Em janeiro, IBGE prevê alta de 2,2% na safra de grãos de 2020
11/02/2020 09h00 | Atualizado em 11/02/2020 09h05
Em janeiro, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas para 2020 foi estimada em 246,7 milhões de toneladas, 2,2% acima da safra de 2019 (mais 5,3 milhões de toneladas) e 1,5% superior ao 3º Prognóstico (mais 3,5 milhões de toneladas). Já a área a ser colhida é de 64,3 milhões de hectares, 1,7% acima da de 2019 (mais 1,1 milhão de ha) e 0,3% maior que o mês anterior (mais 193,5 milha).
Estimativa de Janeiro para 2020 | 246,7 milhões de toneladas |
Variação em relação ao 3º prognóstico para 2020 | 1,5% (3,5 milhões de toneladas) |
Variação safra 2020/ safra 2019 | 2,2% (5,3 milhões de toneladas) |
O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos deste grupo, que, somados, representaram 93,2% da estimativa da produção e responderam por 87,2% da área a ser colhida. Em relação ao ano anterior, houve acréscimos de 1,3% na área do milho (aumento de 3,6% no milho de primeira safra e aumento de 0,4% no milho de segunda safra), de 2,4% na área da soja e de 5,8% para a área do algodão herbáceo, ocorrendo declínio de 2,5% na área de arroz.
A estimativa é de recorde na produção da soja e o algodão, com acréscimos de 8,7% para a soja (produção de 123,3 milhões de toneladas), de 1,0% para o arroz (10,4 milhões de toneladas), de 1,6% para o algodão herbáceo (7,0 milhões de toneladas). São esperados decréscimos de 4,4% para o milho (crescimento de 3,9% no milho de primeira safra e decréscimo de 7,3% no de segunda), com produção total de produção de 96,2 milhões de toneladas (27,0 milhões de toneladas de milho na primeira safra e 69,1 milhões de toneladas na segunda).
A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresentou variação positiva para todas as Grandes Regiões, destacando-se a Centro-Oeste, com crescimento de 10,4%. A distribuição regional foi a seguinte: Centro-Oeste (111,8 milhões de toneladas); Sul (80,6 milhões de toneladas), Sudeste (24,1 milhões de toneladas); Nordeste (20,3 milhões de toneladas) e Norte (10,1 milhões de toneladas).
Na distribuição da produção pelas Unidades da Federação, o Mato Grosso lidera como maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 27,1%, seguido pelo Paraná (15,8%), Rio Grande do Sul (14,2%), Goiás (9,9%), Mato Grosso do Sul (7,9%) e Minas Gerais (6,0%), que, somados, representaram 80,9% do total nacional. Com relação à participação das regiões brasileiras, tem-se a seguinte distribuição: Centro-Oeste (45,3%), Sul (32,6%), Sudeste (9,8%), Nordeste (8,2%) e Norte (4,1%).
Destaques na estimativa de janeiro de 2020 em relação a dezembro
Em janeiro, destacaram-se as variações nas seguintes estimativas de produção em relação a dezembro: feijão 2ª safra (10,8%), castanha-de-caju (9,4%), milho 2ª safra (3,4%), sorgo (3,0%), milho 1ª safra (2,1%), mandioca (1,1%), feijão 3ª safra (0,9%), soja (0,8%) e feijão 1ª safra (0,5%). Já na produção do algodão herbáceo houve declínio (-1,2%).
Com relação à variação absoluta, os destaques positivos ficaram com milho 2ª safra (2,3 milhões de toneladas), soja (974,1 mil toneladas), mandioca (204,5 mil toneladas), feijão 2ª safra (125,6 mil toneladas), algodão herbáceo (81,8 mil toneladas), sorgo (77,4 mil toneladas), milho 1ª safra (58,1 mil toneladas), castanha-de-caju (10,7 mil toneladas), feijão 1ª safra (6,5 mil toneladas)e feijão 3ª safra (4,3 mil toneladas).
ALGODÃO HERBÁCEO (em caroço) – A estimativa de produção foi de 7,0 milhões de toneladas, declínio de 1,2% em relação a última estimativa realizada para 2020. A redução de 1,3% na área a ser colhida foi o que motivou essa redução. Os estados Mato Grosso e Tocantins reduziram as estimativas da área plantada em 1,8% e 6,2% respectivamente.
O Mato Grosso é maior produtor nacional, responsável por 68,6% da área cultivada e por 67,7% da produção, o que representa 1,2 milhão de hectares e 4,7 milhões de toneladas. Desse total, 86,6% é cultivada como segunda safra, principalmente após a colheita da soja. Apesar da redução na estimativa mensal, a produção de 7,0 milhões de toneladas representa um recorde. Quando comparado com o ano anterior, o crescimento é de 1,6% na produção, com aumento de 5,8% na área plantada que alcançou 1,7 milhão de hectares.
As estimativas iniciais indicam uma redução de 4,0% na produtividade das lavouras em 2020, em função da possibilidade da falta de chuvas em alguns períodos, ressaltando que, em 2019, as lavouras contaram com uma situação climática excelente para o seu desenvolvimento. No mercado internacional, a demanda continua aquecida e grande parte da safra já foi comercializada antecipadamente.
CASTANHA-DE-CAJU – A estimativa da produção cresceu 9,4% em relação ao mês anterior, totalizando 125,3 mil toneladas, mas espera-se declínio de 10,1% em relação a 2019. Os maiores produtores brasileiros são Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. A produção do Ceará, de 70,3 mil toneladas, representa 56,1% do total nacional; a do Piauí, de 23,8 mil toneladas, 19,0% e a do Rio Grande do Norte, de 17,2 mil toneladas, 13,7%.
Em 2020, estima-se crescimentos de 10,2% para o Piauí e de 2,1% para o Rio Grande do Norte e, declínio de 19,8% para o Ceará, haja visto que no cálculo da produção foi utilizada as médias de rendimentos dos últimos 11 anos, que contempla vários anos de seca. Nesse último, a maior área plantada é ocupada por plantios antigos e envelhecidos, que, ano a ano, vem sendo cortados e aproveitados como lenha. Contudo, a área ocupada por castanha-de-caju anão vem crescendo, incentivada pelos órgãos ligados à pesquisa e extensão do Ceará, havendo, inclusive, alguns programas substituição de copa e distribuição de mudas.
FEIJÃO (em grão) – A produção estimada foi de 3,1 milhões de toneladas. Comparada ao 3º prognóstico, a estimativa para a área plantada aumentou 0,7%, enquanto a estimativa de produção cresceu 4,6%, em decorrência do aumento de 3,9% no rendimento médio. Neste levantamento, os maiores produtores, somadas as três safras, são Paraná com 24,3%, Minas Gerais com 16,0% e Goiás com 10,8% de participação na produção nacional. Em relação à safra de 2019, a produção total de feijão deverá ser 1,7% maior, devido, principalmente, ao aumento de 2,5% na estimativa do rendimento médio, já que, para a área plantada, estimou-se uma redução de 2,5%.
A 1ª safra de feijão foi estimada em 1,3 milhão de toneladas, um aumento de 0,5% na produção frente à estimativa do 3º prognóstico, o que representa 6 460 toneladas. Destaques positivos para o Paraná, que teve a estimativa de produção aumentada em 0,3% (1 035 toneladas), e para Goiás, com aumento de 3,2% (3.258 toneladas).
A estimativa de área plantada também sofreu aumento de 0,5% no Paraná e de 2,6% em Goiás. A comparação anual para essa safra mostra um aumento de 3,8% na estimativa de produção, refletindo variação positiva de 3,2% na estimativa da área a ser colhida. Destaque para o Paraná, que previu um aumento de 23,7% na estimativa de produção em relação ao ano anterior. Em 2019, as lavouras paranaenses sofreram com a estiagem e as elevadas temperaturas no final do ciclo.
A 2ª safra de feijão foi estimada com alta de 10,8% (125.625 toneladas) frente ao 3º prognóstico, acompanhando a previsão de aumento no rendimento médio que foi de 10,6%. A estimativa da área plantada recuou 0,2%. O Paraná foi o maior responsável, elevando em 32,3% sua estimativa de produção, o que representou 108.113 toneladas. Goiás estimou um aumento de 12,2% na sua produção (8.736 toneladas), calcado nos aumentos de 3,9% no rendimento médio e de 8,0% na área plantada.
A estimativa de produção de janeiro para a 2ª safra foi superior à de 2019 em 10,1%. A Região Nordeste teve influência nesse resultado em decorrência dos aumentos nas estimativas de produção de Paraíba (202,1%), Alagoas (85,7%), e Bahia (56,6%). O Paraná também foi importante prevendo um aumento de 21,6% na produção, calcado em um aumento de 32,1% no rendimento médio.
Para a 3ª safra de feijão, a previsão é de aumento de 0,9% na produção em relação à estimativa do 3º prognóstico, o que representa 4.306 toneladas a mais. Mato Grosso foi o estado com maior influência nesse resultado, pois as estimativas indicam aumento de 2,7% na área plantada e de 2,9% na estimativa da produção, o que representa 2.886 toneladas. A estimativa é 19,7% inferior à de 2019. Os Estados da Federação responsáveis por essa diminuição são: Minas Gerais (8,6%), São Paulo (57,8%) e Mato Grosso (28,9%).
MANDIOCA (raiz) – A estimativa da produção de mandioca foi de 19,4 milhões de toneladas, crescimento de 1,9% em relação ao ano anterior. Os principais crescimentos foram estimados para o Pará (4,4%), Amapá (14,9%), Tocantins (4,4%), Piauí (16,8%), Alagoas (6,7%), Paraná (10,4%) e Mato Grosso do Sul (19,0%). Houve decréscimos nas estimativas do Amazônia (-6,9%), Rio Grande do Sul (-1,4%), Rondônia (-7,2%) e Ceará (-30,1%). Preços pouco compensadores têm desestimulado o plantio bem como a colheita das raízes, permanecendo as mesmas mais tempo no campo. Os produtores reduzem a área de plantio, a tecnologia utilizada e limitam a colheita das lavouras, deixando as plantas por mais tempo no campo, acumulando reservas e aguardando melhores condições de mercado.
MILHO (em grão) – A estimativa da produção cresceu 3,1%, totalizando 96,2 milhões de toneladas, com reavaliações da área plantada e do rendimento médio, que aumentaram 0,8% e 2,3%, respectivamente. Em relação ao ano anterior, a produção encontra-se 4,4 milhões de toneladas menor, havendo decréscimo de 5,6% no rendimento médio, e aumentos de 0,8% na área a ser plantada e de 1,3% na área a ser colhida.
Na 1ª safra de milho, a produção alcançou 27,0 milhões de toneladas, acréscimo de 2,1% em relação a informação do mês anterior. Em relação a 2019, a produção foi 3,9% maior, havendo incrementos de 2,2% na área plantada e de 0,3% no rendimento médio. A área a ser colhida cresceu 3,9%. Apesar da concorrência da soja, que normalmente apresenta rentabilidade maior, preços mais compensadores do produto, em função da grande demanda pelo cereal, incentivaram os produtores a ampliarem os investimentos nas lavouras.
No Rio Grande do Sul, maior produtor de milho nessa safra, com a participação de 21,8% no total, a produção estimada foi de 5,9 milhões de toneladas, crescimento de 2,6% em relação ao ano anterior. Minas Gerais, segundo maior produtor, deve colher 4,7 milhões de toneladas, crescimento de 4,1%. A produção do Paraná, de 3,2 milhões de toneladas, apresenta um crescimento de 2,8%. Outros aumentos na produção foram verificados também em Santa Catarina (0,3%), Piauí (24,1%), Bahia (11,7%), Goiás (0,3%), Maranhão (22,4%) e Tocantins (12,3%).
Para a 2ª safra, a estimativa da produção foi de 69,1 milhões de toneladas, 3,4% superior ao mês anterior. Os maiores crescimentos nas estimativas de produção, em relação ao mês anterior, foram verificados no Mato Grosso (6,8% ou 1,9 milhão de toneladas), Paraná (2,7% ou 329,0 mil toneladas) e Minas Gerais (24,9% ou 528,4 mil toneladas). Mas, na comparação com o ano anterior, a produção do milho 2ª safra apresenta declínio de 7,3%.
SOJA (em grão) – Após uma retração observada na produção do grão em 2019, há expectativa de uma boa safra em 2020. A estimativa de produção para 2020 totalizou 123,3 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 8,7% em relação à safra anterior. Se confirmado, este volume ultrapassará o total alcançado em 2018, atingindo novo recorde na série histórica. Somente a produção de soja deve representar metade do volume de produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2020. Se confirmada a expansão de 2,4% na área colhida, estimada em 36,7 milhões de hectares, será a maior já registrada no País, muito em razão dos bons preços da commodity nos últimos meses de 2019.
Na comparação com o prognóstico do mês de dezembro de 2019, a estimativa para a produção nacional da soja apresentou crescimento de 0,8%, com registro de aumento da produção estimada para os Estados do Mato Grosso (2,6%), Goiás (2,1%) e Tocantins (0,2%), enquanto Maranhão (-3,6%), Paraná (-0,1%) e Minas Gerais (-0,1%) informaram retração na estimativa de produção.
Dentre os maiores produtores nacionais, o Mato Grosso, que em 2020 deve responder por 27,4% do total a ser produzido pelo País, estima colher 33,8 milhões de toneladas, crescimento de 4,9% em relação a 2019. O Paraná, segundo maior produtor nacional, é o Estado que deve responder pelo maior incremento bruto de produção (22,5%), em relação ao ano anterior, totalizando 19,8 milhões de toneladas. O Rio Grande do Sul, com estimativa de incremento no volume de produção de 4,2% no ano, deve alcançar 19,3 milhões de toneladas, terceira maior produção entre os estados da federação.
SORGO (grão) – A estimativa da produção alcançou 2,7 milhões de toneladas, 3,0% acima do mês anterior. Houve aumentos de 2,1% na área plantada e na área a ser colhida, e crescimento de 0,8% no rendimento médio. Em relação ao ano anterior, a produção apresenta crescimento de 3,2%, com destaque para o rendimento médio, que deve crescer 4,0%. Os maiores crescimentos nas estimativas da produção, em relação ao ano anterior, estão sendo verificados em Goiás (10,3%), no Mato Grosso (28,7%), em Minas Gerais (3,1%), no Distrito Federal (40,0%) e no Mato Grosso do Sul (10,9%). Conjuntamente, Goiás e Minas Gerais devem responder por 77,7% da produção brasileira do cereal.