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Excesso de peso atinge 38,8 milhões de brasileiros adultos

A freqüência do excesso de peso na população supera em oito vezes o déficit de peso entre as mulheres e em quinze vezes o da população masculina.

16/12/2004 08h01 | Atualizado em 16/12/2004 08h01

Nas áreas rurais, aquisições não-monetárias são mais comuns

A POF 2002-2003 mostra também se a forma utilizada para adquirir o produto é monetária (envolve dinheiro, com pagamento à vista ou a prazo) ou não (doações, produção própria, retirada do negócio, troca etc.). Assim, há como saber se produto adquirido foi comprado, doado, trocado etc.

No Brasil, os maiores percentuais de aquisições não-monetárias foram dos seguintes produtos: cocos e castanhas (45%); pescados (30%); ovos (28%); leite e creme de leite (23%); hortaliças (14%) e frutas (13%); cereais e leguminosas (13%); aves (10%) e farinhas, féculas e massas (10%). No Brasil urbano, dentre os destaques apresentados, as quantidades de aquisições não monetárias de cada item não superam 10% do total per capita adquirido. Neste caso, com percentuais em torno de 8%, há os pescados, os ovos, os leites e cocos e castanhas. Já no Brasil rural, a aquisição não-monetária é, naturalmente, mais comum.  Os destaques, nestes casos, são: cocos e castanhas (83%); leites (78%), em especial, o leite de vaca fresco (86%); ovos (73%); pescados (63%); frutas (56%); hortaliças (54%); aves (44%); cereais e leguminosas (32%); carnes (28%, exceto frango e pescados); e farinhas, féculas e massas (20%).

 

No Norte, percentuais de consumo não-monetário de farinha de mandioca e pescados são altos

Entre as regiões, o percentual de aquisições não-monetárias das farinhas, féculas e massas chega a 27% no Norte, sendo que na área rural da região, o percentual atinge 49%.  Esses resultados são influenciados pela  farinha de mandioca, cuja aquisição não-monetária é de 30% na região e de 53% na  área rural.  Outro destaque na região Norte em termos de aquisições não-monetárias são os cocos, castanhas e nozes (51,5%), cuja parcela na parte rural corresponde a 85%. O açaí (emulsão) explica estes percentuais. O Norte também registrou a maior quantidade per capita de aquisição de pescados para consumo no domicílio (25kg), sendo que 47% do total consumido foi proveniente da aquisição não-monetária.  Na área urbana da região, a parcela não-monetária alcança 11% do total, enquanto na área rural esta participação foi de 76%. Outros destaques são as carnes, cujo consumo não-monetário corresponde a 15,3% na região.  O destaque, nesse caso, é a carne suína (58% no total da região) e outras carnes (exceto bovina e suína) que, no Norte rural, apresentam percentual de aquisição não-monetária de 92%. 

No Nordeste, os principais produtos adquiridos que não envolvem pagamento em cheque, dinheiro ou cartão de crédito são os leites  (33% no total, 12% na área urbana da região e 67% na rural) e os cereais e leguminosas (19% no total, sendo 32% no Nordeste rural).  No caso específico dos leites, a aquisição não-monetária mais significativa foi do leite de vaca fresco: 46% no total da região, 17%, nas áreas urbanas e 73% no Nordeste rural. O Sudeste, por sua vez, apresentou os percentuais de aquisição não-monetária mais baixos dentre aqueles observados nas demais regiões.

Em geral, brasileiros optam pelo pagamento à vista dos produtos consumidos

Considerando-se as formas de obtenção monetária segundo os tipos (à vista e a prazo), observa-se que, no Brasil, quase a totalidade de aquisições de alimentos e bebidas para consumo no domicílio foram realizadas mediante pagamento à vista, chegando a atingir 98% em alguns grupos. O percentual pouco significativo das aquisições monetárias a prazo se mantém nas cinco grandes regiões brasileiras.

No detalhamento das aquisições não-monetárias (doações, produção própria, retirada do negócio, troca e outras), as doações e produção própria foram as mais freqüentes. Essas duas modalidades somam mais de 75% das aquisições não-monetárias no País, mas o comportamento regional é bastante diversificado.



1A fim de compatibilizar a enorme variedade de unidades de medidas registradas, considerando os pesos e volumes informados, optou-se por expressar todas as quantidades em quilograma[1]. 

 

Entre as grandes regiões, consumo é bastante diversificado

            A POF  investigou  as aquisições de alimentos anuais  per capita das famílias brasileiras, cujas informações serviram de base para análise da dieta domiciliar e do estado nutricional dos adultos.  Já na primeira comparação (tabela 1.1 da publicação), verificou-se que, entre as grandes regiões, há diferenças expressivas nas quantidades de alimentos obtidas para consumo no domicílio.  No Brasil, adquire-se, em média, 48kg de cereais e leguminosas, sendo que Sul é a região que consome menos (39 kg). Centro-Oeste (57kg) e Nordeste (52kg) apresentaram os maiores resultados, seguidos de Sudeste (48kg) e Norte (46kg).  As informações apresentadas referem-se às quantidades em quilograma1 per capita anuais de alimentos adquiridos para consumo no domicílio, seja por meio de despesas monetárias (quando o pagamento é feito em dinheiro, cheque ou cartão de crédito) ou não-monetárias (alimentos adquiridos através de produção própria, retirada do negócio, troca, doação e outros).

Em relação aos grupos hortaliças e frutas, a região Sul obteve as maiores quantidades adquiridas (39 kg e 31 kg, respectivamente). O Norte (20kg) apresentou a menor aquisição per capita de hortaliças, bem abaixo da média nacional (29 kg) e das regiões Sudeste (32kg), Centro-Oeste (23kg) e Nordeste (22kg).  Quanto às frutas, o menor consumo foi do Centro-Oeste (17 kg), seguido de perto pelo Norte (18 kg).

Os hábitos alimentares variam conforme a região do país.  No Norte, por exemplo, a aquisição de cocos, castanhas e nozes chega a quase 17kg e pode ser explicado pelo hábito de consumir açaí (emulsão), produto típico da região. Nas demais regiões, o consumo anual per capita não ultrapassa 0,6 kg, enquanto a média nacional é de 1,6kg.

Outro grupo que apresenta peculiaridades regionais é o de farinhas, féculas e massas, com consumo médio nacional de 23kg.  As maiores aquisições estão no Norte (44 kg) e Nordeste (31 kg), explicadas principalmente pela farinha de mandioca (34kg e 15kg, respectivamente).  No Sul, o consumo chega a 28 kg, com destaque para a farinha de trigo (18kg). Já o Sudeste (14 kg) e o Centro-Oeste (11 kg) apresentam as menores quantidades. Já os panificados (20kg) apresentam um consumo bastante homogêneo no Nordeste (20kg), no Sudeste (22kg) e no Sul (21kg), e aquisições mais baixas no Norte (16kg) e Centro-Oeste (14 kg).

Norte supera o Sul no consumo de carnes bovinas

No grupo carnes, o maior percentual de aquisição foi do Sul (35kg).  No entanto, quando se verifica o tipo de carne consumida, observa-se que o destaque é a região Norte, onde o consumo de carne bovina de primeira (8,5kg) e de segunda (10,4kg) supera os resultados do Sul (6,2kg e 9,9kg, respectivamente).  Assim como as carnes, os pescados têm forte presença nos domicílios da região Norte (25kg) e chegam a superar em muito o consumo do Brasil (5kg) e das regiões Nordeste (5kg), Sudeste (2,2kg), Sul (1,8kg) e Centro-Oeste (1,4kg).

Os laticínios (leite e derivados) também apresentam diferenças significativas. Bem acima da média nacional (50kg), a região que mais consome é a Sul (71 kg), seguida do Sudeste (60 kg) e do Centro-Oeste (57 kg). No Norte (24kg) e no Nordeste (29 kg), o consumo não chega à metade do observado nas outras regiões. Um destaque neste grupamento é o tipo de leite consumido: no Sul e Sudeste prevalece o leite pasteurizado (41kg e 40kg, respectivamente), enquanto nas regiões Norte e Nordeste, o destaque é o leite de vaca fresco (15kg e 17kg, respectivamente).

Tanto o grupo de açúcares, doces e produtos de confeitaria, com aquisição média de 24 kg no Brasil, quanto o de sais e condimentos (6kg) e de óleos e gorduras (10kg) apresentaram poucas diferenças nas quantidades consumidas entre as grandes regiões.

Por outro lado, bebidas e infusões, apresentou grandes diferenças regionais: 55kg no Sudeste; 53kg no Sul; 35 kg no Nordeste e no Centro-Oeste e 25kg no Norte.  No Brasil, a média de consumo domiciliar per capita anual é de 45kg, sendo que o subgrupo bebidas alcoólicas corresponde a 6kg e o subgrupo bebidas não alcoólicas a 36 kg.  Nas cinco regiões brasileiras esta relação é similar. O hábito de adquirir bebidas alcoólicas para consumo no domicílio é menos presente no Norte e Nordeste (em média, 2kg per capita) e mais significativo no Sul (9kg).

Ainda na comparação entre as grandes regiões, observa-se que o consumo de alimentos preparados é mais comum no Sul (4 kg) e no Sudeste (3 kg). A menor quantidade verificada foi do Nordeste, onde o consumo anual não chega a 1kg, seguido do Centro-Oeste (1,6 kg) e do Norte (1,7kg).

Nas classes de rendimento maior consome-se menos cereais e leguminosas e farinhas, féculas e massas

Por faixas de rendimento, a POF 2002-2003 mostrou que, quanto maior o rendimento, menor o consumo domiciliar per capita de cereais e leguminosas e farinhas, féculas e massas (Tabela 2.1 da publicação).No caso dos cereais e leguminosas, a aquisição das famílias com rendimentos até R$ 400 é de 52kg per capita no ano, enquanto nas faixas acima de R$ 3000, a quantidade é de 38kg. É interessante observar que, até R$ 1600 de rendimento, as quantidades consumidas ficam próximas de 50kg. A partir deste valor, a quantidade adquirida diminui.

No caso de farinhas, féculas e massas, as quantidades vão diminuindo conforme a faixa de rendimento cresce, variando de 29kg a 16k no ano. Isso se deve, sobretudo, à farinha de mandioca, cujo consumo cai de 14kg até 2kg nas famílias com rendimentos mais altos. Por outro lado, o consumo de farinha de trigo e massas (ambas em torno de 5kg) é crescente e varia pouco entre as classes de rendimentos.

Famílias que ganham mais, adquirem mais bebidas alcóolicas

Bebidas e infusões, laticínios, hortaliças e frutas são os destaques dos grupos cujas quantidades crescem com os rendimentos. Nas famílias que ganham até R$ 400, o consumo de bebidas alcoólicas é de 1kg, enquanto na faixa de rendimentos acima de R$ 3000, ingere-se até 15kg. O mesmo acontece com bebidas não alcoólicas, cuja aquisição cresce com os rendimentos, variando de 12kg até 72kg. Bebida de preferência nacional, o café é uma exceção no grupo, pois apresenta quantidades variando em torno de 2,5kg a 2,9kg em todas as classes de rendimentos.

Quanto aos laticínios, com aquisições variando entre 27kg e 75kg, o destaque é o leite: 24kg nas famílias com rendimentos mais baixos e 59kg entre os que ganham mais de R$ 3000. Observa-se que o leite pasteurizado (9kg a 50kg) acompanha este comportamento, no entanto, o mesmo não acontece com o leite de vaca fresco, cuja aquisição é de 15kg na classe de rendimentos mais baixa, passa para valores entre 17 e 20kg quando os rendimentos ficam próximos a R$ 1000 e tornam a cair, alcançando 9kg, nas famílias com rendimentos mais altos. Os queijos e requeijões (de 0,4kg a 6kg per capita no ano) também apresentam crescimento do consumo conforme o rendimento aumenta. Em relação às hortaliças, as quantidades variam de 16kg a 42kg segundo as classes de rendimentos, e as frutas, de 11kg a 46kg. Em geral, os itens que compõem estes dois grupos seguem a mesma tendência.

As quantidades consumidas de panificados (de 12kg a 29kg), carnes (de 17kg a 32kg) e aves e ovos (de 12kg a 16kg) também crescem conforme os rendimentos, porém em menor intensidade. Os dois principais componentes dos panificados, pães (de 8kg a 21kg) e biscoitos (4kg a 6kg) apresentam quantidades crescentes com os rendimentos. Dentre do subgrupo biscoitos, os biscoitos salgados apresentam quantidades de aquisição per capita muito próximas nas diversas classes de rendimentos (em torno de 2kg).

Nas carnes, as aquisições das carnes bovinas de primeira (de 2kg a 11 kg) crescem de forma diretamente proporcional à variação dos rendimentos. As aquisições de carnes bovinas de segunda têm pouca variação em relação às diferenças de rendimentos, sendo que as famílias que ganham entre R$ 1600 e R$ 3000 consomem as maiores quantidades.

No grupo aves e ovos, a aquisição mais relevante é a do frango, que na forma de comercialização abatido, é mais adquirido por famílias com rendimentos até R$ 3000.  Já os cortes, tais como o peito de frango, apresentam quantidades adquiridas crescentes com os rendimentos (0,3kg até 2,6kg).

Os pescados, por sua vez, apresentam comportamento ligeiramente inverso, segundo as diversas classes de rendimentos, com quantidades em torno de 6kg nos rendimentos mais baixos e em torno de 4kg nos rendimentos mais altos. Os pescados de água doce são a principal influência para este comportamento do grupo (em torno de 3kg nos rendimentos mais baixos e menor que 1kg nos mais altos).

O grupo açúcares, doces e produtos de confeitaria apresenta pequena variação em relação aos rendimentos: de 22kg e 25kg nas diversas classes. O subgrupo açúcares, porém, apresenta quantidades adquiridas (de 21kg a 16kg) inversamente proporcionais ao aumento dos rendimentos: a do açúcar cristal gira em torno de 13kg nas famílias com rendimentos até R$ 1600, caindo a partir daí até atingir 8kg nas famílias mais ricas. O consumo per capita anual do açúcar refinado fica em torno de 6kg, qualquer que seja a classe de rendimentos. Já o consumo do subgrupo doces e produtos de confeitaria cresce com os rendimentos: 1kg per capita nos rendimentos mais baixos e próximo a 5kg nos rendimentos mais altos.                                                                     

Um outro dado investigado pela POF 2002-2003 refere-se às despesas realizadas com alimentação fora do domicílio que, conforme observado no quadro abaixo, crescem de forma consistente com os rendimentos.

 

 



Em 30 anos, menos déficit de peso e mais excesso de peso e obesidade, especialmente entre homens

No Brasil, os percentuais de déficits de peso vêm declinando ao longo do tempo, tanto para homens quanto para mulheres. Entre as décadas de 1970 e de 1980, esse déficit caiu 50%, mostrando pequena redução a partir de 1989. Há 30 anos, 16% (7,6 milhões) dos adultos tinham sobrepeso.

 



Em meados da década de 1970, o problema de exposição à desnutrição na população feminina, era mais acentuado nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com taxas de 11% e 14%, o que configurava exposição moderada à desnutrição. Em 2003, se configurava a baixa exposição à desnutrição na população feminina do Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.

O excesso de peso e a obesidade aumentam contínua e intensamente na população masculina. Em 1974, o problema da obesidade era praticamente inexistente na população masculina. Em 2003, duplicou o percentual de homens com excesso de peso (de  18,6% para 41%) e triplicou o de obesos (de. 2,8 para 8,8%). Até 1989, os percentuais de excesso de peso e obesidade, entre os homens, eram bastante inferiores àqueles observados para as mulheres. Em 2003, estes percentuais praticamente se igualaram.

Por outro lado, o excesso de peso e a obesidade entre as mulheres cresceram 50% de 1974 a 1989 e mantiveram-se estáveis entre 1989 e 2003. Com exceção do Nordeste, onde continuou o aumento do excesso de peso e da obesidade entre as mulheres, nas demais regiões, houve estabilidade ou declínio das taxas.

Nos últimos 30 anos, a evolução  do estado nutricional da população sofre influência da renda

Entre os homens, a freqüência do excesso de peso aumenta de modo intenso com a renda, enquanto que, entre as mulheres, a relação percentuais de excesso de peso e renda é menos marcante, sendo o excesso de peso mais comum nas classes intermediárias de renda.

Em linhas gerais, o padrão de evolução do perfil antropométrico nutricional da população se repete em todas as faixas de renda. Enquanto que, em meados da década de 70, a obesidade era relativamente rara entre as mulheres que pertenciam à faixa de rendimento de até 1/4 de salário-mínimo (2,7%) e entre os homens que ganhavam até um salário-mínimo per capita (0,5% entre os que ganhavam até ¼; 1,4% entre os que ganhavam até meio salário e 2,3% entre os que ganhavam até um salário), de 1989 a 2003, o aumento do excesso de peso e de obesidade entre as mulheres, fica restrito às duas primeiras classes de rendimento (de até 1/4 e de 1/4 a 1/2 salário-mínimo per capita). Também a exposição das mulheres à desnutrição, nas duas primeiras faixas de rendimento, alcançava, na década de 70, magnitude moderada, de 16,0% e 13,1%.

Dieta das famílias brasileiras é rica em açúcares e pobre em frutas e hortaliças

            A 2ª etapa de divulgação dos resultados da POF 2002-2003 revela que, em geral, as famílias brasileiras consomem muitos alimentos com alto teor de açúcar, principalmente refrigerantes, e poucas quantidades de frutas e hortaliças.  Em termos de quantidades de calorias consumidas, a média diária per capita brasileira (1811,18 kcal) ficou abaixo do valor médio de necessidade energética estimado pela FAO  para o Brasil (2300 kcal). Esta dieta corresponde à disponibilidade domiciliar de alimentos adquiridos pelas famílias brasileiras e não exatamente ao consumo efetivo alimentar, uma vez que a pesquisa não abrange a alimentação fora de casa. Além disso, sabe-se que uma parte do alimento adquirido não é consumido pelas famílias. Destaque-se que são consideradas as aquisições monetárias e não monetárias. A quantidade de calorias médias diárias per capita nas áreas urbanas é de 1700 kcal e, nas áreas rurais, de 2400 kcal.

Dieta brasileira apresenta teor de proteínas adequado

   Observa-se que os percentuais de calorias provenientes de carboidratos (59,6%), proteínas (12,8%) e lipídios (27,6%) ingeridos estão dentro dos padrões nutricionais recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) - entre 55% e 75% de carboidratos; entre 10% e 15% de proteínas e entre 15% e 30% de lipídios. Nos carboidratos,  o desequilíbrio está associado à  quantidade de açúcar (sacarose) ingerida: 13,7%, quando o recomendado é de no máximo 10%.  Entre as proteínas, destaca-se o consumo superior a  50% de proteínas animais, que possuem  maior valor biológico.

 



O rendimento familiar é determinante na disponibilidade de alimentos nos domicílios

Os resultados apresentados demonstram que os diferentes níveis de rendimento familiar são determinantes para a aquisição da maioria dos alimentos no país.

Carnes, leite e derivados, frutas, verduras e legumes, bebidas alcoólicas, condimentos e refeições prontas são os grupos de alimentos cuja participação na dieta das famílias tende a aumentar de forma uniforme, de acordo com o nível de rendimentos familiares. O inverso, incluem feijões e raízes e tubérculos. A participação de cereais e derivados na dieta das famílias se mostra relativamente constante até a faixa de dois salários-mínimos per capita de rendimento.

Alguns alimentos se destacam na relação com os rendimentos,  como o arroz, cujo consumo cai na medida em que aumenta a renda das famílias. O contrário acontece com pães e biscoitos, cuja participação na dieta tende a aumentar com o aumento dos rendimentos.

Também apresentam padrões distintos de relação com os rendimentos o grupo açúcar e refrigerantes. No caso do açúcar, há um aumento ligeiro nas famílias com os rendimentos até um salário-mínimo per capita e depois um forte declínio.  Na classe de mais alto rendimento, por exemplo, o consumo de açúcar é 50% inferior ao observado na menor. No caso dos refrigerantes, há um aumento intenso e contínuo nas classes de renda mais ricas, de modo que a participação na dieta é cinco vezes maior nas faixas de maiores rendimentos.

 Famílias que ganham mais consomem mais gorduras e menos carboidratos

Em relação aos macronutrientes, os resultados mostram que famílias que ganham mais,  tendem a consumir um maior teor de gorduras e menor de carboidratos.  No caso dos carboidratos, o percentual recomendado pela OMS (55%) não é atingido pelas famílias com rendimentos superior a cinco salários- mínimos, com o agravante de que cerca de um quinto (ou 11%) correspondem a açúcar.

No caso das gorduras, observou-se que o limite máximo de 30% das calorias totais é ultrapassado  nas famílias com renda acima de dois salários-mínimos mensal familiar per capita. As gorduras saturadas tendem a aumentar ainda mais intensamente com o rendimento do que as demais gorduras, sendo que o limite máximo para este componente da dieta (10% das calorias totais) é virtualmente alcançado pelas famílias que ganham entre dois e cinco salários mínimos (9,7%) e claramente ultrapassado entre os que ganham mais de cinco salários-mínimos per capita (11,2% das calorias totais). O limite máximo de 10% para a proporção de calorias provenientes de açúcar é ultrapassado em todas as classes de rendimentos, notando-se que a situação mais crítica corresponde às classes intermediárias de rendimentos, onde a participação deste componente da dieta alcança quase 15%.

Embora o teor de proteínas na dieta aumente conforme os rendimentos, a proporção de calorias protéicas foi adequada em todas as classes de  rendimento. Destaca-se, ainda, que a fração de proteínas de origem animal (de maior valor biológico) consumidas aumenta com o  rendimento, variando de 45% na faixa menor a 60% na maior.

Em 30 anos, aumenta o consumo de gorduras e cai o de carboidratos

No caso dos carboidratos (55,9%), a contribuição mínima fica muito próxima da recomendada, sendo que um quinto corresponde açúcar. O limite máximo de 30% de gordura nas calorias totais é ultrapassado (30,52%). Já o consumo de proteínas cresceu no período, mas sempre de forma adequada.

 



Calcule seu Índice de Massa Corpórea (IMC)

 

A freqüência do excesso de peso na população supera em oito vezes o déficit de peso entre as mulheres e em quinze vezes o da população masculina. Num universo de 95,5 milhões de pessoas de 20 anos ou mais de idade há 3,8 milhões de pessoas (4,0%) com déficit de peso e 38,8 milhões (40,6%) com excesso de peso, das quais 10,5 milhões são consideradas obesas. Esse padrão se reproduz, com poucas variações, na maioria dos grupos populacionais analisados no País. Esses resultados fazem parte da 2ª etapa da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 do IBGE, cujos capítulos sobre a composição da dieta alimentar e do estado nutricional foram feitos em parceria com o Ministério da Saúde.

A POF 2002-2003 revela que a população adulta brasileira, quando observada no seu todo, não está exposta aos riscos de desnutrição, sendo a taxa de 4% compatível com os padrões internacionais, uma proporção esperada de indivíduos que são constitucionalmente magros. Taxas entre 3% e 5% são encontradas em todas as  populações não expostas a deficiências nutricionais. Assim, apenas quando os déficits excedem os 5% considera-se que a população está exposta a risco de desnutrição.

A exposição da população adulta  à desnutrição, em algumas situações especiais, é baixa

A análise do estado nutricional a partir da POF 2002-2003 se deteve também em estratos diversos da população. O risco de desnutrição, quando observado, se caracterizou como baixo, correspondendo a proporções de déficits de peso entre 5 e 10%. As classificações internacionais consideram que taxas entre 5% e 10% configuram baixa exposição à desnutrição; entre 10% e 20%, moderada; entre 20% e 30%, alta e, acima de 30%, muito alta exposição à desnutrição.

No caso brasileiro, a prevalência de déficit de peso é igual ou superior a 5% para homens com mais de 74 anos de idade (8,9%) e mulheres com menos de 30 anos (12,2% entre as 20 e 24 anos e 7,3% entre 25 e 29 anos). Entre os homens adultos, em geral, o déficit de peso é sempre inferior a 5% em todas as regiões do país, variando de 2% no Sul a 3,5% no Nordeste, sendo ligeiramente maior no meio rural, ainda que, em nenhum caso, supere os 5%. Na população feminina, as taxas variam de 3,7% no Sul a 6,2% no Nordeste e Centro-Oeste. No meio rural, alcança 3,6% no Sul e é de 5,1% no Norte. Nas áreas rurais do Nordeste, a prevalência de déficit de peso alcança 7,2 das mulheres adultas, no Sudeste, 6,2 % e no Centro-Oeste, 6,3%, indicando, nos três casos, baixa exposição à desnutrição.

O déficit de peso diminui entre homens e mulheres à medida que os rendimentos aumentam. No caso da  população masculina, é de 4,5% quando os rendimentos per capita são iguais ou  inferiores a ¼ de salário-mínimo e de 1,3 % para os rendimentos superiores a 5 salários-mínimos per capita.  Já entre as mulheres, são próximos a  5% quando os rendimentos são menores que dois salários-mínimos per capita e de 8,5% quando o rendimento per capita é inferior a ¼ de salário mínimo.

Excesso de peso e obesidade são diferentes entre homens e mulheres e nos meios urbanos e rurais

Em 2003, o excesso de peso afetava 41,1% dos homens e 40% das mulheres, sendo que  obesidade afetava 8,9% dos homens e 13,1% das mulheres adultas do país. Sendo assim, os obesos representavam 20% do total de homens e um terço das mulheres com excesso de peso.

O excesso de peso tende a aumentar com a idade, de modo mais rápido para os homens e, de modo mais lento, porém mais prolongado, para as mulheres. A partir dos 55 anos para os homens e dos 65 para as mulheres, observa-se que o excesso de peso tende a cair. Dos 20 aos 44 anos, o excesso de peso é mais freqüente em homens, invertendo-se a situação nas faixas etárias mais altas.

Entre os homens, o excesso de peso se verifica em dois patamares claros: em torno de 34% no Norte  e Nordeste e entre 44 e 46% nas demais regiões. Comportamento similar se verifica nas áreas urbanas . Nas áreas rurais, o excesso de peso aparece em proporções bem menores, sendo 21% no Nordeste, atingindo 40 % no Sul, ficando entre 28  e 34 % nas demais regiões rurais.



No caso das mulheres, esta diferenciação entre os meios urbanos e rural não ocorre com a mesma intensidade, mas a presença de excesso de peso é sempre maior no meio rural. A exceção é o Nordeste, onde a participação no urbano é maior (39,4% contra 36,8%). Entre os homens obesos, as proporções são muito menores no Brasil rural (5,1%) do que no Brasil urbano (9,7%). Na população feminina, a diferenciação é menor (13,2 % no urbano e 12,7% no rural). Considerando-se os obesos de um modo geral, o percentual mais alto foi o das mulheres que vivem na área rural da região Sul (18,6 %), enquanto o menor foi o dos homens do Nordeste rural (3,2%).

 

Nas classes de rendimentos mais altos, mais da metade dos homens apresentam excesso de peso

Em 2003, taxas de 20% e 26% de excesso de peso são encontradas na população masculina vivendo em famílias com rendimento mensal de até meio salário-mínimo per capita. Tanto o excesso de peso quanto a obesidade crescem com os rendimentos na população masculina, sendo que 56,2% dos homens nas classes de rendimentos superiores a cinco salários-mínimos apresentam excesso de peso. Entre as mulheres, o crescimento dos percentuais de obesidade ocorre até os rendimentos per capita de dois salários-mínimos, caindo a partir daí. O excesso de peso (42%) e a obesidade (14%) são maiores entre as mulheres que vivem em famílias de classe de rendimentos de 1 a 2 salários-mínimos per capita.