Nossos serviços estão apresentando instabilidade no momento. Algumas informações podem não estar disponíveis.

De 2006 para 2007, construções tiveram crescimento real de 10,9%

A Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic) mostra ainda que, em 2007, o setor de construção brasileiro era formado por 110 mil empresas, onde trabalhavam cerca de 1,8 milhão de pessoas...

19/06/2009 07h01 | Atualizado em 19/06/2009 07h01

A Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic) mostra ainda que, em 2007, o setor de construção brasileiro era formado por 110 mil empresas, onde trabalhavam cerca de 1,8 milhão de pessoas, ganhando, em média, 2,3 salários mínimos por mês. Entre 2006 e 2007, o valor das obras realizadas pela indústria da construção cresceu, em termos reais, 10,9%, sendo que o segmento de edificações residenciais, que tem o maior peso no setor, teve expansão nominal de 13,9%.

Embora tenham perdido participação no pessoal ocupado e nos salários pagos pela indústria da construção desde 2003, as regiões Sul e Sudeste ainda concentravam, em 2007, mais de 60% dessas duas variáveis. Esses e outros destaques são detalhados a seguir, e todos os resultados da Paic 2007 podem ser acessados no www.ibge.gov.br.

As empresas de construção realizaram, em 2007, obras e serviços no valor de R$ 128,0 bilhões e obtiveram receita operacional líquida de R$ 122,7 bilhões, sendo que as construções executadas cresceram 16,9%, assinalando um aumento real1 de 10,9%, na comparação com 2006. Do montante investido, R$ 51,3 bilhões foram destinados a construções para o setor público, o equivalente a 40,1% do total das construções executadas, percentual abaixo do observado em 2006 (42,5%).

Em 2007, 110 mil empresas do segmento empresarial da indústria da construção ocupavam mais de 1,8 milhão de pessoas e tiveram gastos totais com o pessoal ocupado de R$ 30,6 bilhões, dos quais R$ 20,7 bilhões foram em salários, retiradas e outras remunerações, o que significou uma média mensal de 2,3 salários mínimos.

A expansão do setor da construção em 2007 foi coerente com o crescimento do PIB brasileiro (5,7%), com o desempenho da atividade da construção no PIB (5,0%) e com a formação bruta de capital fixo (FBCF), que avançou 13,5%, assinalando o maior acréscimo desde o início da série histórica (1996).

Em 2007, os investimentos brutos da indústria da construção em ativos imobilizados totalizaram cerca de R$ 5,1 bilhões. A aquisição de máquinas e equipamentos foi o principal investimento e representou 44,2% do total. Em seguida, vieram os gastos com meios de transporte (23,1% do valor investido); as compras de terrenos e edificações (21,3%); e outras aquisições (móveis, microcomputadores e ferramentas), que representaram 11,4% do total.

O principal material de construção adquirido foi o cimento, que representou 27,4% do valor dos produtos pesquisados na atividade, seguido pelo asfalto (20,6%), concreto usinado (20,5%), vergalhões (20,4%) e tijolos (11,1%).

Entre 2003 e 2007, Sul e Sudeste perdem participação no pessoal ocupado e nos salários

No confronto entre 2003 e 2007, as empresas da construção com 5 ou mais pessoas ocupadas nas regiões Sudeste e Sul reduziram suas participações no pessoal ocupado e nos salários, retiradas e outras remunerações, mas continuaram sendo responsáveis por mais de 60,0% destas duas variáveis em relação ao país.

A região Sul apresentou a maior perda de participação tanto no pessoal ocupado (de 15,3% em 2003 para 13,3% em 2007), quanto nos salários pagos (de 14,1% em 2003 para 12,2% em 2007). Esta redução observada no pessoal ocupado deveu-se à perda de participação do Rio Grande do Sul, que passou de 6,4% em 2003 para 5,1% em 2007. Já nos salários pagos, a perda de participação da região Sul deveu-se ao Paraná, que reduziu sua fatia de 4,7% para 3,9% no mesmo período.

A perda de participação das regiões Sudeste e Sul, entre os anos de 2003 e 2007, pode ser explicada pela ampliação do parque industrial da Zona Franca de Manaus; pela instalação de novas indústrias no Nordeste, atraídas por incentivos fiscais concedidos pelos governos estaduais e por menores custos de terrenos e mão-de-obra; pela expansão do turismo, que impulsionou obras no setor hoteleiro; e pela continuidade da expansão da fronteira agropecuária em direção às regiões Centro-Oeste e Norte, que resultou na instalação de agroindústrias, no crescimento populacional e na urbanização, impulsionando a execução de obras de infraestrutura e de edificações.

Rio registra maior aumento real nos salários da construção no Sudeste

A análise do salário médio2 das empresas de construção com cinco ou mais pessoas ocupadas mostrou que, apesar de a média salarial da atividade ter aumentado, em termos nominais, de R$ 761,76 em 2003 para R$ 955,08 em 2007, em termos de número de salários mínimos houve decréscimo de 3,3 para 2,6, por conta do aumento real de 33,8% obtido pelo salário mínimo, que passou de R$ 230,77, em 2003, para R$ 373,08, em 2007.

O Sudeste continua apresentando os maiores salários do país, cuja média passou de R$ 850,11 para R$ 1.068,36 entre 2003 e 2007, um aumento real de 4,0%. Esse resultado foi influenciado pelos estados do Rio de Janeiro, que teve variação de R$ 940,75 para R$ 1.263,55 (ganho real de 11,2%), Minas Gerais, de R$ 629,36 para R$ 821,49 (8,1%), e São Paulo, que evoluiu de R$ 919,23 para R$ 1.142,11 (2,9%).

Em seguida, destaca-se a região Nordeste, com média salarial de R$ 602,42 em 2003 e R$ 769,59 em 2007, um incremento real de 5,8%. O ganho real nos salários foi observado, principalmente, na Paraíba (25,0%), em Sergipe (21,4%), no Rio Grande do Norte (20,8%) e em Pernambuco (18,0%). A Bahia continua com a maior média salarial: R$ 721,48 em 2003 e R$ 911,09 em 2007 (ganho real de 4,5%).

O Centro-Oeste também apresentou aumento na média das remunerações, de R$ 701,46 em 2003 para R$ 883,97 em 2007, num ganho real de 4,3%. O Distrito Federal foi o principal destaque, com ganho real de 27,0% e o mais elevado salário médio da região (R$ 1.032,66).

No Sul, a maior média salarial foi a do Rio Grande do Sul, que passou de R$ 653,10 em 2003 para R$ 922,45 em 2007 (ganho real de 16,9%), acima da média da região (3,6%), onde o estado também apresenta os maiores salários pagos.

Vale mencionar também a região Norte, que nos dois anos de análise verificou a segunda maior média salarial em termos nominais, com crescimento de 0,8%. Os destaques foram Amapá e Amazonas, que obtiveram ganhos salariais reais de, respectivamente, 53,6% e 22,1%.

Indústria da construção da região Norte tem a maior produtividade

Em 2007, a produtividade3 nacional foi em média de R$ 76,2 mil por trabalhador. A região Norte registrou a maior produtividade por pessoal ocupado, tanto em 2003 (R$ 61,9 mil), como em 2007 (R$ 81,8 mil). Na região, em 2007, a maior produtividade veio do Amazonas (R$ 106,5 mil). Observa-se também que o Tocantins apresentava, em 2003, uma produtividade média inferior à média regional em R$ 3,7 mil e, em 2007, obteve produtividade de R$ 22,2 mil superior à média.

O Sudeste registrou, em 2007, a segunda maior produtividade média do país, R$ 81,4 mil por trabalhador. Os estados com as maiores produtividades foram Rio de Janeiro (R$ 97,1 mil) e São Paulo (R$ 85,4 mil).

Na região Centro-Oeste, Distrito Federal (R$ 88,9 mil) e Mato Grosso do Sul (R$ 81,2 mil) tiveram as maiores produtividades em 2007, ficando acima da média regional, situada em R$ 80,7 mil. Por sua vez, a região Sul, com produtividade, em 2007, de R$ 73,2 mil ficou R$ 3,0 mil abaixo da média nacional, sendo o Paraná (R$ 77,5 mil) o único estado sulista a apresentar produtividade superior à média regional.

Com todos os seus estados apresentando valores abaixo da média nacional, o Nordeste assinalou produtividade, em 2007, de R$ 61,3 mil. As Unidades da Federação que ficaram acima da média nordestina foram Alagoas (R$ 72,5 mil), Bahia (R$ 63,5 mil) e Pernambuco (R$ 61,5 mil).

Edificações residenciais crescem 13,9% de 2006 para 2007

Em 2007, o valor das obras e/ou serviços executados pelas empresas de construção com cinco ou mais pessoas ocupadas cresceu 14,4%, em termos nominais, e 8,6% descontados os efeitos inflacionários4.

O valor do segmento de obras residenciais avançou 6,3% em termos nominais5, em razão, principalmente, do crescimento das edificações residenciais (13,9%), produto de maior peso na construção e diretamente influenciado pelo crédito imobiliário.

O grupo de edificações industriais, comerciais e outras edificações não-residenciais apresentou acréscimo nominal de 31,4%, impulsionado pelo aumento em obras de edificações comerciais (shoppings, supermercados, lojas, etc.), de 143,2%; plantas industriais (para refinarias, siderúrgicas, indústria química e outras), de 172,5%; e plantas para mineração, com acréscimo de179,8%.

O valor das obras de infraestrutura, grupo de maior peso na construção, foi 13,5% superior ao de 2006. O maior impacto positivo veio de ruas, praças, calçadas ou estacionamentos (acréscimo de 56,0%). Vale mencionar ainda dutos (oleodutos, gasodutos, minerodutos), com 42,6% de crescimento; usinas, estações e subestações hidroelétricas, termelétricas e nucleares (82,5%) e redes de instalações de torres de telecomunicações de longa ou média distância (35,1%).

Por fim, o grupo outras obras avançou 6,1%. As principais contribuições positivas vieram de montagem de estruturas metálicas (96,6%), instalações hidráulicas, sanitárias, de gás (16,9%) e montagem e desmontagem de escoramentos, andaimes, arquibancadas, passarelas e outras estruturas (13,6%).

________________________

1 O deflacionamento foi feito pelo índice do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo IBGE, que teve variação de 5,38%.

2 O cálculo do salário médio mensal foi efetuado pela divisão da soma dos salários, retiradas e outras remunerações pelo número de pessoas ocupadas, dividindo-se este resultado por treze.

3A produtividade da indústria da construção, definida como o valor das obras e/ou serviços da construção executados dividido pelo número de pessoas ocupadas, tem o objetivo de mensurar a eficiência do trabalho no setor

4 Conforme deflacionamento pelo índice do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI, calculado pelo IBGE, cujo acréscimo foi de 5,38% em 2007.

5 Optou-se por analisar a evolução do valor dos produtos da construção em termos nominais, pois o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI, calculado pelo IBGE, não é detalhado por tipos de obras e/ou serviços.