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Contas Nacionais

PIB cresce 4,6% em 2021 e supera perdas da pandemia

Editoria: Estatísticas Econômicas | Alerrandre Barros | Arte: Helena Pontes

04/03/2022 09h00 | Atualizado em 04/03/2022 10h19

#pracego ver Uma pessoa do lado direito da imagem, sentada numa mesa de trabalho, usando duas telas de computador.
A atividade de informação e comunicação cresceu 12,3% em 2021, puxada por internet e desenvolvimento de sistemas - Foto: Gabriela Garcia Cera/Fapesc

O Produto Interno Bruto (PIB) do país avançou 0,5% no quarto trimestre de 2021 e encerrou o ano com crescimento de 4,6%, totalizando R$ 8,7 trilhões. Esse avanço recuperou as perdas de 2020, quando a economia brasileira encolheu 3,9% devido à pandemia. Já o PIB per capita alcançou R$ 40.688 no ano passado, um avanço de 3,9% em relação ao ano anterior (-4,6%).

O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no país, está 0,5% acima do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, mas continua 2,8% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.

Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado hoje (4), pelo IBGE.

 

O crescimento da economia foi puxado pelas altas nos serviços (4,7%) e na indústria (4,5%), que juntos representam 90% do PIB do país. Por outro lado, a agropecuária recuou 0,2% no ano passado.

“Todas as atividades que compõem os serviços cresceram em 2021, com destaque para transporte, armazenagem e correio (11,4%). O transporte de passageiros subiu bastante, principalmente, no fim do ano, com o retorno das pessoas às viagens. A atividade de informação e comunicação (12,3%) também avançou puxada por internet e desenvolvimento de sistemas. Essa atividade já vinha crescendo antes da pandemia, mas com o isolamento social e todas as mudanças provocadas pela pandemia, esse processo se intensificou, fazendo a atividade crescer ainda mais”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Outras atividades de serviços (7,6%) também tiveram alta no período. “São atividades relacionadas aos serviços presenciais, parte da economia que foi a mais afetada pela pandemia, mas que voltou a se recuperar, impulsionada pela própria demanda das famílias por esse tipo de serviço”, acrescenta Palis. Cresceram ainda o comércio (5,5%), atividades imobiliárias (2,2%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade sociais (1,5%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,7%).

Na indústria, o destaque positivo foi o desempenho da construção que, após cair 6,3% em 2020, subiu 9,7% em 2021. Tal expansão foi corroborada pelo aumento da ocupação na atividade.

As indústrias de transformação (4,5%), com maior peso no setor, também cresceram, influenciadas, principalmente, pela alta nas atividades de fabricação de máquinas e equipamentos; metalurgia; fabricação de outros equipamentos de transporte; fabricação de produtos minerais não-metálicos; e indústria automotiva. As indústrias extrativas avançaram 3,0% devido à alta na extração de minério de ferro.

A única atividade que não cresceu foi eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que teve variação negativa de 0,1%, o que indica estabilidade. “A crise hídrica afetou negativamente o desempenho da atividade em 2021”, explica Rebeca Palis.

Estiagem e geadas prejudicaram o resultado da agropecuária

Já a agropecuária, que havia crescido em 2020, recuou 0,2% em 2021, em decorrência da estiagem prolongada e de geadas. “Apesar do crescimento anual da produção de soja (11,0%), culturas importantes da lavoura registraram queda na estimativa de produção e perda de produtividade em 2021, como a cana-de-açúcar (-10,1%), o milho (-15,0%) e o café (-21,1%). O baixo desempenho da pecuária é explicado, principalmente, pela queda nas estimativas de produção dos bovinos e de leite”, detalha Palis.

Todos os componentes da demanda interna cresceram em 2021

Ao contrário do que aconteceu em 2020, todos os componentes da demanda avançaram em 2021, contribuindo positivamente para o crescimento do PIB. O consumo das famílias avançou 3,6% e o do governo subiu 2,0%. No ano anterior, esses componentes haviam recuado 5,4% e 4,5%, respectivamente.

Houve uma recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Os juros começaram a subir. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado do consumo das famílias no ano passado”, afirma Palis

Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 17,2%, favorecidos pela construção, que no ano anterior teve uma queda, e pela produção interna de bens de capital. A taxa de investimento subiu de 16,6% para 19,2% em um ano.

A balança de bens e serviços registrou alta de 12,4% nas importações e de 5,8% nas exportações. Em 2020, tinham recuado 9,8% e 1,8%, respectivamente. “Como a economia aqueceu, o país importou mais do que exportou, o que gerou esse déficit na balança de bens e serviços. Isso puxou o PIB um pouco para baixo, contribuindo negativamente para o desempenho da economia”, explica Rebeca Palis.

Entre os produtos da pauta de exportações, os destaques foram extração de petróleo e gás natural; metalurgia; veículos automotores; e produtos de metal. No caso dos serviços, as viagens subiram mais. Já entre as importações, os destaques positivos foram produtos químicos; máquinas e aparelhos elétricos; indústria automotiva e produtos de metal.

PIB cresce 0,5% no quarto trimestre

No quarto trimestre de 2021, o PIB cresceu 0,5% na comparação com o terceiro trimestre do ano (-0,1%), registrando resultado positivo nessa comparação, depois da alta de 1,4% no primeiro trimestre e do recuo de 0,3% no segundo trimestre. Em valores correntes, isso corresponde a R$ 2,2 trilhões. Quando comparado ao quarto trimestre de 2020, o PIB teve alta de 1,6%.

“A agropecuária cresceu 5,8%, mas o fator determinante para o crescimento do PIB no quarto trimestre foram os serviços (0,5%), que têm peso maior na economia. Nos serviços, os destaques foram as mesmas atividades que cresceram no ano: informação e comunicação (3,4%), transporte, armazenagem e correio (2,6%), outras atividades de serviços (2,1%)”, destaca Rebeca Palis.

Também avançaram administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,0%). Por outro lado, houve queda no comércio (-2,0%), seguida pela variação negativa nas atividades imobiliárias (-0,4%) e estabilidade nas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,0%).

Já a indústria recuou com a queda nas indústrias de transformação (-2,5%), principalmente na atividade de bens de consumo duráveis. As indústrias extrativas (-2,4%) e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-0,2%) também recuaram. O único resultado positivo foi na construção (1,5%).

A agropecuária cresceu porque acabou a safra do café e do milho, cujas estimativas eram negativas. Isso acabou puxando o resultado do trimestre para cima em relação ao anterior.

Pela ótica da despesa, houve crescimento no consumo das famílias (0,7%) e no consumo do governo (0,8%). Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 0,4% no período. No que se refere ao setor externo, as exportações caíram 2,4%, enquanto as importações avançaram 0,5% em relação ao terceiro trimestre de 2021.

Sobre o Sistema de Contas Nacionais

O Sistema de Contas Nacionais apresenta os valores correntes e os índices de volume trimestralmente para o Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado, impostos sobre produtos, valor adicionado a preços básicos, consumo pessoal, consumo do governo, Formação Bruta de Capital Fixo, variação de estoques, exportações e importações de bens e serviços. No IBGE, a pesquisa foi iniciada em 1988 e reestruturada a partir de 1998, quando os seus resultados foram integrados ao Sistema de Contas Nacionais, de periodicidade anual.