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Produção industrial cresce 1,2% de julho para agosto

Em agosto de 2009, a produção industrial avançou 1,2% frente ao mês anterior, na série livre de influências sazonais...

02/10/2009 06h01 | Atualizado em 02/10/2009 06h01

Em agosto de 2009, a produção industrial avançou 1,2% frente ao mês anterior, na série livre de influências sazonais. Nos confrontos com iguais períodos do ano passado os índices permaneceram negativos: -7,2%, frente a agosto de 2008, décimo recuo consecutivo, e -12,1% no acumulado janeiro-agosto. O acumulado nos últimos doze meses manteve a trajetória descendente, passando de -8,1 % em julho para -8,9% em agosto.

O crescimento observado na passagem de julho para agosto manteve a seqüência de oito taxas positivas, neste tipo de comparação, acumulando expansão de 13,5% no confronto agosto 09/dezembro 08. A expansão foi sustentada por quinze das vinte e sete atividades investigadas, sendo particularmente significativa nos ramos de veículos automotores (3,2%) - que também avançou pelo oitavo mês consecutivo - refino de petróleo e produção de álcool (3,5%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (9,1%) e metalurgia básica (2,7%). Os ramos que mais pressionaram negativamente foram: outros equipamentos de transporte (-4,2%), farmacêutica (-2,4%) e perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-3,6%), todos com taxas positivas no mês anterior: 3,4%, 2,8% e 5,6%, respectivamente.

No corte por categorias de uso, há um claro destaque para bens de consumo duráveis, que entre julho e agosto avançou 3,1%, seguido por bens intermediários (0,7%). Desde janeiro deste ano, ambas vêm registrando aumento na produção, acumulando até agosto taxas de 82,9% e 11,3%, respectivamente. A produção de bens capital (0,4%), associada ao nível de investimento, exibe aumento desde abril, acumulando até agosto 7,6% de expansão. A produção de bens de consumo semi e não duráveis avançou 0,6%, na passagem de julho para agosto, segundo resultado positivo consecutivo, o que levou a um ganho de 1,8% no confronto agosto 09/ junho 09.

A evolução dos índices de média móvel trimestral, construídos a partir das séries livres de influências sazonais, confirmou, em agosto, a manutenção da tendência de expansão da atividade industrial, iniciada em janeiro. Esse movimento atingiu a indústria geral, que avançou 1,3% entre julho e agosto, com os setores de bens de consumo duráveis (3,3%), bens de capital (1,3%) e bens intermediários (1,1%) apresentando maior dinamismo, enquanto bens de consumo semi e não duráveis (-0,2%) registra a terceira variação negativa.

Na comparação com agosto de 2008, a produção recuou 7,2% para o total da indústria, a menor retração desde novembro de 2008 (-6,4%). Essa redução no ritmo de queda pode ser observada em termos de atividades, com o registro, em agosto, de taxas positivas em nove das vinte e sete atividades, enquanto no mês anterior somente quatro ramos haviam mostrado avanço na produção. Essa amplitude de crescimento também é confirmada pelos resultados positivos assinalados em vinte e cinco dos setenta e seis subsetores, uma vez que em julho eram dezessete os que haviam apresentado taxas positivas. O índice de difusão1 por produto também apontou melhora em agosto (33%), registrando o menor percentual de produtos em queda desde novembro do ano passado.

Ainda na comparação com agosto de 2008, a redução que mais pressionou o resultado global de agosto foi apontada por veículos automotores (-18,4%), com influência não só dos itens tipicamente associados ao segmento de bens de consumo duráveis, como os automóveis, mas também de produtos relacionados ao segmento de bens de capital (caminhões) e ao de bens intermediários (autopeças). Também pressionaram negativamente os índices de máquinas e equipamentos (-19,0%), metalurgia básica (-16,1%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-22,1%). Por outro lado, farmacêutica (6,0%), refino de petróleo e produção de álcool (3,2%) e bebidas (7,2%) foram as atividades que mais influenciaram positivamente a produção do mês de agosto.

Por categorias de uso, ainda na comparação agosto 09 /agosto 08, a produção de bens de capital (-22,3%) apontou ritmo de queda bem acima da média global da indústria (-7,2%), apoiada, sobretudo, na redução generalizada da produção de máquinas e equipamentos, sinalizando queda dos investimentos em diferentes setores, frente ao ano de 2008. O principal impacto negativo veio do subsetor de bens de capital para transporte (-21,4%), seguido por bens de capital para fins industriais (-29,4%), bens de capital de uso misto (-15,3%), bens de capital para energia elétrica (-38,8%) e bens de capital para construção (-47,6%). As demais categorias de uso acompanharam o movimento da indústria geral e também registraram a menor taxa negativa do ano: bens intermediários (-8,1%) e bens de consumo, duráveis (-3,7%) e semi e não duráveis (-1,3%), confirmando, assim, o padrão que marcou a recuperação da indústria, iniciada em janeiro de 2009.

O desempenho de bens intermediários ficou 8,1% abaixo do de agosto de 2008, com o menor ritmo de queda frente ao mês anterior (-11,9%) associado à melhora geral das performances dos subsetores, que atingiu dez dos doze grupamentos investigados, com destaque para refino de petróleo e produção de álcool, que passou de uma queda de 0,6% para um aumento de 6,9%, celulose e papel (de -2,6% para 1,8%), alimentos (de -7,5% para -0,1%) e em outros produtos químicos (de -7,2% para -1,5%). Para o índice de agosto, as maiores influências negativas permaneceram vindas dos produtos associados às atividades de metalurgia básica (-16,1%), veículos automotores (-23,1%), indústrias extrativas (-10,3%) e borracha e plástico (-10,5%), pressionados principalmente pela redução nos itens: relaminados de aço e lingotes, blocos, tarugos e placas de aço; peças e acessórios para indústria automobilística; minérios de ferro; e peças de plástico e borracha para indústria automobilística e pneus. Ressaltam-se, ainda, os índices negativos observados em insumos para construção civil (-8,6%) e embalagens (-1,7%).

Em bens de consumo duráveis (-3,7%), a redução no ritmo de queda, em relação aos meses anteriores, deve-se à recuperação da indústria automobilística (-5,2%) e de eletrodomésticos (-0,4%), beneficiados pela desoneração tributária, além da ampliação de 0,8% na produção de celulares, que interrompe uma sequência de nove meses de taxas negativas. A contínua melhora nas condições de crédito e a maior estabilidade do mercado de trabalho foram os fatores que sustentaram a performance de bens duráveis. A indústria de bens de consumo semi e não duráveis (-1,3%) também apontou redução no ritmo de queda, frente a julho (-3,1%), influenciada pelo grupamento de carburantes, que passou de -13,8% para -3,1%, e de alimentos e bebidas elaborados (de 0,4% para 1,4%).

O indicador acumulado para o período janeiro-agosto atingiu a taxa de –12,1%. Entre as atividades industriais, predominaram resultados negativos que alcançaram a maioria (23) dos vinte e sete setores investigados, com destaque para a queda de veículos automotores (-22,6%) e de máquinas e equipamentos (-26,8%), principalmente, pela menor produção de automóveis e rolamentos de esferas, agulha, cilindro, rolete para equipamentos industriais. Nesse tipo de comparação, as indústrias mais articuladas com o mercado interno e, portanto, menos atingidas pela crise internacional, como a farmacêutica (9,6%), bebidas (5,6%) e perfumaria, sabões e produtos de limpeza (1,9%) assinalaram taxas positivas, juntamente com o setor de outros equipamentos de transportes (10,8%). Entre as categorias de uso, os resultados permaneceram negativos, com bens de capital (-23,0%) assinalando a maior perda, seguido por bens de consumo duráveis (-15,6%) e bens intermediários (-14,2%), enquanto bens de consumo semi e não duráveis (-2,8%) registra a menor queda acumulada em 2009.

Em síntese, o índice de agosto confirma a trajetória positiva da Indústria, completando uma seqüência de oito meses de crescimento. O avanço de 1,2% frente a julho levou o patamar da produção de agosto a ficar próximo ao de fevereiro de 2007. Ainda na série ajustada, de janeiro a agosto, observa-se que o crescimento do setor (13,5%) teve perfil generalizado atingindo todas as categorias de uso e vinte e três das vinte e sete atividades, com destaque para a recuperação de bens de consumo duráveis (82,9%), que com forte encadeamento interindustrial cresce em ritmo bem acima da média, impulsionado por veículos automotores (75,7%), seguido por material eletrônico e de comunicações (77,8%) e mobiliário (32,2%). Vale destacar, ainda, bens intermediários, que também cresce por oito meses consecutivos, acumulando ganho de 11,3%, influenciado principalmente pelos avanços de setores articulados à indústria automobilística como metalurgia básica (11,8%), outros produtos químicos (19,3%) e borracha e plástico (26,4%).

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1 Índice de Difusão é o percentual de produtos com crescimento na produção.