Em 2017, PIB cresce 1,3% e chega a R$ 6,583 trilhões
08/11/2019 10h00 | Atualizado em 08/11/2019 10h41
O Produto Interno Bruto (PIB) atingiu R$ 6,583 trilhões em 2017, com alta de 1,3% em relação a 2016. O PIB per capita chegou a R$ 31 833,50, com alta de 0,5% em relação ao ano anterior.
A Agropecuária cresceu 14,2%, a Indústria caiu 0,5% e os Serviços cresceram 0,8%.
O consumo das famílias cresceu 2,1%, após dois anos consecutivos de queda. Já a despesa de consumo final do governo caiu 0,7%.
Em 2017, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 2,6% e a taxa de investimento (14,6%) chegou ao seu menor nível desde 1995.
Essas e outras informações integram o Sistema de Contas Nacionais 2010-2017, que agrega novos dados, mais amplos e detalhados, do próprio IBGE e fontes externas, além de atualizações metodológicas, que revisam os resultados divulgados pelas Contas Nacionais Trimestrais. A publicação completa pode ser acessada à direita.
Principais Indicadores | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 |
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Produto Interno Bruto (R$ bilhões) | 3.886 | 4.376 | 4.815 | 5.332 | 5.779 | 5.996 | 6.269 | 6.583 |
PIB per capita (R$) | 19.939 | 22.260 | 24.278 | 26.658 | 28.649 | 29.467 | 30.559 | 31.834 |
PIB (variação %) | 7,5 | 4,0 | 1,9 | 3,0 | 0,5 | -3,5 | -3,3 | 1,3 |
Despesa de consumo final (variação %) | 5,7 | 4,2 | 3,2 | 3,0 | 1,9 | -2,8 | -2,9 | 1,3 |
FBCF (variação percentual em volume) | 17,9 | 6,8 | 0,8 | 5,8 | -4,2 | -13,9 | -12,1 | -2,6 |
Taxa de investimento - FBCF/PIB (%) | 20,5 | 20,6 | 20,7 | 20,9 | 19,9 | 17,8 | 15,5 | 14,6 |
Remuneração dos empregados/PIB (%) | 41,6 | 42,2 | 42,8 | 43,2 | 43,5 | 44,6 | 44,7 | 44,4 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. |
Em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) voltou a crescer (1,3%), após a queda acumulada de 6,7% no biênio 2015-2016. Em valores correntes, o PIB em 2017 foi de R$ 6,583 trilhões, o que corresponde a um PIB per capita de R$ 31 833,50. O crescimento do PIB per capita foi de 0,5% levando seu patamar a ficar próximo, em termos reais, ao observado em 2010. O crescimento do PIB em 2017 foi resultado de um aumento de 1,3% do Valor Adicionado Bruto – VAB e de 1,8% dos Impostos sobre produtos, líquidos de subsídios.
A Agropecuária, com crescimento de 14,2% no ano, respondeu por 0,8 ponto percentual dos 1,3% de crescimento do VAB. O setor de Serviços contribuiu com 0,6 ponto percentual, enquanto a Industria teve contribuição negativa de - 0,1 ponto percentual.
Os principais produtos responsáveis pelo aumento da produção da atividade Agropecuária foram o milho e a soja, com crescimento em volume de 57,0% e 19,6%, respectivamente. As exportações de produtos agrícolas e de seus derivados foram as principais responsáveis pelo aumento da produção, tendo crescido 37,6% no caso do milho, 32,1% no caso da soja e 23,4% para o conjunto dos produtos agropecuários.
A Indústria teve sua quarta queda anual consecutiva (-0,5%). No entanto, dos grupos de atividades que compõem a Indústria, as Indústrias extrativas, Indústrias de transformação e Eletricidade e gás apresentaram crescimento em 2017, sendo a queda do conjunto da Indústria explicada unicamente pelo recuo de 9,2% no VAB da atividade Construção.
A Indústria de Transformação cresceu 2,3% no ano, interrompendo uma série de três anos consecutivos de queda. As atividades que mais contribuíram para esse crescimento da Indústria de transformação foram a Fabricação de equipamentos de informática e a Fabricação de automóveis que registraram elevação em volume de 23,3% e 18,5%, respectivamente. Apesar do crescimento observado no ano de 2017, em termos de volume do Valor Adicionado Bruto, a Indústria de transformação ainda se encontrava num nível 15,0% abaixo do seu patamar máximo, observado no ano de 2013.
Em 2017, os únicos grupos de atividades da economia em que o valor adicionado bruto recuou foram Construção (-9,2%) e Atividade financeira e seguros (-1,1%). A atividade Construção mantém desde 2014 uma série de resultados negativos, que resultaram em uma queda acumulada de 27,3% no volume do Valor Adicionado Bruto da atividade, além da perda de aproximadamente um terço de sua participação no PIB (6,4% em 2013, contra 4,3% em 2017). Pelo lado dos usos, o principal responsável por essa redução da produção da atividade foi a queda dos investimentos, observada em todos os segmentos da Construção. Em 2017 os investimentos em Edificações caíram 8,3%, em Obras de infraestrutura se reduziram 11,8% e em Serviços especializados da construção recuaram 7,2%.
As atividades de Serviços, por sua vez, cresceram 0,8%. Dentro desse grupo de atividades, a maior contribuição para o crescimento do VAB veio da atividade Comércio que, após dois anos seguidos de quedas, registrou crescimento de 2,3% e contribuiu com 0,3 ponto percentual para o crescimento de 1,3% do Valor Adicionado Bruto da economia. O aumento do consumo das famílias de produtos como telefones celulares (+13,0%), aparelhos de TV, rádio e som (+17,7%), eletrodomésticos (+10,6%) e computadores e periféricos (+15,8%) em relação aos níveis deprimidos de 2016 tiveram contribuição relevante no desempenho do Comércio.
Grupos de atividades | Participação no valor adicionado bruto a preços básicos (%) | ||||||||
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2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | ||
Total | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | |
01 | Agropecuária | 4,8 | 5,1 | 4,9 | 5,3 | 5,0 | 5,0 | 5,7 | 5,3 |
Indústria | 27,4 | 27,2 | 26,0 | 24,9 | 23,8 | 22,5 | 21,2 | 21,1 | |
02 | Indústrias extrativas | 3,3 | 4,4 | 4,5 | 4,2 | 3,7 | 2,1 | 1,0 | 1,6 |
03 | Indústrias de transformação | 15,0 | 13,9 | 12,6 | 12,3 | 12,0 | 12,2 | 12,5 | 12,4 |
04 | Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos | 2,8 | 2,7 | 2,4 | 2,0 | 1,9 | 2,4 | 2,7 | 2,8 |
05 | Construção | 6,3 | 6,3 | 6,5 | 6,4 | 6,2 | 5,7 | 5,1 | 4,3 |
Serviços | 67,8 | 67,7 | 69,1 | 69,9 | 71,2 | 72,5 | 73,1 | 73,5 | |
06 | Comércio | 12,6 | 12,9 | 13,4 | 13,5 | 13,6 | 13,3 | 12,9 | 13,2 |
07 | Transporte, armazenagem e correio | 4,3 | 4,4 | 4,5 | 4,5 | 4,6 | 4,4 | 4,4 | 4,3 |
08 | Informação e comunicação | 3,8 | 3,7 | 3,6 | 3,5 | 3,4 | 3,4 | 3,3 | 3,4 |
09 | Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados | 6,8 | 6,4 | 6,4 | 6,0 | 6,4 | 7,1 | 7,9 | 7,6 |
10 | Atividades imobiliárias | 8,3 | 8,4 | 8,8 | 9,2 | 9,3 | 9,7 | 9,7 | 9,8 |
11 | Outras atividades de serviços | 15,7 | 15,9 | 16,5 | 16,9 | 17,4 | 17,4 | 17,5 | 17,6 |
12 | Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social | 16,3 | 16,1 | 15,9 | 16,4 | 16,4 | 17,2 | 17,4 | 17,7 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. |
Consumo das famílias cresceu 2,1%
Em 2017 as despesas de consumo final tiveram um crescimento em volume de 1,3%. O consumo das famílias, que possui o maior peso na demanda final, representando 63,1% do PIB, cresceu 2,1%, depois de 2 anos consecutivos de queda (-3,8% e -3,2%, respectivamente). O patamar reduzido de consumo resultou também em uma variação de apenas 3,3% no preço dos bens e serviços consumidos pelas famílias em 2017, a menor variação observada desde o ano 2000. Já a despesa de consumo final do governo, que engloba as despesas com bens e serviços oferecidos pelo governo à coletividade, caiu 0,7% em 2017.
Ao contrário do que ocorreu em 2016, a maior parte dos grupos de produtos que compõem as despesas do consumo final das famílias tiveram variações positivas em 2017. Dentre os grupos de produtos que tiveram maior contribuição para o aumento no consumo das famílias destacam-se os artigos de residência (+7,3%), a comunicação (+3,9%) e alimentação e bebidas (+3,3%).
Formação Bruta de Capital Fixo recuou 2,6% e soma R$ 959 bilhões
A formação bruta de capital fixo - FBCF da economia brasileira somou R$ 959 bilhões em 2017. Sua variação em volume foi de -2,6%, com uma queda menor do que a de 2016 (-12,1%). Ainda assim, a taxa de investimento (FBCF/PIB) observada em 2017 (14,6%), é a menor da série iniciada em 1995.
A Construção foi o único dos componentes da FBCF com retração de volume em 2017 (-8,7%). Ao contrário de 2016, todos os demais componentes tiveram variação positiva: Máquinas e equipamentos (5,2%), Produtos de propriedade intelectual (3,4%) e Outros ativos fixos (0,7%).
Em 2017 a contribuição do saldo externo para o PIB foi negativa (-0,2 ponto percentual). As exportações de bens e serviços cresceram 4,9% em volume, menos que as importações que, após três anos de queda, registraram crescimento de 6,7%.
Necessidade de financiamento da economia nacional recuou 31,1%
A necessidade líquida de financiamento da economia brasileira em 2017 foi de R$ 67,4 bilhões, registrando uma queda nominal de 31,1% em relação ao ano anterior (R$ 97,8 bilhões). Essa melhora foi influenciada basicamente pelo desempenho do comércio exterior e pelo recuo das rendas líquidas de propriedades enviadas ao resto do mundo. O saldo externo de bens e serviços foi de R$ 47,3 bilhões, com incremento nominal de 88,8% (R$ 22,2 bilhões). Já o envio líquido de rendas de propriedade recuou R$ 134,0 bilhões em 2017, contribuindo com R$ 10,0 bilhões na redução da necessidade de financiamento do país.
O setor empresas não financeiras apresentou capacidade de financiamento em 2017 (R$ 5,0 bilhões). Em ambientes macroeconômicos desfavoráveis é normal que empresas não financeiras promovam fortes ajustes, principalmente no consumo intermediário e investimentos, reduzindo sua necessidade de financiamento. No entanto, mesmo em cenários adversos, é raro não ocorrer necessidade de financiamento no setor. No triênio 2015-2017 a capacidade acumulada das empresas não financeiras foi de R$ 52,5 bilhões.
A produção dos serviços de intermediação financeira indiretamente medidos (SIFIM) - serviços ligados a concessão de crédito – das empresas financeiras teve queda nominal de 4,3% em relação a 2016. Por outro lado, houve um aumento de 4,4% na produção de serviços financeiros diretamente medidos – serviços associados ao pagamento de tarifas etc, compensando em parte o menor volume de crédito. A conjugação desses dois fatores contribuiu para o crescimento moderado do VAB do setor institucional empresas financeiras.
A produção do setor governo, avaliada pelos seus custos de produção, atingiu R$ 1,3 trilhão em 2017. O consumo intermediário apresentou queda de 2,0% nominal em relação ao ano anterior, chegando a R$ 341,0 bilhões, enquanto o Valor Adicionado Bruto foi de R$ 1.001,0 bilhões, o que representou 5,9% de crescimento nominal em relação a 2016. Com esta elevação, a participação do setor no valor adicionado bruto total da economia alcançou 17,7%, acima dos 17,4% em 2016.
Em relação aos usos, mantendo a tendência de queda dos últimos dois anos, a formação bruta de capital fixo do governo geral passou de R$ 121,2 bilhões em 2016 para R$ 109,2 bilhões em 2017, registrando um decréscimo, em termos nominais, de cerca de 9,9%. Este movimento foi influenciado especialmente pela queda dos investimentos na esfera municipal. A despesa de consumo final do governo cresceu 3,9% em termos nominais.
A necessidade de financiamento do setor público (NFSP) cresceu de R$ 448,4 bilhões em 2016 para R$ 465,2 bilhões em 2017, influenciada, entre outros fatores, pelo crescimento nominal de 13,4% no pagamento dos benefícios sociais, contra 5,1% no recebimento das contribuições socias efetivas, com destaque aos outros benefícios de seguro social (+21,4%).
Esta categoria foi impactada pela liberação de saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, decorrentes da Lei n. 13.446 de 25.05.2017. Já os benefícios de assistência social (benefícios de prestação continuada, Bolsa Família etc.) cresceram 5,4% no ano.
Poupança das famílias apresentou aumento nominal de 6,4 %
A participação da remuneração na renda disponível das famílias apresentou trajetória de crescimento até 2011, quando atingiu o patamar máximo na série de 65,3% do total. Todos os anos seguintes registraram queda nessa relação, que era de 62,1% em 2017.
A renda consumida, ou seja, a parcela do consumo final das famílias na renda disponível, vem caindo desde 2015 (90,3%). Em 2017, a participação do consumo final caiu para 88,3%.
Entre 2014 e 2016, houve um aumento da participação da poupança na renda disponível (10,1% para 12,1%), sendo que em 2017, a participação caiu para 12,0%.
Em 2017, os benefícios sociais recebidos pelas famílias cresceram 13,4%, influenciados pela liberação de saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), enquanto as contribuições sociais pagas pelo setor cresceram apenas 2,6%. Isso contribuiu para um aumento nominal de 5,5% na despesa de consumo final, e de 21,0% na capacidade de financiamento do setor, que passou de R$ 168,7 bilhões em 2016 para R$ 204,2 bilhões em 2017.