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PAIC

Ocupação cresce, mas salários caem na indústria da construção em 2020

Editoria: Estatísticas Econômicas | Carmen Nery | Arte: Jessica Cândido

15/06/2022 10h00 | Atualizado em 18/07/2022 08h54

  • Destaques

  • Em 2020, o país tinha 131.809 empresas de Construção, que empregavam 2,0 milhões de pessoas. Frente a 2019, o número de empresas cresceu 5,4% e o pessoal ocupado aumentou em 3,8%.
  • Entre os segmentos da Construção, o setor de infraestrutura foi o que mais cresceu na geração de empregos com alta de 10,9% em número de pessoas ocupadas. Já a ocupação no setor de serviços especializados caiu 3,3%.
  • O total de salários retiradas e outras remunerações pagos pela Construção foi de R$ 58,7 bilhões, com destaque para o setor de infraestrutura, que representou 37,1% desse valor.
  • Em salários mínimos, o salário médio mensal da Construção caiu ao menor nível da série iniciada em 2007: 2,2 salários mínimos em 2020.
  • O valor gerado pelo setor de Construção chegou a R$ 325,1 bilhões em 2020, sendo R$ 304,4 bilhões em obras e/ou serviços (93,6%) e R$ 20,7 bilhões em incorporações (6,4%).  No valor gerado pelas obras e serviços, 70,2% provêm de contratos por pessoas físicas e/ou entidades privadas (R$ 213,7 bilhões), e o restante por entidades públicas, cuja participação caiu de 30,1% em 2019 para 29,8% em 2020.
O segmento de infraestrutura foi o que mais cresceu na taxa de ocupação com alta de 10,9% - Foto: Maycon Nunes/AgPará

 A indústria da Construção gerou R$ 325,1 bilhões em valor de incorporações, obras e/ou serviços em 2020, sendo R$ 304,4 bilhões em obras e/ou serviços (93,6%) e R$ 20,7 bilhões em incorporações (6,4%). Entre 2019 e 2020, a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) mostrou estabilidade na participação de Obras de infraestrutura no valor gerado pelo setor: de 32,0 % para 32,7%. Construção de edifícios avançou de 44,7% para 45,3% e Serviços especializados para construção foi o único a ter redução: de 23,3% para 22,0%. 

“O segmento de Obras de infraestrutura era o principal do setor, mas caiu para a segunda colocação, com perda de nove pontos percentuais (p.p.) entre 2011 e 2020, sendo ultrapassado por construção de edifícios que ganhou 5,4 p.p.. Essa mudança ocorreu já em 2012”, diz o analista da pesquisa, Marcelo Miranda. 

Outras mudanças estruturais são o crescimento da participação do setor privado e a queda de 8,7 p.p. na participação do setor público como demandante de obras e/ou serviços da construção. Isso ocorreu nos três segmentos da indústria da construção, mas é mais intenso em obras de infraestrutura (-7,9 p.p.).

“Historicamente, Construção de Edifícios e Serviços especializados para a construção são mais focados no setor privado, e o setor público é mais presente em obras de infraestrutura, mas, mesmo neste segmento, o setor privado tem crescido em participação”, completa o analista. 

De 2019 a 2020, o número de ocupados na Construção cresceu 3,8%

Em 2020, o setor empregava 2,0 milhões de pessoas, alta de 3,8% (mais 71,8 mil trabalhadores) frente a 2019. A maior parte (35,3%) dos trabalhadores do setor estava em Construção de edifícios, cujo número de ocupados cresceu 4,9% ante 2019.

“Mas o segmento de obras de infraestrutura teve o maior crescimento percentual no número de trabalhadores (10,9%), enquanto os serviços especializados tiveram uma redução de 3,3%”, diz Miranda.

Entre os três segmentos da indústria da Construção, Obras de infraestrutura foi a que mais pagou em volume de salários, correspondendo a 37,1% do total. Construção de edifícios veio a seguir com 32,3%. Já a remuneração dos Serviços especializados para construção ficou com 30,6%. 

Miranda compara os dados da PAIC com os de outras pesquisas para mostrar como o setor de construção tem sido resiliente a despeito das crises. Dos R$ 325,1 bilhões gerados em valor de incorporações, obras e/ou serviços em 2020, R$ R$ 147,3 bilhões são provenientes do segmento de Construção de edifícios; R$ 106,3 bilhões, por Obras de infraestrutura; e R$ 71,4 bilhões, por Serviços especializados para construção. 

A indústria da Construção tinha 131,8 mil, empresas ativas em 2020. Houve significativo aumento (mais 6,7 mil empresas) frente a 2019 (125,1 mil). Já em relação a 2011, o número de empresas do setor cresceu 41,2%.  

“Apesar dos efeitos gerais negativos da pandemia, o setor de construção teve um desempenho diverso.  Decretos federais, estaduais e municipais incluíram a construção no rol de atividades essenciais, possibilitando a continuidade das obras durante a pandemia. Políticas públicas de estímulo à economia e de subsídios para a manutenção de empregos podem ter minimizado os efeitos da crise”, resume Miranda. 

Ele observa que, em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 3,9%. No entanto, analisando-se o índice do volume de vendas de materiais de construção, verifica-se uma alta de 10,8% de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).  

Salários da Construção caem ao menor nível da série, iniciada em 2007

As empresas do setor pagaram R$ 58,7 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações em 2020, a maior parte (37,1%) em Obras de infraestrutura. Entre 2019 e 2020, o salário médio mensal da indústria da Construção passou de 2,3 para 2,2 salários mínimos. Obras de infraestrutura teve a maior remuneração (2,6 s.m.); enquanto Construção de edifícios e Serviços especializados para construção pagaram 2,0 s.m., em média, em 2020. “O ano de 2020 teve os menores salários da série histórica”, destaca Miranda. 

Em 2011, as oito maiores empresas concentravam 11,0% do valor de incorporações, obras e/ou serviços do setor, participação que caiu para 4,8% em 2020.  A partir de 2011, especialmente no setor de Obra de Infraestrutura, houve uma redução da concentração em 15,3 p.p.. Em dez anos, houve também uma redução no porte médio das empresas dos três segmentos: Construção de edifícios caiu de 31 para 13 pessoas e Obras de infraestrutura reduziu de 98 para 45 pessoas. “Em relação da 2019, não houve grandes mudanças”, diz Miranda. 

Dados Regionais

A região Sudeste continua sendo a principal em número de pessoal ocupado (894.655 trabalhadores) e em valor de incorporações, obras e/ou serviços (R$ 140.523.481).

“Por unidade da federação, de 2011 a 2020, o principal destaque é Rondônia cuja participação caiu de 27,6% para 6,9%, devido ao fim das obras das grandes hidroelétricas do Rio Madeira. Já Pará (de 33.9% para 52,3%) e Amazonas (de 19,7% para 23,9%) ganham participação”, ressalta Miranda. 

Na Região Nordeste, o destaque foi a perda de participação de Pernambuco, de 25,7% para 16,0%. No Sudeste, São Paulo continua sendo a principal UF, com participação de 55,5%, que se manteve estável. “Mas houve uma perda forte de participação do Rio de Janeiro, que deixou de ser o segundo maior estado da região, caindo de 21,6% para 14,6% e perdendo a posição para Minas Gerais (25,6%)”, completa o analista. 

Na Região Sul, não houve mudança estrutural; enquanto no Centro-Oeste, houve perda de participação de Brasília, de 32,9% para 26,9%, e ganhos de participação de 15,6% para 22,7% em Mato Grosso e de 35,9% para 37,4% em Goiás.

Mais sobre a Pesquisa

A PAIC 2020 é a 30ª edição da pesquisa iniciada em 1990, tendo passado por diversas evoluções metodológicas. Antes dessa data, as pesquisas da indústria da construção eram feitas com dados dos Censos Demográficos. Em 1990, a primeira edição da PAIC utilizou o cadastro de seleção do censo econômico de 1985. Em 1996, a PAIC passou a investigar todas as empresas do setor com 40 ou mais pessoas ocupadas, já empregando a Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE). Em 2002, o IBGE passou a utilizar também uma amostragem probabilística. Em 2007, ocorreu a mudança da CNAE 1.0 para 2.0 e a PAIC passou a adotar nova versão. Em 2022, a PAIC atingiu sua 30ª edição com dados da indústria da construção de 2020, um ano atípico devido aos efeitos da pandemia.