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IBGE investiga inovação tecnológica na indústria

A taxa de inovação da indústria brasileira elevou-se de 31,5% para 33,3% no triênio 2001-2003. Se entre 1998 e 2000 predominaram inovações só em processo, nos anos 2001-2003 a estratégia foi inovar em produto e processo.

24/06/2005 07h01 | Atualizado em 24/06/2005 07h01

A taxa de inovação da indústria brasileira elevou-se de 31,5% para 33,3% no triênio 2001-2003. Se entre 1998 e 2000 predominaram inovações só em processo, nos anos 2001-2003 a estratégia foi inovar em produto e processo.

As três atividades com as maiores taxas de inovação entre 2001 e 2003 foram: fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (71,2%), fabricação de material eletrônico básico (61,7%) e fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários, caminhões e ônibus (57,5%). Já o esforço inovativo (despesas com inovações em relação à receita líquida de vendas) da indústria foi de 2,5%, com apenas oito das 32 atividades pesquisadas registrando aumento neste indicador.

A aquisição de máquinas e equipamentos foi a atividade inovativa de maior importância, e os setores mais intensivos tecnologicamente foram os que mais inovaram. Enquanto as inovações de produto eram feitas pelas próprias empresas, as de processo eram desenvolvidas por outras empresas ou institutos . Em 2003, 5,2 mil indústrias receberam apoio do governo para inovar. Essas são algumas das informações levantadas pela Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica - PINTEC, realizada pelo IBGE com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Se o ambiente macroeconômico de 2000 estimulou projetos de inovação tecnológica mais dispendiosos e parcerias para desenvolver produtos, o cenário adverso de 2003 levou as empresas a adotarem estratégias mais cautelosas: desenvolver projetos menos caros e arriscados, e empregar ativos próprios em atividades inovativas, desenvolvendo mais internamente as inovações de produto.

Confrontando-se a primeira (1998-2000) e a segunda PINTEC (2001-2003), nota-se a influência de duas conjunturas econômicas distintas sobre a decisão empresarial de investir em inovação. Em 2000, o PIB cresceu 4,4% e a indústria, 4,8%. Foram as taxas de crescimento anual mais elevadas desde o período 1993/1994. Já em 2003, a indústria permaneceu praticamente estável (0,1%) e o PIB cresceu apenas 0,5%.

Inovação tecnológica cresce orientada, principalmente, para inovar em produto e processo

Em 2000, eram 72 mil as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que passaram a 84,3 mil em 2003. Por outro lado, aumentaram de 22,7 mil para 28 mil as empresas que inovaram seus produtos e/ou processos. Isso fez a taxa de inovação elevar-se de 31,5% para 33,3% no triênio 2001-2003. Se entre 1998 e 2000 predominaram inovações só em processo, nos anos 2001-2003 a estratégia era inovar em produto e processo.

Nos anos 2001-2003 as taxas de inovação foram de 26,9% para processo e de 20,3% para produto. Na pesquisa anterior as taxas foram, respectivamente, 25,2% e 17,6%. Embora a taxa de produto seja mais baixa, ela atingiu o crescimento relativo mais significativo, particularmente no segmento de produtos novos para a empresa, que avançou 3,7 pontos percentuais.

Essas foram algumas das informações levantadas pela Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica - PINTEC 2003.Por outro lado, as inovações em produto e processo para o mercado nacional apresentaram queda em todas as faixas de tamanho das empresas (tabela abaixo), o que sugere a influência do quadro macroeconômico. Observe-se que o ligeiro crescimento de 31,5% para 33,3% na taxa de inovação da indústria nacional decorreu, unicamente, das empresas ocupando de 10 a 49 pessoas. Elas representam 79,7 % do universo da PINTEC 2003, e são as que mais afetam a taxa de inovação da indústria nacional1. Os patamares das taxas de inovação – geral ou específicas – não sofreram modificações significativas e continuam variando segundo as faixas de pessoal ocupado.



Inovação predomina nas indústrias de maior conteúdo tecnológico

Entre as dez taxas de inovação mais elevadas, a diferença entre as duas edições da PINTEC deve-se à desagregação do setor de fabricação de automóveis, caminhonetas, utilitários, caminhões e ônibus (57,5%), que entrou na sexta colocação, deslocando a fabricação de celulose e outras pastas (39,1%) para a 11ª (Tabela 2).

Das 33 atividades levantadas pela PINTEC 2003, 32 são da indústria de transformação. Destas, quatro são de alta intensidade , sete de média-alta intensidade , onze de média-baixa intensidade e outras dez de baixa intensidade tecnológica.

As dez atividades com as maiores taxas de inovação na PINTEC 2003 são de alta e média-alta intensidade tecnológica e, juntamente com a fabricação de outros equipamentos de transporte (27,4%), constituem-se nas indústrias baseadas em conhecimento.

Abaixo da média da indústria predominam atividades de baixa intensidade tecnológica, intensivas em mão-de-obra ou em recursos naturais, dentre as quais, tiveram as menores taxas a fabricação de produtos de minerais não-metálicos (19,9%) e a reciclagem (13,7%).

Por fim, quatorze atividades ampliaram suas taxas de inovação, sendo três nas categorias de alta e média-alta intensidade2, e a maioria nas categorias de média-baixa e baixa intensidade tecnológica.

Aquisição de máquinas é a atividade inovativa mais praticada pelas empresas

A PINTEC 2003 revelou um aumento no número de empresas que atribuem importância alta ou média à aquisição de máquinas e equipamentos (de 76,6% em 2000 para 80,3% em 2003). Em todas as outras atividades houve decréscimo, mantendo-se, entretanto, a ordem de importância relativa.

A maior concentração de respostas identificando relevância à aquisição de bens de capital mostra-se coerente com as informações relativas ao crescimento das taxas de inovação em empresas de menor porte e, principalmente, em setores tradicionais, que tendem a ter acesso ao conhecimento tecnológico através da incorporação de máquinas e equipamentos.

Houve queda generalizada da participação dos gastos com inovações em relação à receita líquida das empresas de 2000 (3,8%) para 2003 (2,5%). As quedas mais acentuadas ocorreram em aquisição de outros conhecimentos externos (de 0,20% para 0,08%); aquisição de máquinas e equipamentos (de 2,00% para 1,22%); projeto industrial (de 0,57% para 0,35%); ficando com atividades internas de P&D a mais suave (de 0,64% para 0,53%).

Apenas oito das 32 atividades pesquisadas aumentaram seu esforço inovativo

Em relação a 2000, a maioria das atividades industriais diminuiu seu esforço inovativo (Tabela 2). Oito registraram crescimento, sendo três nas primeiras posições: fabricação de outros equipamentos de transporte (de 5,9% para 8,6%); fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (de 3,1% para 5,5%) e fabricação de material eletrônico básico (de 4,0% para 5,2%). As outras cinco, com percentuais abaixo da média da indústria (2,5%), são de médio-baixo ou baixo dinamismo tecnológico: confecção de artigos do vestuário e acessórios (2,3%); preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados (2,1%); fabricação de coque, álcool e elaboração de combustíveis nucleares (1,9%); indústrias extrativas (1,6%) e fabricação de bebidas (1,3%).

Quanto às atividades internas de P&D, também aparecem nas seis primeiras posições os setores difusores de progresso técnico ou os com intensidade tecnológica alta/média-alta: fabricação de outros equipamentos de transporte (4,1%); fabricação de automóveis, caminhonetas, utilitários, caminhões e ônibus (2,1%); fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (1,9%); fabricação de aparelhos e equipamentos de comunicação (1,3%); fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios (1,2%) e fabricação de máquinas e equipamentos (0,7%), confirmando a importância da P&D em sua dinâmica competitiva. Já em relação a 2000, apenas seis setores ampliaram a proporção dos gastos em atividades internas de P&D, destacando-se os três primeiros supracitados3. As empresas investindo em atividades internas de P&D passaram de 7,4 mil em 2000, para 4,9 mil em 2003.

Cresce o percentual de empresas que mantém P & D contínuos

Em 2000, 42,9% das empresas realizando P&D, o faziam de forma contínua. Em 2003 esta percentagem subiu para 49,2%. Cabe notar que este fenômeno aconteceu em todas as faixas de tamanho, elevando a proporção na menor faixa para 34,2%, e nas maiores empresas para 84,9%. Conseqüentemente, os dispêndios ocasionais das empresas com P&D, que já eram reduzidos em 2000 (10,0%), passaram a representar 6,3% do gasto total da indústria nesta atividade, minguando para cerca de 1% na faixa das empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas.

A diminuição de P&D de caráter ocasional produziu efeitos importantes nas informações relativas aos recursos humanos envolvidos com esta atividade, seja quando observadas segundo o tempo de dedicação, seja quando recortadas pelo nível de qualificação.

Em 2000, cerca de 31,4 mil pessoas dedicavam-se integralmente e 32,9 mil parcialmente à atividade de P&D. Em 2003, o número de pessoas em dedicação exclusiva se elevou ligeiramente para 32,6 mil, enquanto que o de dedicação parcial decaiu para 19,4 mil. Isso moldou um novo quadro em 2003, no qual as pessoas com dedicação exclusiva à atividade de P&D passaram a prevalecer na média das empresas industriais, como também nas empresas com 100 ou mais empregados.

Cresceu a participação dos pós-graduados (de 7,1% em 2000, para 8,1% em 2003), e especialmente dos graduados (de 41,4% em 2000, para 48,5% em 2003), no total das pessoas ocupadas em P&D, em equivalência à dedicação plena4. Das 41,5 mil pessoas ocupadas em P&D, no ano de 2000, cerca de 20 mil eram de nível superior. Em 2003, os pós-graduados e graduados somavam 21,8 mil, num total de 38,5 mil pessoas em equivalência à dedicação plena.

Inovações de produto são feitas pelas próprias empresas e as de processo, com ajuda externa

O envolvimento das empresas no desenvolvimento da inovação varia conforme ela seja realizada em produtos ou em processos. Em 2000, a PINTEC mostrou que, em 71,4% dos casos, a própria empresa era a principal responsável pela inovação de produto, enquanto que em relação ao processo, 83,3% dos casos contavam com a participação de outras empresas ou institutos.

Em 2003, a participação da própria empresa na inovação de produto subiu para 90,4%. Quanto à inovação de processo, destacou-se a participação de outras empresas ou institutos: 91,6%. Em conseqüência, a participação da própria empresa como principal responsável pela inovação de processo caiu de 10,6% para 6,3%.

Cresce o uso da internet como fonte de informação

A inovação surge de uma idéia da própria empresa ou de uma fonte externa. Essas fontes de informação são variadas e a sua escolha depende da estratégia escolhida e da capacidade das empresas de absorver e combinar tais informações. Assim como em 2000, as fontes mais utilizadas em 2003 estavam ligadas às áreas internas da empresa (62,7%), fornecedores (59,1%), feiras e exposições (58,4%) e clientes ou concorrentes (53,4%) , donde se conclui que as empresas valorizam, além da sua própria experiência, os conhecimentos obtidos a partir de suas relações comerciais. Já as fontes menos utilizadas continuaram sendo outra empresa do grupo (5,1%) e aquisição de licenças, patentes e know how (2,9%).

Ainda em relação a 2000, a PINTEC 2003 aponta aumento significativo do uso de outras duas fontes de informação: empresas de consultoria (de 10,8% para 13,1%) e a internet (de 33,1% para 46,0%), uma ferramenta de pesquisa cada vez mais importante, utilizada por quase metade das empresas inovadoras.

Melhoria da qualidade dos produtos foi o principal resultado

O impacto das inovações implementadas pode refletir ganhos futuros em competitividade e conseqüentemente, lucros. Os resultados das inovações podem ser diversos e de intensidade variada. Em 2000, mais de 79% das empresas admitiam que faziam inovação para manter sua participação no mercado (79,6%), ou ampliá-la (71,0%), ou para melhorar a qualidade de seus produtos (78,3%). Em 2003, o impacto mais mencionado pelas empresas foi a melhoria da qualidade dos produtos (63,5%), seguido de manutenção (61,0%) e ampliação (53,0%) da participação da empresa no mercado; aumento da capacidade produtiva (52,9%) e da flexibilidade da produção (43,3%).

Inovações refletem no faturamento das empresas

Outra medida do impacto das inovações é a participação de produtos novos ou aprimorados no faturamento das empresas. Para 21,2% das empresas, as inovações de produto pesam até 10% no faturamento. Para 40,4% das empresas, o produto novo representa entre 10% e 40% da receita e para 38,4%, o peso é superior a 40%. Em 43,5% das empresas pequenas (com 10 a 49 pessoas ocupadas), os produtos novos representam uma maior participação no faturamento, enquanto que, em 16,7% das empresas maiores (com mais de 250 pessoas ocupadas), as inovações correspondiam a mais de 40% dos lucros. Em 2000, em 21,2% das empresas industriais, as inovações de produtos pesavam até 10%; em 48,9% das empresas, entre 10 a 40% da receita; e em 29,9%, a participação dos produtos novos no faturamento ultrapassava 40%. A comparação entre os dois períodos sugere que tenha havido uma política de atualização de produtos, principalmente nas empresas de menor porte.

Em 2003, mais de cinco mil empresas recebiam apoio do governo para inovar

Em 2003, 5.233 indústrias receberam apoio do governo para inovar. Em relação a 2000, o aumento foi de 16,9% para 18,7%, sendo que o suporte podia ser através de financiamentos, incentivos fiscais, subvenções, bolsas, aporte de capital de risco etc. Quando se leva em conta o tamanho da empresa, este percentual cresce com o tamanho: 17,8% entre as que empregam entre 10 e 99 pessoas tiveram apoio do governo; 20,5% entre 100 a 499 empregados; e 34,0% naquelas com 500 ou mais empregados.

O tipo de programa que as empresas inovadoras mais utilizaram foi o financiamento à compra de máquinas e equipamentos (14,1%), sendo que nas empresas de pequeno porte, esse percentual chegou a 13,4% e, nas de maior porte, 24,5%. O segundo tipo de apoio mais utilizado foi outros programas de apoio (4,1%), seguido de financiamentos a projetos de pesquisa (1,4%) e pelas duas modalidades de incentivos fiscais: lei de informática (0,9%) e Pesquisa e Desenvolvimento (0,7%).

Registro da marca é a forma de proteção mais usada pelas empresas

Para garantir a apropriação dos resultados de suas inovações e evitar imitações, as empresas inovadoras usam métodos de proteção. Os resultados da PINTEC 2003 revelam que a arma mais usada na disputa e proteção de mercados é a marca (21,8%), pois distingue os produtos e certifica se eles estão de acordo com determinadas normas e especificações. Nas empresas de pequeno porte, o uso da marca como proteção chega a 21,5% e, nas de grande porte, a 41,7%. O segundo tipo de proteção mais utilizado é o segredo industrial (8,3%), que inclui desde acordos de sigilo entre fornecedores e clientes até o controle de como é feita a inovação nas mãos do proprietário. O terceiro método é a patente (7,4%), que pode ser de invenção, de modelo de utilidade e registro de desenho industrial.

Principais dificuldades para inovar são de ordem econômica

Das 28 mil empresas que inovaram em 2003, 45,4% disseram ter encontrado dificuldades que retardaram ou inviabilizaram determinados projetos. Em 2000, este mesmo percentual era de 54,7%.

Os três problemas mais apontados pela empresas que inovaram eram econômicos: elevados custos da inovação (79,7%), riscos econômicos excessivos (74,5%) e escassez de fontes de financiamento (56,6%). Outras dificuldades muito citadas foram de natureza interna, refletindo deficiências técnicas e de informação: falta de pessoal qualificado (47,5%); falta de informação sobre tecnologia (35,8%); dificuldade para se adequar a padrões (32,6%); e falta de informação sobre mercado (30,5%). Em relação a 2000, a ordem dos problemas apontados manteve-se a mesma, exceto a dificuldade para se adequar a padrões, que passou da décima para a sexta posição.

Assim como em 2000, a maioria (65,4%) das 53,9 mil empresas que não inovaram em 2003 apontou como razão as próprias condições de mercado, que inibiram os investimentos em inovações, enquanto que 11,1% alegaram terem feito inovações recentes. Entre as demais empresas (23,5%), a intenção de inovar foi impedida por outros fatores , como o custo elevado (88,5%), os riscos econômicos (81,6%) e a falta de fontes apropriadas de financiamento (60,1%).

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1Na PINTEC 2000, 78,6% das empresas encontravam-se nesta faixa de pessoal ocupado. Baseados nos resultados de pesquisas sobre inovação, estudos comparativos de diferentes países apontam o perfil por tamanho das firmas e a estrutura setorial industrial como os principais fatores a condicionarem a taxa e o padrão de inovação vigente na indústria de cada país.

2São: fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática; a fabricação de produtos farmacêuticos; e a fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias, exceto peças e acessórios, com taxas de inovação de 26,3% nos anos 1998-2000 e de 33,7% nos anos 2001-2003.

3Para comparação com 2000, considerou-se a atividade de fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias, exceto peças e acessórios, com taxas de 1,0% nos anos 1998-2000 e de 2,0% nos anos 2001-2003.

4O número de pessoas em dedicação plena é obtido pela soma do número de pessoas em dedicação exclusiva com o de pessoas em dedicação parcial, ponderado pelo percentual médio de dedicação.