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Cai o desempenho das empresas de construção, especialmente em obras de Infra-estrutura

Segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2003, a queda nominal de 4,0% no total das obras e/ou serviços da construção, em relação a 2002, foi determinada, em grande parte, pelo desempenho ...

16/06/2005 07h01 | Atualizado em 16/06/2005 07h01

Desconcentração regional da atividade, com Sudeste perdendo participação

Os dados regionalizados mostram que o setor empresarial de construção registrou desconcentração espacial da atividade como um todo, expressa na perda de participação do Sudeste e na ampliação de importância das demais regiões. Quanto ao total de pessoal ocupado nas empresas de construção, as regiões Norte e Sul aumentam a participação entre 2002 e 2003, de 5,6% para 6,4% e de 15,0% para 16,0%, respectivamente, enquanto Sudeste registra perda, de 52,4% para 50,6%.

Também em termos de valor das obras ou serviços de construção, as regiões Norte e Sul ganham em importância, com destaque para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, enquanto Nordeste e Sudeste registram perdas de participação.

 



Segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2003, a queda nominal de 4,0% no total das obras e/ou serviços da construção, em relação a 2002, foi determinada, em grande parte, pelo desempenho da atividade de infra-estrutura (-13,7%), que por sua vez contou com recuo expressivo do subsetor de obras viárias (-23,4%). Este apresentou retração em quase todos os produtos, com destaque para ruas, praças e estacionamentos (-52,4%). Outros produtos assinalaram queda, tais como, redes de distribuição de água e esgoto, que teve redução de 22,9% de um ano para outro. A perda de importância das obras de infra-estrutura no total da receita das empresa de construção também se reflete nas informações por tipo de cliente: o valor de obras contratadas por entidades públicas, que em 2002 representava 70,6% do total, cai para 62,0% em 2003.

A Pesquisa Anual da Indústria da Construção Civil 2003 registrou cerca de 119 mil empresas de construção no País, que empregaram 1,4 milhão de pessoas, com uma média salarial de 4,0 salários mínimos mensais.

Cai a participação do setor público

Do valor total das construções, de R$ 73,8 bilhões em 2003, cerca de R$ 30,7 bilhões vieram de obras para o setor público. Esses valores, no entanto, indicam quedas, em termos reais, de 17,8% no valor total das construções (em valores já deflacionados) e de quase 30% (29,5%) no valor das obras contratadas por entidades públicas, em relação a 2002.

Segundo informações das Contas Nacionais, os gastos da Administração Pública com a atividade de construção, como proporção do PIB, recuaram de 16,1% para 12,3% entre os dois anos. Em 2003, o PIB da atividade de Construção caiu 5,2% .

Aumenta a participação das obras de edificação e diminui a das obras de infra-estrutura

Embora as atividades de edificações e de infra-estrutura tenham respondido, nos dois anos, a cerca de 78% do valor total das obras ou serviços da indústria da construção, houve mudança importante de 2002 para 2003. Se as edificações aumentaram sua participação de 38,8% para 42,9% do total das obras, as de infra-estrutura, por sua vez, caíram de 39,1% para 35,1% de um ano para outro.

No mesmo período, a participação de obras ou serviços de instalação sobe de 9,5% para 11,1%, impulsionada, principalmente, por instalações elétricas e de telecomunicações.

O crescimento de 6,6% em edificações residenciais, num contexto de queda de 4,0% no total da construção, fez com que esse produto se mantivesse como o principal da atividade, aumentando sua participação, de 18,3% para 20,3% do total das construções.

A demanda por edificação é típica do setor privado e, em 2003, esta característica foi acentuada, com esse tipo de cliente respondendo por 70,7% do valor total das obras de edificação, contra 67,5% em 2002. Dentre as edificações, um importante aumento foi verificado nas edificações comerciais, alta de 14,5% de um ano para outro.



Já os gastos em infra-estrutura, tipicamente uma demanda dos governos, tiveram um recuo de 70,6% para 62,0%.

No conjunto das obras viárias, a participação do setor público cai de 83,7% para 77,6%, o que denota aumento de importância do investimento privado nessa área, fruto tanto da redução dos gastos públicos como da crescente participação da iniciativa privada na construção e manutenção de rodovias.

Na construção de três tipos de produtos rodovias; ruas, praças e calçadas e outras obras viárias, constatou-se importante aumento na participação do setor privado, que passou de 16,3% para 22,4%.

O investimento público também perdeu espaço para a iniciativa privada nos subsetores de obras de infra-estrutura para energia elétrica e telecomunicações (48,9% para 41,2%) e em outras obras de engenharia civil, onde o setor privado passou de 36,9% para 46,0%.

Uma das exceções foi a construção de redes de instalação de torres de telecomunicações de longa e média distância, que apresentou queda de participação do setor privado (de 86,3% para 77,2%) e da participação do produto na atividade de construção em geral (de 1,5% para 0,8%), o que pode indicar um arrefecimento ou o final da etapa de grandes investimentos no setor de comunicações (celulares, telefonia fixa, etc.).

O setor empresarial de construção é bastante dependente do mercado interno e dos gastos públicos, conseqüência das atividades predominantes, que são edificações e infra-estrutura, respectivamente. No entanto, a receita obtida com obras e serviços no exterior vem crescendo, tendo saltado de R$ 1,1 bilhão em 2002, para R$ 2,0 bilhões em 2003, ainda que representando apenas 2,6% do total da receita neste último ano.

A retração do mercado interno, em 2003, se refletiu no comportamento da demanda por edificações, que não registrou aumento em sua produção, mas apenas crescimento de participação no total das obras, em decorrência do recuo acentuado em obras de infra-estrutura. As Contas Nacionais de 2003 registraram uma queda de 1,5% no consumo das famílias e de 7,2% no emprego na atividade de construção civil .