Nossos serviços estão apresentando instabilidade no momento. Algumas informações podem não estar disponíveis.

Contas Nacionais

PIB fica estável no segundo trimestre e continua no patamar pré-pandemia

Editoria: Estatísticas Econômicas | Alerrandre Barros | Arte: Helena Pontes

01/09/2021 09h00 | Atualizado em 30/09/2021 10h14


Comércio começa a se recuperar da pandemia e influencia desempenho positivo dos serviços - Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

O Produto Interno Bruto (PIB) teve variação negativa de 0,1% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o primeiro trimestre. Esse resultado indica estabilidade e vem depois de três trimestres positivos seguidos de crescimento da economia. Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, chegou a R$ 2,1 trilhões.

Com esse resultado, a economia brasileira avançou 6,4% no primeiro semestre. Nos últimos quatro trimestres, acumula alta de 1,8%, e na comparação com o segundo trimestre do ano passado, cresceu 12,4%. O PIB continua no patamar do fim de 2019 ao início de 2020, período pré-pandemia, e ainda está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.

Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais divulgado hoje (1º) pelo IBGE.

 

O desempenho da economia no trimestre vem do resultado negativo da agropecuária (-2,8%) e da indústria (-0,2%). Por outro lado, os serviços avançaram 0,7% no período. “Uma coisa acabou compensando a outra. A agropecuária ficou negativa porque a safra do café entrou no cálculo. Isso teve um peso importante no segundo trimestre. A safra do café está na bienalidade negativa, que resulta numa retração expressiva da produção”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

A atividade industrial também recuou devido às quedas de 2,2% nas indústrias de transformação e de 0,9% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos. Essas quedas compensaram a alta de 5,3% nas indústrias extrativas e de 2,7% na construção.

“A indústria de transformação é influenciada pelos efeitos da falta de insumos nas cadeias produtivas, como é o caso da indústria automotiva, que lida com a falta de componentes eletrônicos. É uma atividade que não está conseguindo atender a demanda. Já na atividade de energia elétrica houve aumento no custo de produção por conta da crise hídrica que fez aumentar o uso das termelétricas”, acrescenta Rebeca.

Nos serviços, os resultados positivos vieram de quase todas as atividades: informação e comunicação (5,6%), outras atividades de serviços (2,1%), comércio (0,5%), atividades imobiliárias (0,4%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,3%) e transporte, armazenagem e correio (0,1%). Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,0%) ficou estável.

“Quase todos os componentes dos serviços cresceram, com destaque para o comércio e transporte na taxa interanual, que foram as atividades mais afetadas pela pandemia e que estão se recuperando mais agora”, observa Rebeca Palis.

 

Consumo das famílias fica estável e o do governo cresce

A estabilidade do PIB no segundo trimestre também reflete o consumo das famílias, que não variou no período (0,0%), ainda impactado pelos efeitos da pandemia. Já o consumo do governo teve alta de 0,7%. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) recuaram 3,6% no período.

“Apesar dos programas de auxílio do governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento da inflação. Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das famílias”, observa Rebeca.

A balança comercial brasileira teve uma alta de 9,4% nas exportações de bens e serviços, a maior variação desde o primeiro trimestre de 2010. Na pauta de exportações, destaque para a safra de soja estimulada pelos preços favoráveis. Por outro lado, as importações caíram 0,6% na comparação com o primeiro trimestre do ano.

PIB avança 6,4% no semestre e 12,4% frente ao segundo trimestre de 2020

No acumulado do primeiro semestre, o PIB cresceu 6,4% em relação ao mesmo período de 2020, com desempenho positivo na agropecuária (3,3%), na indústria (10,0%) e nos serviços (4,7%). “Tivemos um crescimento, mas deve-se observar a base de comparação. A economia encolheu 5,6% no mesmo semestre do ano passado, quando ocorreu o maior impacto da pandemia”, acrescenta Rebeca Palis.

Na comparação anual, o PIB avançou 12,4% no segundo trimestre deste ano, com alta de 1,3% na agropecuária, 17,8% na indústria e 10,8% nos serviços.

Pela ótica da despesa, o consumo das famílias cresceu 10,8%. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 32,9% no segundo trimestre. Esse aumento é justificado pelos resultados positivos na produção interna, na importação de bens de capital e na construção. O consumo do governo teve alta de 4,2%.

Já no setor externo, as exportações cresceram 14,1% e as importações avançaram 20,2%. Nas exportações, o crescimento é explicado, principalmente, pelo acréscimo nos produtos agrícolas, na indústria automotiva; máquinas e equipamentos e minerais não metálicos. Por outro lado, as importações cresceram, principalmente, devido ao acréscimo nas compras de veículos automotores; máquinas e equipamentos; siderurgia e refino de petróleo.

Sobre o Sistema de Contas Nacionais

O Sistema de Contas Nacionais apresenta os valores correntes e os índices de volume trimestralmente para o Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado, impostos sobre produtos, valor adicionado a preços básicos, consumo pessoal, consumo do governo, formação bruta de capital fixo, variação de estoques, exportações e importações de bens e serviços. No IBGE, a pesquisa foi iniciada em 1988 e reestruturada a partir de 1998, quando os seus resultados foram integrados ao Sistema de Contas Nacionais, de periodicidade anual.