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PAC 2018: Brasil tem 1,5 milhão de empresas comerciais gerando receita de R$ 3,7 trilhões

26/06/2020 10h00 | Atualizado em 16/07/2020 17h22

Entre 2009 e 2018, o pessoal ocupado em atividades comerciais aumentou 19,7%, passando de 8,5 milhões para 10,2 milhões. O número de empresas comerciais cresceu 5,2%, indo de 1,4 milhão para 1,5 milhão. Já a quantidade de unidades locais (lojas) subiu de 1,5 milhão para 1,7 milhão em dez anos. Em relação a 2017, o número de empregados no setor subiu 0,3% (ou 28,8 mil). Por outro lado, caíram a quantidade de empresas (2,2%, ou 34, 2 mil) e unidades locais (1,2% ou 19,8 mil).

Em dez anos, a média de pessoas ocupadas no comércio passou de seis para sete por empresa, no período. No varejo, que em 2018 ocupava 74,5% dos trabalhadores do comércio no Brasil, essa média passou de seis para sete pessoas empregadas por empresa, enquanto o atacado foi de nove para oito e o comércio de veículos e peças manteve-se em seis pessoas. A única atividade em que esse número aumentou de forma significativa foi a de hipermercados e supermercados, que passou de 82 para 99 pessoas ocupadas.

Em 2018, a atividade comercial no país gerou R$ 3,7 trilhões de receita operacional líquida (receita bruta menos as deduções, tais como cancelamentos, descontos e impostos) e R$ 613,5 bilhões de valor adicionado bruto. O setor pagou R$ 237,4 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, mantendo a estabilidade da remuneração média das pessoas empregadas em empresas comerciais, que foi de 1,8 salário mínimo em 2009 e 1,9 em 2018.

A margem do comércio, definida pela diferença entre a receita líquida de revenda e o custo de mercadorias vendidas, chegou a R$ 817,5 bilhões em 2018. Desse total, o varejo foi responsável por 56,1%, o atacado por 36,5% e o comércio de veículos, peças e motocicletas por 7,4%.

Em 2018, o Sudeste gerou 50,3% da receita bruta de revenda e deteve 49,4% das unidades locais do país, contra 52,4% e 48,1%, respectivamente, em 2009. Essas e outras informações estão na Pesquisa Anual do Comércio (PAC) 2018, que traz os principais resultados das empresas comerciais brasileiras, cujas atividades se dividem em comércio de veículos, peças e motocicletas; comércio por atacado; e comércio varejista. As informações incluem a caracterização do faturamento das empresas, da margem de comercialização, da estrutura de concentração e do perfil do emprego nas empresas comerciais.

Série histórica de variáveis selecionadas da Pesquisa Anual de Comércio – Brasil – 2018
  2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Pessoal ocupado 8529415 9039952 9592590 10025453 10418819 10633156 10296459 10112020 10183586 10212427
Número de empresas 1425993 1540430 1630558 1621778 1624888 1611448 1595265 1569580 1534770 1500583
Número de unidades locais (lojas) 1518428 1639266 1731486 1731411 1742825 1737984 1720471 1704659 1672417 1652660

Participação do varejo na receita líquida cresce de 41,4% para 45,8%

Em 2018, o comércio gerou R$ 3,7 trilhões de receita operacional líquida (receita bruta menos as deduções, como vendas canceladas, abatimentos, descontos, impostos sobre vendas e outros impostos e contribuições) e R$ 613,5 bilhões de valor adicionado bruto (conjunto das receitas geradas menos os gastos realizados no processo). O setor empregou cerca de 10,2 milhões de pessoas, pagando R$ 237,4 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Esses valores foram gerados por 1,5 milhão de empresas, englobando um total de 1,7 milhão de unidades locais comerciais (lojas).

A participação do comércio varejista na receita operacional líquida cresceu 4,4 pontos percentuais (p.p) em 2018 (45,8%) em relação a 2009 (41,4%). O atacado também subiu de 43,4% para 44,9% em 2018. Já o comércio de veículos, peças e motocicletas perdeu participação de 5,9 p.p na receita líquida, passando de 15,2% para 9,3% em dez anos.

Entre as atividades comerciais que tiveram os maiores ganhos de participação na receita líquida no período, destaca-se o segmento de hipermercados e supermercados, que subiu de 10,5% para 13,2%. As outras atividades que cresceram no período foram o comércio por atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos (de 2,8% para 4,3%) e o comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas e fumo (de 3,1% para 4,1%).

Por outro lado, o comércio de veículos automotores concentrou queda de 4,8 p.p. na participação da receita líquida entre 2009 e 2018, passando de 10,8% para 6%. Os outros setores com as maiores perdas foram o comércio de peças para veículos, que caiu de 3,4% para 2,8%, e o comércio varejista de material de construção, de 3,8% para 3,3%.

Varejo tem mais da metade da margem do comércio

A margem do comércio, definida pela diferença entre a receita líquida de revenda e o custo de mercadorias vendidas, foi de R$ 817,5 bilhões em 2018. Desse total, o varejo foi responsável por 56,1%, o atacado por 36,5% e o comércio de veículos, peças e motocicletas por 7,4%.

Dividindo-se a margem pelo custo de mercadorias vendidas, obtém-se a taxa de margem de comercialização, que indica o quanto, em termos relativos, determinado setor é capaz de definir sua receita líquida de vendas acima dos seus custos com aquisição de mercadorias para revenda e variação de estoques. Entre 2009 e 2018, a taxa de margem do varejo subiu de 35,5% para 37,6% e a do comércio de veículos, peças e motocicletas de 18,2% para 22,4%, enquanto a do atacado ficou praticamente estável em 23,0%.

Entre as 22 atividades que compõem o comércio, o segmento varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho continuou em primeiro lugar no ranking com a maior taxa de margem tanto em 2018 (86,0%), maior crescimento desse indicador desde 2009 (72,2%). Já o comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes permaneceu na última posição, com a menor taxa de margem (6,9%).

Destacam-se também as variações no comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico (55,4%), com uma ampliação de 7,8 p.p. no período; e no comércio por atacado de madeira, ferragens, ferramentas, materiais elétricos e material de construção (44,4%), que apresentou 9,2 p.p. de aumento.

Concentração do comércio fica em 10%

O IBGE analisa a concentração no comércio usando o indicador “razão de concentração de ordem 8” (R8), que mostra a porcentagem de receita líquida de revenda correspondente às oito maiores empresas do setor. A concentração da atividade comercial entre as oito maiores empresas foi de 10,0% em 2018, permanecendo praticamente inalterada em relação a 2009.

O comércio atacadista registrou uma redução de 2,5 p.p. no indicador de concentração, indo de 21,4% em 2009 para 18,9% em 2018. Entre as atividades, destaque para as maiores concentrações no comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (64,5%), no comércio por atacado de mercadorias em geral (33,4%) e no comércio por atacado de matérias-primas agrícolas e animais vivos (30,6%). O varejo teve um pequeno aumento no grau de concentração, de 9,1% para 9,6%. O mesmo aconteceu com o comércio de veículos, peças e motocicletas (3,8% em 2009 para 4,1% em 2018).

Mais de 74% dos empregados do comércio atuam no varejo

O comércio empregou 10,2 milhões de pessoas em 2018, sendo 74,5% no comércio varejista, 16,6% no comércio por atacado e 8,9% no comércio de veículos peças e motociclistas.

O avanço de 1,5 p.p do varejo consolidou o setor como o maior empregadora do comércio e o único dos três segmentos a avançar entre 2009 e 2018. Destaca-se ainda o avanço de 3,2 p.p. de hipermercados e supermercados, que passou do terceiro para o primeiro lugar no ranking de participação no emprego. Esse segmento inverteu posição com o comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho, que representou 15,9% e sofreu retração de 2,4 p.p. no período de 10 anos.

O comércio atacadista, por sua vez, reduziu a sua participação no total do comércio em 0,3 p.p., assim como o setor de veículos, peças e motocicletas, que recuou 1,2 p.p. em todo o emprego gerado no comércio.

Ocupação média dos hiper e supermercados sobe de 82 para 99 pessoas

O número médio de pessoas empregadas no comércio ficou em sete pessoas por empresa em 2018, ante uma média de seis pessoas em 2009. Essa estabilidade é replicada, inclusive, dentro dos segmentos. Entre os seus agrupamentos, entretanto, a PAC revela grande heterogeneidade em termos de porte médio.

Os hipermercados e supermercados, por exemplo, incrementaram sua ocupação média de 82 para 99 pessoas por empresa nos últimos dez anos, tendo sido a única atividade a aumentar significativamente o tamanho médio de suas empresas no período.

Já as maiores reduções ocorreram no comércio atacadista: as empresas que representam o comércio por atacado de máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive TI e comunicação, reduziram seu porte médio em três pessoas por empresa, enquanto aquelas do comércio por atacado de mercadorias em geral o encolheram em onze pessoas por empresa.

Rendimento médio do comércio fica estável em dez anos

Em 2018, as empresas comerciais pagaram, em média, 1,9 salário mínimo (s.m.), indicando certa estabilidade em relação a 2009 (1,8 s.m.). No comércio de veículos, peças e motocicletas, pagou-se 2,0 s.m., ante a remuneração média mensal de 2.1 s.m de 2009. Destaca-se a redução salarial no segmento do comércio de veículos automotores, que passou de 3,2 s.m. em 2009 para 2,8 s.m. em 2018.

No setor atacadista, por outro lado, o salário médio mensal foi de 2,8 s.m. em 2018, também demonstrando certa estabilidade em relação a 2009 (2,9 s.m.). O segmento varejista, cuja remuneração média é mais baixa, também permaneceu estável, pagando cerca de 1,6 s.m. ante 1,5 s.m em 2009. Isso ocorreu mesmo diante da expansão do porte dessas empresas no período analisado.

Sudeste concentra quase metade das lojas do país

Entre as grandes regiões, o Sudeste foi responsável pela maior parcela da receita bruta de revenda, do número de unidades locais, do pessoal ocupado e dos salários, retiradas e outras remunerações. A região Sul aparece na segunda posição, seguida por Nordeste, Centro-Oeste e Norte. As posições se mantiveram inalteradas no período, mas houve um movimento de desconcentração regional, com perda de participação do Sudeste e ganho do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Em 2018, o Sudeste gerou 50,3% da receita bruta de revenda e deteve 49,4% das unidades locais do país, contra 52,4% e 48,1%, respectivamente, em 2009. Já a receita bruta de revenda do Sul passou de 19,9% para 20,7%, apesar da queda em termos do número de unidades locais, de 23,1% para 21,6% do total. O Centro-Oeste também obteve um crescimento da participação, saltando de 9,0%, em 2009, para 10,0%, em 2018.

O Sudeste empregou a maioria do pessoal ocupado no comércio do país em 2018, com 51,6% do total, indicando estabilidade nos últimos 10 anos (51,7% em 2009). Já no Nordeste ocorreu um aumento da fatia em termos de pessoal ocupado, que passou de 16,4%, em 2009, para 17,0%, em 2018.

Em relação às diferenças salariais, Sul e Sudeste apresentaram salários médios mensais, mensurado em salários mínimos, acima da média nacional, com 1,9 s.m. e 2,0 s.m., respectivamente. As demais regiões, Norte (1,7 s.m.), Nordeste (1,5 s.m.) e Centro-Oeste (1,7 s.m.), pagaram salários inferiores à média do nacional.

São Paulo detém 61,5% da receita bruta da região Sudeste

Analisando-se a distribuição percentual da receita bruta de revenda entre as unidades da federação dentro de cada grande região em 2018, o Sudeste apresentou uma grande concentração da atividade comercial em São Paulo, que respondeu por 61,5% dessa variável na região. Minas Gerais vem em seguida, com Rio de Janeiro e Espírito Santo. Na comparação com 2009, houve ligeira queda de participação do Rio de Janeiro (-0,8 p.p.), enquanto Minas Gerais foi o estado que mais avançou (1,1 p.p.).

O Sul, por sua vez, caracterizou-se por mais homogeneidade na representatividade do comércio, com maior importância do Paraná (37,7%) e Rio Grande do Sul (34,5%), seguidos, um pouco mais distante, por Santa Catarina (27,8%). O principal destaque foi o avanço de Santa Catarina de 2,8 p.p. no período, enquanto os demais estados perderam participação: Rio Grande do Sul e Paraná recuaram 2,6 p.p. e 0,2 p.p, respectivamente.

Já no Norte, os estados do Amazonas e Pará foram responsáveis por 63,3% da receita bruta de revenda da região em 2018, embora Amazonas tenha perdido 7,4 p.p. de participação regional na comparação com 2009, em contraposição ao ganho do Pará (2,7 p.p.). O principal destaque foi a ampliação de importância do Tocantins (6,7 p.p.), que se vale da localização estratégica para se consolidar como um importante corredor logístico na região.

No Nordeste, 63,7% da receita bruta de revenda estava concentrada nos estados da Bahia, Pernambuco e Ceará, por ordem no ranking regional. Essa concentração aumentou ligeiramente em relação a 2009 (63,3%), com Pernambuco ampliando sua importância em 0,9 p.p., Bahia se mantendo estável, enquanto Ceará perdeu relevância (-0,5 p.p.).

Por fim, no Centro-Oeste, os estados de Goiás e do Mato Grosso responderam por 33,8% e 31,7% da receita bruta de revenda, respectivamente, em 2018. Vale destacar que, nos últimos dez anos, Mato Grosso aumentou sua relevância em 7,5 p.p., enquanto o Distrito Federal perdeu 5,8 p.p. no total da região.