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Milho e soja fazem Brasil ter produção recorde de grãos em 2007

Em 2007, a produção brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas, conhecidos como grãos, atingiu um novo recorde: 133,3 milhões de toneladas colhidas, 13,7% a mais que na safra de 2006. ...

17/07/2008 07h01 | Atualizado em 17/07/2008 07h01

Em 2007, a produção brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas, conhecidos como grãos, atingiu um novo recorde: 133,3 milhões de toneladas colhidas, 13,7% a mais que na safra de 2006. O bom desempenho da soja (aumento de 10,6%) e do milho (21,5%) garantiram o crescimento da produção. O cenário internacional favorável e as boas condições climáticas beneficiaram o desempenho das plantações. Com a valorização dos principais grãos, o valor da produção cresceu 36,5% em relação a 2006, atingindo R$ 55,9 bilhões, o que significou um aporte de quase R$ 15 bilhões. Apesar desse aumento, o valor ainda foi menor que o alcançado em 2003 (R$ 58,0 bilhões) e 2004 (R$ 63,4 bilhões). A área plantada, por outro lado, caiu 1,5%, em conseqüência da diminuição na lavoura de soja (-6,5%, representando menos 1,4 milhão de hectares), por conta dos preços desfavoráveis na época do plantio. São esses os principais destaques da Pesquisa Agrícola Municipal – Cereais, Leguminosas e Oleaginosas de 2007 (PAMCLO 2007), detalhados a seguir.

O principal destaque da safra de 2007 foi o milho, com um crescimento de quase 9,2 milhões de toneladas (21,5%) em relação a 2006. Impulsionado pelo avanço dos preços do mercado externo, os produtores brasileiros ampliaram em 11,5% a área cultivada, principalmente na segunda safra. Além disso, o milho de primeira safra apresentou um rendimento médio superior ao de 2006. O aquecimento dos preços do milho no mercado externo deveu-se ao fato de os Estados Unidos, maior produtor e exportador mundial, destinar parte da sua produção para a fabricação de etanol, com o objetivo de diminuir a dependência do petróleo, que tem atingido preços elevados.

Além da soja e do milho, o algodão herbáceo também apresentou recuperação em 2007, com um crescimento de 41,4% na safra, conseqüência da ampliação da área plantada e do melhor rendimento. O gráfico a seguir mostra a divisão percentual da produção brasileira de grãos em 2007.

Distribuição percentual da produção obtida de cereais, leguminosas e oleaginosas – Brasil, 2007


Paraná aumenta participação na produção, de 19,8% para 21,8%


Em 2007, o Paraná aumentou sua participação na safra de grãos, passando a ser responsável por 21,8% do total nacional (frente a 19,8% em 2006), impulsionado pelo crescimento da produção de milho e soja e pela recuperação do trigo. O estado é o principal produtor brasileiro de milho, feijão, trigo, cevada e triticale; e o segundo de soja, centeio e aveia.

Mato Grosso manteve a segunda colocação, com 18,2% de participação (18,9% em 2006). O estado é o maior produtor de soja, com 62,1% da produção nacional. Em termos de participação, a soja, que em 2006 representava cerca de 70,0% da safra mato-grossense, cedeu espaço para o milho, que em 2007 teve um aumento de 45,0%, passando a representar 24,9% da produção de grãos de Mato Grosso.

O Rio Grande do Sul também aumentou a sua participação na produção nacional de grãos, de 17% em 2006 para 18,1% em 2007. O estado se recuperou após dois anos de quebra de safras, devido às condições climáticas desfavoráveis. As culturas que mais cresceram foram o milho (31,8%), a soja (31,3%), e o trigo (109,3%).


Sorriso (MT) é maior produtor de grãos em quantidade; e São Desidério (BA), em valor


Em 2007, Sorriso (MT) foi novamente o maior produtor de grãos do país, com 2,5 milhões de toneladas, quase um milhão a mais que Sapezal (MT), o segundo colocado. Foi o município com maior área plantada, 809.396 ha, em sua maioria ocupados por soja (67,1%) e milho (28,2%). A produção de Sorriso teve um aumento de 12,6% entre 2006 e 2007, puxada pela maior quantidade produzida de milho, que apresentou um crescimento de 139,9% na área colhida e de 88,8% na produção. Esse aumento, associado aos melhores preços, proporcionou um crescimento de 53,2% no valor da produção agrícola do município.

Quando se avalia o valor da produção, São Desidério (BA) lidera, com R$ 963,3 milhões, superando 2006 em 46,1%. O município é o maior produtor de algodão herbáceo do país, destacando-se também na produção de soja e milho.


Produção de soja bate novo recorde em 2007


A produção brasileira de soja somou, em 2007, 58.038.033 t, superando em 10,6% a do ano anterior, num novo recorde. A área colhida, 6,5% menor que a de 2006, totalizou 20.614.606 ha. Na média nacional, o rendimento da soja foi de 2.815 kg/ha, 18,3% maior que os 2.379 kg/ha registrados em 2006, em razão das condições climáticas mais favoráveis e da priorização do plantio pelos produtores nas áreas mais aptas de seus estabelecimentos.

Em Mato Grosso, principal produtor, foram colhidas 15.274.887 t, 26,3% do total nacional. O decréscimo de 2,0% em relação à safra de 2006 foi devido à redução da área de cultivo no estado, que foi de 5.075.079 ha em 2007, 736.828 ha a menos que em 2006.

O valor de produção do Mato Grosso (R$ 5,877 bilhões), ficou muito próximo do valor da sojicultura paranaense (R$ 5,801 bilhões), apesar da área mato-grossense ser 20% maior (1 milhão de hectares) . O Paraná é o segundo maior produtor de soja, com 11.876.790 t, 20,5% do total nacional, colhidas numa área de 4.007.323 ha. Em relação a 2006, a produção paranaense cresceu 26,8%. Já no Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor, a safra, de 9.929.005 t, foi 31,3% maior que a de 2006 e representou 17,1% do total da soja colhida no país.

Os cinco municípios que mais produziram soja em 2007 foram mato-grossenses: Sorriso (2,9% de participação na produção nacional); Sapezal (1,7%); Nova Mutum (1,7%); Campo Novo do Parecis (1,5%); e Diamantino (1,4%). São Desidério (BA), que em 2006 era o nono maior produtor nacional, assumiu a sexta colocação em 2007, com crescimento de 11,2% na produção (de 617.583 para 686.575 toneladas); contudo, sua participação se manteve em 1,2% do total nacional, o que representa 29,9% da produção baiana.


Preços incentivam produtores de milho


A produção nacional de milho em 2007, considerando as duas safras, totalizou 51,8 milhões de toneladas, com variação positiva de 21,5% sobre 2006, que pode em parte ser explicada pela melhoria do preço pago ao produtor, conseqüência da redução internacional da oferta do produto.

A cultura do milho é realizada em todas as unidades da federação, sendo que as seis primeiras (PR, MT, MG, RS, GO e SP) concentram 78,1% da produção nacional. São Paulo foi o único com variação negativa na produção em relação a 2006 (-10,4%), perdendo posição no ranking, do 4º lugar em 2006 para o 6º lugar em 2007. Isso se deveu à perda de área plantada para a cana-de-açúcar. A maior variação da produção foi verificada em Mato Grosso (45,0% em relação a 2006), por conta dos bons preços no início do plantio da 2ª safra e das boas condições climáticas.

O município de Sorriso lidera o ranking nacional do milho, com 755.678 t produzidas em 228.266 ha. Os seis maiores municípios que cultivam milho tiveram acréscimo da produção em relação a 2006. Todos estão no cerrados, onde as estações são bem definidas. As condições climáticas, de um modo geral, foram bastante favoráveis para a produção de milho em 2007.

 

Safra de arroz diminui 4,2% em 2007

A produção nacional de arroz totalizou em 2007, 11.041.320 t, 4,2% a menos que em 2006. Foram colhidos 2.886.694 ha, que em média renderam 3.825 kg/ha. Quase todos os principais estados produtores tiveram sua produção reduzida, à exceção de Tocantins, que apresentou um incremento de 38,7%. Nesse estado, o município de Lagoa da Confusão foi o principal produtor (tendo colhido 126.000 toneladas, o que correspondeu a um incremento de 134,1% em relação à safra anterior.

No Rio Grande do Sul, principal estado produtor de arroz do país, foram colhidas, numa área de 941.058 ha, 6.340.136 t, rendendo em média 6.737 kg/ha. Na comparação com 2006, tanto a produção quanto a área colhida apresentaram reduções (-6,5% e -8,0%, respectivamente); em razão principalmente da escassez de chuvas antes do plantio. Já o rendimento médio cresceu 1,5%.

Dos 20 maiores municípios produtores de arroz do país em 2007, 19 eram gaúchos. Uruguaiana, embora tenha tido uma redução de 24,7% na produção em relação a 2006, manteve-se na primeira colocação, respondendo por 4,0% da safra nacional.

Em Santa Catarina, segundo maior produtor nacional, foi obtida uma produção de 1.038.438 t, numa área de 149.767 ha. O estado teve o mais elevado rendimento médio da cultura no país: 6.934 kg/ha. Mato Grosso, principal produtor da região Centro-Oeste, e terceiro maior produtor nacional, colheu em 2007 uma safra de 707.167 t, numa área de 274.928 ha. Comparando-se com a safra anterior, a produção mato-grossense teve um declínio de 1,9%; e a área colhida, uma redução de 1,7%.

 

Produção de trigo volta a crescer após dois anos de quebra de safra

Após dois anos consecutivos com quebra na produção devido a problemas climáticos, o trigo teve um crescimento de 65,3% na produção em 2007, em relação à safra anterior. Foi o melhor rendimento médio que garantiu o crescimento da lavoura na maioria dos estados, à exceção do Rio Grande do Sul que registrou uma recuperação de 21,5% (mais 150.718 ha) da área plantada.

O Paraná e o Rio Grande do Sul são responsáveis, respectivamente, por 46,9% e 41,9% da produção nacional de trigo. Em relação à área plantada, os estados apresentaram situações distintas: o Paraná retraiu sua área em 7,2%; e o Rio Grande do Sul aumentou em 21,5%.

O município de Tibagi (PR) foi o maior produtor de trigo do país em 2007, com 62.500 toneladas, o que representou um aumento de 42% em relação ao ano anterior, ultrapassando o município gaúcho de Muitos Capões.

 

Safra de feijão é 4,6% menor que o consumo nacional

A produção nacional de feijão em 2007, considerando-se as três safras, totalizou 3.242.290 t, um decréscimo de 6,2% frente ao ano anterior, sendo 4,6% inferior ao consumo anual do produto, que é de cerca de 3.400.000 toneladas. Isso ocorreu principalmente em face dos preços pouco atrativos, que desestimularam a ampliação do cultivo, e às condições climáticas desfavoráveis.

O produto é cultivado em todo o território nacional, sendo que seis estados (PR, MG, BA, SP, GO e SC) foram responsáveis por cerca de 72,4% do total produzido no país.

O Paraná, embora tenha se mantido como principal produtor (23,6% do total), registrou uma produção de 766.792 t, 6,3% menor que a de 2006, em razão de problemas climáticos. Minas Gerais, na segunda posição, produziu 480.863 t, apenas 0,9% a mais que em 2006. Na Bahia, importante centro produtor, com a estiagem na segunda safra, a produção recuou 11,0% e foram produzidas 319.402 t.

Os 20 maiores municípios produtores de feijão, com um total de 651.993 toneladas, respondem por 20,1 % da produção nacional. Oito deles estão no Paraná, porém o município de Unaí (MG) manteve a hegemonia, ao produzir o maior volume em 2007, 99.600 t.

Safra de algodão herbáceo bate recorde de 2004

A produção nacional de algodão herbáceo (em caroço), na safra 2007, totalizou 4.097.490 t, superando em 41,4% a de 2006 e em 7,9% a até então safra recorde de 2004 (3.798.480 t). Esse incremento deveu-se à ampliação da área de colheita, que alcançou 1.119.746 ha, 19,8% maior que a de 2006 (898.008 ha), em conseqüência dos bons preços nos mercados interno e externo.

Em Mato Grosso, maior produtor nacional (53,8% do total), a área colhida foi de 560.838 ha, com uma produção de 2.204.457 t, 53,3% maior que a de 2006. Ainda na região Centro-Oeste, Goiás apresentou acréscimo na produção de 46,1%, enquanto Mato Grosso do Sul teve queda de 4,7%. No Sudeste, São Paulo (26,9%) e Minas Gerais (4,9%) registraram incrementos na produção.

Na Bahia, segundo produtor nacional, o ganho da produção foi de 38,9%, fruto das ações do governo do estado, através do Proalba (Programa de Incentivo à Cultura do Algodão do Cerrado Baiano). São Desidério manteve-se como maior município produtor do país e do estado (12,8% da produção nacional e 46,8% da produção baiana).