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Livro resgata atuação do IBGE na construção de Brasília

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lança o livro “Veredas de Brasília: as expedições geográficas em busca de um sonho"...

19/04/2010 07h01 | Atualizado em 19/04/2010 07h01

Por ocasião dos 50 anos da fundação de Brasília, comemorados no próximo dia 21, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lança o livro “Veredas de Brasília: as expedições geográficas em busca de um sonho”, no qual resgata sua participação na construção da nova capital do Brasil. O instituto atuou tanto nas expedições geográficas realizadas para determinar o local onde a cidade seria erguida, quanto nos primeiros levantamentos estatísticos conduzidos na região, bem como na elaboração do primeiro mapa oficial de Brasília.

Organizada pelo prof. dr. Nelson Senra e editada pelo Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) do IBGE, a publicação é dividida em duas partes: 1) o local da capital, com textos sobre as três comissões que, pouco a pouco, definiram o melhor lugar para a fundação de Brasília; e 2) o início da capital, relatando atividades do IBGE ao tempo da construção.

Além deles, traz mais quatro textos em anexo, dos quais três são de Mario Augusto Teixeira de Freitas, fundador do IBGE, escritos à época da construção da nova capital.

O livro será lançado hoje, 19 de abril de 2010, a partir de 13h30, no auditório do CDDI (rua General Canabarro, 706, Maracanã, Rio de Janeiro/ RJ). Haverá mesas redondas com os autores e o organizador da publicação. O evento é aberto ao público e aos jornalistas.

Após seu lançamento, “Veredas de Brasília: as expedições geográficas em busca de um sonho” estará à venda nos postos de atendimento do IBGE em todo o país (que podem ser consultados no link https://www.ibge.gov.br/home/disseminacao/locaisdeatendimento/default.shtm) e na loja virtual do instituto (https://www.ibge.gov.br/lojavirtual/).

A ideia de mudar a capital brasileira do Rio de Janeiro para a região central data de muito antes da inauguração de Brasília, remontando ao período colonial. Houve em sua defesa inúmeras propostas anteriores à independência do Brasil e ao longo do Império. Essa nova capital atenderia às vantagens estratégica (segurança contra invasões) e demográfica (povoar o interior). A primeira atividade concreta pela mudança se daria no início da República, mas até 1946, pouco seria feito efetivamente nesse sentido.

O IBGE, desde 1936, defendeu a transferência da capital e, tão logo a Constituição democrática de 1946 retomou a mudança como preceito, envolveu-se diretamente nesse processo. Em 1947, promoveu duas expedições geográficas (no âmbito do Conselho Nacional de Geografia, então um dos seus dois órgãos máximos), dando conteúdo científico à comissão dirigida pelo general Djalma Polli Coelho, incumbida da localização de um sítio para a nova capital. Esteve presente também num terceiro momento, entre 1955 e 1956, na comissão dirigida por José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque.

Definida a localização, objeto dessas missões, e já iniciada a construção, o IBGE fez um Censo na futura capital, em 1959, pelo qual revelou a população e a habitação daquele tempo. Coube também ao instituto a elaboração, em 1958, do primeiro mapa da nova capital, com o sítio geral e nele posto o Plano Piloto, que ficou sob responsabilidade do cartógrafo Clóvis de Magalhães. Além disso, em terras que recebeu próximas à capital, em 1961, o IBGE criou um centro de estudos ambientais da biogeografia do cerrado.

Assim, as condições para a construção da nova capital estavam postas quando o presidente Juscelino Kubitschek decidiu de fato fazer a transferência. Mais que apenas a definição da localização, havia outras informações fundamentais disponíveis. Contar essa história é a proposta central dos autores de “Veredas de Brasília: as expedições geográficas em busca de um sonho”.

No texto de abertura, “Brasília: a capital no sertão”, introduzindo a temática da mudança, Nísia Trindade Lima busca as origens do desejo de transferência e apresenta as principais conclusões das sucessivas comissões incumbidas da localização da capital. No artigo seguinte, “A Comissão Cruls e o projeto de mudança da Capital Federal na Primeira República”, Moema de Rezende Vergara analisa os processos de trabalho e os principais resultados da comissão chefiada por Luiz (Louis) Cruls, no início da República. Em suas duas expedições (entre 1892 e 1895), a comissão definiu um sítio ideal que, ao longo da história, ficou conhecido como “Quadrilátero Cruls” e teve influência nas comissões seguintes.

No texto “Na boca do sertão ou integrada ao ecúmeno? Militares, estatísticos, geógrafos, militares e a localização da nova capital”, Sergio Nunes Pereira analisa a comissão seguinte, dirigida pelo general Djalma Polli Coelho (1946 a 1948). O autor avalia as expedições geográficas emanadas do Conselho Nacional de Geografia (CNG, então parte do IBGE), relatando a ação do instituto, seja pelos estatísticos, seja pelos geógrafos, seja pelos diálogos que mantinham com os militares. No texto final dessa seção, “Brasília, codinome Vera Cruz: a comissão engenheira que fundou as bases da construção da nova capital”, Luiz Henrique G. Castiglione analisa a última comissão de localização, primeiro chefiada por Aguinaldo Caiado de Castro e, depois, até seu final, por José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque.

Na segunda parte do livro, duas ações do IBGE são realçadas. No texto “Em 1959, o censo experimental na alvorada de Brasília”, Luiz Antônio Pinto de Oliveira apresenta as estatísticas da população e da habitação ao término da construção. O texto revela um retrato da população trabalhadora que construía a capital e procura mostrar os efeitos de Brasília na dinâmica regional de Goiás, bem como suas influências na interiorização do crescimento e na expansão em direção ao Oeste e ao Norte do país. Os Censos revelam uma evolução rápida no Distrito Federal, maior que a prevista: para 2000, previam-se 600 mil habitantes, contudo, chegou-se a 2,7 milhões, que haviam sido previstos apenas para 2010.

Em “Geografia de esperança: a Reserva Ecológica do IBGE e a nova capital”, Mauro Lambert Ribeiro trata da cessão ao IBGE, em 1961, da gleba Roncador, área que se tornou uma reserva ecológica do instituto e onde se realizam estudos do bioma cerrado, em suas variadas espécies de flora e fauna.

A publicação tem, além desses textos, três testemunhos: “Uma candanga antes dos candangos: vivências de uma expedição geográfica”, por Cybelle de Ipanema, que esteve na expedição geográfica de 1947, chefiada por Francis Ruellan; “As expedições geográficas do IBGE”, por Pedro P. Geiger, experiente nessas expedições, das quais trata em linhas teóricas; e “Um candango ibgeano”, por Walker Roberto Moura, técnico do quadro do IBGE, que, em 1958, aos 11 anos migrou de Minas Gerais para a capital, porque seu pai fora trabalhar na construção de Brasília.

Por fim, há sete perfis de pessoas selecionadas, as mais proeminentes nas comissões, feitos por Marco Aurélio Martins Santos: Luiz (Louis) Cruls, general Djalma Polli Coelho, Francis Ruellan, Fábio de Macedo Soares Guimarães, Leo Heinrich Waibel, marechal Aguinaldo Caiado de Castro e marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque.