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IBGE lança ProGriD Online, aplicação para transformar coordenadas entre sistemas oficiais de referência

Editoria: Geociências | Carmen Nery

29/11/2022 10h00 | Atualizado em 29/11/2022 10h25

  • Destaques

  • Nova versão online transforma coordenadas entre os sistemas clássicos de referência anteriores, adotados oficialmente no Brasil – Córrego Alegre e SAD 69 –, e o SIRGAS2000, sistema vigente e adotado desde 2005.
  • Disponível no portal do IBGE, ProGrid Online oferece significativa melhora de desempenho na transformação, em comparação com a versão desktop anterior.
  • Com a nova aplicação online, o tempo médio de resposta é de aproximadamente um minuto para arquivos com 100 mil pontos.
  • Ainda para este ano está prevista a divulgação da API do ProGriD, facilitando os desenvolvedores na realização da transformação de coordenadas em suas aplicações.
  • Aplicação é utilizada por profissionais que trabalham com sistemas de informações geográficas e bases cartográficas que ainda têm informações referidas aos sistemas antigos.
Nova aplicação facilita transformação de coordenadas entre sistemas de referência clássicos e o atualmente usado - Foto: Arte sobre mockup

O IBGE lança hoje (29) o ProGriD Online, aplicação para a transformação de coordenadas entre os sistemas de referência clássicos anteriores, adotados oficialmente no Brasil – como Córrego Alegre e SAD 69 –, e o SIRGAS2000, sistema de referência atualmente utilizado, adotado desde 2005 em todo território nacional. O ProGriD Online substitui a versão desktop, que não foi atualizada para as novas versões do ambiente Windows.

A aplicação online também aceita diferentes formatos de coordenadas. A nova ferramenta online está acessível somente no Portal do IBGE e oferece aos usuários uma significativa melhora no desempenho do serviço por meio do cálculo online, em comparação com a versão desktop.

Vantagens da aplicação online

A versão desktop do ProGriD foi disponibilizada para os usuários em 2009, entretanto, devido às diversas atualizações da plataforma Windows, alguns problemas passaram a ocorrer na transformação por meio das grades – um dos métodos de transformação. Além disso, a transformação de uma grande quantidade de pontos levava muito tempo.

Com a nova aplicação web, o tempo médio de resposta é de aproximadamente um minuto para arquivos com 100 mil pontos. Desse modo, grandes volumes de informações podem ser submetidos com expectativa de resposta em poucos minutos, dependendo da conexão de internet do usuário. Outra vantagem da versão online é a manutenção mais simples por parte do IBGE, quando comparado com uma aplicação desktop, e a possibilidade ser executada de diferentes plataformas e sistemas operacionais, não ficando limitada ao Windows.

Ainda para este ano está prevista a divulgação da API (Aplication Program Interface – ou interface de integração entre sistemas) do ProGriD. Isso vai facilitar aos desenvolvedores a realização da transformação de coordenadas entre sistemas de forma transparente para os usuários de suas aplicações.

Por que se adotou novo Sistema de Referência

A coordenadora de Geodésia e Cartografia do IBGE, Sonia Maria Alves Costa, explica que é possível representar qualquer informação na superfície da terra em um mapa, por meio de um sistema matemático de coordenadas, de forma bidimensional (latitude e longitude) ou tridimensional (latitude, longitude e altitude). Entretanto, para que essas informações possam ser compartilhadas em diversas bases e bancos de dados, precisam estar relacionadas a um mesmo sistema de referência.

Até o início dos anos 1990, o processo de obtenção de coordenadas estava concentrado em profissionais, como topógrafos e engenheiros agrimensores ou cartógrafos. Eles realizavam medições utilizando procedimentos e equipamentos óticos e extensivos cálculos para se obter um par de coordenadas de um ponto na superfície de um sólido, o elipsóide, representação matemática mais próxima da superfície da Terra.

“Essas atividades duravam meses, desde a realização das medições no campo até a conclusão do cálculo. Além disso, cada país adotava o seu próprio sistema de referência, tornando complexo o compartilhamento de informações geográficas em regiões de fronteira. Com a utilização cada vez maior dos Sistemas Globais de Navegação por Satélites (GNSS – Global Navigation Satellite Systems, na sigla em inglês), houve uma grande revolução nas atividades de georreferenciamento, permitindo que qualquer pessoa com um simples smartphone obtivesse coordenadas no mesmo sistema de referência em qualquer lugar do planeta”, destaca a coordenadora.

Sistemas como GPS, GLONASS, Galileo e Beidou democratizaram a obtenção de coordenadas

O GPS (Global Positioning System, sistema norte-americano) é o mais popular e conhecido GNSS, mas há outros como o GLONASS (sistema russo), o Galileo (sistema europeu) e o BeiDou (sistema chinês). Essa tecnologia é utilizada em conjunto ou separadamente, na obtenção de coordenadas tridimensionais (latitude, longitude e altitude elipsoidal ou geométrica).

Acompanhando a evolução tecnológica, o IBGE, como gestor do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), adotou o sistema de referência SIRGAS2000 em fevereiro de 2005. O sistema foi oficializado por meio da Resolução do Presidente do IBGE Nº 1/2005, que altera a caracterização do Sistema Geodésico Brasileiro.

“Mas o desafio é compatibilizar tudo o que foi produzido, em mapas e cartas, naqueles sistemas de referência antes da era do GNSS. No Brasil, isso significa dezenas de metros entre um mesmo ponto representado no sistema de referência SAD69 e SIRGAS2000 (compatível com o GPS). A grande maioria da nossa cartografia está referida nesses sistemas. As décadas de 1980 e 1990 foram a época em que mais se produziu cartografia no país. Depois disso, houve um enxugamento nos nossos recursos, para produção e atualização dessa cartografia. O resultado é que muita coisa do acervo brasileiro está ainda respaldada nesses referenciais antigos”, destaca a coordenadora.

A resolução de 2005 também estabeleceu um período de transição de dez anos – de 2005 a 2015 – para a adoção do novo referencial geodésico no país. Como o IBGE é responsável por prover essas coordenadas de referência para qualquer atividade de georreferenciamento de precisão no país – como obras de infraestrutura – o Instituto teve de publicar, nesse período, as coordenadas tanto no sistema anterior SAD 69 quanto no novo SIRGAS2000.

"O período de tolerância foi grande, dez anos, mas foi necessário para que todos se capacitassem tecnologicamente e convertessem suas informações para o novo referencial, que é compatível com o GNSS, em que o GPS é o mais popular", esclarece Sonia.