IPCA-15 fica em -0,01% em abril
28/04/2020 09h00 | Atualizado em 28/04/2020 09h00
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve variação de -0,01% em abril. Foi o menor resultado para um mês de abril desde o início do Plano Real e ficou 0,03 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de março (0,02%). Em abril de 2019, a taxa fora de 0,72%. Em 2020, o IPCA-15 acumula alta de 0,94% e, em 12 meses, a variação acumulada foi de 2,92%, abaixo dos 3,67% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Seis dos nove grupos pesquisados tiveram deflação em abril.
Período | TAXA | |||
---|---|---|---|---|
Abril de 2020 | -0,01% | |||
Março de 2020 | 0,02% | |||
Abril de 2019 | 0,72% | |||
Acumulado no ano | 0,94% | |||
Acumulado nos últimos 12 meses | 2,92% |
Transportes (-1,47%) foi o grupo com a contribuição negativa mais intensa (-0,30 p.p.) para o índice de abril, assim como aconteceu em março, quando esse grupo já havia apresentado queda (-0,80%). Outros cinco grupos também tiveram deflação em abril, com destaque para os Artigos de residência (-3,19%), que contribuíram com -0,12 p.p no índice do mês.
No lado das altas, o grupo Alimentação e bebidas (2,46%) acelerou em relação a março (0,35%) e teve o maior impacto (0,48 p.p.) sobre o IPCA-15 de abril. Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,32% em Saúde e cuidados pessoais e a alta de 0,12% em Habitação.
Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) | ||
---|---|---|---|---|
Março | Abril | Março | Abril | |
Índice Geral | 0,02 | -0,01 | 0,02 | -0,01 |
Alimentação e bebidas | 0,35 | 2,46 | 0,07 | 0,48 |
Habitação | -0,28 | 0,12 | -0,04 | 0,02 |
Artigos de residência | -0,05 | -3,19 | 0,00 | -0,12 |
Vestuário | -0,22 | 0,01 | -0,01 | 0,00 |
Transportes | -0,80 | -1,47 | -0,17 | -0,30 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,84 | -0,32 | 0,11 | -0,04 |
Despesas pessoais | 0,03 | -0,28 | 0,00 | -0,03 |
Educação | 0,61 | -0,01 | 0,04 | 0,00 |
Comunicação | 0,33 | -0,30 | 0,02 | -0,02 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. |
A queda em Transportes (-1,47%) deve-se principalmente ao recuo nos preços dos combustíveis (-5,76%). A gasolina (-5,41%), o etanol (-9,08%) e o óleo diesel (-4,65%) tiveram quedas mais intensas que as do mês anterior e contribuíram, juntos, com -0,35 p.p. de impacto no IPCA-15 de abril. A gasolina, em particular, exerceu o mais intenso impacto negativo (-0,27 p.p.) no índice do mês, com quedas de preço em todas as áreas pesquisadas. Ao longo de março, a Petrobras anunciou várias reduções no preço desse combustível, sendo a última (dentro do período de referência do índice) de 5,00%, em 28 de março.
Ainda em Transportes, outros itens também recuaram em abril, como o seguro voluntário de veículo (-2,74%), o transporte por aplicativo (-3,11%) e o aluguel de veículo (-7,68%). Por outro lado, as passagens aéreas subiram 14,83%, após três meses consecutivos de quedas. Além disso, o item ônibus urbano (0,36%) teve variação positiva, decorrente do reajuste de 5,00% no preço das passagens em Salvador (4,28%), vigente desde 12 de março.
Também o grupo Artigos de residência (-3,19%) contribuiu com queda de -0,12 p.p sobre o índice do mês. Os eletrodomésticos e equipamentos e os artigos de tv, som e informática, cujos preços haviam subido em fevereiro e março, registraram quedas de 7,15% e 1,95%, respectivamente. Os itens de mobiliário (-4,00%) também caíram, contribuindo com -0,04 p.p. no índice do mês. No lado das altas, ressaltam-se as variações positivas nos itens roupa de cama (0,69%), roupa de banho (0,82%), artigos de iluminação (1,15%) e utensílios de vidro e louça (1,23%).
Entre os grupos em alta, Alimentação e bebidas (2,46%) acelerou em relação ao mês anterior (0,35%) e apresentou o maior impacto do IPCA-15 de abril, com 0,48 p.p. Destaque para a alimentação no domicílio, que subiu 3,14%. A cebola (35,79%) e o tomate (17,01%) aceleraram na relação a março, quando haviam subido 7,92% e 4,93%, respectivamente.
Já a batata-inglesa passou de uma queda de 1,02% em março para alta de 21,24% em abril. A cenoura (31,67%), por sua vez, registrou variação positiva pelo quarto mês consecutivo e acumula, em 2020, alta de 102,71%.
Merecem destaque, ainda, as frutas, cujos preços subiram 8,84% em abril, contribuindo com 0,07 p.p. no IPCA-15 do mês. Já os preços das carnes (-0,27%) recuaram pelo terceiro mês consecutivo, embora menos intensamente do que fevereiro (-5,04%) e março (-1,81%).
A alimentação fora do domicílio também acelerou de março (0,03%) para abril (0,94%), influenciada pela alta do lanche (3,23%). O item refeição (0,05%) ficou próximo da estabilidade.
Em Habitação (0,12%), destacam-se, em particular, as altas do gás de botijão (0,82%) e da taxa de água e esgoto (0,28%), esta última decorrente do reajuste médio de 6,23% em uma das concessionárias de Porto Alegre (2,65%), vigente desde 21 de março. No item energia elétrica (-0,10%), a maior variação foi observada no Rio de Janeiro (5,21%), por conta dos reajustes aplicados nas tarifas residenciais de duas concessionárias, ambos válidos a partir de 15 de março. Vale lembrar que, em abril, permanece em vigor a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. Por fim, destaca-se que o resultado do item gás encanado (-0,27%) é consequência da redução média de 0,85% nas tarifas em São Paulo (-0,45%), aplicada a partir de 2 de março.
Seis das onze regiões pesquisadas tiveram deflação em abril. O maior índice foi na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,61%), influenciado pela alta da energia elétrica. Já o menor resultado foi no município de Goiânia (-0,52%), por conta das quedas nos preços dos combustíveis (-8,13%), especialmente gasolina (-6,93%) e etanol (-14,38%).
Região | Peso Regional (%) | Variação Mensal (%) | Variação Acumulada (%) | ||
---|---|---|---|---|---|
Março | Abril | Ano | 12 meses | ||
Rio de Janeiro | 9,77 | -0,03 | 0,61 | 1,03 | 2,27 |
Recife | 4,71 | 0,32 | 0,17 | 1,42 | 2,59 |
Salvador | 7,19 | 0,10 | 0,09 | 1,16 | 2,64 |
Fortaleza | 3,88 | 0,44 | 0,02 | 1,81 | 3,76 |
Belo Horizonte | 10,04 | 0,23 | 0,00 | 1,17 | 3,26 |
Porto Alegre | 8,61 | -0,20 | -0,04 | 0,74 | 2,40 |
São Paulo | 33,45 | -0,03 | -0,05 | 1,11 | 3,33 |
Belém | 4,46 | 0,05 | -0,16 | 1,04 | 3,89 |
Curitiba | 8,09 | 0,13 | -0,21 | 0,42 | 2,72 |
Brasília | 4,84 | -0,02 | -0,40 | 0,06 | 1,99 |
Goiânia | 4,96 | -0,50 | -0,52 | -0,22 | 2,87 |
Brasil | 100,00 | 0,02 | -0,01 | 0,94 | 2,92 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, SistemaNacional de Índices de Preços ao Consumidor. |
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 17 de março a 14 de abril de 2020 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 12 de fevereiro a 16 de março de 2020 (base). Em virtude da pandemia de Covid-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março, a coleta presencial de preços. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas em sites de internet, por telefone ou e-mail. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta e na abrangência geográfica.