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Cadastro Central de Empresas

Número de organizações com pelo menos um ocupado cresce 3,4% em 2019

Editoria: Estatísticas Econômicas | Cristiane Crelier | Arte: Helena Pontes

24/06/2021 10h00 | Atualizado em 24/06/2021 10h00

  • Destaques

  • Número de organizações formais voltou a crescer no país, atingindo 5,2 milhões em 2019. Foi uma alta de 6,1% frente a 2018, sendo que a quantidade de empresas com pelo menos uma pessoa ocupada subiu 3,4%.
  • Pessoal ocupado assalariado aumentou 1,7%.
  • Metodologia que define organizações ativas do CEMPRE passou por mudança com incorporação de dados do eSocial.
  • Valor total pago em salários e outras remunerações caiu 0,7%.
  • Salário médio mensal teve 3,5% de queda.
  • Cerca de 0,4% das organizações ativas realizaram exportações em 2019 e 0,7%, importações.
  • As organizações exportadoras ocupam 10,8% do total de assalariados, apesar de serem apenas 0,4% de todas as organizações ativas.
  • Maior parte das organizações exportadoras foi da Indústria (62,5%) e do Comércio (30,1%).
  • Cerca de 15,3% das empresas com 250 funcionários ou mais exportam; já daquelas com 1 a 9, apenas 0,3%.
#PraCegoVer Predios empresariais com céu azul com nuvens ao fundo
Contingente de assalariados cresceu 1,7%, com saldo positivo de 758,6 mil pessoas - Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

Após ter registrado três anos consecutivos de quedas, o número organizações formais voltou a crescer no país, atingindo 5,2 milhões em 2019 (alta de 6,1%). De 2018 para 2019, a quantidade de empresas e outras organizações ativas com pelo menos uma pessoa ocupada subiu 3,4% e o de assalariados, 1,7%, porém o valor total pago em salários e outras remunerações caiu 0,7%, em termos reais.

Essas informações integram as Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) 2019, que, pela primeira vez, avaliou o comércio exterior. Esta edição, divulgada hoje (24) pelo IBGE, também sofreu uma alteração na metodologia que define organizações ativas, em razão do novo sistema de registro adotado pelo governo.

“O governo federal, instituiu um novo sistema de registros administrativos para escrituração das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas, o chamado eSocial, que está substituindo gradativamente a RAIS e o CAGED. Em 2019, algumas das informações que existem na RAIS deixaram de existir no eSocial e, com isso, o IBGE precisou ajustar o critério de seleção de organizações ativas das Estatísticas do CEMPRE, o que demanda uma maior cautela ao analisar os números”, explica o gerente da pesquisa, Thiego Ferreira.

Dentre as perguntas que deixaram de constar no questionário está a que identifica se o estabelecimento declarou ter exercido ou não suas atividades naquele ano. Assim, é possível que algumas empresas estejam formalmente ativas, mas que, na prática, não estejam operando.

“Isso pode estar relacionado à alta incomum no número de organizações ativas que se deu, principalmente, nas empresas sem pessoal ocupado: 35,8%. Já entre as empresas com pelo menos uma pessoa ocupada e onde, na prática, estão a grande maioria das entidades e toda mão de obra, a alta foi de 3,4%”, ressalta Ferreira.

O estudo mostra que houve crescimento no número de empresas ativas em 2019, bem como de pessoal ocupado assalariado, cujo saldo positivo foi de 758,6 mil pessoas (1,7%). As regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram, frente a 2018, os maiores ganhos relativos em pessoal ocupado assalariado. Com destaque para Santa Catarina, que cresceu 3,9% nesse quesito, e Mato Grosso que cresceu 3,4%. Em seguida, o Distrito Federal e o Mato Grosso do Sul, que cresceram 2,8 e 2,7%. Por outro lado, as maiores quedas foram observadas no Norte, com reduções de 4,4% de assalariados no Amapá e de 3,0% no Tocantins.

Do saldo positivo de pessoas ocupadas assalariadas, as Atividades administrativas e serviços complementares foram responsáveis por 187,9 mil desses novos postos, o equivalente a 24,8%. Este setor está bastante relacionado com terceirização da mão de obra e engloba atividades como Serviços combinados de escritório e apoio administrativo, com aumento de 69,1 mil assalariados e Locação de mão de obra temporária, de 37,4 mil.

Por outro lado, o setor de Indústrias de transformação registrou diminuição de 17,6 mil pessoas ocupadas assalariadas (-2,3% do saldo) e Educação, redução de 39,7 mil pessoas (-5,2%), em grande medida, reflexo da perda de assalariados na atividade de Ensino médio (35,8 mil).

Salário médio mensal diminuiu 3,5%

Porém, não só o total de salários e outras remunerações caiu (-0,7%), como também o salário médio teve 3,5% de queda após corrigido pela inflação, passando de R$ 3.085,21 em 2018 para R$ 2.975,74 em 2019.

“Esse comportamento de queda real dos salários no ano ainda pré-pandemia pode ser explicado por uma combinação fatores. Dentre eles, a mudança na composição do estoque de pessoal assalariado, com a reposição por uma mão de obra mais barata e criação de vagas com remunerações mais baixas; uma aceleração de inflação em 2019; e uma taxa de desocupação ainda elevada, que pode limitar o reajuste de salários.” comenta Thiego Ferreira.

Nas unidades da federação, o Distrito Federal e o Amapá se destacaram com os maiores salários: o DF com remuneração média mensal de R$ 5.241,72 e o Amapá de 3.650,25. Em seguida, Rio de Janeiro (R$ 3.486,69) e São Paulo (R$ 3.345,07), que concentram mais de um terço de todo o pessoal assalariado do país. Já os menores salários foram observados na Paraíba (R$ 2.185,88), no Ceará (R$ 2.275,63) e em Alagoas (R$ 2.262,62).

Os maiores salários médios mensais em 2019 estavam nos segmentos de Eletricidade e gás (R$ 7.185,14), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (R$ 5.941,42) e Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (R$ 5.857,13). Essas três atividades, porém, ocupam uma parcela muito pequena da população (2,7% dos assalariados do país).

Já os menores salários médios estão nas atividades que ocupam cerca de 33,2% dos assalariados do Brasil. São elas: Alojamento e alimentação (R$ 1.534,67), Atividades administrativas e serviços complementares (R$ 1.813,77) e Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (R$ 1.942,80).

Empresas que exportam e importam são poucas, mas empregam muitos

A pesquisa trouxe ainda, de forma inédita no IBGE, informações sobre características das empresas e outras organizações exportadoras e importadoras, tais como como porte, atividade econômica e o quanto participam em número de empresas e em pessoal assalariado no total da economia formal. A identificação no CEMPRE dessas entidades exportadoras e importadoras foi possível a partir da lista com dados cadastrais divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e que realizam operações de comércio exterior.

Segundo os dados, as exportações foram realizadas em 2019 por 22.849 organizações, que representaram apenas 0,4% do total de entidades, mas ocuparam 10,8% do total de assalariados (5,0 milhões de pessoas). Além disso, o salário médio mensal nessas empresas foi de R$ 4.188,98, 40,8% acima da média das entidades ativas do CEMPRE. 

As importações, por sua vez, foram realizadas por um maior número de empresas (38.672), que participaram com 0,7% no total de organizações e ocuparam 17,8% dos assalariados (8,3 milhões de pessoas) com remuneração média de R$ 4.390,19 (47,5% acima da média).

O estudo apresenta ainda uma série histórica com as informações desde 2007, mostrando que não houve mudança significativa no número de empresas que importam ou exportam.

“Em pouco mais de uma década, a participação na economia do número de empresas exportadoras e importadoras tem se mantido aproximadamente no mesmo patamar de, respectivamente, 0,4% e 0,7%. Porém, no mesmo período, a participação no mercado formal de trabalho das pessoas assalariadas dessas empresas encolheu: nas exportadoras caiu de 13,1% em 2007 para 10,8% em 2019, e, nas importadoras, de 18,9% para 17,8%”, comenta o gerente da pesquisa.

Em 2019, a maior parte das organizações exportadoras foi da Indústria (62,5%), seguidas pelo Comércio (30,1%) e Serviços (4,8%). Em termos de mão de obra, 77,9% do pessoal ocupado assalariado das empresas exportadoras brasileiras estiveram majoritariamente na Indústria, sendo que esse mesmo contingente representou quase metade (48,9%) de todo pessoal assalariado desse setor. A Agricultura e pecuária, por sua vez, apesar de ter respondido por apenas 1,6% de todas as empresas exportadoras, possuiu a segunda maior participação em pessoal (23,0%) no total da mão de obra desse setor.

Já dentre as entidades importadoras de bens, 48,3% delas estão no Comércio e 40,0%, na Indústria. Por outro lado, a indústria ocupa muito mais gente: 48,3% dos assalariados, contra 15,5% no Comércio.

Os dados do CEMPRE sugerem ainda, que, quanto maior a empresa, maior sua propensão a exportar. Enquanto apenas 0,3% do total de empresas com 1 a 9 de pessoal ocupado assalariado são exportadoras, naquelas com 250 ou mais o percentual é de 15,3%. Movimento semelhante ocorre para as importadoras.