vieram de máquinas e equipamentos (-18,5%), veículos automotores (-12,4%), metalurgia básica (-17,5%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-25,5%).

Por categoria de uso, a queda mais intensa concentrou-se no setor de bens de capital (-17,4%), seguido por bens intermediários (-8,8%). As categorias de bens de consumo, tanto duráveis (-6,4%) quanto semi e não duráveis (-1,6%), fecharam o ano com quedas menos intensas que a média.

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1 Refrigeradores e congeladores; fogões; máquina de lavar e secadoras.

2 Televisores, rádio e DVD.