Mulheres dedicam mais horas aos afazeres domésticos e cuidado de pessoas, mesmo em situações ocupacionais iguais a dos homens
26/04/2019 10h00 | Atualizado em 26/04/2019 15h57
Entre as pessoas de 14 anos ou mais, 87,0% (147,5 milhões) realizaram afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas em 2018. As mulheres não ocupadas no mercado de trabalho dedicavam 23,8 horas a essas atividades, enquanto os homens nessa mesma situação, 12,0 horas. A diferença também era grande entre mulheres (18,5 horas) e homens (10,3 horas) ocupados.
A taxa de realização de afazeres domésticos das mulheres (92,2%) continuou maior do que a dos homens (78,2%), mas essa diferença (14 pontos percentuais (p.p.)) já foi maior em 2016 (17,9 p.p.) e em 2017 (15,3 p.p.).
Cozinhar foi a atividade com a maior diferença entre os sexos (34,7 p.p.). A taxa de realização dessa atividade entre os homens (92,7%) e as mulheres que moram sozinhos foi próxima (97,1%). Já entre os homens em coabitação na condição de responsáveis (58,4%) ou de cônjuges (57,1%), esse percentual foi bem menor do que o das mulheres nas mesmas condições (97,6% e 97,9% respectivamente).
O percentual de mulheres (37,0%) que realizavam cuidado de pessoas também se manteve maior do que o dos homens (26,1%). Os homens sem instrução ou com fundamental incompleto tiveram a menor taxa de realização (22,0%). Já a faixa etária de 25 a 49 anos apresentou o maior percentual tanto para homens (37,0%) quanto para mulheres (49,8%).
Entre as pessoas com 14 anos ou mais, 7,2 milhões (4,3%) fizeram trabalho voluntário na semana de referência da pesquisa. Desse total, 48,4% realizavam o voluntariado quatro ou mais vezes por mês, enquanto 15,6%, eventualmente ou sem frequência definida. O tempo médio dedicado era de 6,5 horas semanais.
Já a produção para o próprio consumo era realizada por 13,0 milhões de pessoas em idade de trabalhar (7,7%). Essa taxa vem crescendo desde 2016 (6,3%). Entre os que produzem para o próprio consumo, a maior parte (76,7%) realiza a atividade de cultivo, pesca, caça e criação de animais.
Esses são alguns dos destaques do suplemento Outras Formas de Trabalho, da PNAD Contínua 2018. O material de apoio da pesquisa está nesta página.
Em 2018, 147,5 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas, seja no próprio domicílio, seja em domicílio de parente. Esse número corresponde a 87,0% da população em idade de trabalhar. Em relação a 2017, quando a taxa de realização era de 86,0%, houve um acréscimo de 3,1 milhões de pessoas.
A taxa de realização de afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas era bem maior entre as mulheres (93,0%) do que entre os homens (80,4%). Além disso, as horas semanais gastas pelas mulheres (21,3 horas) nessas atividades eram, em média, quase o dobro das gastas pelos homens (10,9 horas).
Mesmo em situações ocupacionais iguais, as mulheres dedicavam mais horas a afazeres domésticos e cuidado de pessoas do que os homens. Com isso, elas acabaram tendo menos tempo disponível para o trabalho remunerado.
Média de horas dedicadas a afazeres e/ou cuidados | |
---|---|
Homem ocupado | 10,3 |
Mulher ocupada | 18,5 |
Homem não ocupado | 12,0 |
Mulher não ocupada | 23,8 |
Média de horas efetivamente trabalhadas em todos os trabalhos | |
Homem que fez afazer e/ou cuidado | 39,9 |
Mulher que fez afazer e/ou cuidado | 34,8 |
Homem que não fez afazer e/ou cuidado | 39,0 |
Mulher que não fez afazer e/ou cuidado | 36,0 |
Afazeres domésticos: percentual de realização das mulheres continua maior que dos homens, mas diferença diminui
Em 2018, 85,6% das pessoas de 14 anos ou mais realizaram afazeres domésticos, em seu próprio domicílio ou em domicílio de parente. Esse percentual corresponde a 145,1 milhões de pessoas, um acréscimo de 3,3 milhões em comparação a 2017 (84,4%).
O aumento da taxa foi maior para os homens (1,8 p.p.) do que para as mulheres (0,5 p.p), mas o percentual de mulheres (92,2%) continuou maior do que o de homens (78,2%). Porém essa diferença (14 p.p.) era ainda maior em 2016 (17,9 p.p.) e em 2017 (15,3 p.p.), o que indica uma tendência de redução.
A taxa de realização das mulheres foi bastante elevada, sobretudo nas condições de cônjuge (97,3%) ou responsável pelo domicílio (95,3%). Entre os homens, a maior taxa foi a dos responsáveis pelo domicílio (86,5%), seguida pela dos cônjuges (82,4%). A condição de filho apresentou as menores taxas, tanto para homens (65,0%) quanto para mulheres (84,4%), mas a taxa dos homens nessa condição foi a que mais aumentou (2,6 p.p.).
A região Centro-Oeste (88,6%) registrou o maior percentual de realização de afazeres domésticos e o Nordeste (81,0%), o menor. A maior diferença entre as taxas de realização de homens e mulheres estava no Nordeste (20,9 p.p.) e a menor, no Sul (10,1 p.p.).
Taxa de realização de afazeres domésticos aumenta com a escolaridade
A realização de afazeres domésticos continuou maior entre os adultos de 25 e 49 anos (89,4%), apesar do maior aumento ter ocorrido no grupo etário de 14 a 24 anos (2,4 p.p.). A taxa também permaneceu maior entre as pessoas ocupadas (88,0%), do que entre as não ocupadas (82,8%). Entre as mulheres, essa diferença não é tão relevante (5 p.p.) quanto é para os homens (11,9 p.p.), mostrando um traço da dupla jornada feminina.
Entre as pessoas com ensino superior completo, 90,1% realizaram afazeres, enquanto entre aquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto a taxa foi de 82,2%. A realização de afazeres domésticos cresce com o aumento da escolaridade, no entanto, o maior aumento no período foi no ensino médio completo e superior incompleto: de 86,3% (2017) para 88,0% (2018).
A diferença na realização de afazeres por nível de instrução é menor entre as mulheres: 90,1% (sem instrução ou com fundamental incompleto) e 93,4% (ensino superior completo). Já entre os homens, a diferença é mais relevante: 74,3% (sem instrução ou com fundamental incompleto) e 85,4% (superior completo).
Homens em coabitação nas condições de responsáveis ou cônjuges realizam menos afazeres do que as mulheres nessas mesmas condições
A pesquisa mostra também o percentual de pessoas que realizaram afazeres domésticos no próprio domicílio pelo tipo de atividade. “Fazer pequenos reparos ou manutenção do domicílio, automóvel, de eletrodomésticos etc.” foi a única em que as mulheres (30,6%) tiveram a taxa de realização menor do que a dos homens (59,2%).
Entre as atividades em que a taxa das mulheres foi maior, cozinhar (34,7 p.p.), lavar roupas e calçados (36,9 p.p.) e limpar o domicílio (13,9 p.p.) foram as três com as maiores diferenças entre os sexos. Em cada uma delas, a taxa dos homens responsáveis pelo domicílio que moram sozinhos foi bem próxima à das mulheres. Já entre os homens em coabitação nas condições de responsáveis ou cônjuges, o percentual foi bem menor do que o das mulheres nessas mesmas condições, mostrando, possivelmente, a divisão sexual do trabalho em casa.
Cuidado de pessoas: Taxa de realização é de 37% para as mulheres e
de 26,1% para os homens
Em 2018, 54,0 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram cuidados de crianças, idosos ou pessoas enfermas - moradores do domicílio ou parentes não moradores -, o que corresponde a uma taxa de 31,8%. Em relação a 2017 (31,5%), houve um aumento de 974 mil pessoas. A realização de cuidados foi maior no Norte (38,0%) e menor no Sul (30,7%).
De 2017 para 2018, a taxa das mulheres permaneceu em 37,0% e a dos homens passou de 25,6% para 26,1%. No entanto, continua expressiva a diferença entre os sexos (10,9 p.p.). As mulheres da região Norte tiveram a maior taxa (44,9%) e os homens do Nordeste, a menor (24,3%).
Entre os grupos de idade analisados, a maior taxa de realização foi a de pessoas de 25 a 49 anos (43,7%), faixa etária em que é mais provável a presença de filhos no domicílio. Entre os jovens de 14 a 24 anos, a taxa foi de 26,5%, enquanto entre os maiores de 49 anos, 19,6%. As mulheres de 25 a 49 anos tinham a maior taxa de realização (49,8%) e os homens 50 anos ou mais, a menor (15,8%).
A realização de cuidados era maior entre aqueles que se declararam pardos (33,7%), seguida pelos pretos (32,4%) e brancos (29,7%). A diferença na taxa dos homens pardos em relação aos homens brancos foi de 1,6 p.p., enquanto entre mulheres pardas e brancas, 6,5 p.p..
Homens sem instrução ou com fundamental incompleto têm a menor
taxa de realização de cuidados
Entre as pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto, 27,0% realizaram cuidados, enquanto entre aquelas com superior completo esse percentual foi de 34,0%. Essa tendência da taxa aumentar com o nível de instrução é marcada pelo comportamento dos homens. Entre os com superior completo, a taxa foi de 30,6% e entre os sem instrução ou com fundamental incompleto, 22,0%.
No caso das mulheres, o maior percentual ocorreu entre aquelas com ensino fundamental completo e médio incompleto (41,1%), seguida pelas mulheres com médio completo e superior incompleto (40,6%) e caindo para 36,4% entre as com nível superior completo.
A realização de cuidados foi maior entre as pessoas ocupadas (34,0%) do que entre os não ocupados (29,3%). A diferença é bem maior para homens (11,7 p.p.) do que para as mulheres (3,2 p.p.).
Os cuidados de moradores do domicílio foram destinados, predominantemente, para crianças e adolescentes de até 14 anos: 50,7% para morador de 0 a 5 anos e 51,1%, 6 a 14 anos.
A atividade mais frequente foi o monitoramento dentro do domicílio, tanto entre os homens (87,9%) quanto entre as mulheres (91,6%). Já a com menor percentual foi o auxílio nas atividades educacionais: 60,7% para homens e 72,0% para mulheres. As maiores diferenças de percentual entre homens e mulheres foram no auxílio nos cuidados pessoais (18,6 p.p.) e auxílio nas atividades educacionais (11,3 p.p.).
Trabalho voluntário: taxa de realização aumenta com a escolaridade
Em 2018, 7,2 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram trabalho voluntário na semana de referência da pesquisa, o que corresponde a 4,3% dessa população. Esse percentual foi maior entre as mulheres (5,0%) e entre as pessoas ocupadas (4,6%). Em 2017, a taxa de realização de trabalho voluntário era de 4,4%.
O trabalho voluntário, em geral, cresce com a idade, exceto nas regiões Norte e Nordeste, onde a maior taxa ocorreu entre as pessoas de 25 a 49 anos (5,5% e 3,5%, respectivamente). As pessoas de 50 anos ou mais da região Sul apresentaram a taxa de realização mais elevada (6,0%), enquanto os jovens de 14 a 24 anos da região Nordeste apresentaram a menos elevada (2,3%).
A realização de trabalho voluntário aumenta com a escolaridade. A taxa era de 2,9% para as pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto e de 8,0% para aquelas com ensino superior completo.
Tempo médio dedicado ao trabalho voluntário é de 6,5 horas semanais
O trabalho voluntário pode ser feito individualmente ou através de empresa, organização ou instituição. A proporção de pessoas que o realizam de forma individual foi pequena, mas vem crescendo a cada ano: 8,4% em 2016; 9,0% em 2017 e 9,8% em 2018.
Entre as pessoas que fizeram trabalho voluntário, 79,9% o realizaram em congregação religiosa, sindicato, condomínio, partido político, escola, hospital ou asilo e 13,0% em associação de moradores, associação esportiva, ONG, grupo de apoio ou outra organização, sendo que a pessoa pode ter feito em mais de um local.
Em relação à frequência, 48,4% responderam realizar quatro ou mais vezes por mês, enquanto 15,6%, eventualmente ou sem frequência definida. Já o tempo médio dedicado era de 6,5 horas semanais.
Produção para o próprio consumo: taxa vem crescendo a cada ano
Em 2018, 13,0 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram produção para próprio consumo. A taxa vem crescendo desde 2016, quando foi de 6,3%, passando para 7,3% em 2017 e chegando a 7,7% em 2018.
Essa taxa era maior entre os homens (8,4%) e entre as pessoas não ocupadas (8,7%), que foram as categorias com maior aumento entre 2017 e 2018 (0,5 p.p.).
A realização de produção para o próprio consumo aumenta com a idade. Entre os jovens de 14 a 24 anos o percentual era de 3,4% e entre os com 50 anos ou mais, de 11,0%. As Regiões Nordeste (14,8%) e Sul (14,7%) tiveram as maiores taxas de realização para as pessoas com 50 anos ou mais. Esse grupo de idade também teve o maior aumento de um ano para o outro, sobretudo entre os homens (0,9 p.p.).
A taxa de realização de produção para o próprio consumo tem relação inversa com a escolaridade: 13,2% entre as pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto e 3,1% entre as com ensino superior completo.
De um ano para o outro, houve aumento da taxa em todos os níveis de instrução (0,4 p.p. em cada nível). No entanto, separando por sexo, o maior aumento ocorreu entre os homens sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (0,9 p.p.).
Cultivo, pesca, caça e pecuária é a atividade de próprio consumo predominante
Em relação às atividades de próprio consumo, 76,7% afirmaram realizar cultivo, pesca, caça e criação de animais; 14,5%, produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material; 13,7%, fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos e 8,0%, construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras para próprio uso. Uma pessoa pode ter realizado mais de um tipo de atividade. Em relação a 2017, houve redução do percentual apenas no grupo de atividades “produção de carvão, corte e coleta de lenha, palha ou outro material” (- 2,3 p. p.).
O único grupo em que as mulheres (27,5%) tinham percentual maior que o dos homens (1,0%) foi fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos, que também foi o que apresentou a maior diferença de percentual entre os sexos (26,5 p.p.).
O percentual de produção do grupo cultivo, pesca, caça e criação de animais, que foi maior em todas as regiões, variou de 66,3% (Sudeste) a 82,2% (Norte). O grupo de produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material era mais presente no Nordeste (20,2%) e menos no Centro-Oeste (7,8%).
Já o grupo de fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos teve percentual menor no Norte (8,5%) e no Nordeste (7,1%) e maior na região sudeste (20,7%). O Sudeste teve o maior percentual de pessoas realizando construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras (13,0%) e a região Nordeste, o menor (4,3%).
Na construção, a média de horas trabalhadas foi de 13,4 horas e na produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material, 4,3 horas semanais. O grupo de atividades, com a maior diferença de tempo trabalhado entre homens e mulheres foi cultivo, pesca, caça e criação de animais (3,2 horas a mais para os homens).