Conta-Satélite de Saúde: 9,6% do PIB foram gastos no consumo de bens e serviços de saúde em 2019
14/04/2022 10h00 | Atualizado em 14/04/2022 10h58
As despesas com o consumo final de bens e serviços de saúde no Brasil atingiram R$ 711,4 bilhões em 2019, correspondendo a 9,6% do PIB. Desse total, R$ 283,6 bilhões (3,8% do PIB) foram despesas de consumo do governo e R$ 427,8 bilhões (5,8% do PIB) despesas de famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias.
A despesa per capita com o consumo de bens e serviços de saúde, em 2019, foi de R$ 2.035,60 para famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias e de R$ 1.349,60 para o governo. O principal gasto das famílias com saúde foi com serviços de saúde privada, que incluem despesas com médicos e planos de saúde, por exemplo. Essa despesa respondeu por 67,5% do total das despesas de consumo final de saúde das famílias em 2019.
Os gastos com medicamentos, que em 2019 totalizaram R$ 122,7 bilhões, excluído o Programa Farmácia Popular, correspondem a 29,3% das despesas com saúde das famílias em 2019.
A despesa de consumo do governo com o Programa Farmácia Popular totalizou R$ 2,3 bilhões em 2019, o que significa uma queda nominal de 17,2% em relação a essas despesas em 2017, quando atingiram o valor nominal máximo na série (R$ 2,8 bilhões).
Em 2019, o valor adicionado bruto (VAB) das atividades de saúde foi de R$ 497,1 bilhões o equivalente a 7,8% do total da economia. O VAB é uma medida de geração de renda em cada atividade econômica em um determinado período.
A atividade Saúde privada gerou 3,2% do VAB total da economia, enquanto a atividade Saúde pública manteve uma média de participação de 2,2% no VAB total da economia.
A publicação Conta-Satélite de Saúde 2010-2019 sistematiza informações sobre consumo e comércio exterior de bens e serviços de saúde e sobre valor adicionado e postos de trabalho em atividades de saúde. Acesse o material de apoio e a publicação completa para mais informações.
Entre 2010 e 2019, a participação do consumo de bens e serviços de saúde na economia aumentou de 8,0% para 9,6% do PIB
Em 2019, o consumo final de bens e serviços de saúde no Brasil atingiu R$ 711,4 bilhões (9,6% do PIB). Desse total, R$ 283,6 bilhões (o equivalente a 3,8% do PIB) foram despesas do governo e R$ 427,8 bilhões (5,8% do PIB) despesas de famílias e instituições sem fins de lucro a serviços das famílias.
Em 2010 o consumo final de bens e serviços de saúde correspondia a 8,0% do PIB, sendo que a participação das famílias era de 4,4% enquanto a do governo era de 3,6% do PIB.
Na comparação com países selecionados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), observa-se que as despesas com saúde no Brasil, como proporção do PIB, são semelhantes à média da OCDE (8,8%), embora nações como Alemanha (11,7%), França (11,1%) e Reino Unido (10,2%) apresentem uma participação total superior.
Em 2019, a despesa per capita com o consumo de bens e serviços de saúde de famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias alcançou R$ 2.035,60, enquanto as despesas de consumo per capita do governo foram de R$ 1.349,60.
Na comparação com países da OCDE, as despesas per capita brasileiras com saúde, são maiores do que a de países latino-americanos como Colômbia e México, mas 2,9 vezes menores do que a média observada para os países da OCDE.
67,5% das despesas das famílias com saúde são com serviços privados
Os serviços de saúde privada são a principal despesa de saúde das famílias. Em 2019, responderam por 67,5% do total de suas despesas de consumo final com saúde. As despesas com serviços de saúde privada incluem os valores pagos a planos e seguros de saúde, inclusive pelos empregadores, além de serviços hospitalares, ambulatoriais e de apoio diagnóstico privados e serviços sociais privados.
Já os gastos com medicamentos, que em 2019 totalizaram R$ 122,7 bilhões, corresponderam a 29,3% das despesas com saúde das famílias em 2019.
O consumo efetivo das famílias com medicamentos inclui também os medicamentos distribuídos gratuitamente pelo governo para consumo das famílias, que são contabilizados como despesas de consumo do governo. Em 2019, as despesas com esses medicamentos distribuídos pelo governo, excluídos medicamentos distribuídos pelo Programa Farmácia Popular do Brasil, totalizaram R$ 9,3 bilhões (3,3% da despesa de consumo final com saúde do governo).
A despesa de consumo do governo totalizou R$ 283,6 bilhões em 2019, onde 225,9 bilhões foram gastos com serviços de Saúde Pública e 48,5 bilhões com compras de serviços de Saúde Privada.
Em anos de crise econômica, consumo de bens e serviços de saúde sofreu menos efeitos em comparação a outros bens e serviços
Para analisar o aumento ou queda real do consumo de bens e serviços de saúde, é preciso descontar o efeito do crescimento de preços. Entre 2011 e 2019, especialmente nos anos de crise econômica, o consumo final de bens e serviços do setor saúde cresceu mais ou caiu menos do que o consumo de outros bens e serviços (todos os demais bens e serviços da economia). Em 2015, o consumo final de bens e serviços de saúde cresceu 1,1%, enquanto o de bens e serviços não saúde caiu 3,3%. Já em 2016 as variações foram de -1,5% para os bens e serviços de saúde e de -3,0% para os bens e serviços de não-saúde.
Atividades de saúde são 7,8% do Valor Adicionado Bruto em 2019
O Valor Adicionado Bruto (VAB) é uma medida de geração de renda em cada atividade econômica em um determinado período e dimensiona a participação da atividade na economia. Ele mostra o quanto cada atividade econômica contribui para o PIB.
O valor adicionado bruto pelas atividades de saúde cresceu de R$ 202,3 bilhões (6,1% do VAB total da economia) em 2010 para R$ 497,1 bilhões (7,8%).
O maior aumento de participação foi o da atividade Saúde privada, que passou de 2,1% do VAB total da economia, em 2010, para 3,2%, em 2019. Já a atividade Saúde pública manteve uma média de participação de 2,2% no VAB total da economia.
Descontando o efeito de crescimento do preço, observa-se que as atividades do setor de saúde apresentam uma tendência de queda inferior às atividades não saúde em momentos de retração da economia. Em 2015 e 2016, as atividades não saúde caíram 3,4% e 3,0% respectivamente, enquanto as atividades relacionadas à saúde tiveram uma variação negativa de 0,1% e 1,3%.
As atividades relacionadas à saúde ganharam participação no total de postos de trabalho no país, passando de 5,3% do total das ocupações, em 2010, para 7,4%, em 2019. O pessoal ocupado nas atividades de saúde cresceu, entre 2010 e 2019, 49,2% enquanto os postos de trabalho das outras atividades, não relacionadas à saúde, apresentaram um crescimento de apenas 5,7%. A Saúde privada foi a atividade relacionada à saúde que teve o maior crescimento em número de ocupações: 62,9%.
Em termos de remunerações, o rendimento médio anual das ocupações na economia brasileira era de R$ 35.300, enquanto nas atividades relacionadas à saúde era de R$ 47.254. Os maiores rendimentos médios anuais eram os da Fabricação de Produtos Farmacêuticos, bem superiores às remunerações da Saúde Pública (R$ 59.243), Saúde Privada (R$ 42.505) e do Comércio de Produtos Farmacêuticos (R$ 37.105).