A produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas foi de 120,525 milhões de toneladas em 2004, inferior em 3,65 % a safra anterior (125,099 milhões de toneladas). O resultado foi influenciado, principalmente, pelos fatores climáticos adversos sobre as principais culturas. Em relação a 2003, a maior quebra foi verificada na cultura do milho, que reduziu sua produção em 13,5% (6,520 milhões de toneladas). A soja, embora tenha apresentado aumento de 16,5% na área plantada, registrou queda de 4,6% (2,367 milhões de toneladas) na produção. Apesar desse desempenho, a pesquisa Produção Agrícola Municipal de Cereais, Leguminosas e Oleaginosas , do IBGE, mostra que esses dois produtos responderam por mais de três quartos da safra de 2004. Neste ano, a produção de soja, que representou 41,11% da safra nacional, foi de 49,552 milhões de toneladas e do milho, com participação de 36,69% , foi de 41,806 milhões de toneladas.

Na safra nacional de 2004, o destaque foi para a produção de algodão herbáceo que, por causa dos bons preços praticados no mercado, cresceu 72,7%, em relação a 2003, e registrou aumento de 61,4% na área cultivada. Ainda na mesma comparação, o incentivo à plantação de mamona para produção de "biodiesel" proporcionou um acréscimo de 64,9% no plantio.

Gráfico 1. Variação da produção de 2004 em relação ao ano anterior dos cereais, leguminosas e oleaginosas.

Sorriso é o município que se destaca na safra 2004

Entre os 10 maiores municípios produtores das culturas analisadas por esta pesquisa, sete pertenciam ao estado do Mato Grosso, com destaque para Sorriso que, além de ser o maior produtor de soja, é o quarto maior produtor de milho, 14^o de algodão herbáceo, 16^o de arroz, 26^o de sorgo, 28^o de mamona e 87^o de feijão. Segundo estimativa de 2004, do IBGE, a população do município de Sorriso é de 46.023 habitantes. Em 2004, o município de Sorriso produziu 2,252 milhões de toneladas, sendo 75% referentes à soja. No rastro de Sorriso seguem os municípios de Sapezal (MT), São Desidério (BA), Jataí (GO), Nova Mutum (MT), Campo Novo do Parecis (MT), Primavera do Leste (MT), Tapurah (MT), Rio Verde (GO) e Diamantino (MT).

O milho foi a principal cultura na Região Sudeste, milho e feijão na Região Nordeste e a soja nas regiões Sul e Centro-Oeste bem como em estados considerados fronteiras agrícolas, como o Tocantins, Bahia e Piauí. Apesar do milho apresentar maior área cultivada no Piauí, a soja é a cultura com maior quantidade produzida (388,199 toneladas) no estado, com um rendimento médio de 2 491 kg/ha, acima da média nacional que foi de 2 301 kg/ha.

A utilização de novas áreas e tecnologias contribuíram para o crescimento da produtividade do algodão no Mato Grosso, que passou de 1 390 kg/ha, em 1994, para 3 303 kg/ha em 2004. A produção brasileira de algodão herbáceo, em 2004, foi de 3 798 254 toneladas, representando um aumento de 72,71% em relação ao ano anterior. Este acréscimo ocorreu principalmente devido ao aumento da área cultivada em 61,39%, conseqüência dos bons preços praticados no mercado.

Em 2004, o município de São Desidério (Bahia), responsável por cerca de 45% da produção baiana e 8% da produção brasileira, liderou o ranking na cultura de algodão herbáceo, seguido por Campo Verde (MT) , Sapezal (MT), Diamantino (MT), Pedra Preta (MT), Barreiras (BA), Campo Novo do Parecis (MT), Itiquira (MT), Diamantino (MT) e Chapadão do Céu (GO).

Região Sul tem a maior safra de arroz (em casca) da história

Em 2004, a colheita de 13,276 milhões de toneladas de arroz representou um novo recorde nacional. Este desempenho foi influenciado pelos seguintes fatores: clima favorável, amplo uso dos insumos tecnológicos, e adoção dos sistemas de produção preconizados pelas instituições de pesquisas e de fomento da produção agropecuária do País.

Em 2004, a Região Sul, principal produtora de arroz, colheu uma produção de 7,531 milhões de toneladas, que correspondeu a 56,73% do total produzido no país. Só o Rio Grande do Sul, principal estado produtor, foi responsável por 47,74% do total produzido na região, tendo sua produção apresentado um crescimento de 34,94%, passando de 4,697 milhões de toneladas, em 2003, para 6,338 milhões em 2004. Neste período, o Rio Grande do Sul teve rendimento médio (6 070 kg/ha) recorde e superou em 24% a produtividade constatada no ano anterior. Esta foi a maior safra da história da orizicultura gaúcha, para isto, contribuíram as condições climáticas favoráveis durante o ciclo da cultura, com poucas chuvas e boa insolação, a adoção de novas tecnologias desenvolvidas pelo Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA.

O município de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, foi o principal município produtor de arroz. Em 2004, foram colhidas neste município 541,208 mil toneladas de arroz, que representaram 8,54% do total estadual e 4,08% do total produzido no país. Ainda no Rio Grande do Sul, outros municípios se destacaram na produção de arroz: Santa Vitória do Palmar, Itaqui, Alegrete, Dom Pedrito, São Borja, Cachoeira do Sul, Arroio Grande, Camaquã e Mostardas. Em conjunto, os dez maiores municípios produtores de arroz do País, detiveram cerca de 23% da produção nacional, e 48% da produção gaúcha de 2004.

A Região Centro-Oeste foi a segunda maior produtora de arroz, sendo que no biênio 2003/2004 sua produção cresceu 60,56%, alcançando cerca de 21% do total produzido no país. As Regiões Norte, Nordeste e Sudeste apresentaram aumentos de produção de, respectivamente, 13,82%, 6,86% e 10,92%, representando em conjunto 22,27% do total nacional.

Considerando as três safras colhidas anualmente no País, a produção total de feijão em 2004 somou 2,965 milhões de toneladas, representando uma redução de 10,19% em relação à do ano anterior, quando foram colhidas 3,302 milhões de toneladas. Isto ocorreu, sobretudo, devido aos preços desfavoráveis praticados no mercado por ocasião do plantio, em especial na 1ª safra. Como conseqüência foi necessário importar quantidades extras do produto para atender a demanda interna.

O principal produtor é o Paraná, que em 2004 colheu 664 334 toneladas, equivalentes a 22,40% do total produzido no País. Os municípios paranaenses maiores produtores foram Prudentópolis, Reserva, Irati e Lapa, os quais em conjunto, detiveram 18,52% da produção estadual e 4,15% da nacional. O Estado de Minas Gerais é o segundo produtor, tendo colhido em 2004, um total de 464 290 toneladas, o que em relação à safra anterior é 14,68% menor. Neste Estado, o município de Unaí é o maior produtor, com 66 600 toneladas em 2004, o equivalente a 14,34% do total estadual. Em nível nacional, Unaí também é o primeiro, com uma participação de 2,25% do que é produzido no País. A Bahia, com uma produção de 330 734 toneladas, inferior em 7,18% à de 2003, é o terceiro produtor nacional. O município de Adustina destaca-se em 2004, consignando uma produção de 24 948 toneladas, equivalente a 7,53% do total produzido na Bahia.

Bahia foi responsável por 82,7% da safra nacional de mamona (baga)

Em 2004, a produção brasileira da mamona foi de 137 976 toneladas, um acréscimo de 64,9% em relação à safra anterior, impulsionado pelo aumento da área plantada e da produtividade. A Bahia foi responsável por 82,7% da safra nacional, com destaque para o município baiano de Ibititá, maior produtor nacional, com 12 000 toneladas de mamona. Ibititá foi responsável por 10,51% da produção baiana e 8,7% da produção brasileira.

Em 2004, a produção de milho somou 41,805 milhões de toneladas, representando um decréscimo de 13,49% em relação à safra de 2003 (48,327 milhões toneladas). Embora a cultura do milho esteja presente em todas as Unidades da Federação, 90% da produção nacional está concentrada nos seguintes estados: Paraná (10,953 milhões de toneladas), Minas Gerais (5,952 milhões de toneladas), São Paulo (4,647 milhões de toneladas), Goiás (3,523 milhões de toneladas), Mato Grosso (3,408 milhões toneladas), Rio Grande do Sul (3,371 milhões toneladas), Santa Catarina (3,257 milhões toneladas) e Mato Grosso do Sul (2,374 milhões toneladas). Nestes estados produtores, a tendência geral foi de redução da área de plantio devido, principalmente, ao preço insatisfatório do milho.

A safra de 2004 foi muito afetada, também, pela estiagem ocorrida em ampla área da Região Sul e pelo ciclone "Catarina", que trouxe grandes prejuízos ao litoral e áreas no interior de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. O Paraná foi o maior produtor nacional, tendo contribuído com aproximadamente 26% da produção, e o município de Guarapuava se destacou como maior produtor de milho do estado, com 209 440 mil toneladas, o equivalente a 1,91% do total estadual. Tal percentual de participação revela uma ampla dispersão da cultura do milho no Paraná.

Com a estiagem, o Rio Grande do Sul teve a menor produção de milho (3,376 milhões de toneladas) dos últimos 25 anos, além da redução de 8% na área plantada. O estado, que fora o segundo maior produtor em 2003, no ano de 2004 passou à sexta posição no ranking nacional dos produtores de milho.

Embora a Região Centro-Oeste tenha apresentado uma redução de 5,79% na produção de milho, ela se manteve na 3ª colocação entre as regiões produtoras do País. Os municípios de Jataí (GO), Chapadão do Céu (GO), Sapezal (MT), Sorriso (MT), Lucas do Rio Verde(MT), Nova Mutum (MT), Maracaju (MS) e Dourados (MS) estão entre os dez maiores produtores do cereal no país. Neste ranking dos municípios com maior produção de milho destacam-se, também, São Desidério (BA) e Unaí (MG).

Em 2004, a produção de soja somou 49,552 milhões de toneladas, representando um decréscimo de 4,56% em relação à produção do ano anterior (51,919 milhões de toneladas). Os estados da Região Sul foram afetados por uma forte estiagem e Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais registraram excessivas chuvas que resultaram em perdas expressivas na lavoura do produto.

Nesta safra, Mato Grosso, mesmo tendo enfrentado excesso de chuvas e focos da ferrugem asiática, consolidou sua posição de principal produtor nacional e respondeu por 29,30% da produção nacional.O município de Sorriso (MT) se destacou como maior produtor brasileiro de soja seguido por Sapezal (MT) e Campo Novo do Parecis (MT).

O sorgo é uma cultura que tem se destacado no Centro-Oeste, por ser uma alternativa de substituição ao milho 2^a safra, devido a sua maior resistência às adversidades climáticas. O sorgo possibilita a diminuição dos custos de produção das rações de frangos e suínos, sem grandes perdas em termos nutricionais e qualitativos. Nos últimos cinco anos, a produção brasileira de sorgo cresceu 390%, passando de 553,644 mil toneladas, em 1999, para 2,163 milhões em 2004. Em relação à safra anterior a produção aumentou 19,8% e os maiores produtores foram Goiás e Mato Grosso com 34,2% e 17,1% da produção nacional, respectivamente.

O trigo é um componente importante na cesta básica nacional. A produção cresceu de 1,725 milhão de toneladas, em 1999, para 5,745 milhões de toneladas, em 2004, um aumento de mais de 330% em cinco anos. Apesar deste resultado, o Brasil ainda recorre a importações para suprir sua demanda interna. Em relação a 2003, a safra de 2004 sofreu um decréscimo de 6,6% influenciado pela falta de chuvas, na Região Sul, e o menor investimento na cultura devido a descapitalização do agricultor, com a quebra da safra de verão. O Paraná e o Rio Grande do Sul registraram as maiores produções de trigo com 51,8 e 35,9 % do total nacional, respectivamente.

A pesquisa Produção Agrícola Municipal , do IBGE, apresenta, com esse volume, os dados sobre área plantada, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção de 13 produtos selecionados (algodão arbóreo e herbáceo, amendoim, arroz, aveia, centeio, cevada, feijão, mamona, milho, soja, sorgo e trigo). Na publicação estão disponíveis as informações sobre as Grandes Regiões e as Unidades da Federação e, no CD-ROM, os dados das Mesorregiões, Microrregiões Geográficas e Municípios.

Em anexo, seguem as tabelas dos municípios produtores de cada produto selecionado pela pesquisa.