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PAIC 2006 mostra crescimento das empresas da Construção

A Pesquisa Anual da Indústria da Construção de 2006 registrou mais de 1,5 milhão de pessoas ocupadas nas cerca de 109 mil empresas do setor.

18/06/2008 07h01 | Atualizado em 18/06/2008 07h01

A Pesquisa Anual da Indústria da Construção de 2006 registrou mais de 1,5 milhão de pessoas ocupadas nas cerca de 109 mil empresas do setor. Em relação a 2005, em termos reais, o valor das obras executadas cresceu 7,1% 1. Quanto aos produtos do setor, entre 2005 e 2006, o valor das obras residenciais cresceu 9,4%, enquanto os outros três produtos (edificações não-residenciais, obras de infra-estrutura e outras obras) cresceram acima dos 20%.

Em 2006, com receita operacional de R$ 105,6 bilhões, as empresas de construção realizaram obras e serviços no valor de R$ 110,7 bilhões, dos quais R$ 47,1 bilhões foram construções para entidades públicas, que representaram 42,6% das obras executadas (contra 40,3% em 2005).

Grandes empresas predominam na indústria da construção 2

Em todos os indicadores selecionados (tabela 2) a participação das empresas com 250 ou mais pessoas ocupadas (grandes empresas) é elevada. Representando, em 2006, 16,5%do total de empresas do setor, as grandes foram responsáveis por bem mais da metade do valor das construções executadas (64,0%). Neste ano, as grandes empresas ocuparam mais da metade do pessoal (59,9%) e pagaram 67,5% dos salários do setor.

Entre as grandes empresas, as que empregam 1 000 ou mais pessoas eram apenas 3,0% do total em 1996, mas foram responsáveis por 37,2% das construções e 37,8% dos salários, além de 42,3% das construções para entidades públicas. Nas demais variáveis (exceto em número de empresas e pessoal ocupado) elas superaram o grupo de empresas com 250 a 999 pessoas ocupadas.

Entre 1996 e 2000 , as grandes empresas tiveram recuo generalizado. O grupo com entre 250 e 999 pessoas ocupadas recuou mais significativamente, com destaque para construções executadas e construções para entidades públicas, ambas com perda de 7,1 pontos percentuais. Já no grupo das empresas com mais de 1000 pessoas ocupadas destacaram-se os recuos de 1,4 p.p. no valor das construções executadas e de 4,3% p.p. no valor adicionado. Já entre 2000 e 2006 , cresceu a importância das grandes empresas no valor das construções e no valor adicionado, em 1,4 pp e 3,3 pp, respectivamente, e sua produtividade subiu 5,1 p.p. Mesmo mantendo estável sua participação em pessoal ocupado, as grandes pagaram mais salários, com aumento de 2,2 pontos percentuais. Já sua participação no valor das construções para entidades públicas recuou 1,0 ponto percentual.

Entre 1996 e 2006 , as grandes empresas perderam espaço, pois em 1996 eram responsáveis por 71,1% do valor das construções executadas e caíram para 64,0% em 2006. Isso pode estar relacionado ao processo “interno” de terceirização do setor, levando a que as empresas de menor porte ganhassem participação. Também deve ser considerada a queda do investimento público no período, o que afeta primordialmente a grande empresa. No período, houve redução na importância das obras contratadas por entidades públicas: de 76,0% para 68,3%.

Entre 2005 e 2006, produtos e serviços da construção cresceram a taxas entre 9,4% e 22%

Os produtos da indústria da construção retratados pela PAIC desde 2002 mostram, o valor construído de mais de 50 produtos (por exemplo: edificações residenciais e comerciais ; plantas industriais ; rodovias ; pontes e túneis etc.) que foram agregados em quatro grandes grupos: obras residenciais ; edificações industriais, comerciais e outras edificações não-residenciais ; obras de infra-estrutura ; e outras obras.

Em 2006, o valor nominal das obras e/ou serviços executados pelas empresas com 5 ou mais pessoas ocupadas superou em 18,5% o de 2005. Em termos reais, houve crescimento de 12,3%. As grandes empresas cresceram 24,7%: o subgrupo com 250 a 999 pessoas ocupadas avançou 20,2%, e o de 1 000 ou mais pessoas ocupadas cresceu 30,1%, graças a um conjunto de fatores que estimulou o setor de construção, em 2006. Entre estes está a abertura do capital de algumas empresas na Bolsa de Valores de São Paulo, onde elas obtiveram recursos para novos empreendimentos e para aquisição de outras empresas.

Crédito imobiliário impulsionou as obras residenciais

O valor das obras residenciais cresceu 9,4%. E dificações residenciais , produto de maior peso entre os 54 produtos da construção, cresceram 12,1%. Para isso contribuíram a expansão do crédito imobiliário, a conjuntura econômica favorável à construção de novas residências e a reformas, e mudanças como o regime especial tributário do patrimônio de afetação, a lei do incontroverso e a alienação fiduciária, por exemplo.

Segundo o Banco Central, o montante destinado ao crédito imobiliário em 2006 foi 85,5% maior que em 2005 e o número de unidades financiadas, 71,3% maior. Da caderneta de poupança, em 2006, para financiar 111 296 unidades, foram liberados R$ 9,2 bilhões (47,3% para a construção e 52,7% para aquisição de moradias prontas).

Em 2006, entre as empresas que realizaram obras residenciais, as com 250 ou mais pessoas ocupadas foram responsáveis por 29,1% do valor das construções, sendo 23,6% para o subgrupo com 250 a 999 pessoas, e 5,5% para as de 1 000 ou mais ocupados, confirmando que neste segmento predominam empresas de menor tamanho.

Entre 2005 e 2006, o crescimento do valor das obras das grandes empresas com até 999 ocupados foi de 8,5%, enquanto as com 1 000 ou mais avançaram 42,5%, superando o crescimento de 9,4% para o total das empresas.

Em 2006, o grupo de edificações não-residenciais avançou 20,2%, impulsionado pelas obras em escolas, hospitais, hotéis e garagens (49,9%), galpões e edifícios industriais (26,7%); montagens industriais (31,6%), plantas para mineração (101,6%) e instalações desportivas (45,8%), cujo crescimento tem relação com os Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, em 2007.

As empresas com 250 a 999 ocupados concentravam 21,1% do valor das construções e as com 1 000 ou mais pessoas ocupadas, 22,5%. As grandes empresas concentraram 43,7% do valor das obras no segmento. O crescimento entre 2005 e 2006 para as duas classes das grandes foi, respectivamente, de 39,6% e 4,6%.

Infra-estrutura: crescimento de 20,5% em relação a 2005

O valor das obras de infra-estrutura, grupo de maior peso na construção, cresceu 20,5% em relação ao ano anterior, aumentando sua participação relativa no total das obras e serviços prestados de 36,0% para 36,7%, o que pode estar relacionado com o crescimento de 19,3% das obras contratadas pelo setor público. Os produtos que mais contribuíram para o resultado deste grupo foram: rodovias , cujo valor aumentou 31,5%; pontes e túneis (54,8%); dutos (oleodutos, gasodutos, minerodutos) , com 69,7% de crescimento e redes de transmissão e distribuição de energia elétrica (26,1%).

As obras de infra-estrutura , nas quais predominam as grandes empresas, as com 250 a 999 pessoas ocupadas e de 1 000 ou mais pessoas ocupadas representaram, em 2006, respectivamente, 31,2% e 34,1% do valor das construções executadas, percentagens semelhantes as de 2005. Assim, as grandes empresas responderam por mais de 65% do valor das obras de infra-estrutura. O crescimento, em relação a 2005, foi de 16,5% para o primeiro subgrupo das grandes empresas e de 34,2% para o segundo.

Por fim, no grupo outras obras o valor cresceu 22,0%. O principal impacto positivo veio de trabalhos prévios da construção (26,0%), que sinaliza a realização de novas obras. Vale citar, ainda, instalações elétricas e de telecomunicações (27,8%); e obras de acabamento (25,8%). Os subgrupos de 250 a 999 e de 1 000 ou mais pessoas ocupadas concentravam 22,3% e 21,3% do valor das obras, respectivamente. Em relação ao ano anterior, o crescimento desses dois subgrupos foi de 25,4% e 53,5%, respectivamente.

Sudeste perde participação, mas suas empresas ainda executam a maioria das obras

O Sudeste manteve a maior importância econômica no setor e no País, mas sua participação declinou. Há um gradual redirecionamento das atividades de construção para outras regiões, decorrente de um processo de desconcentração da atividade econômica face à influência de fatores como: expansão da fronteira agrícola em direção as Regiões Centro-Oeste e Norte, com o conseqüente aumento das atividades agroindustriais e do fluxo migratório; e a instalação de novas indústrias e redes varejistas no Nordeste.

Apesar de perder participação, o Sudeste ainda é responsável por mais da metade do pessoal ocupado e do valor das construções realizadas pelas empresas com 40 ou mais ocupados. Em 1996, a região detinha 59,5% das pessoas ocupadas das empresas de construção, tendo recuado aos 54,0% em 2006. Em valor das construções, o Sudeste respondeu por 66,2% em 1996 e 56,3% em 2006. No universo das grandes, a região tinha uma participação de 63,1% das pessoas ocupadas, passando para 57,6% em 2006. As grandes empresas do Sudeste executaram 66,7% das construções em 1996 e 59,3% em 2006.

O Norte ampliou sua participação em pessoal ocupado e valor das construções, inclusive entre as grandes empresas, que detinham 3,6% dos ocupados em 1996, e 6,8%, em 2006. Em valor das construções, as taxas foram de 3,2% e 7,3%, respectivamente, com destaque para os ganhos de Amazonas e Pará (tabela 3).

O Nordeste , que ocupava 17,4% das pessoas nas grandes empresas em 1996, subiu para 19,0%, em 2006. O valor das construções, no período, foi de 12,7% e 14,7%, respectivamente. A Bahia destacou-se, com 3,7% do valor das construções executadas pelas grandes empresas em 1996, e 6,4% em 2006.

No Sul , as alterações foram discretas. As empresas com 40 ou mais pessoas ocupadas mantiveram suas posições. Cresceu 1,0 pp a participação das empresas no valor das construções, e caiu 0,3 pp a das grandes.

No Centro-Oeste , ganharam importância tanto as empresas com 40 ou mais pessoas ocupadas como as grandes. A participação no valor das construções do primeiro grupo passa de 6,8%, em 1996, para 9,4% em 2006. Já no grupo das grandes empresas, as respectivas taxas foram de 6,8% e 8,4%.

 

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1O deflacionamento foi efetuado pelo SINAPI do IBGE, que teve variação de 5,47%.

2O âmbito das comparações com 1996 e 2000, por questões metodológicas, são empresas com 40 ou mais ocupados.