Em setembro, IBGE prevê safra 6% menor que a de 2017
11/10/2018 09h00 | Atualizado em 11/10/2018 15h11
A nona estimativa de 2018 para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas totalizou 226,2 milhões de toneladas, 6,0% inferior à de 2017 (240,6 milhões de toneladas), redução de 14,4 milhões de toneladas. A estimativa da área a ser colhida foi de 61,0 milhões de hectares, com queda de 220,6 mil hectares (-0,4%) frente à área colhida em 2017 e recuo de 60.779 hectares (0,1%) em relação a agosto.
Estimativa de setembro para 2018 | 226,2 milhões de toneladas |
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Variação safra 2018 / safra 2017 | -6,0% (-14,4 milhões de toneladas) |
Variação setembro 2018 / agosto 2018 | 0,2% (394,3 mil toneladas) |
Somados, o arroz, o milho e a soja são 92,8% da estimativa da produção e 87,0% da área a ser colhida. Em relação a 2017, houve acréscimo de 2,7% na área da soja e reduções de 8,4% na área do milho e de 7,6% na área de arroz. Quanto à produção, estima-se queda de 18,6% para o milho, 5,7% para o arroz e aumento de 2,0% para a soja. Em relação a agosto, ocorreu um aumento de 394,3 mil toneladas (0,2%), impulsionado pela revisão de produção da soja, com aumento de 488 mil toneladas (0,4%). Entre as Unidades da Federação, o Mato Grosso lidera como maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 26,9%, seguido pelo Paraná (15,7%) e Rio Grande do Sul (14,8%), que, somados, representaram 57,4% do total nacional. O material de apoio do LSPA está à direita desta página.
Entre as Grandes Regiões, a produção apresentou a seguinte distribuição: Centro-Oeste (99,8 milhões de toneladas), Sul (75,3 milhões de toneladas), Sudeste (23,2 milhões de toneladas), Nordeste (19,2 milhões de toneladas) e Norte (8,7 milhões de toneladas). Comparativamente à safra passada, houve incremento de 7,7% na Região Nordeste e decréscimos de 5,8% na Região Centro-Oeste, de 10,4% na Região Sul, de 3,2% na Região Sudeste e de 2,4% na Região Norte.
Estimativa de setembro em relação a agosto de 2018
Em setembro, destacaram-se as variações nas seguintes estimativas de produção, em relação a agosto: batata-inglesa 3ª safra (25,2%), aveia (5,7%), milho 1ª safra (1,4%), soja (0,4%), trigo (-0,5%), milho 2ª safra (-0,6%), feijão 2ª safra (-1,2%), cevada (-1,9%), cana-de-açúcar (-2,0%), tomate (-2,7%), batata-inglesa 2ª safra (-6,1%), feijão 3ª safra (-8,4%). Nas variações absolutas, os destaques positivos couberam à soja (487.679 t), ao milho 1ª safra (359.615 t), à batata-inglesa 3ª safra (199.270 t) e à aveia (50.280 t). Os destaques negativos ficaram com a cana-de-açúcar (13.895.057 t), o milho 2ª safra (356.291 t), o tomate (118.866 t), a batata-inglesa 2ª safra (74.015 t), o feijão 3ª safra (42.815 t), o trigo (30.004 t), o feijão 2ª safra (13.887 t) e a cevada (7.648 t).
BATATA-INGLESA – Estimativa de 3,9 milhões de toneladas, aumento de 3,1% em relação a agosto. São Paulo reavaliou a produção das lavouras (aumento de 26,4% e total de 917,8 mil toneladas) e confirmou aumento de 29,3% na área plantada e na área a ser colhida (total de 29,8 mil hectares). A 1ª safra já foi colhida, com produção de 1,8 milhão de toneladas (-0,4% em relação a agosto). Para a 2ª safra estima-se 1,1 milhão de toneladas de produção (-6,1% em relação a agosto), com os maiores declínios em São Paulo (-2,7%), Paraná (-17,9%) e Santa Catarina (-10,3%). Esses estados, conjuntamente, respondem por mais de 50,0% da safra de batata-inglesa colhida nessa época. Em relação a 2017, a produção da 2ª safra foi 7,0% menor, com redução de 5,6% na área plantada e na área a ser colhida. Para a 3ª safra, a produção alcançou 989,6 mil toneladas, aumento de 25,2% em relação a agosto. Em relação a 2017, a produção da 3ª safra encontra-se 8,2% menor, com queda de 6,1% na área plantada e de 2,2% no rendimento médio.
CANA-DE-AÇÚCAR – A estimativa para a produção brasileira é de 672,9 milhões de toneladas, decréscimo de 2,0% em relação a agosto. São Paulo, maior produtor e processador de cana-de-açúcar do país, teve participação estimada em 53,3% do total a ser colhido, com declínios de 3,4% na produção e de 3,8% na área a ser colhida. Em relação a 2017, estima-se queda de 2,2% da produção. A estiagem influenciou a queda na produtividade em 2,5%. A falta de investimentos nas lavouras e a elevação dos custos de produção têm limitado a produção e a oferta de cana-de-açúcar para as usinas. O excesso de açúcar no mercado externo, devido à boa safra da Índia, levou as usinas a direcionar maior quantidade de cana-de-açúcar para a produção de álcool, que também apresentou redução dos preços devido ao excesso de oferta neste período de safra.
CEREAIS DE INVERNO (em grão) – Estima-se produção de 5,9 milhões de toneladas de trigo, 0,5% menor em relação ao mês anterior, em decorrência da retração de 2,1% no rendimento médio. No Paraná, primeiro produtor brasileiro, estima-se uma produção de 3,0 milhões de toneladas (51,2% da produção nacional). A produção e o rendimento médio apresentam quedas de 4,1% e 5,5%, respectivamente, em relação a agosto, devido à falta de chuvas. No Rio Grande do Sul, segundo maior produtor brasileiro, estima-se uma produção de 2,1 milhões de toneladas (35,4% da produção nacional). Preços pouco atrativos, baixa liquidez e problemas climáticos têm frequentemente afetado a produção do trigo no país. Apesar disto, a estimativa da produção de 2018 é 37,9% maior do que a safra de 2017, ano que o clima desfavorável prejudicou a produção gaúcha e paranaense. A estimativa para a produção da aveia foi de 940,1 mil toneladas, aumento de 5,7% em relação ao mês anterior. A área a ser colhida apresentou um crescimento de 7,5%, tendo alcançado 420,1 mil hectares. Para a cevada, a produção estimada foi de 385 mil toneladas, decréscimo de 1,9% em relação ao ano anterior.
FEIJÃO (em grão) – Estima-se safra de 3,2 milhões de toneladas, 2,0% menor que a do mês anterior, com declínio de 0,9% no rendimento médio. As maiores reduções em relação ao mês anterior foram observadas no Acre (9,8%), Pará (8,4%), Alagoas (14,1%), Sergipe (79,0%), São Paulo (12,7%) e Santa Catarina (5,8%). Apesar disto, a quantidade é suficiente para abastecimento interno.
A 1ª safra de feijão foi estimada em 1,6 milhão de toneladas (-0,4% em relação a agosto). Com a colheita praticamente concluída, as quedas ocorreram, principalmente, no Pará (7,1%) e em Santa Catarina (7,1%). A 2ª safra de feijão foi estimada em 1,1 milhão de toneladas (-1,2% em relação a agosto). Ao todo, na passagem de agosto para setembro, houve declínio de 13,9 mil toneladas na estimativa da produção do feijão dessa época. As maiores retrações foram registradas no Acre (10,4%), Pará (9,4%), Alagoas (14,2%), Sergipe (78,9%), São Paulo (5,7%) e Santa Catarina (2,3%).
A estimativa da produção da 3ª safra de feijão foi de 469,1 mil toneladas (-8,4% menor que em agosto). Em São Paulo, a produção apresentou retração de 37,0%, com a área a ser colhida e o rendimento médio caindo 33,8% e 4,7%, respectivamente. Preços pouco compensadores, devido aos custos de produção, têm desestimulado os produtores a plantarem nesta época.
MILHO (em grão) – Em relação a agosto, a estimativa da produção variou positivamente em apenas 3.324 toneladas. Em relação ao ano anterior, a estimativa da produção encontra-se 18,6% menor, havendo retrações de 11,2% no rendimento médio e de 8,4% na área colhida. Em 2017, a produção de milho do Brasil foi recorde da série histórica do IBGE, quando foram produzidas 99,5 milhões de toneladas.
A 1ª safra já foi colhida, com produção de 26,3 milhões de toneladas, um aumento de 1,4%, em função do crescimento da produção de São Paulo (16,4% ou 373.948 t). A área colhida e o rendimento médio paulistas foram revistos com altas de 12,0% e 4,0%, respectivamente. O Rio Grande do Sul também informou crescimento na estimativa da produção do milho 1ª safra: 0,8% ou 38.370 toneladas. Em relação a 2017, a produção de milho 1ª safra foi menor em 15,3%. Preços pouco compensadores, durante a época de plantio, influenciaram os produtores a ampliar as áreas de plantio de soja em detrimento do milho de verão.
Em boa parte das Unidades da Federação, houve atraso no plantio do milho 2ª safra, devido ao atraso na colheita das safras de verão e da ocorrência de chuvas, o que dificultou o trânsito de máquinas, sobretudo na porção Centro-Sul do país. A produção está estimada em 54,7 milhões de toneladas, em 11,4 milhões de hectares. Em relação a agosto, houve retração de 0,6% na produção, apesar de crescimento de 0,3% no rendimento médio. Os ajustes negativos foram influenciados, sobretudo, por São Paulo (19,0% ou 461.300 t), Sergipe (65,2% ou 322.992 t) e Alagoas (18,9% ou 7.568 t). No Mato Grosso, houve aumento na estimativa da produção (2,4%), no rendimento médio (1,7%) e na área colhida (0,7%). Nesta safra, o Mato Grosso, com uma produção de 25,9 milhões de toneladas, participa com 47,3% do total colhido pelo país. Em relação a 2017, a produção da 2ª safra encontra-se 20,1% menor, devido ao atraso do plantio da safra verão e consequente risco de estiagens. Além disso, em 2017, houve recordes de produção para o cereal em vários estados.
SOJA (em grão) – A produção brasileira de soja, na safra 2018, é mais um recorde da série histórica do IBGE. No total, o País colheu 117,3 milhões de toneladas, aumento de 2,0% em relação ao ano anterior. Apesar do atraso das chuvas, apenas na Região Sul houve redução da produção (4,5%). Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste e no “Matopiba” (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a ocorrência de chuvas favoreceu as lavouras.
TOMATE – A produção brasileira de tomate deve ficar em 4,2 milhões de toneladas (-2,7% em relação a agosto). A produção brasileira concentra-se em Goiás (32,2% de participação no total nacional), São Paulo (19,1%) e Minas Gerais (17,6%) e Espírito Santo (4,1%). Em setembro, os maiores declínios nas estimativas de produção foram verificados em São Paulo (12,4%), Alagoas (22,6%), Mato Grosso (4,4%) e Ceará (1,5%). Em relação a 2017, a produção de tomate apresentou redução de 3,0%, reflexo da retração de 3,5% na área a ser colhida, apesar de ligeiro aumento de 0,6% no rendimento médio.
Estimativa de setembro em relação à produção obtida em 2017
Dos 26 produtos pesquisados, 13 tiveram variação positiva na produção em relação a 2017:
Produto | Produção 2017 (t) | Produção 2018 (t) | Variação (%) |
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Algodão Herbáceo | 3.838.785 | 4.803.446 | 25,1 |
Amendoim (1ª safra) | 531.280 | 541.604 | 1,9 |
Amendoim (2ª safra) | 9.898 | 11.598 | 17,2 |
Arroz | 12.452.662 | 11.737.392 | -5,7 |
Aveia | 609.130 | 940.148 | 54,3 |
Batata-inglesa (1ª safra) | 1.968.761 | 1.778.541 | -9,7 |
Batata-inglesa (2ª safra) | 1.233.004 | 1.147.197 | -7,0 |
Batata-inglesa (3ª safra) | 1.078.032 | 989.640 | -8,2 |
Cacau | 214.348 | 235.203 | 9,7 |
Café Arábica | 2.095.275 | 2.584.796 | 23,4 |
Café Canephora | 681.346 | 858.816 | 26,0 |
Cana-de-Açúcar | 687.809.933 | 672.857.493 | -2,2 |
Cebola | 1.719.412 | 1.547.295 | -10,0 |
Cevada | 286.405 | 384.985 | 34,4 |
Feijão (1ª safra) | 1.561.956 | 1.581.892 | 1,3 |
Feijão (2ª safra) | 1.185.542 | 1.135.574 | -4,2 |
Feijão (3ª safra) | 543.814 | 469.121 | -13,7 |
Laranja | 18.666.928 | 17.100.402 | -8,4 |
Mamona | 11.834 | 24.503 | 107,1 |
Mandioca | 20.606.037 | 19.929.598 | -3,3 |
Milho (1ª safra) | 31.064.540 | 26.310.836 | -15,3 |
Milho (2ª safra) | 68.481.488 | 54.711.233 | -20,1 |
Soja | 114.982.993 | 117.255.703 | 2,0 |
Sorgo | 2.147.706 | 2.100.606 | -2,2 |
Trigo | 4.241.602 | 5.849.671 | 37,9 |
Triticale | 41.940 | 45.442 | 8,4 |
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) é uma pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras dos principais produtos agrícolas, com informações das Comissões Municipais (COMEA) e/ou Regionais (COREA); consolidadas pelos Grupos de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) e posteriormente avaliadas pela Comissão Especial de Planejamento, Controle e Avaliação das Estatísticas Agropecuárias (CEPAGRO) constituída pelo IBGE e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Os levantamentos para cereais (arroz, milho, aveia, centeio, cevada, sorgo, trigo e triticale), leguminosas (amendoim e feijão) e oleaginosas (caroço de algodão, mamona, soja e girassol) foram realizados em colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra, iniciado em março de 2007.