Nossos serviços estão apresentando instabilidade no momento. Algumas informações podem não estar disponíveis.

Finanças Públicas

Finanças públicas: necessidade de financiamento do governo cresceu 111,2% em 2023

27/11/2024 10h00 | Atualizado em 27/11/2024 10h10

Em 2023, a necessidade de financiamento líquida do governo geral foi de R$ 844,0 bilhões, apresentando um aumento de 111,2% em relação a 2022. Essa variação é explicada pelo aumento nominal de 13,2% da despesa em relação ao ano anterior ante um aumento de 3,4% da receita no mesmo período. Os dados são das Estatísticas de Finanças Públicas e Conta Intermediária do Governo, elaboradas pelo IBGE em parceria com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e o Banco Central do Brasil.

Na análise dos principais agregados da receita, a arrecadação de impostos cresceu 4,1% e as contribuições sociais 7,5% em 2023. Por outro lado, outras receitas caíram 3,4%.

Resultado de Operações - Governo Geral Valores correntes (1 000 000 R$) ( em 31.12)
Governo Central Governos Estaduais Governos Municipais Coluna de Consolidação Governo Geral
1 Receita 2.778.175 1.359.638 1.132.891 -1.156.351 4.114.353
11 Impostos 1.536.649 829.515 223.947 0 2.590.111
12 Contribuições sociais 644.263 107.663 59.435 0 811.361
13 Transferências / Doações 1.767 311.112 752.058 -1.064.911 25
14 Outras receitas 595.496 111.349 97.451 -91.440 712.856
1411 Juros 307.226 22.382 45.408 -91.440 283.576
14x Demais 288.270 88.967 52.043 0 429.280
2M Despesa (2+31) 3.529.840 1.461.197 1.123.666 -1.156.351 4.958.352
2 Gasto  3.549.047 1.443.028 1.077.275 -1.156.351 4.912.999
21 Remuneração de empregados 233.373 469.504 478.332 0 1.181.208
22 Uso de bens e serviços 85.488 189.419 334.217 0 609.124
23 Consumo de capital fixo 45.390 60.130 61.261 0 166.781
24 Juros 856.764 116.138 8.905 -91.440 890.366
25 Subsídios 17.282 3.156 8.784 0 29.222
26 Transferências / Doações 808.181 256.209 5.389 -1.064.911 4.868
27 Benefícios previdenciários e assistenciais 1.401.899 267.581 85.555 0 1.755.035
28 Outros gastos 100.672 80.893 94.832 0 276.396
31 Investimento líquido -19.207 18.169 46.391 0 45.353
311 Ativos fixos -15.247 17.952 44.975 0 47.680
312 Estoques 1.562 217 1.417 0 3.196
313 Objetos de valor 20 0 0 0 20
314 Ativos não produzidos -5.542 0 0 0 -5.543
  Capacidade (+)/Necessidade(-) líquida de financiamento (1-2M) -751.664 -101.559 9.225 0 -843.999
  Capacidade (+)/Necessidade(-) líquida de financiamento primária ((1-1411)-(2M-24)) -202.127 -7.803 -27.279 0 -237.209
Fontes: 1. Ministério da Fazenda/STN, 2. IBGE, 3. Banco Central do Brasil 

Em relação à receita tributária, o destaque fica por conta da arrecadação de impostos sobre a propriedade, com aumento de 16,0%, influenciado pelo aumento de 24,7% na arrecadação de IPVA. Impostos sobre a folha de pagamento e mão de obra cresceram 12,6%. Por outro lado, impostos sobre o comércio e transações internacionais tiveram queda de 0,9%, influenciada pela redução em dólar das importações combinada com aumento da taxa média de câmbio no ano.

Impostos sobre bens e serviços, grupo de maior peso na arrecadação tributária, tiveram crescimento nominal de 3,3% em 2023 e os impostos sobre renda, lucro e ganhos de capital, crescimento nominal de apenas 3,4%.

Dentre as outras fontes de arrecadação, os destaques negativos ficam por conta da receita de dividendos, com queda de 39,4%, e da receita de concessões (especialmente as ligadas à exploração de petróleo), com queda de 30,1%. Já o destaque positivo fica por conta das outras transferências, com aumento de 120,2%, influenciado principalmente pela arrecadação de R$ 26 bilhões em recursos abandonados do PIS/Pasep e apropriados pelo Tesouro Nacional (Emenda Constitucional nº 126, de 2022).

Pela ótica da despesa, observa-se que todos os itens agregados tiveram crescimento em 2023, o que contribuiu para o aumento da Necessidade de Financiamento Líquida do período. Benefícios previdenciários e assistenciais e remuneração de empregados cresceram 14,3% e 10,6% respectivamente. O destaque, no entanto, ficou por conta dos outros gastos (especialmente os de capital, como o Minha Casa Minha Vida), com 39,7% de crescimento. Despesas com uso de bens e serviços, juros e subsídios também cresceram, com taxas de 12,23%, 9,8% e 7,7%, respectivamente.

Governo contribui com 13,6% do PIB

Em 2023, o valor adicionado do Governo Geral foi de R$ 1.473,9 bilhões e sua participação no PIB foi de 13,6%, o que representa um aumento de 0,2 ponto percentual em relação a 2022. Em termos absolutos, a variação foi positiva em todas as esferas: 10,1% na federal, 8,8% na estadual e 13,1% na municipal.

Municípios elevam participação no Valor Adicionado

A esfera municipal ampliou sua participação no valor adicionado do governo, passando de 35,9% em 2022 para 36,6% em 2023, o que representa um aumento de 0,7 ponto percentual. A esfera federal perdeu 0,1 ponto percentual, passando de 27,3% em 2022 para 27,2% em 2023, e a esfera estadual perdeu 0,6 ponto percentual, passando de 36,8% em 2022 para 36,2% em 2023.

Gastos com Bolsa Família aumentam 47,1% em 2023

Item de maior peso na composição dos gastos públicos da Conta Intermediária de Governo, os benefícios sociais aumentaram 3,6% graças às elevações das despesas com outros benefícios de seguro social (8,6%) e benefícios de assistência social em numerário (29,2%), item no qual está classificado o Bolsa Família, que substituiu o Auxílio Brasil e teve aumento de 47,1% em 2023.

Já a formação bruta de capital fixo, variável que mede a capacidade produtiva futura do Governo Geral, chegou a R$ 215,8 bilhões no ano de 2023, o que representa um aumento de 7,8% em relação a 2022. Governos federal e municipais, com taxas de 22,8% e 28,6%, compensaram a redução observada nos governos estaduais de 15,2% e impulsionaram o crescimento dos investimentos no ano de 2023.