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No DF

Reserva Ecológica do IBGE celebra 50 anos com exposição sobre a biodiversidade do Cerrado 

Editoria: IBGE | Gabriella Carmo

16/12/2025 15h49 | Atualizado em 16/12/2025 15h51

Estudantes exploram os itens da mostra - Foto: Gabriella Carmo

A Reserva Ecológica do IBGE (RECOR), localizada no Distrito Federal, celebrou seus 50 anos com uma exposição especial que reuniu peças do acervo zoológico da instituição, materiais botânicos do Planalto Central e instrumentos geodésicos históricos. A mostra ficou aberta ao público durante os dois dias de programação — o primeiro dedicado a oficinas para estudantes da rede pública de ensino e o segundo às comemorações oficiais do cinquentenário. 

Instrumentos geodésicos – Foto: Gabriella Carmo

Entre os destaques estavam exemplares da coleção zoológica da RECOR, que reúne aproximadamente 70 mil espécimes da biota terrestre e 150 mil da biota aquática do bioma Cerrado. Organizado em seis coleções científicas — insetos, camarões, peixes, herpetofauna, aves e mamíferos — esse acervo é considerado uma das bases de pesquisa mais completas sobre o bioma.  

Além dos exemplares zoológicos, o público também pôde observar madeiras típicas do Planalto Central brasileiro, cascas de árvores e pedras características do Cerrado, compondo um panorama do ambiente natural protegido pela reserva. 

A curadoria dessa parte da exposição foi conduzida pela analista ambiental Angelita Coelho e pelo analista em biodiversidade Frederico Takahashi. Angelita destacou que a proposta era aproximar o público da riqueza natural do Cerrado, traduzindo informações científicas para uma linguagem acessível. Ela explicou que a intenção era “trazer um pouco do Cerrado para um público mais leigo que não tem contato com os aspectos mais técnicos”, ressaltando também que, embora o acervo seja fixo, a exposição está sempre em renovação. Ao comentar a visita de 90 crianças durante a oficina do primeiro dia, afirmou que novas ideias surgem justamente desse contato com o público: um “processo mútuo” que abre “outras mil possibilidades”. 

Takahashi reforçou que a mostra representou um recorte da exposição permanente instalada no prédio do IBGE usado para recepcionar visitantes, principalmente escolares. Ele observou que o objetivo é apresentar parte da biodiversidade da reserva e um panorama da biodiversidade nacional, além de responder às curiosidades dos estudantes — como as perguntas frequentes sobre o lobo-guará. Disse ainda que busca explicar, de forma didática, processos ecológicos relacionados às espécies, suas características e as estratégias de dispersão das plantas. 

A exposição também apresentou instrumentos geodésicos históricos, como o teodolito, aparelho utilizado para medir ângulos horizontais e verticais em levantamentos topográficos, e o telurômetro, instrumento empregado para medir a resistividade elétrica do solo, importante em estudos geofísicos. 

Exemplares Zoológicos do acervo Mostra Biodiversidade IBGE - Foto: Gabriella Carmo

Outro atrativo foi a mostra uma linha do tempo, organizada por Leandro Malavota, que apresentou de forma resumida, uma retrospectiva histórica da RECOR. A linha do tempo reuniu  fotos históricas de ibgeanos em campo, informações sobre a atuação da brigada de incêndios, detalhes de pesquisas realizadas na área, registros das coleções científicas, aspectos da fauna e flora do Cerrado e a história da criação da reserva, além de destacar o papel do IBGE nas agendas ambientais ao longo das décadas. 

Linha do tempo Reserva Ecológica do IBGE - Foto: Gabriella Carmo

A celebração dos 50 anos da Reserva Ecológica do IBGE reforçou sua importância como espaço de conservação, pesquisa e educação ambiental, reunindo ciência, história e divulgação para aproximar a sociedade da biodiversidade do Cerrado — um dos biomas mais ricos e ameaçados do país. 

Livro comemora dos 50 anos da Reserva Ecológica 

Da esquerda para a direita - o mediador Leandro Malavota, Mauro Lambert Ribeiro, Mônica Veríssimo dos Santos e Leonardo Bergamini – Foto: Gabriella Carmo

Em meio às comemorações pelos 50 anos da Reserva Ecológica do IBGE (RECOR), foi lançado o segundo volume da obra “Reserva Ecológica do IBGE – Volume 2: Compromisso com a biodiversidade, a ciência e a sociedade”, uma publicação que reúne uma série de estudos, registros históricos e relatos de projetos conduzidos na unidade. O lançamento integrou a programação oficial do cinquentenário e reuniu servidores, pesquisadores, gestores e especialistas que discutiram os avanços científicos e institucionais acumulados em cinco décadas. 

A mesa de lançamento contou com a presença de diversas autoridades, como o gerente da RECOR e organizador da publicação, Mauro Lambert Ribeiro, o analista em biodiversidade, Leonardo Bergamini e a consultora em projetos de planejamento ambiental, territorial, cultural e transportes, Mônica Veríssimo dos Santos. Durante a abertura, o mediador Leandro Malavota, da Memória IBGE, destacou a importância da história e da memória no enfrentamento de problemas contemporâneos. Segundo Malavota, “história e memória podem fornecer subsídios para os problemas recentes e projeção de visões de futuro”, uma reflexão que ressoou com a proposta do livro. 

Um olhar sobre o passado e o futuro 

Diagramação interna do livro Reserva Ecológica - Volume 2 – Foto: Gabriella Carmo

O primeiro volume da publicação, lançado em 2011, foi um marco ao reunir estudos sobre a biodiversidade terrestre da Reserva Ecológica (RECOR). O trabalho mais recente, no entanto, traz atualizações importantes e projeções futuras para a RECOR. A organização deste segundo volume é assinada por Mauro Lambert, que também é coautor do capítulo inicial. Este capítulo apresenta um balanço dos seis compromissos institucionais que orientaram a criação da reserva e marcaram sua trajetória ao longo de 50 anos, e contou com a participação de ex-gestores da área, como Iracema Gonzales, Betania Tarley, Silvio Santos e Alessandra Gouveia.

Lambert ao falar sobre o livro, relembrou a origem da RECOR, que remonta à mudança da capital para Brasília, um movimento que visava à integração nacional, principalmente, por meio do desenvolvimento agrícola do Cerrado. “Pensaram: o Cerrado vai ser transformado. Vamos criar uma unidade de conservação e fazer um programa de pesquisas ecológicas de longa duração que dê respostas para subsidiar políticas públicas que conciliem o desenvolvimento econômico com a conservação da biodiversidade’’, completou. 

Cerrado: uma riqueza em descoberta 

O segundo capítulo do livro, assinado por Leonardo Bergamini e Aline Daniele Silva, foca na síntese da biodiversidade existente na reserva. Segundo Bergamini, embora a RECOR ocupe uma área relativamente pequena, de aproximadamente 1.440 hectares, a variedade de espécies e paisagens é impressionante. “Apesar de ser uma área relativamente pequena, há uma diversidade muito grande. Temos na publicação, por exemplo, uma lista atualizada de espécies ameaçadas de extinção encontradas aqui, tanto da flora quanto da fauna’’, ressaltou. 

A RECOR abriga cerca de 4.000 espécies catalogadas e uma longa série histórica de dados climáticos coletados com o apoio de instituições parceiras. “Essa área tem uma diversidade natural muito alta, como também uma intensidade de pesquisas. Apesar de toda essa variedade de dados, sempre fazemos novas descobertas de diferentes plantas e espécies de animais”, acrescentou Bergamini. Ele ponderou também sobre os desafios da degradação ambiental: “O Cerrado é a savana mais rica do mundo, mas essa riqueza tem sido perdida a uma taxa alarmante. Esse livro vai ser mais uma contribuição do que tem sido produzido aqui e, também, um motivador para futuras descobertas”, finalizou. 

A integração da ciência com a sociedade 

Diagramação interna do livro Reserva Ecológica - Foto: Gabriella Carmo

O quinto capítulo da obra é de autoria de Mônica Veríssimo dos Santos, que traz à tona a importância da Reserva Ecológica na agenda de compromissos internacionais. Em sua fala, Mônica abordou a problemática do crescimento urbano nas proximidades da reserva e propôs uma solução inovadora: a criação do HUBio, uma plataforma de diálogo entre a ciência e a sociedade. “Nós, pesquisadores, temos dificuldade de traduzir nossa linguagem para a sociedade. O IBGE, com sua capilaridade nacional, talvez seja a única instituição que todos os brasileiros conhecem e que tem a capacidade de fazer o link entre os dados da ciência e a população”, explicou. 

Mônica também destacou a relevância internacional da RECOR, que integra a Reserva da Biosfera, um programa da UNESCO. “A reserva é hoje o nó das agendas internacionais do Brasil e representante brasileira em termos de conservação da biodiversidade, geração de conhecimento e união entre ciência e sociedade”, concluiu. 

O legado e as perspectivas futuras 

De acordo com o organizador, Mauro Lambert, o segundo volume da obra reafirma os compromissos institucionais com a biodiversidade, a ciência e a sociedade, e traz um balanço independente das contribuições da RECOR para o país, elaborado por pesquisadores e gestores ambientais convidados. O livro também aponta as perspectivas futuras para a unidade, sempre com o foco em integrar desenvolvimento econômico e conservação ambiental.  

Mais sobre a publicação 

O primeiro volume da obra, divulgado em 2011, apresentou os conhecimentos produzidos na Reserva Ecológica do IBGE sobre a biodiversidade terrestre da área e sua importância para o Bioma Cerrado. Este segundo, publicado no cinquentenário da Reserva, aborda os compromissos institucionais que moldaram sua identidade organizacional e pautaram sua governança e gestão, mas também aponta caminhos para um futuro mais sustentável, no qual a ciência e a sociedade continuem a trabalhar juntas para a conservação do meio ambiente.  

A obra editorial, impressa na gráfica do IBGE, estará disponível em breve para compra ou para download gratuito no site https://loja.ibge.gov.br/