Nível médio do mar varia mais no Sul e Sudeste
08/12/2016 11h59 | Atualizado em 19/03/2018 13h58
O IBGE divulga hoje o relatório “Análise do Nível Médio do Mar nas Estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG) - 2001/2015”. Os resultados preliminares do relatório indicam um aumento do nível médio do mar nas estações da RMPG, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, provavelmente devido a efeitos meteorológicos mais extremos, como baixas pressões, ventos, ondulação forte etc.
Outro fator importante são os movimentos verticais da crosta terrestre, ou seja, da influência da variação do nível da terra. O IBGE já instalou receptores de sinais de satélites GNSS (Global Navigation Satellite Systems), como o GPS, para monitorar os possíveis movimentos da crosta terrestre e das construções nas imediações dos marégrafos, e, posteriormente, efetuará as devidas correções nos dados de nível do mar.
As informações produzidas pelas estações da rede maregráfica são úteis para diversas aplicações, tais como redução de sondagens para conservação e ampliação da capacidade de portos e vias navegáveis, implantação de infraestrutura (portos, rodovias, redes de água e esgoto) em regiões litorâneas e estudo de possíveis medidas de adaptação e mitigação dos impactos da elevação global do nível do mar.
O relatório apresenta, ainda, novos procedimentos de tratamento dos dados de nível do mar e de controle dos respectivos equipamentos de monitoramento, buscando um permanente refinamento do componente vertical do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB). Uma nova estação foi instalada em Belém (PA) e duas estações tiveram seus sensores de pressão substituídos por sensores de radar: Santana (AP) e Imbituba (SC). Estas três estações, agora, são estações meteomaregráficas, pois estão equipadas com sensores eletrônicos independentes para observação do nível do mar, com transmissão em tempo quase real via GSM, e sensores meteorológicos.
Clique aqui e acesse o relatório “Análise do Nível Médio do Mar nas Estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG), 2001/2015” em formato PDF.
A implantação da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG) foi iniciada pelo IBGE há 15 anos, com o objetivo de contribuir para a correlação entre os dados de batimetria (profundidade dos oceanos), variação do nível do mar e altitudes terrestres, além de outras informações e modelos geodésicos e oceanográficos.
O IBGE é o responsável pelo estabelecimento e manutenção do Sistema Geodésico Brasileiro. Nele, mais de 70 mil pontos têm altitudes de alta precisão, definidas a partir do nível médio do mar (NMM), isto é, a média das observações de nível d’água realizadas em marégrafos instalados ao longo do litoral. Assim, todos os mapas da porção terrestre do território brasileiro apresentam altitudes contadas a partir do nível médio do mar.
Já para as cartas náuticas, que mostram o território submarino brasileiro, o “zero” das profundidades não é o nível médio do mar, mas sim o chamado nível de redução (NR), que se traduz aproximadamente como o nível mínimo do mar, específico para cada região da costa, de modo a atender aos rigorosos critérios internacionais de segurança da navegação.
Essa diferença entre nível médio do mar e nível de redução apresenta grande variação ao longo do litoral, o que dificulta a realização de obras costeiras e impossibilita a quantificação rigorosa do risco de inundações costeiras causadas pela elevação do nível do mar e por eventos meteorológicos extremos.
O relatório “Análise do Nível Médio do Mar nas Estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG) - 2001/2015” apresenta a metodologia de tratamento dessas informações e os resultados preliminares referentes aos dados do período 2001-2015, contribuindo para a discussão sobre a necessidade do monitoramento ambiental para a mitigação e a adaptação aos efeitos das mudanças globais.