Valor da produção da agricultura cresce 27,3% de 2007 para 2008
O valor da produção da agricultura cresceu 27,3%, em 2008 frente a 2007...
16/10/2009 07h01 | Atualizado em 16/10/2009 07h01
O valor da produção da agricultura cresceu 27,3%, em 2008 frente a 2007, impulsionado principalmente pelo aumento dos preços da soja, milho, feijão e arroz, bem como pelo aumento da produção de cana-de-açúcar, café e trigo. Em valores correntes, a produção alcançou R$ 148,4 bilhões de reais, um acréscimo de R$ 31,4 bilhões. Em 2008, as 64 culturas investigadas pela pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) do IBGE ocupavam, juntas, uma área de 65.338.804 hectares. A área total plantada apresentou um crescimento de 4,8%, o que representou a incorporação de quase 3,0 milhões de hectares. Em 2008, a soja foi responsável por 26,1% do valor da produção agrícola brasileira, seguida pelo milho (14,0%) e cana-de-açúcar (13,9%). A produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas1 foi recorde em 2008, atingindo 145,4 milhões de toneladas, um acréscimo de 9,1% em relação ao ano anterior. Destaque para a produção nacional do milho em grão, que foi recorde em 2008. Com 15,6% de participação, São Paulo liderou a distribuição estadual dos valores da produção em 2008, seguido pelo Paraná, que respondeu por 14,8% da produção nacional. O município de Sorriso (MT) é o maior produtor nacional de milho e soja. As 22 frutíferas investigadas geraram uma receita de 17,4 bilhões de reais. Sendo que a principal cultura foi a laranja. Essas e outras informações integram a pesquisa Produção Agrícola Municipal 2008, que investiga os principais produtos das lavouras temporárias e permanentes da agricultura nacional, com detalhamento municipal.
Os bons preços alcançados pela soja e pelo milho no mercado internacional, devido à menor oferta, proporcionaram um aumento de área plantada de cerca de 500 mil hectares de soja e 736 mil hectares de milho, em 2008 frente a 2007. O clima favoreceu o desenvolvimento das culturas, especialmente no caso do milho, que registrou um incremento de 7,8% em seu rendimento médio. Em 2008, a produção da soja foi de 59,2 milhões de toneladas, enquanto a do milho foi de 58,9 milhões de toneladas.
O crescimento do milho nos últimos dois anos deveu-se ao aumento da demanda pelo produto no mercado internacional, já que os Estados Unidos, maior produtor e exportador mundial do grão, destinou boa parte de sua produção para fabricação de etanol, o que conseqüentemente elevou o preço do milho no mercado.
Em 2008, a soja foi responsável por 26,1% do valor da produção agrícola brasileira. Isto ocorreu devido aos bons preços alcançados pelo produto no mercado internacional, reflexo do aumento do consumo, da política adotada por alguns países exportadores, que aumentaram as tarifas de exportação e da redução da área plantada de soja nos EUA, que destinou uma maior parte de suas terras para a produção de milho.
No Brasil, o milho foi responsável por 14,0% do valor da produção, seguido de perto pela cana-de-açúcar, que contribuiu com 13,9%. Enquanto o milho obteve boa produção (cresceu 13,1%) e bons preços, o que consequentemente aumentou o seu valor de produção, a cana-de-açúcar teve um crescimento de 17,4% na sua produção, porém gerou um impacto de apenas 8,2% no valor da produção, ou seja, os produtores de cana-de-açúcar receberam menos pelo produto quando comparado com o ano de 2007. Soja, milho e cana-de-açúcar foram responsáveis por 54,0% do valor da produção agrícola do país em 2008.
A cana-de-açúcar, que teve uma expansão de 1,1 milhão de hectares (15,9%), foi a cultura que mais cresceu em valores absolutos em 2008. Este crescimento é fruto de uma série de novos investimentos que começam a ser realizados no p aís, nos últimos 5 anos, com o objetivo de abastecer o mercado nacional e internacional com etanol.
O aumento na produção de arroz (9,2%) e feijão (9,0%) resultou de ganhos de produtividade das lavouras (aporte de insumos e tecnologia), já que a área plantada permaneceu estável. Alguns importantes estados produtores sofreram com a falta de chuvas, na ocasião do plantio, o que elevou ainda mais a pressão sobre os preços desses produtos.
Com 15,6% de participação, São Paulo liderou a distribuição estadual dos valores da produção em 2008. Neste ano, houve maior equilíbrio nesta distribuição, porque outros estados foram impulsionados pelos bons preços alcançados pela soja, milho, feijão e arroz, em detrimento dos preços da cana-de-açúcar e da laranja, principais produtos de São Paulo. São Paulo também foi o maior produtor de amendoim (76,2%), caqui (50,9%), limão (77,8%) e tangerina (39,0%), destacando-se, também, no cultivo de outras culturas, como banana (17,5%), batata-inglesa (20,6%), tomate (19,9%) e uva (13,6%).
O Paraná foi responsável por 14,8% do valor da produção agrícola brasileira em 2008. O estado destacou-se como principal produtor de milho (26,5%), feijão (22,3%), trigo (50,9%), sendo o segundo maior produtor de soja (19,9%), perdendo apenas para o Mato Grosso, que respondeu por 29,1% da produção nacional de soja e por 13,2% da produção de milho.
Município de Sorriso (MT) é o maior produtor nacional de milho e soja
De uma maneira geral, os municípios que possuem sua agricultura direcionada para a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas obtiveram os maiores aumentos no valor da produção, em face, principalmente, dos bons preços alcançados por esses produtos. Sorriso, no Mato Grosso, obteve o maior valor de produção em 2008, com um aumento de 63,4% em relação a 2007. O município é o maior produtor nacional de milho e soja e ultrapassou o município baiano de São Desidério, maior produtor de algodão herbáceo. São Desidério teve um acréscimo no valor da produção de 29,5% em comparação a 2007.
O município de Cristalina, em Goiás, obteve um aumento de 54,0% no valor da produção, se destacando nos cultivos de soja, feijão, milho, batata, cebola e tomate. Esta diversificação de culturas é importante para a economia do município, que não fica restrito à monocultura. Unaí, em Minas Gerais, com um aumento de 75,9% no valor da produção, se destacou nos cultivos de soja, milho e feijão, sendo inclusive o maior produtor nacional desta última cultura. Outro município mineiro que se destacou foi Uberaba, onde os canaviais vêm apresentando grande expansão nos últimos anos, sendo que só em 2008, o aumento na produção de cana-de-açúcar foi de 68,0%.
Valor da produção da fruticultura irrigada em Petrolina (PE) cresceu 36,9%
O município de Petrolina, em Pernambuco, registrou um valor de produção de R$ 570,3 milhões. Com sua economia girando em torno da fruticultura, direcionada principalmente para exportação, o município apresentou um aumento de 36,9% no valor da produção, em comparação a 2007. Petrolina é o segundo maior produtor nacional de manga, que é a cultura de maior importância econômica no município, responsável por 48,3% do valor da produção. A Uva é outra cultura que merece destaque, sendo o município o segundo maior produtor brasileiro, responsável por 33,8% do valor produção municipal.
Produção de algodão diminuiu 3,1% no país devido aos custos de produção
A produção nacional de algodão herbáceo, na safra 2008, totalizou 3.983.181 t, 3,1% inferior à obtida no ano de 2007. Essa redução foi, em sua maior parte, reflexo da retração da área de colheita que foi de 1.063.817 ha, mostrando um decréscimo de 5,0%.
Os seis maiores produtores de algodão herbácio do país são: Mato Grosso, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo, cabendo ressaltar que Mato Grosso e Bahia juntos representam 81,6% de toda produção.
No Mato Grosso, maior produtor nacional, a produção obtida de 2.083.398 t foi 5,5% menor que no ano anterior, contrastando com as previsões no início da safra, pois nem toda a área de intenção de plantio foi efetivada. Tal fato ocorreu devido ao custo de produção do algodão ser bem maior que o de outras lavouras, aliado ao atraso na colheita da soja precoce em algumas áreas, inviabilizando o plantio do algodão (safrinha). Nos demais estados do Centro-Oeste, também podemos constatar uma pequena redução na produção. Já na Bahia, estado que representa 29,3% da produção do país, os números mostram pequeno aumento em relação ao ano anterior (3,8%), em razão do clima favorável.
As maiores reduções ocorreram em Minas Gerais (16,1%) e São Paulo (52,9%), que diminuíram bastante suas áreas de plantio de algodão. São Desidério (BA) é o município maior produtor de algodão do país, pois sua área de plantio (136.756 ha) é muito superior aos demais produtores. Dentre os vinte municípios que mais produzem, doze pertencem ao estado de Mato Grosso.
Produção do arroz cresce 15,7% no Rio Grande do Sul
Em 2008, a produção nacional de arroz em casca somou 12.061.465 toneladas, representando um incremento de 9,0% em relação à produção do ano de 2007. No país, foram colhidos 2.850.678 hectares, com rendimento médio de 4 231 kg/ha.
Este incremento de produção deveu-se, principalmente, ao desempenho da safra do Rio Grande do Sul que cresceu 15,7%, ao totalizar 7.336.443 toneladas. No estado, a área colhida alcançou 1.065.357 hectares, representando um crescimento de 13,2% sobre os 941.058 hectares colhidos na temporada anterior. Já o rendimento médio apresentou um aumento de 2,2%, fixando-se em 6.886 kg/ha. O Rio Grande do Sul é atualmente responsável por cerca de 60% da produção nacional do cereal, sendo que no estado predomina o cultivo irrigado por inundação.
No ordenamento dos vinte principais municípios produtores de arroz do país, dezenove são gaúchos, exceto o município de Lagoa da Confusão (Tocantins), que ocupa o 14º lugar. Em conjunto, apenas os cinco primeiros produtores - Uruguaiana, Itaqui, Santa Vitória do Palmar, Alegrete e Dom Pedrito, responderam por 18,2% da produção nacional e por 30,3% da produção do Rio Grande do Sul. Os expressivos aumentos nas produções dos municípios de Uruguaiana (46,3%) e Dom Pedrito (70,0%) representaram, na realidade, um retorno aos níveis normais de produção, tendo em vista que a área cultivada na safra 2007 fora menor, devido ao baixo nível dos reservatórios no momento do plantio.
Já o estado de Santa Catarina, com uma participação de 8,4% na produção arrozeira do país, figurou em segundo lugar no ranking nacional, embora sua produção tenha passado por um declínio de 2,0%. Nas demais colocações, aparecem os estados do Maranhão, Mato Grosso, Tocantins e Pará. Comparando-se o ranking dos principais estados arrozeiros em 2007 e 2008, constata-se que Mato Grosso, terceiro colocado em 2007, cedeu a posição para o Maranhão em 2008. Por sua vez, o Pará, que ocupava a quinta colocação em 2007, foi superado por Tocantins em 2008. O Mato Grosso apresentou decréscimo na produção de 3,5%, e redução de 12,8% na área colhida; o Pará, declínios de 20,6% na produção e de 18,2% na área colhida.
Em 2008, o valor da produção nacional de arroz em casca somou cerca de R$ 7 bilhões, sendo que o valor médio por tonelada foi de R$ 580,24 / t. Este valor médio representa um aumento de 40,4% relativamente ao de 2007, que fora de R$ 413,37 / t.
Produção do café cresce 24,4 %, em ano de “safra cheia”
A safra nacional de café, colhida em 2008, totalizou 46,6 milhões de sacas de 60 kg (2.796.927 t). Em 2007, o país colheu 37,5 milhões de sacas (2.249.011 t). Em 2008, portanto, o aumento na produção foi de 24,4 %. O rendimento médio nacional consolidado foi de 1.259 kg/ha (21,0 sc/ha). A área colhida fechou a safra com 2.222.224 ha (-1,8%).
Nas principais regiões produtoras do país, as chuvas ocorridas em julho e agosto de 2007 foram seguidas por um período de estiagem iniciado em setembro e que persistiu até outubro, época das primeiras florações, quando normalmente já se teria uma perspectiva bem consistente para a safra 2008. Só a partir daí os índices pluviométricos se estabilizaram, possibilitando a sobrevivência das estruturas reprodutivas e a ocorrência de novas floradas, que viriam mais tarde a evoluir para a fase de frutificação, decisiva para a safra. Apesar disso, o país colheu uma das maiores safras de sua história.
Em Minas Gerais, principal estado produtor, a exemplo das outras unidades da federação, o ano de 2008, dentro do ciclo de dois anos do café, foi de “safra cheia”. As condições climáticas no estado foram muito favoráveis ao enchimento de grãos, bem como à colheita, sendo um bom indicativo de qualidade para os grãos colhidos.
O Espírito Santo, 2º maior produtor, confirmou as conseqüências da estiagem verificada em 2007, que atingiu com maior intensidade o café conillon, explorado ao norte do estado, onde os prejuízos decorrentes da falta de chuvas só não foram mais contundentes, por conta do emprego rotineiro da irrigação. Para o café arábica, entretanto, não houve registros de prejuízos no estado.
Estão considerados nesta publicação os estados informantes de café, em ordem decrescente de participação na produção total do país: Minas Gerais (50,6%), Espírito Santo (22,1%), São Paulo (9,2%), Bahia (5,8%), Paraná (5,6%) e Rondônia (4,0%). O restante da produção nacional, 2,7%, está distribuído pelas seguintes Unidades da Federação: Acre, Pará, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
Destaca-se a importância que assumiu o café do Cerrado, em termos de rendimento médio e qualidade de bebida, em função da irrigação, recurso indispensável nos plantios realizados em terras deste importante bioma. Outro destaque desta cultura é o crescente incremento no cultivo de Coffea canephora (robusta, conilon, vitória etc.), em estados tipicamente produtores de Coffea arábica, como São Paulo e Paraná. Esta expansão se deve à maior procura pelo produto, seja pela sua crescente utilização em ¨blends¨, pela rusticidade ou pela melhor relação custo/preço, quando comparado ao arábica.
Cana-de-açúcar teve safra recorde, com crescimento de 17,4% em relação a 2007
A produção brasileira de cana-de-açúcar atingiu mais um recorde em 2008, com 645.300.182 toneladas, refletindo um aumento de 17,4% em comparação a 2007. A expansão da área colhida em mais de 1,0 milhão de hectares (16,5%), é reflexo dos novos projetos que estão sendo implantados no país, com o objetivo de abastecer o mercado nacional e internacional com etanol.
São Paulo continua sendo o maior produtor de cana-de-açúcar, onde foram produzidas 59,8% da produção brasileira, apresentando um crescimento de 17,3% em relação a 2007 e alcançando um total de 386,1 milhões de toneladas. O expressivo aumento da produção e o excesso de chuvas nos meses finais de 2008 provocaram o prolongamento da safra em muitas usinas. Apesar da expressiva quantidade produzida, em termos de valor da produção, ocorreu um acréscimo de apenas 2,0%, ou seja, houve uma redução no preço recebido pela tonelada de cana paga aos produtores em 2008, que alegam receber um preço abaixo do custo de produção. A queda no preço da cana-de-açúcar ocorreu em função da grande quantidade de açúcar produzido na Índia, reduzindo o preço do produto no mercado internacional, e da grande redução no preço do barril de petróleo, que chegou a ser comercializado a U$147,00 o barril e fechou o ano em torno de U$ 40,00, reflexo da crise que afetou a economia mundial.
Paraná e Minas Gerais, responsáveis por 7,9% e 7,4% da produção nacional, respectivamente, também tiveram aumento na produção de 11,7% e 23,7%. Porém, o maior impacto do avanço dos canaviais pode ser observado na Região Centro-Oeste, onde há uma maior disponibilidade de terras, o que torna os seus preços mais acessíveis. Goiás apresentou um crescimento de 47,9% na produção de cana-de-açúcar, seguindo-se do Mato Grosso do Sul com crescimento de 34,9%, fruto da ampliação e das novas indústrias que se instalaram nesses Estados.
Localizado ao Norte de São Paulo, o município de Morro Agudo continua sendo o maior produtor nacional, com 10,3 milhões de toneladas, o que representou 1,6% da produção nacional e 2,7% da produção paulista. A cana-de-açúcar é a principal atividade agrícola do município. Suas terras férteis e relevo favorável, associados a um bom nível tecnológico dos canaviais, proporcionaram uma produtividade média de 90.000 kg/ha, 5,6% acima da média estadual e 13,5% acima da média nacional.
Analisando a distribuição da produção entre os principais municípios produtores, as novidades estão na segunda colocação de Rio Brilhante, ratificando a expansão no Mato Grosso do Sul, e a quarta colocação de Uberaba, Região do Triângulo Mineiro, onde a capacidade das usinas e destilarias foram ampliadas, tendo também novas implantações, atendendo à demanda tanto para etanol, como para açúcar e cachaça. Nesses municípios, o aumento na produção foi de 109,8% e 64,9%, respectivamente. O município sul matogrossense foi responsável por 29,3% da produção estadual e Uberaba por 11,4% da produção mineira. Estas áreas, em sua maioria, possuem solos de boa fertilidade e canaviais novos, que aliados à utilização de alta tecnologia, têm alcançado alta produtividade.
Produção do feijão cresce 9,2%
A produção nacional de feijão obtida em 2008, considerando-se as três safras do produto, totalizou 3.461.194 t, mostrando um acréscimo de 9,2% frente ao ano anterior. De uma maneira geral, o bom desempenho do produto nesse ano deve-se, principalmente, à recuperação dos preços praticados no mercado por ocasião da implantação das 2ª e 3ª safras do produto, aliada às boas condições climáticas em importantes centros produtores.
O produto é cultivado em todo o território nacional, sendo que os seis principais estados, foram responsáveis por cerca de 70,0% do total produzido no país.
O Paraná manteve-se como principal produtor, com uma participação de 22,3% no total produzido no país, embora tenha obtido uma produção de 771.291 toneladas, apenas 0,6% superior a obtida em 2007. Nesse estado, esse pequeno acréscimo deve ser creditado, notadamente, à segunda safra do produto, que apresentou ganhos devido à recuperação dos preços e da melhoria das condições climáticas. O cultivo da primeira safra apresentou resultados desfavoráveis, em face da falta de chuvas, que inviabilizou o plantio de muitas áreas na época recomendada, como também, pelos baixos preços praticados por ocasião da implantação dessa safra. Minas Gerais, na segunda posição, produziu 584.292 toneladas, mostrando expressivo crescimento de 21,5%, comparativamente ao obtido no ano anterior. Na Bahia, importante centro produtor, com a estiagem observada na segunda safra, a produção mostrou uma pequena redução de 0,3%, sendo produzidas 318.522 toneladas. Destaca-se que, em 2008, a quinta e a sexta posição foram ocupadas, respectivamente, pelo Ceará e Goiás.
A distribuição dos vinte principais municípios produtores de feijão, que com um total de 773.723 toneladas, respondem por 22,3 % da produção nacional. Como se observa, apesar do Paraná ser o maior produtor nacional e ter cinco municípios fazendo parte do rol dos maiores produtores do país, o município de Unaí, em Minas Gerais, manteve a hegemonia ao produzir um volume que totalizou de 123.840 toneladas. Por outro lado o município de Cristalina – GO, que nos últimos anos vinha ocupando a segunda posição, foi suplantado por Brasília, que registrou um volume produzido de 45.958 toneladas. Outro aspecto relevante é a presença, nesta relação, de dois municípios do Mato Grosso. Nesse Estado, o clima favorável e a alta cotação produto estimularam os produtores a ampliarem seus cultivos, notadamente, aumentando a área de feijão caupi, que por sua rusticidade, tem maior resistência a doenças, maior tolerância à seca e tem o custo de produção bem baixo em relação às demais espécies/variedades. Com isso, Primavera do Leste, com 26.160 toneladas e Campos de Júlio, com 20.836 toneladas, apresentam significativos incrementos de 102,0% e 554,8%, respectivamente, em 2008 frente a 2007.
Cerca de 60% do suco de laranja que circula no mercado mundial é brasileiro
A safra nacional de 2008 totalizou 18.538.084 t (454,4 milhões de caixas de 40,8 kg). É em São Paulo, com 78,4 % de participação na produção, que quase toda a matéria-prima é processada e o suco, exportado. O estado produziu 14.537. 610 t ( 356,3 milhões de caixas de 40,8 kg ). Cerca de 60% do suco que circula no mercado mundial é brasileiro, em particular de laranjas e demais cítricos cultivados em São Paulo.
A citricultura paulista vem sofrendo lentas modificações em função dos preços das frutas que não apresentam paridade com o suco exportado, da alta incidência de pragas e doenças, além do avanço da cana de açúcar sobre áreas tradicionalmente citrícolas.
A grande concentração dos pomares ainda se localiza ao norte de São Paulo, mas se estende pelo Triângulo Mineiro. Em Minas Gerais (3,1% de participação nacional), a produção obtida foi de 583.924 t (14,3 milhões de caixas). Essa produção do Triângulo é processada nas indústrias de São Paulo e o suco também é destinado à exportação.
Estados que também têm importante participação na citricultura brasileira são: Bahia (6,0%), Sergipe (4,2%), Paraná (2,8%) e Rio Grande do Sul (1,8%). O Paraná vem despontando como pólo agro-industrial e já existem no estado três unidades de extração de suco, que visa a exportação do produto concentrado e congelado para países da Europa e Oriente Médio. A citricultura paranaense, implantada com alta tecnologia, está em plena expansão e apresenta produtividade superior a todos os estados produtores, inclusive em relação a São Paulo.
Na Bahia, 2º estado produtor do país, com safra obtida de 1.116.896 t (27,4 milhões de caixas), o município de Rio Real, um dos 20 maiores produtores de laranja do país, tem significativa participação no cenário citrícola nacional, tanto em área cultivada como no bom nível tecnológico de seus pomares, resultado do Programa Bahia Citros.
A produção nacional do milho em grão foi recorde em 2008
A produção nacional do milho em grão foi recorde em 2008, para ambas as safras, totalizando 58,9 milhões de toneladas, variação positiva de 13,1% sobre o ano precedente. Desse total, 39,9 milhões de toneladas (67,7%) são oriundos da primeira safra e 19,0 milhões de toneladas (32,3%) referentes à segunda safra. O acréscimo de 2,2 milhões de toneladas (5,9%) para o milho 1ª safra e de 4,6 milhões de toneladas (31,8%) para o de 2ª safra, quando comparados aos respectivos períodos em 2007, em parte pode ser explicado pela melhoria do preço pago ao produtor, a partir do 1º trimestre de 2007 até o terceiro trimestre de 2008. Os bons preços incentivaram o aumento da área plantada do milho em grão em 5,3%, passando de 14,0 milhões de hectares de 2007 para 14,7 milhões de hectares em 2008. Maiores investimentos em tecnologia e as boas condições climáticas também contribuíram para o acréscimo em 7,8% no rendimento médio da cultura, que passou de 3.785 kg/ha, alcançados em 2007, para 4.080 kg/ha obtidos na média nacional de 2008. O milho em grão representou 40,5% da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2008, posicionando-se logo após a soja, principal produto nacional.
O ano de 2008 para a cultura do milho foi marcado por duas grandes crises. A primeira crise incentivou o plantio da cultura, devido ao aumento dos preços motivados pela manifestação de redução da oferta do produto pelos EUA, maior produtor e exportador mundial de milho em grão, uma vez que parte da produção deste país seria transformada em etanol. Paralelamente, o aumento do preço do petróleo, dos insumos agrícolas, a mudança no tipo de consumo de países emergentes e as transações nas bolsas mundiais, entre outros fatores, segundo alertam os estudos noticiados em maio de 2008 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), são combinações que repercutiram diretamente na segurança alimentar mundial e determinaram maior escassez de alimentos, com conseqüente aumento no preço destes produtos primários na denominada “crise mundial dos alimentos”. A segunda crise, denominada “crise mundial do crédito” (setembro de 2008), fechou o ano de 2008 com grandes estoques nacionais de milho em grão, 118,2% superior ao de 31.12.2007, conforme resultados divulgados pela Pesquisa de Estoques, do IBGE.
A Região Sul é a que teve a maior participação na produção nacional do milho de 1ª safra (47,6%), estimada em 18.982.805 toneladas. No caso do milho de 2ª safra, a maior participação foi alcançada pela Região Centro-Oeste, que deteve 60,1% da produção nacional neste período, estimada em 11.445.416 toneladas. Os bons preços observados, no período que antecedeu ao plantio da 2ª safra, fizeram com que os agricultores realizassem plantios até o limite máximo tolerado no calendário agrícola.
Discriminando em nível das Unidades da Federação, que juntas representam 76,4% da produção nacional de milho em grão para 2008, apresentam-se na seguinte disposição: em 1º, Paraná (15.613.442 t); em 2º, Mato Grosso (7.799.413 t); em 3º, Minas Gerais (6.611.100 t); em 4º, Rio Grande do Sul (5.231.885 t); em 5º, Goiás (5.101.543 t) e em 6º, São Paulo (4.681.177 t).
No Paraná, os preços do milho variaram de R$ 22,00 a R$ 28,00 a saca de 60 quilos em janeiro de 2008, enquanto que a média de janeiro de 2007 foi de R$ 16,56 a saca. Em abril, os preços oscilaram entre R$ 19,00 a R$ 21,50 a saca de 60 quilos. Menores cotações foram alcançadas no Mato Grosso, devido, em parte, às péssimas condições das estradas para escoamento da produção, o que encareceram o frete, variando em novembro de R$9,00 a R$12,00/sc. 60 kg.
Mato Grosso liderou a produção de soja em 2008
A produção nacional de soja, em 2008, somou 59.242.480 toneladas, sendo 2,4 % maior que a do ano anterior, quando foram colhidas 57.857.172 toneladas. A área colhida também registrou um acréscimo de 2,4%, ao totalizar 21.057.302 ha. Nesta safra, o maior produtor nacional foi o Mato Grosso, que deteve 29,1% do total colhido no país. Além disso, dos vinte maiores municípios produtores de soja do país em 2008, treze são mato-grossenses. São eles: Sorriso, Nova Mutum, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Nova Ubiratã, Itiquira, Querência, Campos de Júlio, Ipiranga do Norte, Brasnorte e Santa Rita do Trivelato. No Município de Sorriso, primeiro colocado no ranking nacional, foram colhidas 1 794 000 toneladas, ou o correspondente a 3,0% do total.
O Paraná, com uma produção de 11.800.466 toneladas (19,9% do total nacional), foi o segundo maior produtor na temporada 2008; contudo, nenhum município paranaense aparece no ranking dos vinte maiores produtores. Vale assinalar que a seca ocorrida nos meses de janeiro e fevereiro, nas regiões sudoeste e oeste do estado, não comprometeu a produtividade das lavouras paranaenses, tanto assim, que o rendimento médio estadual foi de 2 973 kg/ha, ou seja, praticamente igual ao do ano anterior (2 963 kg/ha).
O Estado do Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor nacional, com uma produção de 7 679 939 toneladas, 22,7% menor que a do ano de 2007, foi intensamente afetado pelas adversidades climáticas decorrentes do fenômeno La Nina; tanto que o rendimento médio das lavouras gaúchas declinou 20,9% em relação ao obtido na safra anterior. Os efeitos de La Nina também recaíram sobre Santa Catarina e se estenderam até o Mato Grosso do Sul.
Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais aparecem nas colocações subsequentes, com participações de 11,1%, 7,7%, 4,6% e 4,3% na produção nacional, respectivamente. Em Goiás, foram destaques os municípios de Rio Verde e Jataí; no Mato Grosso do Sul, Maracaju e Dourados; e na Bahia, São Desidério, Formosa do Rio Preto e Luís Eduardo Magalhães.
Quanto ao valor da produção, assinale-se que em nível nacional, foram totalizados R$ 38,7 bilhões. Na média, o valor por tonelada colhida foi de R$ 653,74, o que na comparação com o valor auferido em 2007 (R$ 445,84/tonelada), corresponde a uma elevação de 46,6%. Já em nível estadual, os valores médios por tonelada colhida foram os seguintes: Mato Grosso, R$ 561,32/tonelada colhida, ou seja, 45,9% a mais que o valor médio de 2007; Paraná, R$ 727,95/t (+49,0%); Rio Grande do Sul, R$ 715,74/t (+57,3%); Goiás, R$ 639,73/t (+38,0%); Mato Grosso do Sul, R$ 622,83/t (+41,5%); Bahia, R$ 680,33/t (+29,1%); e Minas Gerais, R$ 699,26/t (+41,6%).
Na área central do Estado do Mato Grosso, existe uma concentração de grandes municípios produtores de soja, e que na mesma longitude desta concentração, mas já na jurisdição da Bahia, destacam-se outros importantes municípios produtores, como São Desidério, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras.
Produção do Trigo (em grão) cresceu 46,5% em 2008 frente a 2007
A produção nacional de trigo foi de 6.027.131 toneladas, 46,5% superior à obtida no ano anterior. Esta elevação foi devida a uma maior área plantada pelos agricultores em 2008, que tendo sido um ano de excelentes condições climáticas, no geral, propiciou também um aumento de rendimento médio nesta lavoura de 14,9%. Em 2008, ocorreu uma maior área plantada com o cereal, pois havia uma perspectiva preocupante quanto ao abastecimento do mercado brasileiro, em decorrência da restrição dos embarques argentinos e de uma redução nos estoques mundiais. Com este cenário de preços internos e externos elevados, próximo à época do plantio do grão, houve motivação maior para lavoura, acarretando num aumento de área cultivada.
A região Sul foi responsável por 92,8% da safra nacional, onde o Paraná contribuiu com 50,9%, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 36,5%, e Santa Catarina, com 5,4%. A produção nacional está restrita a oito estados, sendo os três da Região Sul, já citados, e mais Minas Gerais e São Paulo, pela Região Sudeste, e todos da Região Centro-Oeste e o Distrito Federal. Neste contexto de abrangência geográfica limitada e forte concentração de produção na Região Sul, destacam-se 13 municípios fora do Sul do país, por serem os que apresentam os maiores rendimentos médios, sendo superiores a 5 mil kg/ha, ou seja, em torno do dobro do rendimento médio nacional: São Gonçalo do Abaeté – MG, Perdizes – MG, Presidente Olegário – MG, Brasília, Campos Altos – MG, Rio Paranaíba – MG, Campo Alegre de Goiás – GO, Orizona – GO, Paracatu – MG, Rio Verde – GO, Silvânia – GO, Unaí – MG e Vianópolis – GO.
Quanto à quantidade produzida, dentre os 20 principais municípios produtores, 19 pertencem à Região Sul, sobretudo porque estes municípios apresentam grandes áreas colhidas. O maior produtor nacional do cereal foi Tibagi, no Paraná, com 128 000 t e uma área colhida de 40 000 ha, representando 2,1% da safra brasileira. O segundo município brasileiro em produção de trigo foi Campos Novos – SC, com 72 600 t, o que representou 1,2% do que foi colhido. Na sequência destacaram-se Londrina – PR (70 472 t), Giruá – RS (66 000 t) e Tupanciretã – RS (63 180 t).
Produção de laranja, uva e melão caiu
Entre as 64 culturas investigadas nesta publicação, 22 são frutíferas, que foram cultivadas em 3.016.858 hectares, gerando uma receita de 17,4 bilhões de reais, 4,8% a mais que em 2007. Esta receita representa 11,7% do valor total alcançado pela agricultura em 2008. Os produtos que mais contribuíram para este aumento foram a banana, com um acréscimo de 8,8% no seu valor de produção, o abacaxi (9,2%), o mamão (14,2), a maçã (5,1%) e o coco-da-baía (29,1%). Entre as frutas, apenas três apresentaram decréscimo no valor da produção: laranja (-1,1%), uva (-10,0%), melão (-18,5%).
Em 2008, foram colhidos no Brasil 836.602 hectares de laranja, gerando uma produção de 18.538.084 toneladas e um valor de produção de R$ 5,1 bilhões, o que representou 29,3% do valor da produção brasileira alcançado pelas frutíferas. A cultura está concentrada em São Paulo, responsável por 78,4 % da produção brasileira, e onde estão localizadas as maiores esmagadoras de laranja, tornando o estado o maior produtor da fruta no mundo, e também o maior produtor e exportador de suco.
Também merecem destaque a banana e a uva, por participarem com 18,2% e 8,8%, respectivamente do valor da produção brasileira gerado pela fruticultura. A banana é uma cultura bem distribuída pelo Brasil, sendo a Bahia o maior produtor nacional, responsável por 20,3% da produção brasileira. O destaque na Bahia são os municípios de Wenceslau Guimarães e Bom Jesus da Lapa, responsáveis por 11,1% e 10,6% da produção baiana, respectivamente. Em São Paulo, destaca-se o rendimento médio das lavouras, que são bem acima da média nacional, devido às boas condições climáticas do estado e à alta tecnologia empregada, principalmente no Vale do Ribeira, principal Região produtora do estado. Já a uva é uma cultura que se apresenta bem concentrada em termos de distribuição espacial, com o Rio Grande do Sul produzindo mais da metade da produção brasileira (54,7%).
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1 Um grupo de 15 produtos, denominado cereais, leguminosas e oleaginosas é acompanhado de perto pelos gestores das políticas públicas de produção e abastecimento, sendo produtos de fácil estocagem a seco. Constituem o grupo, por ordem de importância no valor da produção: soja, milho, feijão, arroz, algodão herbáceo, trigo, sorgo, amendoim, cevada, mamona, girassol, aveia, triticale, centeio e algodão arbóreo.