Livro reúne correspondência de Teixeira de Freitas e ajuda a contar a história do país e da fundação do IBGE
30/05/2016 15h43 | Atualizado em 29/05/2017 10h16
Livro reúne correspondência de Teixeira de Freitas e ajuda a contar a história do país e da fundação do IBGE
No mês em que completa 80 anos de fundação, o IBGE homenageia seu idealizador Mário Augusto Teixeira de Freitas (1890/1956), com o lançamento do livro Teixeira de Freitas e a criação do IBGE. Correspondência de um homem singular e plural, do pesquisador Nelson Senra, que reúne 400 cartas trocadas entre Teixeira de Freitas e personalidades da sua época, além de documentos, que mostram como o estatístico concebeu e teve êxito em criar um órgão nacional de estatística e geografia em um país de dimensões continentais como o Brasil.
Trata-se de um importante registro histórico das ideias e ideais do fundador do IBGE a respeito da economia e sociedade, política, educação, saúde e religião. Para produzir o livro, o pesquisador e professor no IBGE debruçou-se sobre mais de sete mil documentos que compõem o Fundo Documental Teixeira de Freitas, do Arquivo Nacional. As cartas e textos selecionados estão organizados em quatro partes: Diálogo com estatistas; Diálogo com estadistas; Diálogo com educadores e A reconstrução brasileira. A versão impressa da publicação apresenta 100 cartas e textos na íntegra e o conjunto completo de cartas está disponível no DVD que a acompanha.
O livro será lançado num evento hoje (30/05/2016), no Auditório do Centro de Documentação e Disseminação do IBGE (Rua Gal. Canabarro, 706, Maracanã, Rio de Janeiro-RJ), a partir de 14h30, com a presença da presidente do IBGE, Wasmália Bivar. A publicação, de 536 páginas, poderá ser adquirida na Loja virtual do IBGE, por R$ 70,00. Também esta disponível, para download gratuito, na Biblioteca.
A partir das cartas enviadas por Teixeira de Freitas a políticos, administradores públicos e expoentes do pensamento brasileiro à época, e outros documentos, é possível conhecer sobre sua personalidade, suas ideias e esforços para conceber e criar o IBGE. Na primeira parte - Diálogo com estatistas - há seis seções focando a atividade estatística, incluindo a fundação do IBGE. A segunda parte – Diálogo com estadistas – tem duas seções. Na primeira, Teixeira de Freitas é Delegado Censitário, em Minas Gerais, onde organiza o Censo de 1920. Em Minas, ganha o apoio e o apreço de políticos como Artur Bernardes, Benedito Valadares, Juscelino Kubitschek e Hildebrando Clark.
Na segunda seção, já de volta de Minas Gerais, Teixeira de Freitas é chamado para criar e dirigir uma repartição de estatística no recém-criado Ministério da Educação e Saúde Pública, onde dialoga com Gustavo Capanema e Carlos Drummond de Andrade, respectivamente ministro da Educação e chefe de gabinete.
Na terceira parte – Diálogo com educadores - há quatro seções, trazendo o diálogo de Teixeira de Freitas com nomes como o dos educadores Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira, o educador Lourenço Filho e Sud Mennucci. Na quarta e última parte há seis seções, cada qual com uma das ideias ou ideais de Teixeira de Freitas. Os temas são o plano nacional, que, de certa forma, aborda todos os demais temas, e que também se chegou a chamar de “Ideário Cívico do IBGE”. Seguem a questão da redivisão territorial, a mudança da capital federal e o problema municipal que, de certa forma, compõem uma totalidade, embora nem sempre ele os tratasse em conjunto. E há as lutas pela construção do planetário na capital federal e pela adoção do esperanto como língua geral. Por fim, há suas reflexões religiosas, algo que permeava sua vida, o tempo todo, fazendo-o ousar uma leitura da atividade estatística em linguagem religiosa.
O livro termina com uma biobibliografia de Teixeira de Freitas, em especial do que há disponível nas revistas editadas pelo IBGE – Revista Brasileira de Estatística, Revista Brasileira de Geografia, e as não mais existentes Revista Brasileira dos Municípios, Boletim de Estatística, Boletim de Geografia – e existentes naBiblioteca. seu acervo.
Teixeira de Freitas concebeu o IBGE a partir da cooperação interadministrativa
Mário Augusto Teixeira de Freitas nasceu em São Francisco do Conde, Bahia, em 31 de março de 1890. Ingressou, em 1908, na Diretoria Geral de Estatística do Ministério da Agricultura, Viação e Obras Públicas, onde promoveu numerosas pesquisas estatísticas, até então inéditas no país. Em 1920, foi nomeado Delegado Geral do Recenseamento em Minas Gerais e sua notável atuação nesse cargo levou o governo mineiro a convidá-lo para reformar a organização estatística estadual. Na década de 30, transferiu-se para o Rio de Janeiro para colaborar na organização do Ministério da Educação e Saúde Pública, no qual passou a dirigir a Diretoria de Informações, Estatística e Divulgação.
Baseado em seu plano de cooperação interadministrativa entre as três esferas governamentais - federal, estadual e municipal -, foi criado em 1934 e instalado em 1936 o Instituto Nacional de Estatística, que, a partir de 1938, passa a denominar-se Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pela associação nas mesmas bases de cooperação interadministrativa, do sistema de atividades geográficas. Em carta ao educador Fernando de Azevedo, em 29 de abril de 1952, Teixeira de Freitas, dá a dimensão do esforço de criar um órgão nacional de estatística e cartografia: “O Instituto [IBGE] é tudo que – através de um labor continuado por mais de quarenta anos e ao qual dei tudo que podia dar como idealismo e sacrifício – a minha pobre vida deixou de si. É tudo quanto fiz de sentido construtivo.” Faleceu em 1956, no Rio de Janeiro.
Comunicação Social
30 de maio de 2016