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IBGE lança livro sobre evolução geográfica e ambiental do Brasil no início do século XXI

Editoria: Geociências

29/08/2016 10h00 | Atualizado em 25/05/2017 12h48

 

Com o objetivo de ampliar o conhecimento das alterações ocorridas no território brasileiro como resultado das transformações econômicas, demográficas, políticas e ambientais nas últimas décadas, o IBGE lança o livroBrasil: uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI. Composta por nove capítulos escritos por pesquisadores do IBGE, a obra, organizada pela geógrafa Adma Hamam de Figueiredo, aborda pontos relevantes da realidade contemporânea, reinterpretados pela análise geográfica, ao mesmo tempo em que atualiza a edição anterior, lançada em 1995.

A abordagem gira em torno da formação territorial e demográfica do país, da relação entre geografia e urbanização, da ocupação do território pela agropecuária, do desenvolvimento local e da diversidade cultural.

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Livro contextualiza formação territorial e demográfica do país

O primeiro capítulo, Formação territorial, aborda o processo de povoamento e construção regional, apontando os caminhos que levaram à unidade territorial do país, através da noção de modernização, desenvolvimentismo e de projeto nacional. A marcha do povoamento mantém, ainda nos dias atuais, a divisão geográfica historicamente estabelecida entre o litoral mais densamente ocupado e o interior, no qual as áreas adensadas são definidas por eixos, hidrovias e adensamentos urbanos.

O capítulo 2, Breve histórico do processo demográfico, traz uma reflexão sobre a transição da fecundidade no país. O texto traça um diagnóstico das alterações verificadas desde o século XIX, tanto os níveis de fecundidade (que passa de 6,16 filhos por mulher em 1940 para 1,57 em 2014) como os de mortalidade (a esperança de vida ao nascer passa de 33,7 anos em 1900 para 75,4 em 2014), que se mantinham em patamares regularmente elevados.

Essa radical transformação do padrão demográfico corresponde a uma das mais importantes modificações estruturais verificadas na sociedade brasileira, com reduções na taxa de crescimento populacional (de 2,01% entre 1872 e 1890 para 1,17% entre 2000 e 2010) e alterações na estrutura etária, com crescimento mais lento no número de crianças e adolescentes (cujo percentual era de 42,6% em 1940, devendo chegar a 14,1% em 2050), paralelamente a um aumento da população em idade ativa e de pessoas idosas (4,1% em 1940, com projeção de 29,4% para 2050).

Análise sobre urbanização aborda legislação e empresas de serviços avançados

O tema do capítulo 3, A delimitação dos espaços urbanos, mostra que, no Brasil, os critérios para a demarcação desses espaços têm sido estabelecidos em termos legais, o que os torna passíveis de sofrerem influência da conjuntura política.

Outra forma de expansão desses espaços são as emancipações municipais, que criam novas cidades, tema que produz intensas discussões, especialmente no que tange aos aspectos financeiros dela decorrentes. Houve uma enorme ampliação tanto do número de cidades (menos de duas mil em 1940 e 5.565 em 2010) quanto do tamanho da população urbana no país entre 1940 e 2010.

O capítulo 4, Padrões espaciais dos serviços avançados às empresas na rede urbana brasileira, caracteriza a presença das 323,5 mil firmas de apoio às empresas na rede urbana em escala nacional. Esse tipo de empresa promove o chamado cityness, um conjunto de relações de longa distância que uma cidade realiza com seus pares, atestando o grau de sofisticação das economias locais e se ligando às empresas mais dinâmicas.

São também atividades inovadoras e alto valor agregado, que se concentram de forma maciça em São Paulo, cidade que também se configura como o grande polo gestor das redes deste tipo de empresa (83,1 mil empresas de serviços avançados).

Território é descrito pelas óticas da ocupação agrícola e da diversidade ambiental

O capítulo 5, Evolução do espaço rural brasileiro, abrange o período que vai de 1940 a 2006, em que a estrutura e a configuração do processo produtivo agropecuário se consolidam no território. Em todo esse período houve a persistência de uma estrutura fundiária de concentração extrema, em que a grande produção monocultora predominou, a despeito de diversas iniciativas de apoio à pequena produção.

Este capítulo traça um amplo panorama da trajetória geográfica do processo de ocupação do espaço rural brasileiro e aborda a evolução do número e do tamanho dos estabelecimentos rurais, a utilização de suas terras, considerando as áreas das principais atividades produtivas, o total de pessoas ocupadas, o número de tratores e os efetivos da pecuária, sobretudo o dos bovinos.

O capítulo 6, Recursos naturais e questões ambientais, analisa os crescentes danos ambientais e o comprometimento dos recursos naturais, que vêm propiciando uma conscientização dos efeitos da ação humana sobre o meio e uma mudança gradativa na postura dos planejadores e agentes tomadores de decisão. Abordam-se os diferentes elementos do meio ambiente, apresentados e discutidos de forma integrada segundo os biomas brasileiros.

O capítulo 7, Uma contribuição à geografia dos recursos hídricos, concentra-se na análise das características demográficas, econômicas e ambientais na perspectiva das águas superficiais (as regiões hidrográficas) e das águas subterrâneas (as províncias hidrogeológicas), possibilitando uma visão inicial de duas vertentes fundamentais e complementares que envolvem a problemática em torno da distribuição desigual dos recursos hídricos no imenso território brasileiro.

O tema da vulnerabilidade social e ambiental aponta para questões que envolvem a importância estratégica que a informação sobre o acesso e a qualidade dos recursos hídricos possui no avanço da quantificação estatística e da análise geográfica acerca da qualidade de vida da população em um momento histórico que passa por um acelerado processo de alterações climáticas. Observam-se as diferenças espaciais na concentração do PIB (que vai de R$ 1,6 bilhão na bacia hidrográfica do rio Paraná a R$ 28,1 milhões na bacia do Parnaíba) e, por conseguinte, na distribuição das atividades econômicas entre as regiões hidrográficas.

Desenvolvimento local e diversidade cultural renovam a agenda e a geografia política contemporânea

O capítulo 8, Desenvolvimento local sustentável e governança ambiental, contribui para o conhecimento da Geografia do Brasil contemporâneo, uma vez que a ação pública sobre o território passa a refletir a pressão política que os diversos segmentos da sociedade passam a exercer nas escalas local, regional e nacional. As organizações da sociedade civil representam a capacidade de intervenção ativa das comunidades na realidade em que vivem. Em 2010, existiam no Brasil um total de 2.242 fundações privadas e associações sem fins lucrativos (FASFIL) que desenvolviam ações de meio ambiente e proteção animal, representando apenas 0,8% do total das FASFIL do país.

No processo de desenvolvimento local também são criadas novas institucionalidades, que são instâncias de governança para apoiar esse processo ou parte dele. Essas articulações interinstitucionais são analisadas a partir das formas de associação na área de meio ambiente, como consórcios públicos e administrativos entre os entes federativos, convênios de parceria com o setor privado, apoio do setor privado ou de comunidades, programas na área ambiental desenvolvidos em parceria com o governo federal etc.

O capítulo 9, Diversidade e patrimônio cultural, mostra que muitos povos contribuíram para a formação da identidade cultural brasileira, marcando presença nas áreas mais remotas do território. Esse conjunto de pessoas, de acordo com suas variadas culturas, interage num território com seis biomas continentais predominantes (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa), além dos biomas costeiros.

Esse quadro natural oferece condições para o desenvolvimento de outros tipos de diversidade resultantes da interação dos habitantes com o meio, havendo mesmo populações tradicionais que se definem pelo próprio pertencimento ao bioma, como ocorrem com os pantaneiros e os caatingueiros.

Outra dimensão da variedade sociocultural do Brasil, abordada no capítulo, se revela na sua diversidade linguística, que tem o português como idioma predominante, mas muitas línguas minoritárias.