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Em 2009, PIB varia -0,3% e atinge R$ 3,24 trilhões

Após crescer 4,7%, em média, durante o período de 2004 a 2007 e se expandir em 5,2% em 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve...

17/11/2011 08h01 | Atualizado em 17/11/2011 08h01

Após crescer 4,7%, em média, durante o período de 2004 a 2007 e se expandir em 5,2% em 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve, em 2009, variação de -0,3% em relação ao ano anterior. Em valores correntes, o resultado alcançado foi de R$ 3.239 bilhões, e o deflator (variação média dos preços em relação à média dos preços do período anterior) do PIB ficou em 7,2%. Em 2009, o PIB per capita atingiu R$ 16.917,66, o que representa uma queda em volume de 1,3% em relação ao observado em 2008.

Esses e outros resultados definitivos integram o Sistema de Contas Nacionais - Brasil 2005-2009. A publicação completa pode ser acessada na página
https://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/2009/default.shtm
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Pela primeira vez, o IBGE divulga, por setor institucional, a conta financeira (registra as operações que envolvem ativos financeiros e passivos realizadas entre os setores institucionais ou entre setores institucionais e o resto do mundo, através de instrumentos financeiros) e a conta de patrimônio financeiro (mostra os estoques de ativos financeiros e de passivos, resultantes tanto das operações econômicas ou transações, como de outros fluxos – variações de preços, de câmbio e outras variações de volume), ampliando as informações do Sistema de Contas Nacionais. A publicação completa da Conta Financeira e da Conta de Patrimônio Financeiro 2004-2009 está disponível no endereço
https://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/conta_financeira/2009/default.shtm.

O PIB pode ser calculado segundo três perspectivas:

  • Ótica da produção - é igual ao valor bruto da produção, menos o consumo intermediário (bens e serviços utilizados como insumos – matérias-primas – no processo de produção), mais impostos, menos subsídios;
  • Ótica da demanda - é igual à despesa de consumo das famílias, mais o consumo do governo, mais o consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias (consumo final), mais a formação bruta de capital fixo, mais a variação de estoques, mais as exportações de bens e serviços, menos as importações de bens e serviços. Permite a análise de acordo com o destino dos bens e serviços que a economia do país põe à disposição dos usos finais;
  • Ótica da renda - é igual à remuneração dos empregados, mais o total dos impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e a importação, mais o rendimento misto bruto (remuneração recebida pelos proprietários de empresas não constituídas - autônomos), mais o excedente operacional bruto (saldo resultante do valor adicionado deduzido das remunerações pagas aos empregados, do rendimento misto e dos impostos líquidos de subsídios incidentes sobre a produção).

ÓTICA DA PRODUÇÃO: serviços são único grupo com crescimento em 2009 (2,1%)

O PIB variou -0,3% em 2009, após ter crescido 5,2% em 2008 e 6,1% em 2007. Essa desaceleração não se deu de maneira uniforme entre as diferentes atividades econômicas.

Em 2009, os serviços cresceram 2,1%, com destaque para as atividades “intermediação financeira” (7,8%) e ”serviços prestados às famílias e associativas” (4,3%), essa última devido à manutenção das despesas de consumo final pelas famílias. Destaca-se, também, o crescimento do valor adicionado bruto gerado por “administração, saúde e educação públicas”, de 3,0%. O comércio teve variação de –1,0%, em contraste com os 6,1% de crescimento registrados em 2008. Esta redução contribuiu para a variação negativa da sua participação no valor adicionado dos serviços, que saiu de 18,9% em 2008 para 18,5% em 2009.

A indústria apresentou uma queda em volume de 5,6%, perdendo 1,1 ponto percentual de participação no valor adicionado total da economia. A redução, em volume, dos investimentos em 2009 afetou principalmente o crescimento de “fabricação de caminhões e ônibus” (-29,7%), “fabricação de máquinas e equipamentos” (-22,1%) e “material eletrônico e equipamentos de comunicação” (-19,2%). O valor adicionado bruto da “construção civil”, que havia crescido 7,9% em 2008, caiu 0,7% em 2009.

A agropecuária registrou queda em volume, de 3,1%, resultante da redução de 5,0% no valor adicionado bruto da “agricultura, silvicultura e exploração florestal” e do crescimento de apenas 1,0% no grupo “pecuária e pesca”. É a primeira queda observada ao longo da nova série ajustada, iniciada em 1995. Esse desempenho pode ser explicado, em parte, pela queda de produção e produtividade de alguns produtos da lavoura – decorrente das condições climáticas no ano de 2009 – e pelas incertezas no cenário internacional.

ÓTICA DA DEMANDA: consumo final cresce 4,1% impulsionado por famílias

Em 2009, o componente da demanda com maior crescimento foi o consumo final (4,1%), passando de 79,1% do PIB em 2008 para 82,3% em 2009. O principal responsável por esse aumento foi o “consumo das famílias”, que cresceu 4,4%, coerente com o aumento de 3,3% na massa salarial real, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, e com o aumento de 19,7%, em termos nominais, nas operações de crédito do sistema financeiro para pessoa física, segundo dados do Banco Central do Brasil.

Mesmo crescendo a um ritmo menor que o “consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias” (5,7%), o consumo das famílias, por seu peso no total do consumo, foi o maior responsável pelo aumento nesse item. O “consumo da administração pública” cresceu 3,1%.

Na análise por bens e serviços consumidos, destacam-se o consumo de “intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados”, com crescimento de 10,6%, e o de “eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana”(6,5%). Entre os bens e serviços com maiores aumentos de preço no consumo final se destacam os “serviços de informação” (9,6%) e as “atividades imobiliárias e aluguéis” (8,1%).

A formação bruta de capital fixo somou R$ 585,3 bilhões em 2009, um aumento nominal de 1,0% em comparação com o ano anterior (R$ 579,5 bilhões). Apesar disso, o volume teve redução de 6,7%, única queda no período entre 2005 e 2009. O resultado nominal positivo decorre desta variação negativa no volume, associado a um aumento médio de preços de 8,3% dos produtos que compõem o investimento. A “taxa de investimento”, participação da formação bruta de capital fixo no PIB, foi de 17,9% em 2009, uma redução de 0,9 ponto percentual em relação ao ano anterior. Apesar da interrupção de uma sequência de três anos consecutivos de crescimento, a participação é a segunda maior desde o ano 2000. Em termos de participação relativa, “máquinas e equipamentos” interromperam a trajetória de crescimento observada nos últimos anos, passando de 56,7% em 2008 para 50,1% da FBCF em 2009, o equivalente a R$ 293,3 bilhões. Em contrapartida, a participação de “construção” subiu de 36,3% para 42,3% e a categoria “outros” passou de 7,0% para 7,6%.

Exportações e importações registraram queda de volume, de 9,1% e 7,6%, respectivamente. Pelo lado das exportações, o destaque é a queda em volume de “bens de capital” (-41,5%) e “bens de consumo duráveis” (-32,0%). Já no que se refere ao volume importado, tiveram destaque as quedas na importação de “bens e serviços intermediários” (-11,9%) e “bens de capital” (-8,7%), parcialmente contrabalançadas pela expansão das importações de “bens e serviços de consumo não-duráveis” (22,3%).

ÓTICA DA RENDA: número de empregados com vínculo formal cresce 4,3%

Em 2009, o total de ocupações, 96.647.139, manteve-se estável quando comparado a 2008 (96.232.609 postos). Entre as formas de inserção no mercado de trabalho, houve aumento do número de “empregados com vínculo formal” (4,3%) e queda de “trabalhadores autônomos” (-1,5%) e “empregados sem vínculo formal” (-3,5%).

Em relação aos grupamentos de atividades, os “serviços” respondiam por 62,1% do total de ocupações, a “indústria” por 20,5% e a “agropecuária”, por 17,4%. Apesar da estabilidade nas ocupações, o rendimento médio anual registrou expansão de 8,0%, alta impulsionada pela “indústria” (10,6%). Esse crescimento foi de 6,9% nos “serviços” e 2,8% na “agropecuária”.

A participação da remuneração dos empregados no PIB subiu de 41,8% em 2008 para 43,6% em 2009, a mais expressiva da década. Esse crescimento se deveu principalmente ao aumento de 11,2% nos salários nominais.

CONTAS ECONÔMICAS INTEGRADAS: necessidade de financiamento da economia aumentou R$ 4,2 bilhões em 2009

As contas econômicas integradas fornecem informações por setores institucionais para o total da economia e sua relação ao resto do mundo. A Renda Nacional Bruta (PIB menos renda líquida dos fatores de produção enviada ao exterior) foi de R$ 3.175 bilhões. O ano de 2009 manteve a tendência, verificada desde 2006, de queda no pagamento líquido de rendas de propriedade ao resto do mundo em relação ao ano anterior. A queda, em 2009, foi 11,3%. Entre 2006 e 2009, a exceção foi o ano de 2008 que, em função da crise, apresentou um aumento no pagamento líquido de rendas de propriedade ao resto do mundo em relação ao ano anterior, de 30,8%.

Esse fato - a queda no pagamento líquido de rendas de propriedade ao resto do mundo verificada em 2009 - explica o crescimento da RNB maior que o PIB em termos nominais: 7,3% contra 6,8%. O crescimento da despesa de consumo final num patamar superior ao da RNB - 11,2% e 7,3%, respectivamente – fez com que a poupança apresentasse uma queda de 9,5%. O crescimento nominal da formação bruta de capital fixo, de 1,0%, aliado à piora no saldo externo corrente implicou num aumento da necessidade de financiamento do país de R$ 4,2 bilhões. A necessidade de financiamento do país chegou a R$ 60.332 bilhões em 2009, contra R$ 56.129 bilhões em 2008. Em relação ao PIB, a necessidade de financiamento se manteve estável em 1,9%.

A despeito da queda da atividade em 2009, as empresas não-financeiras melhoraram sua capacidade de financiamento, passando de uma necessidade de financiamento de R$ 69,8 bilhões em 2008 para uma capacidade de financiamento de R$ 2,5 bilhões em 2009. A principal razão para essa melhora está na queda da formação bruta de capital, que caiu 19,0%, passando de R$ 419,9 bilhões em 2008 para R$ 340,2 bilhões em 2009 – queda de R$ 80,0 bilhões em termos nominais.

O setor empresas financeiras apresentou uma queda na capacidade de financiamento, que passou de R$ 92,1 bilhões em 2008 para R$ 83,3 bilhões em 2009. Contribuíram para essa queda a desaceleração do crédito e na receita com serviços financeiros – que cresceu 1,4% em 2009, contra 5,5% em 2008.

O volume total de crédito teve um aumento de 20,3% em relação ao ano anterior, inferior, portanto, ao verificado em 2008, de 31,9%. As operações de crédito do sistema financeiro para as famílias também cresceram menos que em 2008 – 19,8% contra 30,3%, respectivamente.

Administração pública: carga tributária bruta sofre primeira redução desde 2003

Pela primeira vez na série 2000 houve redução em valores nominais da arrecadação de “Impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e importação”. A queda foi influenciada pela diminuição na atividade econômica, pelas desonerações fiscais, pelo aumento dos subsídios e pela redução nas importações. A carga tributária bruta passou de 34,9% do PIB, em 2008, para 33,7% do PIB, em 2009.

A participação da atividade administração pública no total do valor adicionado apresentou variação positiva, passando de 15,8% para 16,3% entre 2008 e 2009. Esse aumento foi resultado da manutenção das atividades produtivas do governo em comparação à desaceleração das atividades das famílias e das empresas não-financeiras.

A expansão da formação bruta de capital fixo (12,0%) e a variação negativa da poupança bruta condiziam a um aumento da necessidade de financiamento da administração pública da ordem de 72,5% frente ao resultado apurado em 2008. A necessidade de financiamento da administração pública passou de R$ 86,6 bilhões, em 2008, para R$ 149,3 bilhões, em 2009.

Capacidade de financiamento das famílias cai em 2009

O valor adicionado pela produção do setor institucional famílias cresceu 4,8% em relação a 2008, em termos nominais – enquanto o valor adicionado total da economia cresceu 6,8%. Esta variação abaixo da média fez com que a participação do setor famílias no total da renda gerada caísse 0,7 ponto percentual. Em compensação, as remunerações recebidas pelos empregados cresceram 11,5% no período, chegando a R$ 1,4 trilhão. Isso indica que o aumento da formalização da produção continuou durante o ano de 2009 – o que também pode ser constatado pelo aumento do número de empregados com carteira de trabalho assinada, registrado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD.

As despesas das famílias com pagamento de juros aumentaram em função do crescimento do crédito para as pessoas físicas, mas esse aumento foi mais do que compensado pela alta no rendimento do trabalho e nos juros recebidos, levando a uma expansão na renda disponível das famílias.

Em 2009, a da renda disponível bruta das famílias cresceu 11,3%, em termos nominais, chegando a R$ 2,0 trilhões. O consumo final das famílias atingiu R$ 1,9 trilhão, estimulado pelos aumentos da renda e do crédito. Sua variação nominal foi de 10,8% em relação a 2008. A diferença entre os aumentos da renda e do consumo fez com que a poupança das famílias chegasse a R$ 146,7 bilhões, em 2009.

Mesmo com aumento na poupança, a capacidade de financiamento das famílias diminuiu. Um dos principais responsáveis por essa redução foi a formação bruta de capital fixo das famílias, que cresceu mais que a poupança.

A diferença entre o crescimento da poupança e o do investimento das famílias levou a uma queda em sua capacidade de financiamento, que foi de R$ 2,3 bilhões, em 2009 (foi de R$ 7,2 bilhões em 2008).

CONTA DE PATRIMÔNIO FINANCEIRO

A conta de patrimônio financeiro é demonstrada pelas contas de patrimônio inicial e final (ativos financeiros e passivos) e pela conta de variações de patrimônio. É apresentada para os setores institucionais e para o total da economia. Ela registra, no decurso do período contabilístico, as variações no patrimônio financeiro, decorrentes de operações financeiras – transações e outras variações de ativos -, revalorizações e de outras variações de volume, através dos instrumentos financeiros.

Empresas não financeiras - nas posições ativas, os instrumentos “Ações e outras participações” e “Outros débitos/créditos” corresponderam a mais de 80% do total dos ativos financeiros no período. Em relação ao passivo, “Empréstimos”, “ações e Outras participações” e “Outros/débitos/créditos” representam 97% do total.

Empresas financeiras - apresenta uma concentração em relação às posições ativas nos instrumentos “Títulos, exceto ações”, “Empréstimos” e “Ações e outras participações”, representando 85% do total em 2009. Em relação às posições passivas, seus estoques estão distribuídos basicamente pelos instrumentos “Numerário e depósitos”, “Títulos, exceto ações”, “Empréstimos” e “Ações e outras participações”.

Administração pública - apresenta uma distribuição das posições ativas entre os instrumentos “Numerário e depósitos”, “Empréstimos”, “Ações e outras participações” e “Outros débitos/créditos”, representando 97% do total em 2009. Em relação às posições passivas, “Títulos, exceto ações” têm o maior peso (60%).

Famílias e instituições sem fins de lucros a serviço das famílias - mostra uma pulverização em relação às posições ativas, distribuídas basicamente em “Numerários e depósitos”, “Títulos, exceto ações”, com “Ações e outras participações”, “Reservas técnicas de seguros” e “Outros débitos/créditos”. Já as posições passivas se restringem a “Empréstimos” e “Outros débitos/créditos”.