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PAC 2019: de 2014 a 2019, comércio perde 11% das empresas e 4,4% dos trabalhadores

29/07/2021 10h00 | Atualizado em 08/09/2021 16h36

Entre 2010 e 2019, o pessoal ocupado em atividades comerciais aumentou 12,5%, passando de 9,0 milhões para 10,2 milhões. Entretanto, quando se compara com 2014, há uma perda de 4,4% (ou menos 466,1 mil trabalhadores) no setor. Já o número de empresas comerciais caiu 6,9% (ou menos 106,3 mil empresas) desde 2010. Frente a 2014, a perda foi maior: -11,0% (ou menos 177,3 mil empresas).

O número de unidades locais caiu 2,6% (menos 41, 8 mil unidades) desde 2010 e 8,1% (menos 140,6 mil unidades) desde 2014.

De 2018 para 2019, houve quedas no número de empregados no comércio (-0,4%, ou 42,4 mil), empresas (-5,0%, ou 75,6 mil) e unidades locais (-3,0% ou 49,8 mil).

De 2010 a 2019, a média de pessoas ocupadas por empresa no comércio passou de seis para sete. No varejo, que em 2019 ocupava 74,2% dos trabalhadores do comércio no Brasil, essa média era de sete pessoas, enquanto no atacado era de nove e no comércio de veículos, peças e motocicletas, sete pessoas. Hipermercados e supermercados (90 pessoas ocupadas por empresa) era a atividade com maior média.

Em 2019, a atividade comercial no país gerou R$ 4,0 trilhões de receita operacional líquida e R$ 660,7 bilhões de valor adicionado bruto. O setor pagou R$ 246,4 bilhões em salários, retiradas e remunerações, enquanto o rendimento médio das pessoas ocupadas no comércio variou de 1,8 salário mínimo em 2010 para 1,9 em 2019.

Em 2019, a margem do comércio chegou a R$ 864,3 bilhões, dos quais 56,1% vieram do varejo, 36,4% do atacado e 7,5% do comércio de veículos, peças e motocicletas.

Em 2019, o Sudeste gerou 50,0% da receita bruta de revenda do comércio do país e deteve quase metade (49,6%) das suas unidades locais.

Essas e outras informações estão na Pesquisa Anual do Comércio (PAC) 2019.

Número de empresas, segundo a divisão de comércio - Brasil - 2010 a 2019
Divisão de comércio Ano
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Total 1.540.430 1.630.558 1.621.778 1.624.888 1.611.448 1.595.265 1.569.580 1.539.290 1.509.747 1.434.166
Comércio de veículos, peças e motocicletas 144.666 148.518 146.090 142.007 144.157 147.510 151.816 147.885 147.874 139.496
Comércio por atacado 166.341 175.036 183.782 195.970 195.841 198.207 199.647 199.800 198.330 202.027
Comércio varejista 1.229.423 1.307.004 1.291.906 1.286.911 1.271.450 1.249.548 1.218.117 1.191.605 1.163.543 1.092.643
 Número de unidades locais, segundo a divisão de comércio - Brasil - 2010 a 2019
Divisão de comércio Ano
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Total 1.639.266 1.731.486 1.731.411 1.742.825 1.737.984 1.720.471 1.704.659 1.675.318 1.647.239 1.597.424
Comércio de veículos, peças e motocicletas 153.004 157.601 155.476 152.250 153.627 157.194 164.229 157.745 157.645 149.370
Comércio por atacado 183.161 192.748 204.074 215.130 214.884 216.982 219.484 220.384 219.177 225.089
Comércio varejista 1.303.101 1.381.137 1.371.861 1.375.445 1.369.473 1.346.295 1.320.946 1.297.189 1.270.417 1.222.965
Fonte: IBGE - Pesquisa Anual de Comércio

Participação do varejo na receita líquida cresce de 42,0% para 44,9%

Em 2019, o comércio gerou R$ 4,0 trilhões de receita operacional líquida (receita bruta menos as deduções, como vendas canceladas, abatimentos, descontos, impostos sobre vendas e outros impostos e contribuições) e R$ 660,7 bilhões de valor adicionado bruto (conjunto das receitas geradas menos os gastos realizados no processo).

O setor tinha 1,4 milhão de empresas com 1,6 milhão de unidades locais (lojas), que empregavam 10,2 milhões de pessoas, pagando R$ 246,4 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.

A participação do comércio varejista na receita operacional líquida do comércio cresceu 2,9 pontos percentuais (p.p.) em 2019 (44,9%) em relação a 2010 (42,0%). A participação do atacado também cresceu:  foi de 42,7% para 45,2% em 2019. Já a participação do comércio de veículos, peças e motocicletas caiu 5,4 p.p., passando de 15,3% para 9,9% no período.

Entre as atividades comerciais que tiveram os maiores ganhos de participação na receita líquida no período, destaca-se o segmento de hipermercados e supermercados, que subiu de 10,6% para 12,9%. As outras atividades que apresentaram maiores variações no período foram o comércio por atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos (de 2,6% para 4,7%) e o comércio varejista de combustíveis e lubrificantes (de 7,6% para 8,4%).

Por outro lado, a participação do comércio de veículos automotores na receita líquida do comércio recuou 4,8 p.p. entre 2010 e 2019, passando de 11,1% para 6,3%. Os outros setores com as maiores perdas, nesse período, foram o comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico (de 6,0% para 5,1%) e o comércio por atacado de mercadorias em geral (de 5,0% para 4,4%).

Varejo concentrou 56,1% da margem do comércio em 2019

A margem do comércio (diferença entre a receita líquida de revenda e o custo de mercadorias vendidas) foi de R$ 864,3 bilhões em 2019. Desse total, o varejo foi responsável por 56,1%, o atacado, por 36,4%, e o comércio de veículos, peças e motocicletas, por 7,5%.

Dividindo-se a margem pelo custo de mercadorias vendidas, obtém-se a taxa de margem de comercialização, que indica o quanto, em termos relativos, determinado setor é capaz de definir sua receita líquida de vendas acima dos seus custos com aquisição de mercadorias para revenda e variação de estoques. Entre 2010 e 2019, houve um aumento desse indicador no comércio, que passou de 27,6% para 28,8%.

O comércio de veículos, peças e motocicletas apresentou a maior evolução nesse indicador (3,3 p.p.), alcançando 21,0% em 2019. O comércio varejista, todavia, foi o que deteve a taxa de margem mais elevada, 37,7%, registrando incremento de 2,2 p.p. no período. Já o comércio por atacado chegou a 22,3% em 2019, com um recuo de 1,8 p.p.

Entre as 22 atividades do comércio, o segmento varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho continuou líder no ranking com a maior taxa de margem de comercialização (81,8%), seguido pelo comércio varejista de artigos culturais, recreativos e esportivos (65,5%) e o comércio varejista de produtos novos e usados sem especificação (58,7%).

As menores margens foram do comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (7,3%), o comércio de veículos automotores (12,7%) e o comércio varejista de combustíveis e lubrificantes (15,4%).

As maiores altas na margem de comercialização foram do comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico (53,9%) e de tecidos, vestuário, calçados e armarinho (81,8%), ambos com 10,6 p.p. A seguir, veio material de construção (51,6%), com alta de 7,9 p.p. entre 2010 e 2019.

Oito empresas concentram 10% da receita líquida de revenda do comércio

O IBGE analisa a concentração no comércio usando o indicador “razão de concentração de ordem 8” (R8), que mostra a porcentagem de receita líquida de revenda correspondente às oito maiores empresas do setor. Quanto maior o R8, mais concentrado é o setor ou subgrupo de atividades. A concentração da atividade comercial entre as oito maiores empresas foi de 10,0% em 2019, permanecendo inalterada na comparação com 2010.

O comércio atacadista registrou uma redução de 3,1 p.p. no indicador de concentração R8, indo de 21,4% em 2010 para 18,3% em 2019. Entre as atividades do setor, a mais concentrada é comércio de combustíveis e lubrificantes (64,2%), seguida pelo comércio de mercadorias em geral (32,7%) e o comércio de matérias-primas agrícolas e animais vivos (29,6%).

O varejo teve aumento de concentração e passou a reunir 10,2% da receita líquida de revenda nas oito maiores empresas do setor. Já o comércio de veículos, peças e motocicletas perdeu 0,7 p.p. entre 2010 e 2019, passando de 4,4% para 3,7%.

Mais de 74% dos empregados do comércio atuam no varejo

O comércio empregou 10,2 milhões de pessoas em 2019, sendo 74,2% no comércio varejista, 16,9% no atacado e 8,9% no comércio de veículos, peças e motocicletas. O avanço de 1,1 p.p do varejo, entre 2010 e 2019, consolidou o setor como o maior empregador do comércio e o único dos três segmentos a avançar nesse período.

Pessoal ocupado, segundo a divisão de comércio - Brasil - 2010 a 2019
Divisão de comércio Ano
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Total 9.039.952 9.592.590 10.025.453 10.418.819 10.633.156 10.296.459 10.112.020 10.196.676 10.209.433 10.167.017
Comércio de veículos, peças e motocicletas 874.941 908.387 928.130 947.796 939.977 926.143 885.552 876.138 896.938 907.996
Comércio por atacado 1.551.880 1.640.779 1.725.271 1.827.168 1.822.707 1.749.645 1.675.087 1.677.348 1.669.309 1.714.732
Comércio varejista 6.613.131 7.043.424 7.372.052 7.643.855 7.870.472 7.620.671 7.551.381 7.643.190 7.643.186 7.544.289
Fonte: IBGE - Pesquisa Anual de Comércio

Destaca-se ainda o avanço de hipermercados e supermercados, que ocupava a maior proporção (18,8%) de trabalhadores do setor varejista e teve o maior ganho de participação (3,7 p.p.) no período. Já o recuo mais intenso foi do comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico (-2,5 p.p.) que, em 2019, ocupava 11,6% dos trabalhadores do setor.

O comércio atacadista reduziu a sua participação no total do comércio em 0,3 p.p., empregando, em 2019, 16,9% do total de comércio. Desde 2010, o setor de veículos, peças e motocicletas perdeu 0,8 p.p. e, em 2019, era responsável por 8,9% dos empregos no comércio.

Ocupação média dos hiper e supermercados é de 90 pessoas por empresa

O número médio de pessoas ocupadas no comércio ficou em sete por empresa em 2019, ante uma média de seis pessoas em 2010. Essa variável é relativamente homogênea entre os segmentos do comércio: o porte médio no comércio de veículos, peças e motocicletas é de sete pessoas; no atacado, de nove pessoas; e no varejo, de sete.

O setor de hipermercados e supermercados tinha a média mais elevada, 90 pessoas por empresa em 2019. A seguir, vinham o comércio por atacado de mercadorias em geral (29 pessoas) e pelo comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (28 pessoas).

Os menores portes médios eram das atividades de representantes e agentes do comércio (2 pessoas), de comércio varejista de produtos novos e usados sem especificação (4 pessoas) e de comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas e fumo (5 pessoas).

Rendimento médio do comércio fica estável de 2010 a 2019

Em 2019, as empresas comerciais pagaram, em média, 1,9 salário mínimo (s.m.), com pequena variação em relação a 2010 (1,8 s.m.). O comércio por atacado pagava o maior salário médio (2,8 s.m.), seguido pelo comércio de veículos, peças e motocicletas (2,0 s.m.) e o comércio varejista (1,6 s.m.).

O comércio de veículos, peças e motocicletas foi o único dos grandes segmentos do comércio com variação no salário médio entre 2010 e 2019: -0,3 s.m. no período. Nesse período, o salário médio dos três agrupamentos desse segmento teve ligeira redução: comércio de veículos automotores (de 3,1 s.m. para 2,9 s.m.), comércio de peças para veículos (de 1,8 s.m. para 1,7 s.m.) e comércio de motocicletas, peças e acessórios (de 1,9 s.m. para 1,8 s.m.).

No comércio atacadista, os segmentos com os maiores salários médios – comércio de combustíveis e lubrificantes (5,7 s.m.) e comércio de máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive TI (Tecnologia da Informação) e comunicação (4,1 s.m.) – tiveram as quedas mais intensas entre 2010 e 2019: 1,4 s.m. e 0,4 s.m., respectivamente.

Por outro lado, o comércio de matérias-primas agrícolas e animais vivos e o comércio de produtos variados tiveram os maiores aumentos: respectivamente 0,5 s.m. e 0,3 s.m. no mesmo período.

O comércio varejista e seus agrupamentos tinham os menores salários médios. O comércio de produtos alimentícios, bebidas e fumo pagou 1,2 s.m. e o comércio de artigos culturais, recreativos e esportivos pagou 1,5 s.m., em média. Já hipermercados e supermercados; o comércio de combustíveis e lubrificantes; de comércio de informática, comunicação e artigos de uso doméstico; e o comércio de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos pagaram 1,8 s.m., a maior média do varejo.

Sudeste é responsável por metade da receita bruta de revenda do país

Entre as grandes regiões, o Sudeste foi responsável por 50,0% da receita bruta de revenda do país. Apesar de se manter na liderança de ranking, a participação da região foi reduzida na comparação com 2010, quando concentrava 52,4% do total. De 2010 a 2019, o Sul passou de 19,5% para 20,8% e o Centro-Oeste, de 9,1% para 10,3%.

O Sudeste também respondeu por quase metade (49,6%) das unidades locais em 2019, mas vem perdendo participação (-0,3 p.p.) na comparação com 2010. O Centro-Oeste, por sua vez, registrou o maior ganho de representatividade, com um aumento de 0,6 p.p. no período.

O Sudeste empregou a maioria do pessoal ocupado no comércio do país em 2019, com 51,9% do total, ganhando participação (0,5 p.p.) frente a 2010. O Sul foi a região com maior perda de participação (-0,5 p.p.).

Em relação ao total de salários pagos, o movimento dessas duas regiões é inverso. O Sul registrou ganho de 0,4 p.p. e o Sudeste, perda de 0,2 p.p. Mas foi o Nordeste que teve maior perda de participação (-0,4 p.p.), passando de 13,4%, em 2010, a 13,0%, em 2019. Em 2019, o Sudeste pagou o maior salário médio (2,0 s.m.), seguido pelo Sul (1,9 s.m.), pelo Centro-Oeste e Norte (ambos pagando 1,8 s.m.) e pelo Nordeste (1,4 s.m.). Em média, as empresas comerciais do país pagaram 1,9 salário mínimo aos seus empregados em 2019.

São Paulo detém 61,1% da receita bruta da região Sudeste

O Sudeste apresentou uma grande concentração da atividade comercial em São Paulo, que respondeu por 61,1% da receita na região. A segunda maior participação é de Minas Gerais (19,1%), seguido por Rio de Janeiro (13,8%) e Espírito Santo (6,0%).

No Sul, as participações estavam mais homogêneas, sendo a maior participação do Paraná (37,2%), seguido por Rio Grande do Sul (33,8%) e Santa Catarina (29,0%).

No Norte, dois estados concentraram 61,7% da receita bruta de revenda: Pará (36,9%) e Amazonas (24,8%). Em 2010, o Amazonas respondia por 31,7% da receita (-6,9 p.p). Já o Tocantins cresceu de um patamar de 6,1% para 13,2% (7,1 p.p.) entre 2010 e 2019.

Bahia (26,8%), Pernambuco (19,8%) e Ceará (15,6%) geraram 62,2% do total do Nordeste, enquanto Sergipe (3,7%), Alagoas (4,7%) e Piauí (5,6%) tinham as menores participações.

No Centro-Oeste, Goiás (33,7%) e Mato Grosso (33,2%) tiveram participações similares, bem como o Distrito Federal (17,4%) e Mato Grosso do Sul (15,7%). A participação de Mato Grosso cresceu 9,3 p.p. desde 2010, enquanto a do Distrito Federal caiu 6,7 p.p. no período.