PNAD Contínua 2017: realização de afazeres domésticos e cuidados de pessoas cresce entre os homens, mas mulheres ainda dedicam quase o dobro do tempo
18/04/2018 10h00 | Atualizado em 10/04/2019 10h38
Entre 2016 e 2017, o percentual de pessoas que realizavam afazeres domésticos e cuidados de pessoas cresceu de 82,7% para 86,0%, chegando a 145 milhões de pessoas. Esta taxa cresceu mais entre os homens (4,6 p.p.) do que entre as mulheres (2,0 p.p.), mas ainda mostra grande discrepância entre homens e mulheres: enquanto a taxa de realização foi de 92,6% para as mulheres, entre os homens foi de 78,7%. Além disso, as mulheres dedicavam a essas atividades quase o dobro do tempo, com uma média de horas semanais de 20,9 horas, enquanto para os homens a média ficou em 10,8 horas por semana.
De um ano para outro, dentre as outras formas de trabalho pesquisadas, o maior crescimento foi na taxa de realização de cuidados de pessoas, passando de 26,9% para 31,5%, um aumento de 8,3 milhões de pessoas, totalizando 53,2 milhões. Para as mulheres, essa taxa foi de 37,0% e entre os homens ficou em 25,6%.
A taxa de realização de cuidados de pessoas é quase o dobro para mulheres de 14 a 24 anos (33,6%) em relação aos homens da mesma idade (18,5%). No entanto, observou-se que os filhos homens passaram a se ocupar mais com cuidados de pessoas em 2017, com percentual passando de 12,7% a 16,2%, um crescimento de 27,6%.
A realização de afazeres domésticos também aumentou entre 2016 e 2017, passando de 81,3% para 84,4%, correspondendo a 142,4 milhões de pessoas. O aumento foi mais intenso entre os homens (4,5 p.p.) do que entre as mulheres (1,9 p.p.). Ainda assim, existe uma grande diferença nas taxas de realização de afazeres domésticos entre homens (76,4%) e mulheres (91,7%).
Enquanto entre as mulheres a maior taxa de realização de afazeres era observada para as cônjuges ou companheiras (97,0%), entre os homens, eram os responsáveis pelo domicílio que mais realizavam afazeres (85,0%). Destaca-se, ainda, que, para os homens, quanto maior o nível de instrução, maior a taxa de realização, saindo de 73,0% no menor nível a 83,8% no nível superior completo.
Em relação a produção para o próprio consumo, a taxa de realização aumentou de 6,3% para 7,4% entre 2016 e 2017 (12,4 milhões de pessoas), sendo maior para os homens (7,9%) do que para as mulheres (6,9%). Quanto maior o nível de instrução, menor a taxa de realização de produção para o próprio consumo, indo de 12,9% entre as pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto a 2,7% entre as tinham o ensino superior completo.
As atividades agrícolas predominam na produção para o próprio consumo, sendo as atividades de cultivo, pesca, caça e criação de animais (76,4%) e produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material (16,9%) as de maior proporção.
Entre 2016 e 2017, o percentual de pessoas que realizaram trabalho voluntário aumentou de 3,9% para 4,4%, chegando a 7,4 milhões de pessoas de 14 anos ou mais. Proporcionalmente, as mulheres fizeram mais trabalho voluntário que os homens (5,1% frente a 3,5%). Quanto maior o nível de instrução, maior a taxa de realização: 2,9% das pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto realizaram trabalho voluntário, já entre as pessoas com superior completo o percentual foi de 8,1%.
Estes são alguns dos destaques da PNAD Contínua 2017 - Outras formas de trabalho, que investigou pessoas de 14 anos ou mais que realizaram trabalho na produção para o próprio consumo, cuidados de pessoas, afazeres domésticos e trabalho voluntário na semana de referência. Acesse ao lado o material de apoio dessa pesquisa.
Atividades agrícolas predominam na produção para o próprio consumo
Em 2017, 7,4% (12,4 milhões) das pessoas de 14 anos ou mais realizaram algum tipo de trabalho para o próprio consumo, um aumento de 1,1 ponto percentual em relação a 2016 (6,3%). A taxa de realização desta forma de trabalho foi maior para os homens (7,9%) do que para as mulheres (6,9%) e as regiões Norte (11,1%), Nordeste (10,4%) e Sul (9,7%) tiveram os maiores percentuais de pessoas que realizaram tais atividades.
Quanto maior o nível de instrução, menor a taxa de realização de produção para o próprio consumo, indo de 12,9% entre as pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto a 2,7% entre as tinham o ensino superior completo. Também se observou maior taxa entre as pessoas não ocupadas: 8,3%, versus 6,6% entre os ocupados.
Assim como em 2016, a atividade de produção para o próprio consumo mais realizada foi cultivo, pesca, caça e criação de animais (76,4%), seguida por produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material (16,9%). Essas duas atividades, no entanto, apresentaram queda de 1,2 p.p e 0,4 p.p, respectivamente.
Já as atividades fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos (13,1%) e construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras de construção (7,5%), apesar de apresentarem menores taxas de realização, cresceram de um ano para o outro, respectivamente, 1,5 p.p. e 0,5 p.p. Destaca-se, ainda, que a atividade de fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos é a única cuja participação das mulheres (25,8%) é maior do que a dos homens (1,0%).
Apesar do aumento na taxa de realização desse tipo de trabalho entre 2016 e 2017, o número médio de horas semanais que as pessoas dedicam à produção para o próprio consumo caiu em todas as atividades. A construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras de construção continuou sendo a mais dispendiosa de horas (14,5 horas).
Realização de cuidados de pessoas cresce 4,6 p.p em um ano
De 2016 para 2017, o percentual de pessoas que cuidavam de outros moradores do domicílio ou parentes não moradores cresceu de 26,9% para 31,5%, um aumento de 8,3 milhões de pessoas, totalizando 53,2 milhões. Existe grande discrepância entre homens e mulheres nessa forma de trabalho: enquanto 37,0% das mulheres realizaram tais cuidados, entre os homens a proporção foi de 25,6%. A região Norte registrou o maior percentual de pessoas realizando cuidados (37,5%), e a região Sul, o menor (30,4%).
A taxa de realização de cuidados de pessoas aumentou entre 2016 e 2017 em todos os níveis de instrução, sendo a taxa mais expressiva, sobretudo, entre pessoas com pelo menos o ensino fundamental completo (acima de 30%). Enquanto para os homens a realização de cuidados cresce conforme a escolaridade, indo de 21,7% entre os sem instrução ou com fundamental incompleto a 29,8% entre os com superior completo, para as mulheres a taxa de realização de cuidados cresce de 32,4% para as sem instrução ou fundamental incompleto até 40,7% para quem tem nível médio incompleto, caindo para 35,6% entre aquelas com superior completo.
Cuidados de pessoas é quase o dobro para mulheres de 14 a 24 anos em relação aos homens da mesma idade
Apesar de ser na faixa dos 25 aos 49 anos que se observa a maior taxa de realização de cuidados (43,2%), uma idade que se caracteriza pelo grande percentual de pessoas com filhos menores, é entre as pessoas de 14 a 24 anos que se percebe a maior diferença na realização de cuidados entre homens e mulheres. Enquanto 33,6% das jovens cuidavam de outras pessoas, apenas 18,5% dos rapazes o faziam, uma diferença de 1,8 vezes.
Taxa de realização de cuidados de moradores do domicílio ou de parentes não moradores, por grupos de idade, segundo o sexo - Brasil – 2016/2017
A importância do cuidado de crianças fica evidente ao se observar que 49,8% das pessoas que realizaram cuidados de moradores o fizeram para moradores de 0 a 5 anos de idade, e 49,7% de moradores de 6 a 14 anos de idade. O cuidado de idosos de pelo menos 60 anos de idade correspondeu a 8,8% dos casos de cuidado de moradores.
Em relação aos tipos de cuidados realizados, as mulheres participavam mais que os homens das atividades de auxiliar nos cuidados pessoais (86,0% frente a 65,5% para os homens) e nas atividades educacionais (73,0% frente a 61,0% para os homens). Nas demais atividades, os percentuais registrados por homens e mulheres são menos discrepantes, mas sempre superiores para as mulheres.
Filhos homens passam a se ocupar mais com cuidados de outros moradores ou parentes em 2017
Em relação à condição no domicílio da pessoa que está realizando os cuidados, de 2016 a 2017, os filhos homens passaram a fazer mais essa tarefa, com percentual passando de 12,7% a 16,2%, um crescimento de 27,6%. Por outro lado, ainda são os cônjuges ou companheiros que mais se ocupam com isso, atingindo uma taxa de 34,7% em 2017. Já entre os responsáveis pelo domicílio, a taxa fica em 29,4%.
Para as mulheres, a realização de cuidados de pessoas foi maior entre as cônjuges ou companheiras (43,7%), seguidas pelas responsáveis pelo domicílio (36,2%) e pelas filhas ou enteadas (30,2%).
Discrepância entre os sexos persiste intensa na realização de afazeres domésticos, apesar do aumento entre os homens
Em 2017, 84,4% da população de 14 anos ou mais de idade realizavam afazeres domésticos no domicílio ou em domicílio de parente, o que correspondia a 142,4 milhões de pessoas. Entre 2016 e 2017, houve aumento de 3,1 p.p na taxa de realização de afazeres domésticos, com maior intensidade entre os homens (4,5 p.p.) do que entre as mulheres (1,9 p.p.). Ainda assim, existe uma grande diferença nas taxas de realização de afazeres domésticos entre homens (76,4%) e mulheres (91,7%).
As pessoas de 25 a 49 anos são as que mais realizam afazeres domésticos (88,4%), tanto entre mulheres (95,4%) como entre homens (80,9%). No período 2016-2017, aumentou a taxa de realização em todos os grupos de idade, mas o aumento foi mais intenso entre os homens de 14 a 24 anos (aumento de 6,7%) e de 25 a 49 anos (6,6%).
Mulheres cônjuges são as que mais realizam afazeres domésticos
Enquanto entre as mulheres a maior taxa de realização de afazeres era observada para as cônjuges ou companheiras (97,0%), entre os homens, eram os responsáveis pelo domicílio que mais realizavam afazeres (85,0%). No período 2016-2017, aumentou a taxa de realização de afazeres em todas as condições no domicílio tanto para homens quanto para mulheres, porém em maior intensidade para os homens filhos ou enteados (aumento de 8,2%).
Taxa de realização de afazeres domésticos no domicílio ou em domicílio de parente, por condição no domicílio e sexo - Brasil – 2016/2017
Analisando a taxa de realização das tarefas domésticas entre os homens responsáveis por domicílio que vivem sozinhos e em coabitação, as principais diferenças foram observadas nas tarefas de preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar louça, que era realizada por 91,8% dos responsáveis sozinhos e 57,3% dos responsáveis em coabitação, cuidar da limpeza ou manutenção de roupas e sapatos (88,2% frente a 51,7%) e limpar ou arrumar o domicílio, a garagem, o quintal ou o jardim (83,4% frente a 67,8%). Apenas a tarefa de cuidar dos animais domésticos aumenta para homens responsáveis que vivem em coabitação (30,7% frente a 42,8%).
Homens com nível superior se dedicam mais às tarefas da casa
A taxa de realização de afazeres domésticos entre as mulheres não varia muito conforme o nível de instrução, indo de 90,2% para as sem instrução e fundamental incompleto a 92,7% entre as com nível superior completo. Já entre os homens, quanto maior o nível de instrução, maior a taxa de realização, saindo de 73,0% para o menor nível a 83,8% para o nível superior completo.
O tipo de tarefa mais realizada foi preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar a louça, declarada por 80,1% das pessoas que realizaram afazeres domésticos em 2017. Com exceção da tarefa de pequenos reparos ou manutenção do domicílio, do automóvel, de eletrodomésticos ou outros equipamentos, as mulheres apresentaram taxas de realização superiores a dos homens em todas as outras atividades, com destaque para a grande discrepância nas tarefas preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar louça (95,6% frente a 59,8% para os homens) e cuidar da limpeza ou manutenção de roupas e sapatos (90,7% frente a 56,0% para os homens).
Afazeres domésticos e cuidados de pessoas ocupam 92,6% das mulheres e 78,7% dos homens
Muitas vezes, as atividades de afazeres domésticos e cuidados de pessoas são realizadas ao mesmo tempo. Quando se consideram essas atividades conjuntamente, 86,0% das pessoas em idade de trabalhar as realizaram, 3,3 p.p a mais do que em 2016. Esta taxa cresceu mais entre os homens (4,6 p.p.) do que entre as mulheres (2,0 p.p.), mas ainda mostra grande discrepância entre homens e mulheres: enquanto a taxa de realização foi de 92,6% para as mulheres, entre os homens foi de 78,7%.
A região Sul apresentou o maior percentual de pessoas que executaram tais atividades (89,3%), e a menor diferença na taxa de realização entre homens e mulheres (diferença de 11,8%). Já a região Nordeste teve o menor percentual de realização (81,8%), mas a maior discrepância entre homens e mulheres (27,7%).
Mulheres dedicam praticamente o dobro do tempo a tarefas domésticas e cuidados de pessoas
As mulheres dedicaram quase o dobro de horas do que os homens a atividades domésticas e cuidados de pessoas: enquanto para elas a média de horas semanais ficou em 20,9 horas, eles dedicaram, em média, 10,8 horas por semana.
Na região Nordeste, onde, apesar da menor taxa de realização, as pessoas dedicavam maior média de horas a essas atividades (17,3 horas), a diferença entre homens (10,8) e mulheres (21,8) foi de mais do dobro.
Média de horas dedicadas pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade às atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos, por Grandes Regiões, segundo o sexo – 2017
Mulheres ocupadas que fazem afazeres ou cuidados trabalham 4,8 horas a menos no mercado e 7,8 horas a mais em casa do que homens
A situação de ocupação mostrou influenciar menos o tempo que os homens dedicam a afazeres domésticos e cuidados de pessoas: enquanto a média semanal para os ocupados foi de 10,3 horas, para os não ocupados foi de 12,0 horas, uma diferença de 1,7 horas. Já para as mulheres essa diferença foi de 5,1 horas, com média de 18,1 horas para as ocupadas e 23,2 horas para as não ocupadas.
Por outro lado, enquanto as mulheres que não fizeram tais atividades dedicaram 1,8 horas a mais ao mercado de trabalho, os homens que não as fizeram trabalharam 0,4 horas a menos. A diferença na jornada de trabalho entre homens e mulheres que fizeram tarefas domésticas ou cuidados de pessoas foi de 4,8 horas a mais para eles. Já a diferença nas horas dedicadas às tarefas de afazeres e cuidados, entre as pessoas ocupadas, foi 7,8 horas a mais para as mulheres.
Tabela 1: Média de horas efetivamente trabalhadas na semana de referência em todos os trabalhos para pessoas de 14 anos ou mais de idade | |||
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Pessoas ocupadas | Total | Homens | Mulheres |
Ocupados que não fizeram as atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos | 39,0 | 39,5 | 36,9 |
Ocupados que fizeram as atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos | 37,7 | 39,9 | 35,1 |
Tabela 2: Média de horas que dedicou às atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos para pessoas de 14 anos ou mais de idade | |||
Situação na ocupação | Total | Homens | Mulheres |
Ocupados que fizeram as atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos | 14,0 | 10,3 | 18,1 |
Não-ocupados que fizeram as atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos | 19,6 | 12,0 | 23,2 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - 2017 |
Pessoas com nível superior completo são as que mais realizam trabalho voluntário
Considera-se como trabalho voluntário aquele não compulsório, realizado por pelo menos uma hora na semana, sem nenhuma remuneração em dinheiro ou benefícios, para produzir bens ou serviços a pessoas não moradoras do domicílio e não parentes.
Entre 2016 e 2017, o percentual de pessoas que realizaram trabalho voluntário aumentou de 3,9% para 4,4%, chegando a 7,4, milhões de pessoas de 14 anos ou mais. A região Norte (5,8%) teve a maior taxa de realização dessas atividades, enquanto no Nordeste (3,2%) observou-se a menor. Apesar do aumento, a média de horas semanais dedicadas a essa atividade diminuiu entre 2016 e 2017, passando de 6,7 a 6,3 horas.
Proporcionalmente, as mulheres fizeram mais trabalho voluntário que os homens (5,1% frente a 3,5%). Além disso, quanto maior o nível de instrução, maior a taxa de realização: 2,9% das pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto realizaram trabalho voluntário, já entre as pessoas com superior completo o percentual foi de 8,1%.
Em 2017, das 7,4 milhões de pessoas que realizaram trabalho voluntário, 6,7 milhões (91,0%) o fizeram por meio de empresa, organização ou instituição, proporção menor do que a observada em 2016 (91,5%). Quanto ao local de realização, a maioria das pessoas o fazia em congregação religiosa, sindicato, condomínio, partido político, escola, hospital, asilo. No Brasil, essa categoria foi informada por 79,8% das pessoas que realizaram trabalho voluntário.