PNAD Covid19: até julho, 13,3 milhões de pessoas tinham feito o teste para coronavírus no Brasil
20/08/2020 09h00 | Atualizado em 20/08/2020 13h57
Desde o início da pandemia até julho de 2020, cerca de 13,3 milhões de pessoas (ou 6,3% da população brasileira) já haviam feito algum teste para diagnóstico da Covid19 no país. Cerca de 20,4% dos testados (ou 2,7 milhões de pessoas) obtiveram resultado positivo e 79,6% não tiveram resultado positivo no teste (ou nos testes) que realizaram.
A realização de testes foi um dos seis novos temas abordados em julho pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Covid19), que é parte das Estatísticas Experimentais do IBGE. Os outros temas são: Comorbidades, Comportamento (frente ao isolamento social), Indicadores Escolares, Solicitação e Aquisição de Empréstimos e Itens de Higiene e Proteção. Saiba mais sobre as ações do IBGE no combate à pandemia no hotsite covid19.ibge.gov.br.
Em julho, na população brasileira (estimada em 211,1 milhões), havia 47,2 milhões de pessoas (ou 22,4% da população) com alguma das comorbidades pesquisadas, sendo a hipertensão a mais frequente (12,8%). As demais prevalências foram: asma ou bronquite ou enfisema (5,7%); diabetes (5,3%); depressão (3,0%); doenças do coração (2,7%) e câncer (1,1%). O percentual de pessoas com alguma doença crônica e que testou positivo para a Covid19 foi de 1,6%.
Quanto ao comportamento diante da pandemia, 4,1 milhões (2,0% da população) não adotaram qualquer medida de restrição em julho; 64,4 milhões (30,5%) reduziram o contato mas continuaram saindo de casa; 92,0 milhões (43,6%) ficaram em casa e só saíram em caso de necessidades básicas e 49,2 milhões (23,3%) ficaram rigorosamente isolados.
Cerca de 45,3 milhões de pessoas de 6 a 29 anos de idade frequentavam escola ou universidade, representando 58,7% da população desta faixa etária. Em relação à disponibilização de atividades escolares, 72,0% desse grupo teve atividades, 19,1% não teve e 8,9% não teve porque estava de férias. O contingente de pessoas que frequentavam escola mas não tiveram atividades em julho foi de 8,7 milhões, e o daqueles que tiveram atividades foi de 32,6 milhões.
Do total de 68,5 milhões de domicílios, em cerca de 4 milhões (5,9%) algum morador solicitou empréstimo, em cerca de 3,3 milhões (4,8%) algum morador solicitou empréstimo e foi atendido, e em 762 mil (1,1%) algum morador solicitou o empréstimo e o empréstimo não foi concedido. Destaca-se que cerca de 82% daqueles que solicitaram empréstimo foram atendidos.
Dos 68,5 milhões de domicílios nos quais foi investigada a existência de itens básicos de higiene e proteção, em quase todos havia sabão ou detergente (99,6%), máscara (99,3%) e água sanitária ou desinfetante (98,1%). O “álcool 70%” estava presente em 95,8% dos domicílios, enquanto as luvas descartáveis estavam presentes em somente 43,2% das unidades domiciliares.
Sobe a proporção de domicílios que receberam auxílio emergencial
A proporção de domicílios do país que receberam algum auxílio emergencial relacionado à pandemia passou de 43,0% em junho para 44,1% em julho, com valor médio do benefício em R$ 896 por domicílio. O percentual de domicílios recebendo o auxílio aumentou em todas as Grandes Regiões. As Regiões Norte e Nordeste foram as que apresentaram os maiores percentuais, 60,6% e 59,6%, respectivamente.
O nível da ocupação, isto é, o percentual de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade de trabalhar, passou de 49,0% em junho para 47,9%, em julho. Dos 81,5 milhões de ocupados em julho, 9,7 milhões estavam afastados do trabalho na semana de referência, dos quais 6,8 milhões estavam afastados devido ao distanciamento social. Esses dois contingentes caíram, respectivamente, 34,0% e 42,6% em relação a junho.
De junho para julho, a proporção de pessoas afastadas devido à pandemia no total de pessoas ocupadas caiu de 14,2% para 8,3%. Com exceção do Mato Grosso, todas as Unidades da Federação mostraram queda nesse indicador.
Nas cinco regiões, o número de horas trabalhadas para as pessoas que estavam ocupadas voltou a crescer, refletindo a retomada gradual das atividades. O número médio de horas habituais foi 40,1 horas por semana e o das que de fato foram trabalhadas na semana de referência foi, em média, 32,2 horas.
O total de pessoas desocupadas em julho foi de 12,3 milhões, 3,7% acima do total de junho (em termos absolutos, equivale a 438 mil pessoas). O Centro-Oeste foi a única região a apresentar queda da população desocupada (-3,8%), enquanto Norte (5,4%) e Sudeste (5,3%) apresentaram as maiores variações.
No Brasil, segundo os resultados da PNAD COVID, a taxa de desocupação aumentou em 0,7 pontos percentuais de junho para julho (passou de 12,4% para 13,1%). A taxa em julho foi maior que em junho em todas as Grandes Regiões, exceto na Região Centro-Oeste, cujos valores, em ordem decrescente, em julho foram: Nordeste (14,0%), Sudeste (13,7%), Norte (13,1%), Centro-Oeste (12,2%), e Sul (10,3%).
A população fora da força de trabalho, em julho, foi estimada em 76,5 milhões de pessoas (+2,1% em relação a junho). Deste total, 36,9% (28,2 milhões) gostariam de trabalhar, mas não buscaram trabalho, e 24,8% (19,0 milhões) não buscaram trabalho devido à pandemia ou à falta de trabalho na localidade, mas gostariam de trabalhar. Em junho, entre as pessoas que embora quisessem trabalhar não o fizeram, 66,7% alegaram como principal motivo a pandemia ou a falta de trabalho na localidade. Em julho, esta proporção subiu para 67,0%.
Rendimento domiciliar per capita tem alta de 2,9%
O rendimento médio real domiciliar per capita efetivamente recebido em julho foi de R$ 1.271, ou seja, 2,9% acima do valor de junho (R$1.236). As regiões Nordeste e Norte apresentaram os menores valores, R$ 899 e R$ 903, respectivamente.
O rendimento médio domiciliar per capita dos domicílios onde nenhum dos moradores recebia algum auxílio do governo concedido em função da pandemia (R$ 1.760) era, em média, mais de duas vezes superior ao daqueles onde algum morador recebia o auxílio (R$ 797). Essa proporção se manteve nas cinco regiões.
Os estados do Norte e Nordeste tinham as maiores proporções de domicílios onde um dos moradores é beneficiário de algum programa de auxílio emergencial. Três estados da região Norte estão entre os cinco com maior percentual: Amapá (68,8%); Maranhão (65,8%); Pará (64,5%); Alagoas (62,8%) e Amazonas (62,6%). Na sequência estão os demais estados do Nordeste e Norte, todos, exceto Rondônia (48,5%), com mais da metade dos domicílios recebendo auxílio emergencial. Todos os estados das demais regiões ficaram abaixo de 50%. No Sul, Rio Grande do Sul (29,6%) e de Santa Catarina (24,5%) tinham as menores proporções.
Sintomas de síndrome gripal atingem 6,5% da população, na maioria mulheres
Em julho, 13,8 milhões de pessoas (ou 6,5% da população) apresentaram algum dos sintomas de síndrome gripal pesquisados. Em maio eram 11,4% da população com algum sintoma e, em junho, 7,3%. O sintoma de perda de cheiro ou de sabor foi referido por 0,8% da população, equivalente a 1,8 milhões de pessoas; já ter tido tosse, febre e dificuldade para respirar, assim como tosse, febre e dor no peito, foi declarado por 0,3% da população, respectivamente 666 mil e 540 mil pessoas.
No total, 2,1 milhões de pessoas (ou 1,0% da população) apresentaram sintomas conjugados de síndrome gripal que podiam estar associados à Covid19 (perda de cheiro ou sabor ou febre, tosse e dificuldade de respirar ou febre, tosse e dor no peito).
Com relação às Grandes Regiões, em maio e junho, a Região Norte havia apresentado o maior percentual de pessoas com algum sintoma de síndrome gripal (8,9%, equivalente a 1,6 milhões de pessoas em junho), entretanto, em julho a Região Centro-Oeste, que tinha o menor percentual naqueles meses, passou a frente, ficando com 7,1% de pessoas com algum sintoma.
Entre as pessoas que apresentaram algum dos sintomas pesquisados de síndromes gripais, 57,3% eram mulheres, 49,5% tinham entre 30 e 59 anos, 56,6% se declararam de cor preta ou parda e 35,1% eram sem instrução ou com fundamental incompleto. Em relação ao sexo, observou-se tendência de crescimento na participação de mulheres com algum sintoma, e o mesmo foi verificado para as pessoas de 60 anos ou mais de idade. Em maio, 14,8% das pessoas com algum sintoma situavam-se neste grupo etário, passando para 15,8% em junho e para 16,4% em julho. A participação da população sem instrução entre as pessoas com algum sintoma também cresceu, passando de 32,8% em maio para 35,1% em julho.
Em julho, cerca de 22,8% (ou 3,1 milhões) das pessoas que apresentaram algum dos sintomas pesquisados procurou atendimento em estabelecimento de saúde. A maioria das pessoas procurou atendimento em estabelecimentos públicos de saúde (postos de saúde, equipe de saúde da família, UPA, Pronto Socorro ou Hospital do SUS), 75,3% entre as com algum sintoma (2,4 milhões de pessoas) e 75,7% entre as com algum dos sintomas conjugados (806 mil pessoas).
Entre as pessoas que procuraram atendimento em hospitais, 11,2% (138 mil, eram 115 mil em junho) das que apresentaram algum dos sintomas pesquisados e 14,6% (71 mil, eram 57 mil em junho) das que apresentaram algum dos sintomas conjugados precisaram ficar internadas. A maior parte dessas pessoas internadas eram homens (53,4% e 53,6%, respectivamente) e de cor preta ou parda (56,4% e 57,0%, respectivamente).
Testagem foi maior no Distrito Federal e menor em Pernambuco
A Unidade da Federação com o maior percentual de testes realizados foi o Distrito Federal (16,7%), seguida por Amapá (11,0%) e Piauí (10,5%). Por outro lado, Pernambuco registrou o menor percentual (4,1%), seguido por Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul (os três com 4,5%).
Considerando o tipo do teste, das 13,3 milhões de pessoas que fizeram algum teste, 4,7 milhões de pessoas fizeram o SWAB e 25,5% testou positivo; 6,4 milhões fizeram o teste rápido com coleta de sangue através do furo no dedo e 15,9% testou positivo; enquanto 4,0 milhões fizeram o teste de coleta de sangue através da veia no braço, sendo 24,6% com Covid confirmada.
Quanto maior o nível de escolaridade, maior foi o percentual de pessoas que fez algum teste. Entre as pessoas sem instrução ao fundamental incompleto, 3,1% e, entre aqueles com superior completo ou pós-graduação, 14,2%. E quanto maior a classe de rendimento domiciliar per capita, maior o percentual de pessoas que realizaram algum teste para Covid19, chegando a 14,2% para as pessoas pertencentes ao décimo mais elevado, e abaixo de 4,0% nos dois primeiros décimos.
Mulheres e idosos obedecem mais às restrições de isolamento
Em relação às medidas restritivas de isolamento, as mulheres registraram percentuais maiores que os verificados para os homens no cumprimento dessas recomendações. Em relação aos grupos de idade, a restrição ficou maior entre aqueles até 13 anos de idade e entre os com 60 anos ou mais – para estes, 84,5% ficou em casa saindo apenas em caso de necessidade ou ficou rigorosamente em casa.
Na região Norte, quase 40% das crianças do fundamental e quase metade das do ensino médio ficaram sem atividades escolares para realizar durante o mês de julho. Por outro lado, no Sul, 91,7% das crianças do fundamental e quase 90% das do ensino médio conseguiram ter atividades escolares para realizar.
As pessoas pertencentes às classes mais baixas de rendimento domiciliar per capita em salários mínimos tiveram percentuais maiores de crianças e adolescentes sem atividades. Entre os que viviam em domicílios com rendimento per capita de até meio salário mínimo, 24,2% não tiveram atividades escolares, contra 9,5% nos domicílios com rendimento domiciliar per capita de 4 ou mais salários mínimos.
Na análise dos pedidos de empréstimos segundo as fontes, a categoria Banco ou Financeira foi a mais frequente (75,7%). O percentual de domicílios onde algum morador conseguiu empréstimo com amigos ou parentes ficou em 23,6%. O mesmo comportamento foi observado em todas as regiões.
Já os itens básicos de higiene e proteção estão mais presentes em domicílios com rendimento per capita mais elevado. Destaca-se a menor presença de álcool 70% entre domicílios com menos de meio salário mínimo per capita na Região Norte (90,5%).