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Transparência

IBGE apresenta resultados de consulta pública e discute Censo 2020 com sociedade

Editoria: IBGE | Pedro Renaux

23/11/2018 15h10 | Atualizado em 23/11/2018 15h34

Cerca de 100 representantes dos setores público, privado, da sociedade civil e do IBGE estiveram reunidos na quarta-feira (21), no Rio de Janeiro, para conhecer os preparativos para o Censo Demográfico 2020, e os desdobramentos da consulta pública realizada pela internet, que recebeu 3.198 contribuições de fevereiro a maio. Até o final deste ano, o questionário preliminar da maior operação do instituto será disponibilizado para consulta no hotsite do Censo 2020, que já está no ar.

A coleta de informações de pessoas em situação de rua foi uma das principais demandas captadas na consulta pública, e será considerada parcialmente no próximo Censo. Ainda que a coleta não contemple a população sem domicílio, as opções de resposta para as pessoas que vivem em residências coletivas e improvisadas serão melhoradas, disse o diretor de Pesquisas do IBGE, Claudio Crespo: “Não será um Censo para a população não domiciliada, mas poderemos ter um perfil daqueles que vivem em abrigos. Hoje temos [esse dado] para alguns municípios, mas a maior parte deles não tem essa informação bem levantada, então a gente pode avançar nesse sentido”.

Outras sugestões que também partiram da sociedade, como a inclusão de perguntas sobre identidade de gênero e violência doméstica, não se enquadram nos critérios utilizados em um censo demográfico, mas podem ser inseridas em outras pesquisas do IBGE. “Existem orientações e estudos internacionais que mostram que esse levantamento não é compatível com um censo, que tem um morador do domicílio como respondente”, explicou Crespo, que tem a expectativa de abordar a violência doméstica em 2021, na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde.

Glaucia Pereira, diretora Financeira da Cidade a Pé, organização da sociedade civil de São Paulo, participou do evento e mobilizou dezenas de organizações do país durante o período da consulta pública: “a gente elaborou uma carta para o IBGE, e fomos chamando as organizações que a gente conhecia para contribuir, para dar ideias. No final, tivemos 52 grupos do Brasil inteiro assinando a carta, pedindo especificamente por questões de mobilidade urbana.  É um tema transversal, porque todas as pessoas têm que sair para estudar, para trabalhar”, contou.

Conheça a importância do Censo Demográfico no vídeo a seguir

Com investimento de R$ 3,4 bilhões, censo 2020 custa R$ 16 por habitante

Durante a abertura do encontro, o presidente do IBGE, Roberto Olinto, ressaltou que a realização do Censo é prevista em lei e que o projeto não é caro, considerando a repercussão dos resultados. Olinto mostrou que a operação exige um investimento de R$ 3,4 bilhões, o equivalente a R$ 16 por habitante, em uma população estimada em 212,2 milhões de pessoas em 2020. “Temos feito um trabalho no Congresso Nacional para conscientizar senadores e deputados dos impactos causados em caso da não realização do Censo. Internamente, nós vamos continuar trabalhando para fazer o Censo”, disse.

O momento de restrição orçamentária levou a um cronograma apertado, com duas grandes ações previstas para o ano que vem. “Em março de 2019 teremos a segunda prova piloto, e, em setembro, o censo experimental. Serão várias ações, as equipes de Geociências já começaram os trabalhos com nossas unidades estaduais, fazendo a atualização do mapeamento e do cadastro de endereços”, disse a coordenadora operacional de Censos, Maria Vilma Salles Garcia.

Veja depoimentos de alguns participantes do encontro com usuários do censo 2020

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) é um parceiro histórico do IBGE, temos uma parceria muito consolidada tanto para Censos, principalmente na área de cooperação Sul-Sul, ajudando outros países a realizar Censos Demográficos, e além disso, a gente faz o acompanhamento de agendas internacionais, que utilizam muitos desses dados para produzir indicadores, e o IBGE tem sido a liderança fundamental, aqui no Brasil principalmente, no acompanhamento da Agenda 2030. Então a gente tem essa preocupação de discutir, de ver de que maneira os indicadores previstos na Agenda 2030 e os ODS estão cobertos e vão ser possíveis de acompanhar a partir de pesquisas e também do Censo Demográfico.

A gente tem uma preocupação muito específica relacionada aos grupos populacionais em maior situação de vulnerabilidade, indígenas, quilombolas, e a gente vem discutindo bastante sobre esses temas com o IBGE, para como a produção de dados pode contribuir para o acompanhamento de indicadores e para o desenvolvimento de políticas públicas.

Vinicius Monteiro, assessor para População e Desenvolvimento do UNFPA

Os dados que são coletados pelo Censo são muito importantes para podermos fazer alguns levantamentos que não são possíveis de serem feitos olhando-se exclusivamente para registros administrativos. Por exemplo, uma questão importante para nós é o quanto que a previdência social, por meio do pagamento de benefícios, consegue contribuir para o combate à pobreza. Existem as rendas de previdência, são as aposentadorias e pensões majoritariamente, a gente não consegue mensurar esse tipo de informação olhando apenas para registros administrativos, a gente não consegue, por meio deles, consolidar as pessoas em famílias e dentro de domicílios. Agora, pelo Censo, a gente consegue fazer esse tipo de avaliação e ressaltar a importância desse lado social da previdência, não só de dar renda para as pessoas após sua vida laborativa, mas também contribuir para que tenham uma renda para se manter e também combater a pobreza.

Alexandre Zioli Fernandes, coordenador-geral de Estatística, Demografia e Atuária da Secretaria d Previdência

A expectativa é que o Censo forneça para a gente informações que a gente consiga trabalhar nos próximos anos, e a mobilidade é um tema transversal, porque todas têm que sair para estudar, para trabalhar. Quem acompanha a mídia sabe que é o tema de vários telejornais do país, tem cobertura de trânsito, que as pessoas acordam cedo e passam horas no transporte coletivo. As pessoas que andam a pé não têm calçada, não têm ciclovia. Então nossa expectativa é que, com essas informações, a gente consiga fazer política públicas para melhorar a vida nas cidades nos próximos anos.

Glaucia Pereira, diretora Financeira da Cidade a Pé, associação pela mobilidade a pé em São Paulo.