POF 2017-2018: alimentos frescos e preparações culinárias predominam no padrão alimentar nacional
03/04/2020 10h00 | Atualizado em 03/04/2020 11h53
Cerca de metade (49,5%) das calorias totais disponíveis para consumo nos domicílios brasileiros provém de alimentos in natura ou minimamente processados, 22,3% de ingredientes culinários processados, 9,8% de alimentos processados e 18,4% de alimentos ultraprocessados.
A evolução da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil, estimada com base nas POFs realizadas em 2002-2003, 2008-2009 e 2017-1018, indica que alimentos in natura ou minimamente processados e ingredientes culinários processados vêm perdendo espaço para alimentos processados e, sobretudo, para alimentos ultraprocessados.
Nas Regiões Norte e Nordeste, no meio rural e entre famílias com menor renda, a participação de alimentos in natura ou minimamente processados e de ingredientes culinários estava bem acima da média do país, ultrapassando três quartos da disponibilidade domiciliar de alimentos.
Nas Regiões Sul e Sudeste e entre famílias com maior renda, embora alimentos in natura ou minimamente processados e ingredientes culinários processados ainda predominem, alimentos ultraprocessados já representam mais de um quinto das calorias adquiridas. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, alimentos ultraprocessados correspondem, respectivamente, a 11,4%, 14,4% e 16,6% do total de calorias.
No que se refere à aquisição alimentar domiciliar per capita anual no Brasil em 2017-2018, destacam-se os seguintes grupos de alimentos: Bebidas e infusões (52,475 kg), Laticínios (32,211 kg), Cereais e leguminosas (27,757 kg), Frutas (26,414 kg), Hortaliças (23,775 kg) e Carnes (20,762 kg).
Entre a POF 2002-2003 e a de 2017-2018, a quantidade média per capita anual de Arroz adquirida nos domicílios brasileiros caiu 37%, variando de 31,578 kg para 19,763 kg no período. Já as aquisições médias per capita de Feijão, por sua vez, caíram 52% no mesmo período, variando de 12,394 kg, em 2002-2003, para 5,908 kg na POF 2017-2018.
Essas e outras informações fazem parte do módulo Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos no Brasil da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2017-2018, fruto de uma parceria do IBGE com o Ministério da Saúde. O material de apoio da divulgação está à direita desta página.
Entre 2002 e 2018, brasileiro adquire menos arroz e feijão e mais ovos para consumo no domicílio
Uma análise histórica por produtos selecionados revelou que o arroz com feijão, composição tradicional das refeições no Brasil, apresentou uma redução considerável nas quantidades adquiridas para o consumo domiciliar. Enquanto na POF 2002-2003, a quantidade média per capita adquirida de Arroz foi de 31,578 kg, na POF 2017-2018 ela foi de 19,763 kg, queda de 37%. As aquisições médias de Feijão, por sua vez, foram de 12,394 kg, em 2002-2003, para 5,908 kg na POF 2017-2018, redução de 52%.
Outros produtos como o leite e as farinhas também apresentaram diminuição importante. A Farinha de mandioca (2,332 kg) e a Farinha de trigo (2,229 kg) são os dois produtos selecionados que apresentaram os maiores percentuais de queda na aquisição média per capita entre as POFs 2002-2003 e 2017-2018, 70% e 56% respectivamente. O produto Leite, por sua vez, teve uma redução, entre as três pesquisas, em torno de 42%, indo de 44,405 kg em 2002-2003 para 25,808 kg em 2017-2018.
Outros produtos que merecem destaque são os açúcares. O Açúcar cristal foi de uma aquisição média per capita de 12,162 kg no período de 2002-2003 para 6,048 kg em 2017-2018, queda de 50%.
Entre os produtos que apresentaram aumento de suas quantidades per capita médias adquiridas entre os períodos de realização das POFs nacionais, destacam-se os Ovos (94%), os Alimentos preparados e misturas industriais (56%), as Bebidas alcoólicas (19%) e as Bebidas não alcoólicas (17%).
Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, segundo os produtos selecionados - Brasil - 2002/2018 |
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Produtos selecionados | Aquisição alimentar domiciliar per capita anual (kg) | ||
POF 2002-2003 | POF 2008-2009 | POF 2017-2018 | |
Arroz | 31,578 | 26,499 | 19,763 |
Feijão | 12,394 | 9,121 | 5,908 |
Cebola | 3,471 | 3,234 | 3,104 |
Tomate | 5,000 | 4,916 | 4,209 |
Batata inglesa | 5,271 | 4,037 | 4,017 |
Banana | 7,008 | 7,678 | 7,078 |
Laranja | 4,692 | 5,437 | 4,299 |
Farinha de mandioca | 7,766 | 5,330 | 2,332 |
Farinha de trigo | 5,083 | 3,397 | 2,229 |
Macarrão | 4,286 | 4,143 | 3,117 |
Pão Francês | 12,333 | 12,529 | 9,491 |
Carnes Bovinas | 16,891 | 17,035 | 13,352 |
Carnes Suínas | 5,694 | 5,551 | 4,880 |
Frango | 13,572 | 13,015 | 12,240 |
Ovos | 1,716 | 3,217 | 3,328 |
Leite | 44,405 | 37,092 | 25,808 |
Açúcar cristal | 12,162 | 8,038 | 6,048 |
Açúcar refinado | 6,106 | 3,160 | 3,704 |
Bebidas alcoólicas | 5,670 | 6,798 | 6,724 |
Bebidas não alcoólicas | 36,415 | 40,826 | 42,723 |
Alimentos preparados e misturas industriais | 2,560 | 3,506 | 3,992 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003/2008-2009/2017-2018. Nota: As quantidades de produtos adquiridos na forma líquida foram transformadas em kg, considerando-se volume igual a peso. |
Aquisição de cereais, farinhas e laticínios caiu em todos os quintos de rendimento
Na análise por rendimento, os grupos Cereais e leguminosas, Hortaliças, Farinhas, féculas e massas e Laticínios apresentaram quedas das quantidades médias adquiridas para consumo nos domicílios em todos os quintos de rendimento médio mensal familiar na comparação entre a POF 2017-2018 com as duas pesquisas anteriores, de 2002-2003 e 2008-2009.
O grupo Pescados, na POF 2017-2018, também mostrou quedas em todos os quintos, as maiores nos dois primeiros (42% e 44%, respectivamente), com exceção do último e mais alto quinto de rendimento, onde identificou-se um aumento em torno de 13% entre 2002-2003 (3,748 kg) e 2008-2009 (4,233 kg), mas uma queda de 33% entre 2008-2009 e 2017-2018 (2,835 kg).
Entre as pesquisas de 2002-2003 e 2017-2018, para o grupo Bebidas e infusões, observou-se que houve altas nos três primeiros quintos de rendimento (83%, 46% e 10%, respectivamente). No entanto, observou-se quedas nos dois maiores quintos de rendimento entre 2008-2009 e 2017-2018 (6% e 5%, respectivamente).
Aquisição domiciliar per capita de cereais é maior na área rural
No que se refere à aquisição alimentar domiciliar per capita anual no Brasil em 2017-2018, destacam-se os seguintes grupos de alimentos: Bebidas e infusões (52,475 kg), Laticínios (32,211 kg), Cereais e leguminosas (27,757 kg), Frutas (26,414 kg), Hortaliças (23,775 kg) e Carnes (20,762 kg).
Ao se observar a situação do domicílio, no recorte urbano a média anual per capita da aquisição do grupo Bebidas e infusões (56,807 kg) foi cerca de 8% maior que a média nacional, enquanto no recorte rural (27,415 kg), a média foi 48% menor. No grupo Panificados, a diferença entre a média nacional (17,723 kg) e as áreas urbana (18,706 kg, aproximadamente 6% a mais) e rural (12,038 kg, cerca de 32% a menos que a média nacional e 36% a menos que a área urbana) também foi significativa.
No grupo Frutas também houve diferença expressiva: na situação urbana a média per capita foi de 27,692 kg, cerca de 5% maior do que a média nacional, enquanto na situação rural foi de 19,026 kg, 31% a menos em relação a situação urbana e 28% em referência à média nacional. Nos grupos Cereais e leguminosas as estimativas mostraram uma relação inversa: enquanto na situação urbana, a média de 25,595 kg foi por volta de 8% menor, na situação rural, a média de 40,268 kg encontrada para o grupo Cereais e leguminosas foi, aproximadamente, 45% maior.
Região Sul tem maiores médias de aquisição domiciliar per capita em sete grupos de alimentos
Entre as Grandes Regiões, a Região Sul apresentou médias acima da nacional e das outras regiões para sete dos 17 grupos: Laticínios (48,271 kg), Frutas (31,931 kg), Hortaliças (31,333 kg), Carnes (25,566 kg), Açúcares, doces e produtos de confeitaria (15,806 kg), Óleos e gorduras (7,735 kg) e Sais e condimentos (6,492 kg). No caso grupo Carnes, pode-se destacar a Região Centro-Oeste, que apresentou uma média de 24,503 kg tendo também um resultado significativo no grupo Cereais e Leguminosas (32,661 kg), ambos acima da média Brasil.
A Região Norte, como já foi observado nas pesquisas anteriores, se destaca na média de aquisição do grupo Pescado (9,855 kg), ficando muito acima das outras regiões e da média Brasil (2,796 kg). Os grupos Aves e ovos, Farinha, féculas e massas e Cocos, castanhas e nozes apresentaram as maiores médias na Região Norte, 19,907 kg, 17,889 kg e 9,530 kg, respectivamente. Na Região Sudeste, destacam-se as médias das aquisições de Laticínios (38,449 kg), Hortaliças (25,011 kg), Panificados (18,170 kg) e Alimentos preparados e misturas industriais (5,118 kg), todas elas acima das médias nacionais. No Nordeste os destaques são os grupos de Bebidas e infusões (67,517 kg, 29% acima da média nacional) e Cereais e leguminosas (31,906 kg). Em contrapartida, também na Região Nordeste foi registrado a menor aquisição domiciliar per capita do grupo Carnes (18,664 kg), cerca de 10% menor que a média nacional de 20,762 kg.
Classes de rendimento mais baixas adquirem mais cereais, farinhas e pescados
Na análise por classes de rendimento, entre os grupos de produtos, Cereais e leguminosas (30,505 kg e 30,086 kg), Farinhas, féculas e massas (12,897 kg e 12,245 kg) e Pescados (3,359 kg e 3,091 kg) foram os únicos que apresentaram médias maiores que a média do total Brasil (27,757 kg, 11,935 kg e 2,796 kg, respectivamente) nas duas faixas de rendimentos totais mais baixas.
Para alguns grupos de produtos, a aquisição média per capita na classe de maior rendimento total supera em mais de 70% a média do total Brasil: Laticínios (75%), Hortaliças (87%), Bebidas e infusões (115%), Frutas (125%) e Alimentos preparados e misturas industriais (187%).
Metade das calorias totais disponíveis para consumo no domicílio vem de alimentos in natura ou minimanente processados
A avaliação da disponibilidade domiciliar de alimentos foi feita com base na classificação NOVA, que divide os alimentos segundo a extensão e o propósito do processamento industrial a que foram submetidos antes de sua aquisição pelos indivíduos. Esta mesma classificação também foi considerada para a elaboração do Guia alimentar para a população brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde em 2014.
A classificação NOVA compreende quatro grupos: alimentos in natura ou minimamente processados (obtidos diretamente de plantas e animais, como, por exemplo: arroz e outros cereais, legumes, carnes, castanhas, nozes, massas e leite), ingredientes culinários processados (substâncias extraídas do grupo anterior e usadas em preparações culinárias, tais como: sal, açúcar de mesa, óleos vegetais e vinagres), alimentos processados (fabricados com a adição de itens dos dois grupos anteriores, tais como: conservas de legumes, extrato de tomate, carnes salgadas e defumadas, queijos, pães e bebidas alcoólicas fermentadas) e alimentos ultraprocessados (fabricados com vários ingredientes e usando técnicas industriais, como, por exemplo: biscoitos, sorvetes, balas, doces, misturas para bolo, alimentos instantâneos e/ou congelados, salgadinhos de pacote, refrigerantes, embutidos, pães de forma e bebidas alcoólicas destiladas).
Cerca 49,5% das calorias disponíveis para consumo nos domicílios brasileiros provém de alimentos in natura ou minimamente processados, 22,3% de ingredientes culinários processados, 9,8% de alimentos processados e 18,4% de alimentos ultraprocessados.
Dentre os alimentos in natura e minimamente processados, o Arroz correspondeu a 15,6% das calorias totais, vindo, a seguir, com 5%, o Leite, com 4,6%, as Carnes de aves e, com 4,3%, o Feijão. Dos ingredientes culinários processados, o Óleo vegetal correspondeu a quase 11% das calorias totais, seguido pelo Açúcar, com quase 10%. Já entre os alimentos processados, o de maior contribuição para as calorias totais foi o Pão (6,7% das calorias totais), seguido de Queijos (1,4%). Destacam-se entre os alimentos ultraprocessados os Frios e embutidos (2,5%), Biscoitos e doces (2,1%), Biscoitos salgados (1,8%), Margarina (1,8%), Bolos e tortas doces (1,5%), Pães (1,3%), Doces em geral (1,3%), Bebidas adoçadas carbonatadas (1,2%) e Chocolate (1%).
Participação relativa dos grupos e subgrupos de alimentos no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar, por situação do domicílio Brasil - período 2017-2018 |
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Grupos e subgrupos de alimentos | Participação relativa (%) | ||
Total | Situação do domicílio | ||
Urbana | Rural | ||
Total | 100,0 | 100,0 | 100,0 |
Alimentos in natura ou minimamente processados | 49,5 | 47,7 | 57,9 |
Arroz | 15,6 | 14,7 | 20,1 |
Leite | 5,0 | 5,1 | 4,5 |
Carne de aves | 4,6 | 4,5 | 5,3 |
Feijão | 4,3 | 4,2 | 5,0 |
Carne bovina | 3,4 | 3,5 | 2,6 |
Frutas | 2,8 | 2,9 | 1,9 |
Macarrão | 2,7 | 2,7 | 2,7 |
Farinha de milho, fubá e outras | 2,0 | 1,7 | 3,3 |
Farinha de mandioca | 1,9 | 1,5 | 3,7 |
Farinha de trigo | 1,8 | 1,6 | 3,0 |
Raízes e tubérculos | 1,2 | 1,2 | 1,3 |
Ovos | 0,9 | 0,9 | 1,0 |
Verduras e Legumes | 0,9 | 1,0 | 0,7 |
Carne suína | 0,8 | 0,8 | 0,9 |
Peixes | 0,5 | 0,4 | 0,8 |
Milho, aveia e outros cereais | 0,4 | 0,4 | 0,6 |
Vísceras | 0,3 | 0,3 | 0,2 |
Outros | 0,4 | 0,4 | 0,4 |
Ingredientes culinários processados | 22,3 | 21,7 | 25,3 |
Óleo vegetal | 10,9 | 10,9 | 11,0 |
Açúcar | 9,9 | 9,3 | 12,8 |
Gordura animal | 0,7 | 0,8 | 0,5 |
Féculas | 0,7 | 0,7 | 0,8 |
Outros | 0,1 | 0,1 | 0,1 |
Alimentos processados | 9,8 | 10,7 | 5,5 |
Pães | 6,7 | 7,3 | 3,7 |
Queijos | 1,4 | 1,6 | 0,5 |
Carnes salgadas/secas/defumadas | 0,7 | 0,8 | 0,7 |
Bebidas alcoólicas fermentadas | 0,7 | 0,7 | 0,3 |
Outros | 0,3 | 0,4 | 0,3 |
Alimentos ultraprocessados | 18,4 | 19,8 | 11,3 |
Frios e embutidos | 2,5 | 2,6 | 1,9 |
Biscoitos doces | 2,1 | 2,2 | 1,5 |
Biscoitos salgados | 1,8 | 1,8 | 1,8 |
Margarina | 1,8 | 1,9 | 1,2 |
Bolos e tortas doces | 1,5 | 1,6 | 0,8 |
Pães | 1,3 | 1,5 | 0,4 |
Doces em geral | 1,3 | 1,4 | 1,0 |
Bebidas adoçadas carbonatadas | 1,2 | 1,3 | 0,6 |
Chocolate | 1,0 | 1,1 | 0,5 |
Massas de pizza, de lasanha ou de pastel | 0,5 | 0,6 | 0,1 |
Refeições prontas | 0,7 | 0,7 | 0,2 |
Bebidas adoçadas não carbonatadas | 0,5 | 0,5 | 0,3 |
Bebidas lácteas | 0,4 | 0,5 | 0,2 |
Sorvetes | 0,4 | 0,5 | 0,1 |
Molhos prontos | 0,4 | 0,4 | 0,2 |
Bebidas alcoólicas destiladas | 0,2 | 0,2 | 0,1 |
Outros | 0,9 | 0,9 | 0,4 |
A participação de alimentos in natura e minimamente processados foi maior no meio rural do que no meio urbano (57,9% contra 47,7% das calorias totais), assim como a participação de ingredientes culinários processados (25,3% contra 21,7%). Por outro lado, tanto a participação de alimentos processados quanto a de alimentos ultraprocessados foi maior no meio urbano (11,3% e 19,8%, respectivamente) do que no meio rural (5,5% e 10,7%, respectivamente).
Participação dos alimentos in natura no total calórico disponível é maior no Norte e Nordeste
Entre as Grandes Regiões, a participação dos alimentos in natura ou minimamente processados no total calórico da disponibilidade alimentar foi maior no Norte e Nordeste (58,2% e 54,5%, respectivamente), intermediária no Centro-Oeste (50,7%) e menor no Sul e Sudeste (47,3% e 44,9%, respectivamente). A participação de ingredientes culinários processados e de alimentos processados no total calórico apresentou menores variações, ficando, respectivamente, entre 20% e 25% e entre 8% e 10% em todas as regiões. A participação de alimentos ultraprocessados no total calórico da disponibilidade alimentar foi maior no Sul e Sudeste (22,0% e 21,4%, respectivamente), intermediária no Centro-Oeste (16,6%) e menor no Norte e Nordeste (11,4% e 14,4%, respectivamente).
Alguns subgrupos de alimentos se destacam por sua maior participação calórica em determinadas regiões do País. No grupo de alimentos in natura ou minimamente processados, é o caso da Farinha de mandioca e de Peixes no Norte, do Feijão e da Farinha de milho, fubá e outras no Nordeste, do Arroz no Centro-Oeste e da Farinha de trigo no Sul. No grupo de ingredientes culinários processados, destaca-se a maior participação do Óleo vegetal e da Gordura animal no Centro-Oeste e do Açúcar no Nordeste.
No grupo de alimentos processados, destaca-se a maior participação de Pães no Norte e Nordeste e de Queijos no Sul e Sudeste. Entre os alimentos ultraprocessados, os Biscoitos salgados são mais consumidos no Nordeste e a Margarina é mais consumida no Nordeste e Sudeste, enquanto os demais subgrupos seguem o padrão observado para o conjunto dos alimentos ultraprocessados: maior participação na disponibilidade calórica no Sul e Sudeste, participação intermediária no Centro-Oeste e participação menor no Norte e Nordeste.
Participação dos alimentos ultraprocessados no total calórico disponível aumenta com a renda
A participação no total calórico de alimentos in natura ou minimamente processados e de ingredientes culinários processados diminui com o aumento da renda no caso de alimentos in natura ou minimamente processados (de 55,6% no primeiro quinto para 44,2% no último) e de ingredientes culinários processados (de 23,4% no primeiro quinto para 20,0% no último). Alimentos processados e ultraprocessados aumentam sua participação no total calórico com o aumento da renda. Este aumento é moderado no caso dos alimentos processados, de 8,4% no primeiro quinto para 11,1% no último, e bastante elevado no caso dos alimentos ultraprocessados, de 12,5% para 24,7%.
Participação do arroz no total calórico disponível cai pela metade entre 1° e 5° quintos de rendimento, enquanto a de frutas dobra
O padrão de variação da disponibilidade alimentar com a renda não foi uniforme nos subgrupos de alimentos in natura ou minimamente processados. Subgrupos que tendem a diminuir sua participação no total calórico com o aumento da renda incluem o Arroz (de 20,1%, no primeiro quinto da renda, para 10,9%, no último), Feijão (de 5,4% para 3,4%), Farinha de mandioca (de 3,6% para 0,8%) e Farinha de milho, fubá e outras (de 3,1% para 1,5%). Subgrupos que aumentam sua participação no total calórico com o aumento da renda incluem o Leite (de 4,3%, no primeiro quinto da renda, para 5,4%, no último), Carne bovina (de 2,7% para 3,9%,) e Frutas (de 1,8% para 3,9%).
Nos subgrupos dos ingredientes culinários processados, com o aumento da renda há redução na participação calórica de Açúcar (de 11,5%, no primeiro quinto da renda, para 7,5%, no último) e aumento na participação Gordura animal (de 0,4% para 1,2%). Nos subgrupos dos alimentos processados, o aumento da renda leva a aumento na participação calórica de Queijos (de 0,5%, no primeiro quinto da renda, para 2,7%, no último) e redução na participação de Pães (de 6,8% para 5,9%).
Com a exceção de dois subgrupos de alimentos ultraprocessados (Biscoitos salgados e Margarina), todos os demais aumentam sua participação no total calórico com o aumento da renda.
Participação de alimentos in natura no total calórico disponível diminuiu
Na comparação dos resultados das últimas três pesquisas, por períodos (2002-2003/2008-2009 e 2008-2009/2017-2018), observa-se declínio no percentual de energia relativo a alimentos in natura ou minimamente processados e a ingredientes culinários processados, bem como aumento no percentual relativo a alimentos processados e ultraprocessados.
No grupo de alimentos in natura ou minimamente processados, Feijão, Arroz, Leite e Farinha de trigo acompanham a evolução do grupo, diminuindo sua participação na disponibilidade domiciliar nos dois períodos, sendo de modo mais intenso no primeiro período. A participação da Farinha de mandioca decresce de modo uniforme nos dois períodos. Participações crescentes na disponibilidade alimentar são observadas quanto a Frutas nos dois períodos e quanto a Carnes de aves no segundo período.
No grupo de ingredientes culinários processados, Óleo vegetal e Gordura animal acompanham a evolução do grupo, com participação decrescente na disponibilidade domiciliar de alimentos, mais intensa no primeiro período, enquanto a participação do Açúcar decresce nos dois períodos de modo uniforme.
No grupo de alimentos processados, Pães, Queijos e Bebidas alcoólicas fermentadas acompanham a evolução do grupo, com participação crescente na disponibilidade domiciliar de alimentos no primeiro período e estagnação ou variações de pequena magnitude no segundo período.
No grupo de alimentos ultraprocessados, a maioria dos subgrupos mostra participação crescente na disponibilidade domiciliar de alimento, tendendo a ser mais intensa no primeiro período. Bebidas adoçadas carbonatadas, em particular, apresentam participação crescente no primeiro período e decrescente no segundo.
Apesar de a participação de alimentos ultraprocessados na disponibilidade domiciliar de alimentos ter aumentado continuamente ao longo das três POFs, observa-se desaceleração dessa tendência.
O Guia alimentar para a população brasileira, de 2014, tem a regra de ouro que recomenda basear a alimentação em alimentos in natura ou minimamente processados e suas preparações culinárias e evitar alimentos ultraprocessados.