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68,1% das estatais federais inovaram em 2008

A taxa de inovação das empresas estatais federais chegou a 68,1% em 2008...

20/04/2011 07h01 | Atualizado em 20/04/2011 07h01

A taxa de inovação das empresas estatais federais chegou a 68,1% em 2008. Isso significa que, das 72 estatais investigadas, 49 implementaram produto e/ou processo novo ou substancialmente aprimorado entre 2006 e 2008. A informação é da Pesquisa de Inovação nas Empresas Estatais Federais 2008. O percentual de empresas inovadoras observado é superior aos 38,6% verificados para empresas industriais e dos serviços selecionados no âmbito da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC 2008), excluídas as estatais federais.

As estatais federais gastaram R$ 5,6 bilhões nas atividades inovativas em 2008, o que representa 1,7% do faturamento de cerca de R$ 330 bilhões. O estudo mostra que as inovações das estatais federais foram baseadas especialmente na realização de atividades contínuas de pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Segundo a pesquisa, mais da metade das estatais federais enfrentou obstáculos à inovação em 2008. Os dois principais foram a dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações e a rigidez organizacional, cada um deles citado por 64,3% das estatais federais, percentual superior aos mencionados pelas empresas da PINTEC em geral (32,4% e 31,4%, respectivamente), cujo principal obstáculo foram os elevados custos da inovação, apontado por 73,1% das empresas investigadas.

Esta é a primeira pesquisa do IBGE a investigar isoladamente as estatais federais, além de setores que nunca tinham sido estudados pelo instituto. O estudo engloba as atividades econômicas de eletricidade e gás; construção; comércio; transporte, armazenagem e correio; atividades financeiras, de seguros e serviços selecionados; atividades imobiliárias; atividades profissionais, científicas e técnicas; atividades administrativas e serviços complementares; e outras atividades de serviços.

Realizada com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais Federais do Ministério do Planejamento (DEST/MPOG), a Pesquisa de Inovação nas Empresas Estatais Federais 2008 investigou 72 empresas de um conjunto de 118 empresas acompanhadas pelo DEST (http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/dest/estatistica/
110406_Est_atividade.pdf)
, incluindo uma multiterritorial.

Estatais federais investem mais em atividades de P&D que empresas em geral

Entre as 49 estatais inovadoras, 37 tinham mais de 500 pessoas ocupadas. A inovação apenas em processo predominou em 33,3% das estatais inovadoras, ao passo que 30,6% delas inovaram em produto e processo e 4,2% apenas em produto. Trata-se de um comportamento diferente do observado pelas empresas em geral da PINTEC 2008, em que as inovações em produto e processo predominaram em 17,2% das inovadoras.

Dentre as estatais federais inovadoras, 27,8% realizaram inovação de produto para o mercado nacional e 29,2% implementaram processo novo direcionado ao mercado interno, percentuais superiores aos registrados para as empresas em geral (4,4% e 2,4%, respectivamente). Isso porque grande parte das estatais federais são as únicas produtoras de um bem e/ou as únicas a oferecer determinado serviço.

Entre as atividades empreendidas para inovar, destacaram-se as de P&D, que, desenvolvidas internamente, representaram 42,9% nas estatais contra 11,9% no âmbito da PINTEC 2008; já a aquisição externa ficou em 34,7% entre as estatais frente a 4,2% para as empresas da PINTEC 2008. Nas estatais inovadoras, cerca de 10 mil pessoas se envolveram nesta atividade, 53% com ensino superior, sendo 27% com pós-graduação.

Dos R$ 5,6 bilhões investidos pelas estatais em inovação, o gasto em P&D interno foi de R$ 3,5 bilhões. Das 19 inovadoras que investiram em P&D interno, 17 desenvolveram a atividade continuamente (89%), percentual superior ao da PINTEC (72%).

Mais da metade das estatais federais enfrentou obstáculos à inovação em 2008

Entre 2006 e 2008, 57,1% das estatais federais investigadas enfrentaram ao menos um obstáculo de importância alta ou média para a inovação. Entre eles, detacaram-se a dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações e a rigidez organizacional, cada um citado por 64,3% das estatais que tiveram dificuldade em inovar, percentual superior ao do conjunto de empresas do âmbito da PINTEC 2008 (32,4% e 31,4%, respectivamente), retratando dificuldades do setor público ligadas a entraves burocráticos e legais. Outro obstáculo foi a falta de pessoal qualificado (57,1%), como já havia sido observado nas empresas da PINTEC 2008 em geral (58,8%).

Por outro lado, dois itens com grande expressão no âmbito geral da PINTEC 2008, os elevados custos da inovação (73,1%) e os riscos econômicos excessivos (65,6%), não foram apontadas pela grande maioria das estatais federais, com percentuais de 35,7% e 17,9%, respectivamente.

Quase 92% das estatais inovadoras implementaram mudanças organizacionais

Entre as inovações não tecnológicas, percebeu-se que 91,9% das empresas estatais federais inovadoras em produto e/ou processo também realizaram alguma inovação organizacional e 38,8% alguma inovação de marketing. O principal destaque foram as inovações em técnicas de gestão (85,7%), principalmente se comparado à PINTEC 2008, em que 48,1% das empresas implementaram esta modificação.

A organização do trabalho foi apontada por 71,4% das estatais federais inovadoras, porém também foram observadas taxas próximas a 50% nos dois outros itens que caracterizam este tipo de inovação: técnicas de gestão ambiental (51,0%) e relações externas (49,0%), taxas superiores àquelas observadas nas empresas da PINTEC 2008 em geral (48,1%, 45,9%, 28%, 18,9%, respectivamente). Quanto às inovações de marketing, o movimento foi contrário, com índices maiores nas empresas da PINTEC 2008 em geral (69%), já que grande parte das estatais não têm o foco no mercado.

Marca é o principal método de proteção utilizado nas estatais federais

Das estatais federais investigadas, 29,2% utilizaram algum tipo de proteção para garantir a apropriação dos resultados da inovação. A marca foi o método mais utilizado por estatais federais (26,5%), ligeiramente superior ao verificado nas empresas do âmbito geral da PINTEC 2008 (25,0%). Entretanto, na comparação com a PINTEC 2008, destacaram-se as patentes, com 20,4% contra 8,8%; o direito de autor, com 14,3% contra 2,8%; e o segredo industrial, com 12,2% contra 8,5%.

Cooperação destaca-se como fonte de inovação nas estatais federais

As estatais federais criaram mais relações de cooperação do que as empresas do âmbito da PINTEC. Das 49 estatais inovadoras, 71,4% estabeleceram alguma relação de cooperação entre 2006 e 2008, enquanto nas investigadas pela PINTEC a taxa foi de 10,4%. Os principais parceiros das estatais federais foram universidades e institutos de pesquisa, com 51,4% frente aos 31,2% da PINTEC 2008.

Entre as estatais, as cinco principais fontes de informação utilizadas para inovar entre 2006 e 2008 foram áreas internas à empresa (71,4%), fornecedores (59,2%), clientes e consumidores (59,2%), universidades e outros centros de ensino superior (59,2%) e conferências, encontros e publicações especializadas (59,2%). As duas últimas não estavam entre as cinco principais fontes de informação das empresas da PINTEC 2008.

Melhoria na qualidade foi o principal impacto nas estatais federais inovadoras

Todas as estatais inovadoras apontaram ao menos um impacto proveniente da inovação como relevante, em especial a melhoria da qualidade dos produtos (83,7%), o aumento da flexibilidade de produção (83,7%) e o aumento da capacidade produtiva (75,5%), estes últimos diretamente ligados à produtividade. Em seguida, aparecem a manutenção (69,4%) e a ampliação (61,2%) da participação da empresa no mercado, considerado o menos importante (46,9%).

No âmbito geral da PINTEC, os principais impactos relacionavam-se à posição da empresa no mercado (manteve ou ampliou a participação – 76,4% e 68,5%, respectivamente), à melhoria da qualidade dos produtos (75,5%) e a melhorias no processo (aumento da flexibilidade de produção e da capacidade produtiva, ambos com 68,0%).

Financiamento governamental é superior nas estatais federais inovadoras

Entre as empresas estatais que inovaram, 24,5% receberam algum tipo de incentivo governamental para inovar, percentual ligeiramente superior ao observado nas empresas da PINTEC em geral 2008 (22,3%), em que se destaca o financiamento à compra de máquinas e equipamentos (13,5%).

Nas estatais federais esse percentual foi de 2,0%, já que os gastos da inovação foram realizados, principalmente, em P&D. Além disso, os instrumentos de apoio do governo utilizados pelo maior número de empresas foram: outros (12,2%) – bolsas oferecidas pelas Fundações de Amparo à Pesquisa (FAP’s) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e outros programas de governo; financiamento a P&D em parceria com universidades (10,2%); e incentivo fiscal a P&D – Lei do Bem (6,1%).