De 2005 para 2008, acesso à Internet aumenta 75,3%
Em três anos, o percentual de brasileiros de dez anos ou mais de idade que acessaram ao menos uma vez a Internet pelo computador aumentou 75,3%...
11/12/2009 08h01 | Atualizado em 11/12/2009 08h01
Em três anos, o percentual de brasileiros de dez anos ou mais de idade que acessaram ao menos uma vez a Internet pelo computador aumentou 75,3%, passando de 20,9% para 34,8% das pessoas nessa faixa etária, ou 56 milhões de usuários, em 2008. No mesmo período, a proporção dos que tinham telefone celular para uso pessoal passou de 36,6% para 53,8% da população de dez anos ou mais de idade, sendo que, para 44,7% dessas pessoas (ou cerca de 38,6 milhões de brasileiros), o celular era o único telefone para uso pessoal.
Os números são do Suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008 sobre Acesso à Internet e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal.
Os mais jovens acessam mais a Rede mundial de computadores, assim como os mais escolarizados – embora, entre 2005 e 2008, o acesso tenha crescido mais entre aqueles com menos anos de estudo. As diferenças regionais no uso da Internet permanecem, sendo que o percentual de usuários era menor no Norte (27,5%) e Nordeste (25,1%) e maior no Sudeste (40,3%), Centro-Oeste (39,4%) e Sul (38,7%). O local de onde mais se acessava a Internet continuava sendo, em 2008, o próprio domicílio, mas em segundo lugar vinham os centros públicos de acesso pago – ou lan houses -, que superaram o local de trabalho (segundo local de acesso em 2005). Também houve mudança no principal motivo que leva as pessoas a usarem a Internet: 83,2% acessaram a Rede em 2008 principalmente para se comunicar com outras pessoas – em 2005, o principal motivo era educação ou aprendizado, que caiu para o terceiro lugar em 2008. Nesses três anos, o acesso à Internet por conexão de banda larga duplicou, mas, em 2008, 32,8% dos que não acessaram a Rede ainda diziam que não queriam ou não achavam necessário usá-la.
Em relação à posse de celular, entre 2005 e 2008 diminuiu diferença entre os percentuais de homens e mulheres que tinham o aparelho. As pessoas que tinham celular apresentavam um número médio de anos de estudo superior (9,2) ao das que não tinham (5,2), e o percentual dos que tinham celular crescia conforme aumentava a faixa de rendimento domiciliar per capita.
A seguir os principais destaques do Suplemento da Pnad 2008.
Em 2008, 56 milhões de pessoas de dez anos ou mais de idade acessaram a Internet pelo menos uma vez1, por meio de um computador, contingente que representava 34,8% dessa população e mostrou um aumento expressivo nos últimos três anos - em 2005, o percentual era de 20,9%. O aumento no acesso à Internet se deu tanto para os homens (de 21,9% em 2005 para 35,8% em 2008) quanto para as mulheres (de 20,1% para 33,9%).
As regiões Sudeste (40,3%), Centro-Oeste (39,4%) e Sul (38,7%) registravam os maiores percentuais de usuários, e as regiões Norte (27,5%) e Nordeste (25,1%), os menores. Entre as unidades da federação, Distrito Federal (56,1%), São Paulo (43,9%) e Rio de Janeiro (40,9%) tinham os maiores percentuais de pessoas que acessaram a Internet; enquanto Alagoas (17,8%), Piauí (20,2%) e Maranhão (20,2%) apresentaram os menores percentuais.
A utilização da Internet era, em 2008, maior entre os mais jovens. O grupo de 15 a 17 anos de idade registrou o maior percentual (62,9%) de pessoas que acessaram a rede e, além disso, teve o maior aumento em relação a 2005 (quando era de 33,7%). A partir dessa faixa etária, o percentual de usuários diminuía com a idade, chegando a 11,2% das pessoas de 50 anos ou mais. Esse grupo representava, em 2008, 24,8% da população total, mas correspondia a apenas 8,0% do total dos que tinham acessado a Internet. A proporção de pessoas que acessaram a Internet no grupo de 10 a 14 anos de idade (51,1%) ficou acima das percentagens de usuários em todas as faixas etárias a partir de 25 anos, em todas as regiões.
Mais escolarizados usam mais a Internet, mas acesso cresceu mais entre os menos escolarizados
Os usuários da Internet eram mais escolarizados (10 anos de estudo em média) que aqueles que não a utilizavam (5,5 anos de estudo), e a proporção de pessoas que acessavam era maior quanto maior era a escolaridade. Entre aqueles com 15 anos ou mais de estudo, o percentual de usuários da rede era de 80,4%; entre os com 11 a 14 anos de estudo, 57,8%; com 8 a 10 anos de estudo, 38,7%; com 4 a 7 anos de estudo, 23,4%; e entre as pessoas sem instrução ou com menos de 4 anos, 7,2%.
Em todos os níveis de escolaridade, foi observado aumento do acesso em relação a 2005, mas o crescimento foi mais intenso na população com menos escolaridade.
A proporção de pessoas com acesso à Internet também crescia conforme avançavam as classes de rendimento mensal domiciliar per capita. Na faixa de mais de 5 salários mínimos, 75,6% acessavam a Internet, enquanto na faixa dos sem rendimento a ¼ do salário mínimo, o percentual era de 13,0%. Esse comportamento foi observado em todas as regiões, sendo que no Norte e no Nordeste a diferença entre as proporções de usuários das faixas mais baixa e mais alta de rendimento era maior.
Entre 2005 e 2008, a proporção da população de estudantes que utilizaram a Internet no período de referência cresceu de 35,7% para 60,7%. Entre os não estudantes também houve aumento, porém menor (de 15,9% para 26,6%), o que tem a ver com o perfil etário das duas populações. As pessoas ocupadas também tiveram maior acesso (36,0%) que as não ocupadas (33,2%), mas a diferença entre os dois grupos era menor, mostrando que o acesso à Internet estava mais relacionado à condição de estudante do que com a situação na ocupação.
Lan houses já são o segundo lugar de onde mais se acessa a Rede
Dos 56 milhões de pessoas que acessaram a Internet, 47,5% o fizeram de mais de um local, sendo que o mais citado foi a própria casa (57,1% dos que acessaram). O segundo local de onde mais se teve acesso à Internet foi o centro público de acesso pago ou lan house (35,2%), que em 2005, ficava em terceiro lugar, atrás do local de trabalho (31,0% em 2008).
Regionalmente, houve algumas diferenças. No Norte e Nordeste, o centro público de acesso pago foi o local de onde mais as pessoas acessaram a Internet (56,3% e 52,9%, respectivamente). No Norte, 34,1% acessaram do domicílio em que moravam e no Nordeste, 40,0%.
Enquanto os homens apresentaram um percentual de acesso no local de trabalho (33,6%) ligeiramente acima do das mulheres (28,5%), estas acessavam mais que eles do estabelecimento de ensino (18,7% contra 16,3% dos homens) – fato que foi observado em todas as grandes regiões.
Das pessoas que tiveram acesso somente em um local (52,5% do total), 45,9% o fizeram do domicílio em que moravam; 29,5% de um centro público de acesso pago; 12,1% do local de trabalho; 4,8% do estabelecimento de ensino; 0,8% de um centro público de acesso gratuito e 6,9% de outro local.
Os locais de utilização da Internet estavam associados à faixa etária do usuário. Os mais jovens, de 10 a 17 anos de idade, a acessavam principalmente nos centros públicos de acesso pago (53,3%) e no domicílio em que moravam (43,1%), enquanto as pessoas com 40 anos ou mais de idade, no domicílio em que moravam (78,6%) ou no local de trabalho (50,9%). Esse fato também pode ser verificado pela idade média das pessoas que acessavam a Internet (28,1 anos, em 2005 e 27,6, em 2008) segundo cada local de acesso: no domicílio (30,6 anos) e no local de trabalho (34,6 anos) a idade média era maior que nos demais locais.
Os rendimentos médios mensais domiciliares per capita das pessoas que utilizaram a Internet no domicílio em que moravam (R$ 1.336) e no local trabalho (R$ 1.523) foram mais elevados que os das que a usaram nos demais locais. Os menores rendimentos foram os dos usuários de centro público de acesso pago (R$ 536) e centro público de acesso gratuito (R$ 825). No confronto com 2005, houve redução do rendimento mensal domiciliar per capita das pessoas que acessaram a Internet de todos os locais, exceto do trabalho (aumentou 0,4%).
Comunicar-se com outras pessoas é o principal motivo de uso da Internet
Comunicação com outras pessoas foi o motivo mais citado para utilização da Internet (83,2% dos usuários) em 2008, superando os fins educacionais e de aprendizado (65,9%), que eram a principal razão dos acessos em 2005 (71,7% naquele ano). O acesso para atividades de lazer também ganhou importância nos últimos anos: em 2005, era o terceiro motivo mais citado (54,3% dos que acessavam) e, três anos depois, passou ao segundo lugar, citado por 68,6% dos usuários.
A leitura de jornais e revistas também foi um motivo bastante citado em 2008 (48,6% das pessoas que acessaram a Rede). Esse ordenamento das finalidades foi observado em todas as regiões; e em todas as unidades da federação a comunicação com outras pessoas foi o motivo mais declarado.
A comunicação com outras pessoas foi a finalidade mais declarada pelas mulheres (84,0%) e homens (82,3%), mas, para eles, o segundo motivo era atividades de lazer (72,8%), enquanto para elas esse motivo ficou em terceiro lugar (64,6%), e o segundo era educação e aprendizado (69,4%). Os mais velhos usavam a Internet para realizar transações bancárias ou financeiras (idade média de 36,4 anos) e interagir com autoridades públicas ou órgãos do governo (36,0 anos). A menor idade média era a dos que usaram a Rede para atividades de lazer (24,9 anos). As pessoas que usaram a Internet para realizar transações bancárias ou financeiras apresentaram o maior nível de instrução (média de 12,8 anos de estudo), e as que utilizaram para atividades de lazer, o menor (9,8 anos de estudo). Os maiores rendimentos médios mensais domiciliares per capita foram os das pessoas que a acessaram com as finalidades efetuar transações bancárias e financeiras (R$ 1.989) e comprar ou encomendar bens ou serviços (R$ 1.855). Os mais baixos rendimentos foram os dos que usaram a Internet para atividades de lazer (R$ 958) e comunicação com outras pessoas (R$ 1.022).
Acesso por banda larga duplica entre 2005 e 2008
Dos que acessaram a Internet no domicílio em 2008, 80,3% o fizeram somente através de banda larga; 18,0% unicamente por conexão discada e 1,7% através das duas formas. Em relação a 2005, o aumento da conexão por banda larga foi bastante expressivo: naquele ano o percentual havia sido de 41,2%.
Regionalmente, a conexão por banda larga também foi disseminada e passou a ser a principal forma de acesso, com destaque para o Centro-Oeste, onde 93,4% das pessoas a usavam – contra 57,1% em 2005. Por outro lado, a região Norte foi a que apresentou a menor proporção de pessoas acessando a Internet somente por banda larga (70,4% contra 40,5% em 2005).
104,7 milhões não usam a Internet, 32,8% porque não acham necessário ou não querem
Segundo a Pnad 2008, 104,7 milhões de pessoas com dez anos ou mais de idade não utilizaram a Internet nos três meses anteriores à data da entrevista, ou seja, 65,2% do total. Os motivos de não utilização foram concentrados em três: não achavam necessário ou não queriam (32,8%); não sabiam utilizar a Internet (31,6%) e não tinham acesso a computador (30,0%) - sendo que no Norte e no Nordeste, o motivo mais citado foi não saber utilizar a Internet (38,7% e 40,1% respectivamente).
A proporção de pessoas que disseram não acessar a Internet porque não tinham acesso a computador (30,0%) reduziu em relação à pesquisa de 2005 (37,2%), bem como o motivo custo elevado do computador (9,1% em 2005 e 1,7% em 2008). Já o percentual de pessoas que não usavam a Internet porque não achavam necessário ou não queriam foi o que mais aumentou (de 20,9%, em 2005 para 32,8%, em 2008). Cresceu também o percentual de pessoas cujo motivo declarado foi não saber utilizar a Internet (de 20,6%, em 2005 para 31,6%, em 2008).
Alagoas (48,3%), Rondônia (43,5%) e Acre (47,5%) tiveram os maiores percentuais de pessoas que não utilizaram a Internet porque não tinham acesso a computador. Já no Rio de Janeiro o principal motivo foi não achar necessário ou não querer (45,1%).
Os que não acessaram a Internet porque não achavam necessário ou não queriam e os que não sabiam utilizar a Internet apresentavam idades médias mais elevadas (44,1 e 45,2 anos, respectivamente) do que aqueles que alegaram os demais motivos. Os estudantes que não utilizaram a rede apresentaram como principal motivo não ter acesso a computador (46,9%).
Mais da metade dos brasileiros (53,8%) têm telefone celular
Em 2008, mais da metade (53,8%) da população de dez anos ou mais de idade, ou seja, cerca de 86 milhões de pessoas, tinham telefone celular para uso pessoal – percentual que era de 36,6% em 2005, correspondendo a 56 milhões de pessoas. De 2005 para 2008, enquanto a população de dez anos ou mais de idade cresceu 5,4%, o contingente daqueles que possuíam celular teve aumento de 54,9%.
Na região Centro-Oeste, que apresentava o maior percentual de pessoas com celular (64,3%), o destaque foi o Distrito Federal, onde esse percentual chegava a 75,6%. As regiões Norte (45,4%) e Nordeste (41,2%) continuam com os menores percentuais, entretanto, a primeira foi a que apresentou maior crescimento dessa participação (27,0% em 2005).
No Norte, o Acre tinha o maior percentual (50,7%), e o Pará, o menor (43,7%). Roraima foi o estado da região onde o percentual dos que tinham celular mais cresceu de 2005 para 2008 (20,9 pontos percentuais), enquanto o Amapá foi onde menos cresceu (13,3 pp). Em quase todos os estados nordestinos a posse de celular não tinha atingido 50% da população em 2008, exceto Sergipe (56,4%), que apresentou, em relação a 2005, o maior crescimento do país nessa proporção (23,0 pp).
Na região Sul (62,8% tinham celular), o Rio Grande Sul apresentou o maior percentual dos que possuíam celular (67,7%), e o Paraná (58,8%) teve o maior crescimento em relação a 2005 (18,0 pp). Na região Sudeste (58,6% tinham celular), o Rio de Janeiro tinha o maior percentual (61,7%) de pessoas com celular, Minas Gerais e Espírito Santo registraram os maiores aumentos no período analisado (19,4 pp cada um).
No Piauí e no Maranhão os percentuais alcançados de 2008 eram cerca do dobro daqueles de 2005. Também se aproximaram de duplicar os percentuais da Bahia, de Alagoas, Sergipe e Roraima.
O percentual de homens (54,0%) que tinham telefone celular continuava maior que o de mulheres (53,6%), apesar de a diferença ter caído de 2,8 pp em 2005 para 0,4 pp em 2008. O contingente de mulheres com posse de celular era de 27,8 milhões em 2005, e o de homens, 28 milhões. A posse era maior entre os homens apenas nas regiões Sul (64,6% deles contra 61,0% delas) e Sudeste (59,8% e 57,4% respectivamente).
Em 2008, na população com menos de 30 anos de idade, o percentual de mulheres que tinham celular (28,8%) era maior do que o de homens (25,7%). Esse comportamento se invertia a partir dos 30 anos, o que, em 2005, ocorria aos 25 anos de idade.
Posse de celular está relacionada à escolaridade e à renda
A posse de celular estava diretamente relacionada ao nível de escolaridade e ao rendimento. As pessoas que tinham celular apresentavam um número médio de anos de estudo superior (9,2) ao das que não tinham (5,2), e o percentual dos que tinham celular era ascendente com o aumento da faixa de rendimento. Em 2008, o rendimento médio domiciliar per capita real entre aqueles que não possuíam celular correspondia a 44,9% do rendimento dos que possuíam. Em 2005, essa proporção era 38,7%.
Para 38,6 milhões de pessoas, celular é único telefone de uso pessoal
Das pessoas que tinham celular para uso pessoal, 44,7% (38,6 milhões) não tinham telefone convencional no domicílio em que moravam, percentual que era decrescente de acordo com o aumento do rendimento mensal domiciliar per capita.
No contingente dos ocupados, o percentual dos que tinham celular para uso pessoal em 2008 (63,6%) foi superior ao dos não ocupados (40,6%). Em 2005, menos da metade dos ocupados (44,3%) possuía celular para uso pessoal e, dentre os não ocupados, o percentual era de 26,5%.
As ocupações que exigiam maior nível instrucional apresentaram percentuais mais elevados de pessoas que tinham celular: membros das forças armadas e auxiliares (90,7%), dirigentes em geral (89,7%) e os profissionais das ciências e das artes (89,1%).
Em 2008, o celular continuava sendo um bem de baixa penetração entre os trabalhadores de atividades agrícolas (24,2%), enquanto o maior percentual foi verificado no grupo “outras atividades”2.
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1 No período de referência dos três meses anteriores à realização da pesquisa (set.08).
2 Intermediação financeira, seguro e previdência privada, atividades imobiliárias, aluguel de veículos e equipamentos, atividades de informática e conexas, pesquisa e desenvolvimento, serviços prestados às empresas, organismos internacionais, etc.