PIB cresce 0,5% em 2014 chega a R$ 5,8 trilhões
17/11/2016 11h16 | Atualizado em 26/09/2017 10h19
O PIB chegou a R$ 5,779 trilhões em 2014 e o seu crescimento em relação a 2013 foi revisado de 0,1% para 0,5%. O PIB per capita (R$ 28.498) teve queda de 0,4% em relação a 2013. Foi a terceira queda nesse indicador desde o ano 2000, sendo que os recuos mais recentes ocorreram em 2003 (-0,2%) e 2009 (-1,2%).
Esses e outros resultados integram o Sistema de Contas Nacionais 2010-2014, que incorpora novos dados, mais amplos e detalhados, do próprio IBGE e fontes externas, além de atualizações metodológicas, revisando os resultados já divulgados pelas Contas Nacionais Trimestrais. A publicação completa pode ser acessadaaqui.
Tabela 1
Principais Indicadores do Sistema de Contas Nacionais
2012-2014
Principais Indicadores | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 |
---|---|---|---|---|---|
Produto Interno Bruto (R$ bilhões) |
3.886
|
4.376
|
4.815
|
5.332
|
5.779
|
PIB per capita (R$) |
19.878
|
22.171
|
24.165
|
26.520
|
28.498
|
PIB (variação % em volume) |
7,5
|
4,0
|
1,9
|
3,0
|
0,5
|
Consumo das famílias (variação % em volume) |
6,2
|
5,0
|
3,5
|
3,6
|
2,3
|
FBCF (variação % em volume) |
17,9
|
6,8
|
0,8
|
5,8
|
-4,2
|
Taxa de investimento - FBCF/PIB (%) |
20,5
|
20,6
|
20,7
|
20,9
|
19,9
|
Remuneração dos empregados/PIB (%) |
41,6
|
42,2
|
42,8
|
43,2
|
43,5
|
Agropecuária (2,8%) e serviços (1,0%) crescem, e indústria cai (-1,5%)
Pela ótica da produção, que mostra as contribuições para o PIB do valor gerado pelas atividades econômicas, a agropecuária e os serviços foram responsáveis, respectivamente, por 0,1 e 0,7 pontos percentuais do crescimento do valor adicionado, enquanto a indústria teve contribuição negativa de 0,4 pontos percentuais. Em 2014 a agropecuária (2,8%) e os serviços (1,0%) cresceram, enquanto a indústria caiu (-1,5%).
Esta queda abrangeu quase todos os ramos da indústria, as únicas exceções relevantes foram a extração de petróleo (10,9%), a extração de minério de ferro (6,8%), a indústria farmoquímica (7,4%) e as indústrias de açúcar (3,5%) e álcool (5,2%). Já as principais contribuições negativas vieram da indústria automobilística (-19,6%) e de autopeças (-16,1%), além da construção (-2,1%), que mostrou variação menos intensa, mas tem peso significativo na economia, como mostra a tabela seguir.
Tabela 13
Participação no valor adicionado bruto a preços básicos, segundo os grupos de atividades
2012-2014
Grupos de Atividades | Participação no valor adicionado bruto a preços básicos (%) | |||||
---|---|---|---|---|---|---|
2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | ||
Total |
100,0
|
100,0
|
100,0
|
100,0
|
100,0
|
|
01 |
Agropecuária
|
4,8
|
5,1
|
4,9
|
5,3
|
5,0
|
Indústria
|
27,4
|
27,2
|
26,0
|
24,9
|
23,8
|
|
02 |
Indústria extrativa
|
3,3
|
4,4
|
4,5
|
4,2
|
3,7
|
03 |
Indústria de transformação
|
15,0
|
13,9
|
12,6
|
12,3
|
12,0
|
04 |
Produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana
|
2,8
|
2,7
|
2,4
|
2,0
|
1,9
|
05 |
Construção Civil
|
6,3
|
6,3
|
6,5
|
6,4
|
6,2
|
Serviços
|
67,8
|
67,7
|
69,1
|
69,9
|
71,2
|
|
06 |
Comércio
|
12,6
|
12,9
|
13,4
|
13,5
|
13,6
|
07 |
Transporte, armazenagem e correio
|
4,3
|
4,4
|
4,5
|
4,5
|
4,6
|
08 |
Serviços de informação
|
3,8
|
3,7
|
3,6
|
3,5
|
3,4
|
09 |
Intermediação financeira, seguros e previdência complementar
|
6,8
|
6,4
|
6,4
|
6,0
|
6,4
|
10 |
Atividades imobiliárias
|
8,3
|
8,4
|
8,8
|
9,2
|
9,3
|
11 |
Outros serviços
|
15,7
|
15,9
|
16,5
|
16,9
|
17,4
|
12 |
Administração, saúde e educação públicas e seguridade social
|
16,3
|
16,1
|
15,9
|
16,4
|
16,4
|
Entre as atividades dos serviços, houve estabilidade ou pequeno crescimento do valor adicionado. Os destaques negativos foram comércio de veículos (-6,2%), aluguéis não imobiliários (-4,5%) e alojamento (-2,8%). As contribuições positivas vieram das atividades de desenvolvimento de software (9,4%) e de rádio e TV (5,8%), além da educação privada (6,2%), que teve desempenho inverso ao da educação pública (-1,0%).
Aumento do consumo das famílias (2,3%) foi o principal impacto positivo
Pela ótica da despesa, que analisa o destino dos bens e serviços produzidos, o consumo das famílias aumentou 2,3% em relação a 2013 e foi o principal responsável pelo crescimento do PIB em 2014. O saldo externo (diferença de saldo entre importações e exportações) também contribuiu positivamente, pois a queda das importações (-1,9%) superou a das exportações (-1,1%). Já a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 4,2% no ano e a taxa de investimento (FBCF/PIB) recuou de 20,9%, em 2013, para 19,9% do PIB, em 2014.
Sob a ótica da renda, a participação da remuneração dos empregados no PIB continuou a crescer, passando de 43,2% em 2013 para 43,5% em 2014. Já a parcela do excedente operacional bruto (valor adicionado bruto menos as remunerações dos empregados, o rendimento misto e os impostos líquidos de subsídios incidentes sobre a produção) no PIB inverteu a tendência de queda observada desde 2010, indo de 32,6% em 2013 para 33,1% em 2014. Em contrapartida, a parcela dos impostos líquidos de subsídios sobre a produção e a importação recuou de 15,5% do PIB em 2013 para 14,9% em 2014.
Necessidade de financiamento da economia nacional em 2014 foi de R$ 262,0 bilhões, com crescimento de 46,3% em relação a 2013
A renda nacional bruta (PIB mais os rendimentos dos fatores de produção enviados ou recebidos do resto do mundo) foi de R$ 5,7 trilhões em 2014, contra R$ 5,3 trilhões em 2013. O pagamento líquido de rendas de propriedades ao resto do mundo (juros, dividendos e lucros reinvestidos) cresceu significativamente: 76,4%, passando de R$ 65,3 bilhões em 2013 para R$ 115,2 bilhões em 2014.
O crescimento nominal da despesa de consumo final (10,5%) superou o da renda nacional bruta (7,5%) e contribuiu para uma retração de 5,3% na poupança do país (de R$ 976,9 bilhões em 2013 para R$ 924,9 bilhões em 2014). Esse fato, associado ao crescimento nominal de 3,0% na formação bruta de capital (R$ 1,1 trilhão em 2014), fez com que a necessidade de financiamento da economia nacional chegasse a R$ 262,0 bilhões em 2014, um aumento de 46,3% frente ao ano anterior. As empresas não financeiras tiveram a maior participação (55,4%) no total da renda gerada.
Agregados Macroeconômicos | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | |||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
(1.000.000 R$)
|
(%)
|
(1.000.000 R$)
|
(%)
|
(1.000.000 R$)
|
(%)
|
(1.000.000 R$)
|
(%)
|
(1.000.000 R$)
|
(%)
|
|
Valor adicionado bruto |
3.302.840
|
100,0
|
3.720.461
|
100,0
|
4.094.259
|
100,0
|
4.553.760
|
100,0
|
4.972.734
|
100,0
|
Empresas não financeiras |
1.836.976
|
55,6
|
2.102.992
|
56,5
|
2.301.347
|
56,2
|
2.530.103
|
55,6
|
2.755.684
|
55,4
|
Empresas financeiras |
222.761
|
6,7
|
237.620
|
6,4
|
258.358
|
6,3
|
270.196
|
5,9
|
316.339
|
6,4
|
Governo geral |
537.845
|
16,3
|
598.059
|
16,1
|
652.101
|
15,9
|
746.187
|
16,4
|
816.808
|
16,4
|
Famílias |
669.111
|
20,3
|
741.634
|
19,9
|
837.725
|
20,5
|
957.897
|
21,0
|
1.032.013
|
20,8
|
ISFLSF |
36.147
|
1,1
|
40.156
|
1,1
|
44.728
|
1,1
|
49.377
|
1,1
|
51.890
|
1,0
|
Cap.(+)/Necessidade(-) de financ. |
-149.419
|
-142.789
|
-162.348
|
-179.029
|
-262.008
|
|||||
Empresas não financeiras |
-150.394
|
-165.612
|
-158.183
|
-128.123
|
-60.744
|
|||||
Empresas financeiras |
82.622
|
99.284
|
72.893
|
90.228
|
102.849
|
|||||
Governo geral |
-115.021
|
-111.114
|
-111.602
|
-176.420
|
-339.697
|
|||||
Famílias |
33.356
|
34.618
|
34.513
|
35.212
|
35.275
|
|||||
ISFLSF |
18
|
35
|
31
|
74
|
249
|
A capacidade de financiamento do setor financeiro cresceu 14,0% e foi de R$ 90,2 bilhões em 2013 para R$ 102,8 bilhões em 2014. A elevação da Selic média para 10,9% (8,2% em 2013) e o aumento do spread médio (diferença, apropriada pelo intermediário financeiro, entre a taxa de juros cobrada ao tomador de um empréstimo e a taxa de juros que remunera o aplicador de recursos), que passou de 11,5% para 15,3% em 2014, contribuíram para o desempenho das empresas financeiras. A relação entre os empréstimos totais e o PIB recuou de 54,6% em 2013 para 52,9% em 2014.
A capacidade de financiamento das famílias (R$ 35,3 bilhões) em 2014 ficou praticamente estável em relação a 2013 (R$ 35,2 bilhões), enquanto a despesa de consumo final em relação à remuneração recebida pelas famílias cresceu (de 9,1%% para 10,6%). Isso se deveu principalmente à alta de 7,9% nas rendas de propriedade líquidas das famílias (juros e dividendos) e ao menor crescimento da FBCF (13,1% em 2013 e 3,7% em 2014).
Em 2014, a necessidade de financiamento do governo (R$ 339,6 bilhões) cresceu 92,5% em relação a 2013 (R$ 176,4 bilhões). Pelo lado das receitas, os impostos líquidos de subsídios sobre a produção e importação cresceram 4,2%, os impostos sobre renda e patrimônio subiram 6,6% e as rendas de recursos naturais caíram 23,6%. Essas variações ficaram aquém das taxas observadas nas principais destinações desses recursos: benefícios sociais (13,0%), consumo final (9,9%) e a formação bruta de capital fixo do governo (19,3%).