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PNAD Contínua

Nova PNAD TIC vai investigar streaming, 5G, internet das coisas, aplicativos e teletrabalho

Editoria: Estatísticas Sociais | Carmen Nery

20/09/2022 14h00 | Atualizado em 20/09/2022 16h31

As novidades na pesquisa foram apresentadas pelo diretor do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, após a divulgação dos dados da PNAD TIC 2021, no dia 16 de setembro, em Brasília - Foto: SDI-DF/Agência IBGE Notícias

O IBGE anunciou, na sexta-feira, 16, em Brasília, mudanças no módulo temático de Tecnologia da Informação e Comunicação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD TIC. Reformulada, a nova edição 2022 vai a campo no quarto trimestre deste ano para abarcar e identificar o uso de novas tecnologias como streaming, 5G e a convivência com antenas parabólicas, internet das coisas (máquinas inteligentes que se conectam com outras máquinas); teletrabalho, uso de diferentes tipos de aplicativos no celular, e até mesmo novas formas de trabalho mediadas pela tecnologia.

Este último tema é fruto de um convênio com o Ministério Público do Trabalho e a Unicamp. Além dos dados sobre teletrabalho, serão coletados dados de atividades realizadas por meio de plataformas digitais, caso dos variados apps de transporte, comida e compras. A proposta é investigar os impactos nas condições de trabalho e a chamada “uberização”.

As novidades foram apresentadas pelo diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, após a divulgação dos dados da PNAD TIC 2021. Durante a apresentação da pesquisa de 2021, o assessor especial do Ministério de Economia, Rogério Boueri Miranda e os secretários dos ministérios das Telecomunicações (MCOM) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), todos com o colete dos recenseadores, ressaltaram também a relevância do Censo Demográfico 2022 e a importância de todo cidadão receber bem os pesquisadores.

“Atendam os recenseadores, com cortesia. Nós precisamos conhecer o país e para isso é fundamental que os recenseadores sejam bem recebidos”, afirmou Boueri.

Três tipos de questionário irão a campo

Em relação à nova PNAD TIC, Cimar Azeredo destacou que a pesquisa já chega à sexta edição como módulo temático isolado, informando que a PNAD é coletada em todos os estados.

“Em outubro, serão três questionários que irão a campo: “TIC Domicílio”, “TIC Pessoas” e “Teletrabalho e Trabalho por meio de Plataformas Digitais”. Vamos investigar itens como 5G, IoT, streaming e uso da internet. São dados de que sentíamos falta, e, depois da Covid, potencializou-se a importância de se investigar esses temas. Vamos avaliar o aumento das pessoas trabalhando no próprio domicílio, o avanço do uso das TICs no teletrabalho, atividades remuneradas por meio de aplicativos digitais e como são essas relações de trabalho”, ressaltou Cimar. 

Entre as alterações no módulo de domicílio, está o retorno da investigação sobre o uso do rádio, que completa 100 anos. Será questionado se o domicílio tem rádio, ainda que integrado a outros equipamentos como radio-relógio, microcomputadores e smartphones. Em relação às antenas parabólicas será investigado o tamanho das antenas e se está sendo de fato utilizada para receber sinal de TV aberta.

Questões sobre IoT vão identificar dispositivos inteligentes

“Sobre internet das Coisas, questiona-se se o domicílio tem algum dispositivo doméstico inteligente que pode ser acessado pela internet, como câmeras, aparelhos de ar condicionado ou geladeiras, uma questão que será muito difícil de levantar porque ainda são poucos itens, mas é importante começarmos a levantar. Outra novidade é investigar se o domicílio tem acesso a serviço pago de streaming. Já quanto ao tipo de conexão para acessar a internet no domicílio foi adicionado o 5G”, elenca Cimar.

Alessandra Brito, analista da PNAD TIC, explica que, em relação ao principal motivo para o domicílio não acessar a internet, como havia uma incidência muito grande de falta de interesse, a investigação foi ampliada para apurar melhor outros motivos, como falta de necessidade, falta de tempo e preocupações com segurança.

Já o módulo de TIC pessoas questiona com que frequência se acessa a internet por qualquer lugar (casa, trabalho, escola), finalidade de utilização (e-mail, chamadas, fazer compras, acessar bancos); se acessa internet gratuita (praças, parques, bibliotecas, postos de atendimento). “Foram incluídas novas perguntas pois o objetivo é identificar se a pessoa está usando a internet, mesmo que ela não perceba, como quando envia um e-mail ou usa o WhatsApp”, explica a analista Alessandra Brito.

Condições e relações de trabalho mediado por plataformas

O terceiro módulo é fruto da parceria entre a Unicamp e o Ministério Público do Trabalho, que solicitaram ao IBGE a inclusão na PNAD Contínua de um módulo específico sobre o trabalho em plataformas digitais. Cimar informa que o IBGE tem um acordo de cooperação técnica em construção com as duas instituições.

“Vamos investigar o teletrabalho e o trabalho por plataformas digitais. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho remoto é aquele realizado fora do local onde a pessoa trabalha, ou seja, em local alternativo – domicílio, cafés, hotéis, co-working; já o teletrabalho é o trabalho remoto que usa a internet. Para isso será considerado tanto sua ocupação quanto sua posição na ocupação, se é empregado ou trabalhador por conta própria. Além do uso de dispositivos eletrônicos”, explica Cimar.

No caso do trabalho por meio de plataformas digitais, a ideia é identificar, para o trabalho único ou principal, o papel, o poder e a influência do aplicativo na execução das tarefas, na determinação de preços, nos prazos, na escolha de clientes e nas estratégias de promoção, por exemplo. Também vai avaliar a obtenção de clientes através dos aplicativos, a venda por plataformas de comércio eletrônico etc. “Vamos construir importantes indicadores sobre as condições e as relações de trabalho. A OIT revisou a classificação internacional da situação do emprego e está acompanhando o tema, alerta o diretor de pesquisas do IBGE.

Ministérios destacam relevância da PNAD TIC para políticas públicas

Desde sua primeira edição em 2013, a PNAD TIC tem contribuído para nortear políticas públicas na área de tecnologia em várias esferas do governo. Essa contribuição estratégica foi reafirmada durante a apresentação dos resultados da PNAD TIC 2021, que foi a campo no quarto trimestre do ano passado.

Em 2021, a pesquisa revelou diversas tendências, como o crescimento do uso da TV para acesso à internet no domicílio, ultrapassando os microcomputadores como segunda opção depois do celular; a redução da posse de microcomputadores, tablets e telefone fixo; e o aumento do uso da banda larga fixa, superando a móvel devido à pandemia e à expansão da fibra óptica em regiões como o Norte e o Nordeste. 

“Já esperávamos avanços importantes nos indicadores da PNAD TIC 2021, mas os dados mostram isso com precisão estatística. Não estamos diante de narrativas, e sim de evidências. É isso o que a maior pesquisa domiciliar da América Latina oferece: evidências. Essa divulgação é importante para entendermos as mudanças relacionadas ao trabalho e aos hábitos que a Covid-19 trouxe para vida das pessoas”, destacou o assessor especial de assuntos econômicos do Ministério da Economia, Rogério Boueri Miranda. 

Ele observou que as mudanças foram tantas que o próximo módulo da PNAD TIC, que vai a campo no 4º trimestre de 2022, precisou ser reformulado. “Serão incorporados aspectos relativos às mudanças que vêm ocorrendo nos últimos anos – como a implantação da rede 5G no país, a internet das coisas e o streaming de vídeo –, além de ampliar a investigação do uso da internet”, reiterou Miranda. 

Para o secretário executivo substituto do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, Johnny Ferreira dos Santos, o projeto da PNAD TIC é altamente relevante porque a pesquisa mostra os avanços das políticas de TIC do país.  

“A PNAD Contínua, como um todo, já é um trabalho muito importante, e a manutenção do módulo de TIC é fundamental. Temos uma agenda de governo digital aprimorando serviços públicos, e é fundamental ter conectividades adequada, serviços móveis de qualidade e acesso à internet. A pandemia acelerou a demanda por esses serviços. É importante o aperfeiçoamento dessas políticas, e nada melhor do que o IBGE para trazer essa radiografia de uma maneira dinâmica, por meio da PNAD TIC”, afirmou o secretário. 

O secretário de empreendedorismo e inovação do MCTI, José Gustavo Gontijo, observou que o país conduz a Estratégia Brasileira de Transformação Digital (E-Digital), e as informações reveladas pela PNAD TIC vão ajudar na construção das políticas públicas com o Plano Nacional de Internet das Coisas. “Temos atuado pelo desenvolvimento da banda larga e pela inclusão digital no país, e só temos a crescer usando essas informações”, ressaltou Gontijo. 

IBGE norteia diagnósticos e antecipa tendências na área de tecnologia

A secretária de telecomunicações do Ministério das Comunicações (MCOM), Nathália Almeida de Souza Lobo, ressaltou que as pesquisas do IBGE norteiam todos os diagnósticos e a revisão para melhoria das políticas públicas. Isso ocorreu no leilão do 5G, quando se definiram os investimentos das empresas de telecomunicações.  

“Sentimos muita falta quando não temos a informação como em 2020, em que a PNAD TIC não foi a campo. As informações são continuamente utilizadas e nos revelam muito sobre o uso das telecomunicações. A pesquisa é nosso principal indicador para o Plano Plurianual e o principal instrumento de estratégia de governo nas telecomunicações. Usamos os indicadores de número de domicílios com banda larga no país para nossas políticas públicas. Antes do PPA, o indicador era de 74% dos domicílios; na PNAD TIC 2019, foi a 84%. Em 2021, nossa meta era 85% e, para 2023, é de 91%”, sinalizou Nathália. 

O secretário de Radiodifusão do MCOM, Maximiliano Salvatori Martinhão, afirmou que o IBGE é parceiro das políticas públicas do país fornecendo dados que permitem alcançar os objetivos que a administração quer dos serviços públicos. E brincou dizendo que o MCom lida com os serviços de que a população mais gosta.  

“Na radiodifusão, já tínhamos mais de 90% dos domicílios com TV ou rádio. Agora temos mais de 90% dos domicílios brasileiros com acesso à internet. Isso é transformador. Para isso, é importante uma pesquisa como a PNAD TIC que, desde 2016, tem nos ajudado. No campo da radiodifusão, esses dados serão fundamentais para duas políticas. Uma é a relacionada à migração da TV analógica para a digital até 2023. Vamos precisar distribuir kits. Também em decorrência do leilão de 5G, vamos ter a migração da recepção de TV por satélite da banda C para banda KU” informou Martinhão.  A banda KU é aquela em que não há interferência do serviço 5G.

O Conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Artur Coimbra de Oliveira, destacou que o IBGE é um dos órgãos estatísticos oficiais mais relevantes do mundo.  

“No setor de telecomunicações, ouso dizer que é o mais relevante, não só pela consistência metodológica na definição de indicadores de nível internacional, mas também porque aponta tendências tecnológicas muito antes de outros órgãos estatísticos do mundo. Foi graças ao IBGE que começamos, com um diagnóstico muito preciso e consistente, a fazer a digitalização da televisão com uma visão clara de quantos domicílios tinha TV analógica. E que as famílias estavam deixando de ter computador para acessar a internet apenas pelo celular, algo que outros órgãos estatísticos demoraram a perceber. O IBGE conseguiu alcançar o equilíbrio perfeito entre a consistência metodológica ao longo do tempo e a adaptação a um setor tão dinâmico”, concluiu o conselheiro da Anatel.