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PIB cresceu 4,0% e foi de R$ 2,37 trilhões em 2006

Após o aumento de 3,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2005, a economia brasileira mostrou uma aceleração, passando a uma taxa de crescimento de 4,0% em 2006. ...

05/11/2008 08h01 | Atualizado em 05/11/2008 08h01

Após o aumento de 3,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2005, a economia brasileira mostrou uma aceleração, passando a uma taxa de crescimento de 4,0% em 2006. Em valores correntes, o resultado alcançado foi de R$ 2.370 bilhões; e o deflator1 do PIB foi de 6,1%. O PIB per capita chegou a R$ 12.688 em 2006, um crescimento em volume de 2,5% em relação a 2005.

Pela ótica da produção, o crescimento do PIB resultou dos aumentos de 3,7% no valor adicionado2 e de 5,7% no volume dos impostos sobre produtos. A maior variação em volume do valor adicionado foi a da agropecuária (4,5%), seguida pelos serviços (4,2%) e pela indústria (2,3%).

Pela ótica da demanda, o consumo final cresceu 4,5% em 2006, resultado do aumento de 5,3% no consumo das famílias, de 2,6% no consumo final do governo e de 1,7% no consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias. A formação bruta de capital fixo (FBCF, o mesmo que investimento) registrou a taxa de crescimento mais expressiva dentre os componentes da demanda: 9,8%. O saldo externo de bens e serviços apresentou superávit, em 2006, de R$ 68,8 bilhões, 11,0% inferior ao de 2005 (R$ 77,5 bilhões). O aumento nominal das exportações, de 4,8%, foi menor que o das importações (9,8%). O mesmo ocorreu em relação ao volume: as exportações cresceram 5,0%, frente aos 18,4% das importações.

Pela ótica da renda, a expansão da economia em 2006 levou a um crescimento de 2,6% no número de ocupações no mercado de trabalho, totalizando 93,2 milhões de ocupações. O rendimento médio anual, em valores correntes, alcançou R$ 10.551 por ocupação, superando nominalmente em 8,8% o resultado de 2005.

Todas as informações integram os resultados definitivos do Sistema de Contas Nacionais (SCN), para os anos de 2005 e 2006, já segundo a nova série, que passou a ser divulgada pelo IBGE em março de 2007.

A atividade de serviços ganha peso no PIB de 2006

Apesar de a agropecuária ter sido a atividade que registrou maior crescimento em volume (4,5%) entre 2005 e 2006, em relação à participação relativa no total do valor adicionado, foram os serviços que continuaram ganhando peso em 2006, passando de 65,0% para 65,8%, com variações em volume (4,2%) e em preço (7,2%) acima do total da economia (3,7% e 6,5% respectivamente).

Em 2006, houve um crescimento generalizado das atividades que compõem o grupo serviços, com variações positivas em 13 das 14 para as quais o Sistema de Contas Nacionais apresenta resultados.

A atividade com a maior variação foi, como em 2005, a de serviços de intermediação financeira e seguros (8,4%), devido ao aumento do volume na oferta de crédito. O segundo maior aumento foi o da saúde pública (6,8%). Comércio e serviços de alojamento e alimentação registraram crescimentos da ordem de 6,0% cada um; e os serviços de manutenção e reparação (5,6%) e a saúde mercantil (3,9%) também cresceram acima da média do valor adicionado bruto (3,7%).

As menores variações anuais, em volume, foram as das atividades relacionadas à educação pública (-0,2%) e à educação mercantil (0,4%). As atividades de transporte, armazenagem e correio (2,1%) e de serviços de informação (1,6%) situaram-se também entre as de menor crescimento.

Por causa de seu crescimento inferior à média da economia, tanto em volume quanto em preço (3,0% e 3,1%, respectivamente), os serviços imobiliários e de aluguel registraram perda de participação no valor adicionado bruto total, de 9,0% para 8,7%.
Agropecuária se recupera em relação a 2005

O crescimento, em volume, de 4,5% da agropecuária, em 2006, representou uma recuperação em relação a 2005, quando a atividade havia crescido apenas 0,3%. Apesar disso, a participação da agropecuária no total do valor adicionado bruto passou de 5,7% para 5,5%, associada à redução de 1,4%, em média, no preço dos produtos agrícolas em 2006.

A atividade agricultura, silvicultura e exploração florestal apresentou um crescimento, em volume, de 5,3%. Entre os produtos que registraram aumentos significativos no volume de produção, destacaram-se o milho (21,5%), o café (20,2%), o feijão (14,4%) e a cana-de-açúcar (8,1%)3.

Já o valor adicionado da atividade pecuária e pesca cresceu 2,9%, com destaque para os suínos (3,3%) e aves (1,4%), enquanto o rebanho bovino teve variação negativa de 0,1%, em comparação com 20054.

Atividade extrativa segue puxando crescimento da indústria

A indústria cresceu 2,3%, em volume, em 2006, acima dos 2,1% verificados em 2005. Ainda assim, como esse crescimento foi menor que os das demais atividades, houve queda de participação no total do valor adicionado bruto (de 29,3% para 28,8%).

Como já havia ocorrido em 2005, o destaque, em termos de crescimento, ficou com a indústria extrativa (4,4%), em razão dos aumentos do valor adicionado bruto da extração de minério de ferro (9,1%) e de petróleo e gás natural (3,6%). O crescimento acima da média, tanto em volume quanto em preços, das atividades extrativas fez com que sua participação no valor adicionado da indústria quase dobrasse entre 2002 e 2006, passando de 5,9% para 10,1%. A construção civil apresentou a segunda maior taxa de variação, em volume, no grupo indústria (4,7%), retomando a trajetória de crescimento iniciada em 2004. A atividade eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana cresceu 3,5%, resultado do aumento de 4,0% no volume produzido de energia elétrica.

O valor adicionado da indústria de transformação variou, em volume, 1,1%, em 2006, com quedas registradas nos volumes das seguintes atividades: refino de petróleo e coque (-7,6%), artigos do vestuário e acessórios (-5,3%), produtos e preparados químicos diversos (-10,6%) e fabricação de aço e derivados (-3,0%). O maior acréscimo foi observado na atividade máquinas para escritório e equipamentos de informática (56,7%).

Eletrodomésticos (10,0%), automóveis, camionetas e utilitários (8,3%) e móveis e produtos das indústrias diversas (6,1%) também tiveram aumentos significativos, decorrentes do acesso facilitado ao crédito por parte das famílias; já as tintas, vernizes, esmaltes e lacas (7,7%) e o cimento (5,4%) foram beneficiados pelo melhor desempenho da construção civil.

Formação bruta de capital fixo tem aumento expressivo e eleva taxa de investimento

Analisando-se pela ótica da demanda5, o crescimento de 4,0% do PIB em 2006 foi conseqüência dos aumentos de 4,5% no consumo final e de 9,8% na formação bruta de capital fixo (FBCF, o mesmo que investimento) e de uma queda de 37,8%, em volume, no saldo externo de bens e serviços.

O aumento do consumo final resultou do crescimento de 5,3%, no consumo das famílias; 2,6%, no consumo do governo; e 1,7%, no consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias. No que diz respeito aos bens e serviços consumidos, os maiores crescimentos foram observados nos produtos agropecuários (8,2%), seguido pelos serviços de intermediação financeira, seguros, previdência complementar e relacionados (7,8%) e pelos bens da indústria da transformação (6,4%).

A formação bruta de capital fixo foi o componente da demanda com variação mais expressiva em 2006 (9,8%), elevando a taxa de investimento (formação bruta de capital fixo em relação ao PIB) de 15,9%, em 2005, para 16,4% no ano seguinte.

A expansão do investimento foi resultado principalmente do desempenho de máquinas e equipamentos, setor que cresceu 14,5% em volume, de 2005 para 2006, passando a representar 51,6% da FBCF (frente a 49,9% em 2005). Desde 2003, esse grupo cresce mais que os demais.

Aconstrução, a exemplo do que já vinha ocorrendo em anos anteriores, cresceu menos que os demais componentes da FBCF (4,9% em volume) e diminuiu sua participação, de 42,3% para 40,4% do investimento nacional. Já os outros investimentos mantiveram sua participação estável em 7,9%, com um crescimento de 5,8% em volume, em 2006.

Em 2006, contribuição do setor externo para o PIB torna-se negativa

O saldo externo de bens e serviços apresentou superávit em 2006 de R$ 68,8 bilhões, resultado 11,0% inferior ao de 2005 (R$ 77,5 bilhões). A valorização de 10,6% do câmbio no ano contribuiu para desacelerar o ritmo de crescimento das exportações, que variaram, em termos nominais, 4,8%, enquanto as importações cresceram 9,8%. Em volume, as exportações cresceram 5,0% contra um aumento de 18,4% das importações, gerando uma contribuição negativa do setor externo na variação do PIB.

Por isso, em 2006, a contribuição do saldo externo de bens e serviços para o crescimento anual, em volume, do PIB, passou a ser negativa (-1,4%). Em contrapartida, a contribuição da demanda interna para o crescimento da economia brasileira foi de 5,3%.

Nasimportações, todas as categorias de uso tiveram crescimento em volume, em 2006: 25,5% para bens de capital; 25,3% para bens e serviços de consumo final; e 16,0% para bens de consumo intermediário. Já em relação às exportações, os bens e serviços intermediários registraram crescimento de volume de 7,7%, o que sinaliza um aumento da demanda externa por esses produtos, enquanto as demais categorias apresentaram pequenas variações, tanto em volume quanto em preço.


Capacidade de financiamento da economia cai R$ 4,7 bilhões em 20066

ARenda Nacional Bruta (PIB mais os rendimentos dos fatores de produção enviados ao resto do mundo ou recebidos do resto do mundo) foi de R$ 2,31 trilhões em 2006. Em termos nominais, ela cresceu mais que o PIB, 10,8% contra 10,4%, o que pode ser explicado pelos fatos de que, pela primeira vez nesta década, houve uma queda no pagamento líquido de rendas de propriedades ao resto do mundo em relação ao ano anterior – da ordem de 5,1% -; e, pela primeira vez também, a remessa de dividendos superou o pagamento de juros – R$ 37,7 bilhões de dividendos contra R$ 35,6 bilhões de juros.

O crescimento nominal da despesa de consumo final (10,6%) num patamar semelhante ao da Renda Nacional Bruta (10,8%) fez com que a poupança aumentasse 11,9%. O crescimento nominal de 13,8% da formação bruta de capital fixo, portanto acima do da poupança, aliado à queda de R$ 5,0 bilhões no saldo externo corrente, implicou uma queda de R$ 4,7 bilhões na capacidade de financiamento do país – que chegou a R$ 21,449 trilhões, passando de 1,2% do PIB, em 2005, para 0,91% em 2006.

Empresas não-financeiras são responsáveis por 54,9% da renda gerada no país

Em 2006, o setor interno passou a ter uma contribuição mais forte para o crescimento do PIB, em razão da elevação do total de ocupações e do rendimento médio nominal (2,6% e 8,8%, respectivamente), do consumo das famílias (5,3%) e da formação bruta de capital fixo (9,8%). Já o setor externo apresentou uma contribuição menor, devido basicamente à queda de R$ 8,7 bilhões no saldo externo de bens e serviços. Esses fatos permitiram que o setor empresas não-financeiras participasse com 54,9% do total da renda gerada no país.

Esse resultado manteve, em geral, o padrão verificado em 2005, com melhora na capacidade de financiamento, que passou de R$ 24,7 bilhões para R$ 28,4 bilhões, em 2006. Tiveram contribuição decisiva para esse aumento o setor externo – a despeito da queda no saldo externo de bens e serviços –,o aumento do peso do setor interno e o câmbio favorável (em 2006, a valorização média do Real foi 10,6% maior que a de 2005), o que melhorou a situação das empresas endividadas em moeda estrangeira.

Os resultados do setor empresas financeiras em 2006 continuaram refletindo o aumento do crédito na economia. Segundo o Banco Central, a receita dos serviços prestados pelo sistema financeiro aumentou 17,9%, contribuindo também para que o setor apresentasse uma capacidade de financiamento de R$ 92,1 bilhões, 60,1% maior que em 2005. Destaca-se ainda na melhoria da capacidade de financiamento das empresas financeiras a transferência de recursos do governo para esse setor, com vistas a cobrir o resultado negativo do Banco Central em 2006.


Administração pública tem aumento de 78,9% na necessidade de financiamento

A participação da administração pública no total do valor adicionado se manteve estável nos anos de 2005 e 2006: 15,0% e 15,3%, respectivamente. Em 2006, o setor apresentou aumento da sua necessidade de financiamento da ordem de 78,9%, passando de R$ 61,4 bilhões, em 2005, para R$ 109,9 bilhões.

Apesar da manutenção da trajetória crescente da arrecadação de impostos – com a carga tributária bruta passando de 33,8% do PIB, em 2005, para 34,1% do PIB, em 2006 -, o aumento dos investimentos, da ordem de 28,7%, e a transferência de recursos do governo para cobrir o resultado do Banco Central foram as principais causas da elevação da necessidade de financiamento.

Outra conseqüência desses dois movimentos foi a deterioração da renda disponível bruta da administração pública, que passou de R$ 415,2 bilhões, em 2005, para R$ 424,3 bilhões, em 2006 – um aumento de apenas 1,1%. A poupança do governo saiu de um saldo negativo de R$ 27,1 bilhões, em 2005, para R$ 66,3 bilhões negativos em 2006, um aumento de 144,9% na “despoupança”.

Capacidade de financiamento das famílias aumenta em 2006

O valor adicionado pelo setor institucional famílias (que agrega a produção de pessoas físicas não formalizadas como empresas) cresceu, em termos nominais, apenas 6,4% em relação a 2005, enquanto o valor adicionado total da economia cresceu 10,4% - o que fez com que sua participação no total da renda gerada caísse 0,8 ponto percentual. Em compensação, as remunerações recebidas pelos empregados cresceram 12,6% no período, chegando a R$ 969,8 bilhões, o que indica o aumento contínuo da formalização da produção.

A capacidade de financiamento do setor teve um aumento significativo, passando de R$ 4,9 bilhões, em 2005, para R$ 10,1 bilhões, em 2006. As despesas das famílias com pagamento de juros aumentaram, em razão do crescimento do crédito para as pessoas físicas, mas esse aumento foi compensado pela alta no rendimento do trabalho.

Em 2006, o consumo final das famílias atingiu R$ 1,396 trilhão, estimulado pelos aumentos da renda e do crédito. Sua variação, em valor corrente, foi de 10,4% em relação a 2005, menor que a da renda disponível bruta das famílias, que cresceu 10,9%, chegando a R$ 1,467 trilhão. Essa diferença fez com que a poupança das famílias somasse R$ 111,8 bilhões, em 2006.

Outro fator que contribuiu para o aumento da capacidade de financiamento das famílias foi a formação bruta de capital fixo, que cresceu 16,1%, menos que a poupança (21,1%), chegando a R$ 98,0 bilhões. A poupança das famílias financia sua formação bruta de capital fixo, e a diferença entre o crescimento da poupança e o do investimento leva ao aumento da capacidade de financiamento.

 

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1 Variação média dos preços do período em relação à média dos preços do período anterior.

2 Diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário absorvido por essas atividades.

3 Segundo a pesquisa Produção Agrícola Municipal 2006.

4 Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal 2006.

5 O PIB pela ótica da demanda é a soma do consumo final, do saldo externo de bens e serviços (exportações menos importações) e da formação bruta de capital. Esta última, por sua vez, decompõe-se em formação bruta de capital fixo e variação de estoques.

6 A análise das contas econômicas integradas é feita por setores institucionais. Nos comentários sobre os agregados macroeconômicos da economia nacional e os setores institucionais, a referência é 2005.