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PEVS 2019: valor da produção da silvicultura e da extração vegetal cai 2,7% e fica em R$ 20 bilhões

15/10/2020 10h00 | Atualizado em 15/10/2020 16h46

A queda de 2,7% em relação a 2018 aconteceu após três anos consecutivos de crescimento. Como ocorre desde o ano 2000, o valor da produção da silvicultura superou o da extração vegetal.

Em 2019, a silvicultura contribuiu com 77,7% (R$ 15,5 bilhões) do valor da produção florestal (R$ 20,0 bilhões), com queda de 5,0% em relação a 2018, após três anos consecutivos de crescimento. Já a participação da extração vegetal (coleta de produtos em matas e florestas nativas) foi de 22,3% (R$ 4,5 bilhões), com alta de 6,4% frente a 2018. Dos nove grupos de produtos que compõem a exploração extrativista, sete tiveram aumento no valor de produção.

Os produtos madeireiros representam 64,5% da extração vegetal, seguidos pelos alimentícios (27,4%), ceras (5,3%) e oleaginosos (2,3%). Entre os produtos extrativos não madeireiros, destaca-se a carnaúba (pó) e o pinhão, com altas de 15,8% e 13,6%, respectivamente, no valor da produção.

A madeira representa 97,3% do valor de produção da silvicultura. Houve redução de 5,3% no valor da produção dos produtos madeireiros da silvicultura e aumento de 8,8% no da extração vegetal.

A área de floresta plantada do país soma 10 milhões de hectares. A produção de eucalipto para a indústria de papel e celulose ocupa 7,6 milhões de hectares, enquanto o Pinus está em 2 milhões de hectares e outras espécies, em 387 mil hectares. Enquanto 42,6% das áreas de eucalipto concentraram-se no Sudeste, 51,6% das florestas de pinus estão na região Sul.

O Sul e o Sudeste do país respondem por 63,8% do valor de produção da produção florestal, principalmente devido às suas florestas plantadas.

Apesar da retração de 5,4%, Minas Gerais continua a ter maior valor da produção (R$ 4,4 bilhões) que representa 28,3% do valor nacional da silvicultura, com o Paraná (R$ 3,1 bilhões) a seguir. João Pinheiro (MG) teve o maior valor da produção em 2019 (R$ 263,7 milhões).

As informações são da pesquisa da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2019, que investiga 37 produtos do extrativismo vegetal e sete da silvicultura em todos os municípios brasileiros.

Silvicultura recuou 5,0%, devido à queda no valor da produção de celulose

Após três anos de crescimento, o valor de produção da silvicultura caiu 5,0% atingindo R$ 15,5 bilhões. A principal influência foi a redução de 11,0% no valor da produção da celulose para R$ 4,5 bilhões. Com isso, a participação da silvicultura no valor da produção florestal ficou em 77,7%, enquanto o extrativismo vegetal passou a responder por 22,3%.

Em 2019, os preços da celulose no mercado internacional recuaram, e a produção caiu 15,1%. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), em 2019, a celulose ocupou o 4º lugar no ranking das exportações do país.

Com a segunda posição na geração de valor da silvicultura, a madeira em tora para outras finalidades representou 28,9% do total do setor, somando R$ 4,5 bilhões, redução de 3,0% no valor de produção. Em termos quantitativos, a queda foi de 2,8%, compatível com a retração também registrada no valor da produção.

Lenha foi o único produto madeireiro em alta, em 2019

Entre os produtos madeireiros da silvicultura, a lenha foi o único que teve crescimento do valor da produção (1,1%). O carvão vegetal, que no ano anterior destacou-se devido a um acentuado aumento, mostrou ligeira queda em 2019, tanto na quantidade (1,5%), quanto em valor de produção (4,0%), que chegou a R$ 3,9 bilhões.

Já no grupo de não madeireiros da silvicultura, o valor de produção de todos os produtos cresceu. A resina, produto mais representativo desse grupo, registrou aumento de 2,6%, com R$ 371,7 milhões, cabendo a São Paulo uma participação de 62,2% no volume nacional. A casca de acácia-negra destacou-se, com alta de 29,4% em quantidade e 36,4% em valor, sendo o Rio Grande do Sul responsável pela totalidade dessa produção.

Minas Gerais segue com o maior valor de produção florestal do país 

Minas Gerais segue com o maior valor da produção da silvicultura, com R$ 4,4 bilhões. É também o maior produtor de carvão vegetal, respondendo por 86,8% do volume nacional. Apesar da queda na quantidade de carvão gerada no País, em Minas Gerais houve alta de 2,2%. Mas o valor da produção caiu 2,0%. 

O Paraná é o segundo em valor de produção, (R$ 3,1 bilhões) e registrou alta de 6,2% na madeira em tora para outras finalidades, alcançando 17,9 milhões de metros cúbicos, ou 34,2% do total nacional, mantendo-se como o maior produtor do País. Com produção estimada de 12,6 milhões de metros cúbicos, 24,6% do total nacional, o estado destacou-se ainda na produção de lenha com origem em florestas plantadas, superando o Rio Grande do Sul, que teve queda de 6,9%.

Mato Grosso do Sul, destaque no ano anterior, permanece como o maior produtor nacional de madeira em tora para papel e celulose, porém com queda de 16,6% na quantidade, somando 14,6 milhões de metros cúbicos. A retração foi reflexo do que ocorreu em todo o setor, devido aos baixos preços da celulose em 2019. 

João Pinheiro (MG) é o município líder em silvicultura 

Liderando o ranking dos municípios, João Pinheiro (MG) apresentou o maior valor de produção da silvicultura (R$ 263,7 milhões) em 2019. O município também é líder nacional na produção de carvão de eucalipto, que cresceu 7,4% em quantidade em relação a 2018. Três Lagoas (MS) gerou o segundo maior valor da silvicultura (R$ 247,3 milhões) e destacou-se na produção de madeira em tora de eucalipto para papel e celulose, que teve retração de 11,0%, no ano.

Completando o grupo dos dez maiores valores da produção da silvicultura em 2019 vinham quatro municípios mineiros (Itamarandiba, Curvelo, Três Marias e Buritizeiro), três paranaenses (General Carneiro, Telêmaco Borba e Cerro Azul) e Ribas do Rio Pardo (MS). 

Área de florestas plantadas do país cresceu 1,2% frente a 2018

A área total de florestas plantadas no país cresceu 1,2%, somando 10 milhões de hectares principalmente nas regiões Sudeste e Sul (70%). Houve incremento de 118,1 mil hectares de cobertura; dos quais cerca de 79,4 mil hectares correspondem às áreas de eucalipto, que representam 76,3% da área total. Juntos, eucalipto (7,6 milhões de hectares) e pinus (2 milhões de hectares) foram responsáveis pela cobertura de 96,1% das áreas cultivadas com florestas plantadas para fins comerciais. Outras espécies somam 387 mil hectares.

O Sudeste superou o Sul e, desponta como a Região com a maior área de florestas plantadas do País (35,3%). A diferença entre as duas Regiões é de 56,9 mil hectares e reflete a tendência de ampliação da área de silvicultura no Sudeste, detectada no ano anterior. 

Em 2019, todos os grupos de madeireiros pesquisados indicaram predomínio da produção à base de madeira de eucalipto no território nacional. Na indústria de papel e celulose, enquanto o eucalipto serve de matéria-prima para produção de celulose de fibra curta, utilizada principalmente na produção de papéis como os de imprimir, escrever e para fins sanitários, a madeira de pinus destina-se à produção de celulose de fibra longa, utilizada na produção de papel de qualidade superior e que demanda maior resistência.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, o Brasil é o terceiro país que mais emprega trabalhadores formais no setor florestal, após a China e os Estados Unidos. 

Minas Gerais segue registrando a maior área de florestas plantadas, com mais de 2 milhões de hectares, crescimento de 0,8% em relação a 2018, sendo sua quase totalidade com eucalipto. O Paraná vem em seguida com 1,5 milhão de hectares, dos quais 53,4% destinados ao desenvolvimento de pinus.

Um total de 3.523 municípios registraram área florestal plantada. Entre os dez Municípios com as maiores áreas de florestas plantadas do Brasil, cinco estão em Mato Grosso do Sul; três, no Paraná; um, em Minas Gerais; e um, na Bahia. 

Os municípios sul-mato-grossenses de Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo apresentaram as maiores áreas de florestas plantadas do país, com 263,7 mil hectares e 217,3 mil hectares, respectivamente, seguidos por Telêmaco Borba (PR), com 159 mil hectares. Esses três municípios estão sob influência de indústrias de papel e celulose.

Ranking dos municípios com maiores áreas de florestas plantadas, por grupo de espécies florestais
Posição Municípios  Eucalipto (ha) Pinus (ha) Outras espécies (ha) TOTAL (ha)
1 Três Lagoas – MS 263.690 0 0 263.690
2 Ribas do Rio Pardo – MS 213.931 3.360 0 217.291
3 Telêmaco Borba – PR 89.400 69.450 150 159.000
4 Água Clara – MS 131.942 334 0 132.276
5 Brasilândia – MS 128.600 0 0 128.600
6 João Pinheiro – MG 105.500 0 0 105.500
7 Ortigueira – PR 58.100 33.000 0 91.100
8 Caravelas – BA 88.074 0 0 88.074
9 Selvíria – MS 87.321 0 0 87.321
10 Reserva – PR 45.620 33.520 0 79.140

Extrativismo cresce 6,4%, com alta em 7 dos seus 9 grupos

Em 2019, o valor da produção obtido por meio da extração vegetal cresceu 6,4%, totalizando R$ 4,5 bilhões. Dos nove grupos de produtos que compõem a exploração extrativista na pesquisa, sete registraram aumento.

O grupo dos produtos madeireiros, que teve a maior participação no valor de produção do extrativismo (64,5%), registrou alta de 8,8% em relação a 2018. Ao longo dos últimos anos, a produção extrativa de madeira vinha perdendo espaço, sendo gradativamente substituída pela madeira de florestas cultivadas. Em 2019, entretanto, não houve acréscimo significativo da área de florestas plantadas, e foi detectada, ainda, retração no setor de silvicultura. 

Entre os produtos madeireiros do extrativismo, a madeira em tora, com maior participação no valor de produção do grupo, registrou alta de 3,6% na produção, alcançando 12,0 milhões de metros cúbicos, e aumento de 10,8% no valor da produção, totalizando R$ 2,9 bilhões. 

Pará e de Mato Grosso responderam por quase dois terços da quantidade extraída de madeira em tora. O Pará, que ocupa a primeira posição, com 3,8 milhões de metros cúbicos, registrou alta de 15,8% na produção e de 18,8% do valor da produção. O carvão vegetal extrativo apresentou maior aumento de volume (10,1%), totalizando 372,2 mil toneladas no ano. Apenas a lenha registrou queda em valor da produção (5,1%) e em quantidade (4,8%). 

Açaí segue com o maior valor de produção (R$ 588,6 mi) entre os alimentícios

Os produtos extrativos não-madeireiros registraram crescimento de 2,3% no valor da produção, totalizando R$ 1,6 bilhão. Esse tipo de atividade extrativista exerce grande relevância para os povos e comunidades tradicionais, contribuindo para a ocupação da mão-de-obra e distribuição de renda. 

O grupo dos alimentícios, o maior entre os não-madeireiros da extração vegetal, apresentou discreto aumento do valor da produção (0,8%), totalizando R$ 1,2 bilhão. O açaí continuou registrando a maior participação, em termos de valor, nesse grupo (48,3%).

O açaí amazônico é coletado de uma palmeira nativa da região, tendo 92,1% de sua extração concentrada nos estados da Região Norte. Em 2019, a produção somou 222,7 mil toneladas, 0,5% acima da obtida no ano anterior. Em termos de valor, entretanto, houve retração de 0,6%, totalizando R$ 588,6 milhões.

O Pará registrou a maior produção de açaí, com 151,8 mil toneladas, o que representa um volume 2,8% maior que o observado no ano anterior. No ranking dos 10 Municípios que registraram os maiores volumes em 2019, oito são paraenses, sendo que o Município de Limoeiro do Ajuru segue ocupando a posição de maior produtor nacional de açaí extrativo, respondendo, sozinho, por 18,9% do total nacional. 

Extração de erva-mate cresce 4,5% e chega a 362,5 mil toneladas 

A extração de erva-mate, concentrada na Região Sul, chegou a 362,5 mil toneladas, com alta de 4,5% frente a 2018. O valor de produção da erva-mate (R$ 393,2 milhões) recuou 1,7%, mas ainda é o segundo maior entre os produtos não-madeireiros. Os dez municípios de maior produção são do Paraná, liderados por Cruz Machado, que concentra 15,3% do total nacional.

Atualmente, o maior volume de açaí e erva-mate produzidos no país tem origem em áreas cultivadas, acompanhadas pela Produção Agrícola Municipal (PAM). 

 Após a alta em 2018, a produção da castanha-do-pará caiu 3,7%, alcançando 32,9 mil toneladas. No entanto, seu valor da produção cresceu 3,7% e chegou a R$ 135,8 milhões. O Amazonas é o maior produtor, com 12,2 mil toneladas. Entre os municípios, Humaitá (AM) lidera, concentrando 13,7% da produção nacional.

Outro destaque entre os não-madeireiros foi a carnaúba (pó), tanto em volume, alta de 8,5%, alcançando 19,5 mil toneladas; como em valor, incremento de 15,8%, totalizando R$ 219,1 milhões. O Piauí foi o principal produtor, respondendo por 56,4% do volume nacional. Entre os municípios, Granja (CE) lidera com 1,6 mil toneladas. No ranking dos 10 municípios com a maior produção, cinco são piauienses, quatro cearenses e um maranhense.