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Melhores perspectivas para trigo e milho elevam estimativa da

Aumentos na produção esperada para o trigo (12,4%) e o milho 2ª safra (15,7%) em relação a 2007 elevaram para 142,6 milhões de toneladas a estimativa da safra ...

08/05/2008 06h01 | Atualizado em 08/05/2008 06h01

Aumentos na produção esperada para o trigo (12,4%) e o milho 2ª safra (15,7%) em relação a 2007 elevaram para 142,6 milhões de toneladas a estimativa da safra brasileira de grãos, 1,5% acima da prevista em março e superior em 7,2% à produção obtida em 2007. Ainda em relação ao ano passado, espera-se um crescimento de 3,2% na área plantada de grãos, que deverá atingir 46,8 milhões de hectares em 2008.

A quarta estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas 1, indica uma produção de 142,6 milhões de toneladas, 1,5% maior que a prevista em março (140,5 milhões de toneladas) e 7,2% acima da obtida em 2007 (133,1 milhões de toneladas). Com relação à área plantada em 2007 (46,8 milhões de hectares), a estimativa atual aponta acréscimo de 3,2%. Entre os produtos investigados, a soja, o milho e o arroz são os que ocupam as maiores áreas previstas, com respectivamente, 21,2; 14,5 e 2,9 milhões de hectares cultivados em 2008. Estes produtos representam 90,6% da produção nacional estimada de grãos.

Na figura acima está representada a evolução na produção de grãos e na área plantada de 1980 a 2008. A produção aumentou mais significativamente que a área ocupada com as culturas, atestando os avanços tecnológicos que determinaram um aumento no rendimento médio. A produção de 2003 (123,6 milhões de toneladas) ultrapassou os 100 milhões de toneladas de grãos, um recorde batido em 2007 (133,1 milhões de toneladas) que deverá ser superado em 2008 (142,6 milhões de toneladas) 2. Destacam-se os aumentos, frente ao ano anterior, na produção de arroz, milho (ambas as safras) e soja.

A estimativa de produção de cereais, leguminosas e oleaginosas está assim distribuída: Sul (61,0 milhões de toneladas); Centro-Oeste (49,2 milhões); Sudeste (16,7 milhões); Nordeste (12,0 milhões) e Norte (3,8 milhões). A colheita das principais culturas temporárias de verão, como a soja e o arroz, está praticamente concluída, e a colheita do milho (1ª safra) virá a seguir. Até o momento as boas condições meteorológicas contribuem para o adequado desenvolvimento das culturas de 2ª safra, como a do milho e do feijão, bem como no avanço dos plantios das culturas de inverno, como a do trigo e do triticale.

Produção Agrícola 2008 – estimativas de abril em relação à safra 2007

Dentre os vinte cinco produtos analisados, dezenove apresentam variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior: amendoim em casca 1ª safra (27,6%), amendoim em casca 2ª safra (15,7%), arroz em casca (8,6%), aveia em grão (12,1%), batata-inglesa 1ª safra (0,2%), batata-inglesa 2ª safra (5,9%), batata-inglesa 3ª safra (8,0%), cacau em amêndoa (3,2%),café em grão (26,3%), cana-de-açúcar (8,2%), cevada em grão (8,5%), feijão em grão 2ª safra (33,3%), mamona em baga (36,1%), milho em grão 1ª safra (9,6%), milho em grão 2ª safra (15,7%) , soja em grão (2,6%), sorgo em grão (21,7%), trigo em grão (12,4%) e triticale em grão (5,9%). Com variação negativa: algodão herbáceo em caroço (-3,7%), cebola (-7,6%), feijão em grão 1ª safra (-5,8%), feijão em grão 3ª safra (-0,4%), laranja (-2,9%) e mandioca (-0,5%).

No que se refere às variações percentuais no ano os destaques ficam por conta da mamona, feijão 2ª safra, amendoim 2ª safra, café (devido à bianualidade) e sorgo. Todavia, em termos absolutos, destacam-se as culturas do arroz, milho e da soja. A cana-de-açúcar, que também apresenta um grande volume de produção, registra um incremento de 8,2% em relação a 2007. Com o início da colheita a expectativa é de que esses números sejam revistos nos próximos levantamentos.

Estimativas de abril em relação março

No Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) 3 de abril, em relação a março, destacam-se as variações nas estimativas de produção de nove produtos: algodão herbáceo em caroço (3,3%), arroz em casca (0,3%), café em grão (3,3%), feijão em grão 1ª safra (-2,1%), feijão em grão 2ª safra (8,1%), milho em grão 1ª safra (1,9%), milho em grão 2ª safra (4,9%), soja em grão (-0,8%) e trigo em grão (20,1%).

ALGODÃO HERBÁCEO em caroço – A cultura do algodão ocupa uma área de 1.076.396 ha e terá uma produção estimada em 3,9 milhões de toneladas, superior 3,3% ao mês anterior. Mato Grosso e Bahia participam com 81,6% desta produção nacional com, respectivamente, 2,1 milhões de toneladas e 1,2 milhão de toneladas. O incremento na produção é justificado por levantamentos de campo realizados no estado do Mato Grosso que identificaram rendimentos médios 8,2% superiores à estimativa de março, passando de 3.571 kg/ha para 3.864 kg/ha em vista das condições climáticas satisfatórias para o bom desenvolvimento da cultura no Estado. No gráfico abaixo, para o período de 1980 a 2008 destacam-se, principalmente, os ganhos de produção, registrados na década atual, em função dos incrementos no rendimento médio com a maior utilização de tecnologia.

ARROZ em casca – A cultura de arroz abrange uma área de 2.920.613 ha e nesta quarta estimativa da produção calcula-se um volume de 12,0 milhões de toneladas, indicando um acréscimo de 0,3%, em relação ao mês anterior. O Rio Grande do Sul participa com 60,2% da produção nacional deste cereal e foi o responsável por esta variação positiva devido ao incremento de 1,1% no rendimento médio do Estado, estimado em 6.800 kg/ha.

O excesso de chuvas provocou inundações no Nordeste, notadamente no Piauí, Pernambuco e Paraíba, reduziu a produção em 2,6%, mas sem repercutir, entretanto, em nível nacional. Na figura acima se observa a área, o rendimento médio e a produção de 1990 a 2008. O rendimento médio identifica a tendência de maior emprego de insumos tecnológicos para incrementar a produção já que a área vem se mantendo estável.

CAFÉ em grão - Para o café as adversidades climáticas verificadas principalmente no 2º semestre de 2007, não prejudicaram o rendimento para 2008. Ao contrário, confirmando o ciclo de alta da bianualidade, o café surpreendeu em todas as regiões produtoras. As chuvas registradas em julho e agosto de 2007 quase foram anuladas pelas estiagens verificadas a partir de setembro e que persistiram até outubro, quando, normalmente, já se teria uma estimativa bem consistente para a safra 2008. Estas irregularidades dificultaram, em princípio, as previsões para a safra de 2008, pelo menos até que se pudesse avaliar, definitivamente, a sobrevivência dos frutos que conseguiram chegar à fase de granação, no início deste ano.

Agora em abril, com os grãos já em fase adiantada de maturação, a produção nacional esperada é de 2.742.086 t (45,7 milhões sc/60 kg de café em grão), superando em 3,3% a estimativa anterior, com um rendimento médio esperado de 1.225 kg/ha (20,4 sc/ha). Estes números podem ser revistos nos próximos meses. As perspectivas, tanto no mercado interno como externo, ainda permanecem favoráveis, face ao baixo nível dos estoques. A figura anterior representa a evolução da área, rendimento médio e produção no período de 2001 a 2008, na qual fica evidenciado o fenômeno da bianualidade na cultura do café.

FEIJÃO em grão 1ª safra – A primeira safra de feijão representa 47,8% da produção nacional de 2008, sendo estimada neste quarto levantamento uma produção de 1,7 milhão de toneladas, 2,1% inferior à estimativa de março. Todas as Grandes Regiões apresentaram decréscimo nesta estimativa de abril, destacando-se a Região Nordeste com 5,6% inferior à observação de março. O Ceará que é o segundo principal produtor de feijão neste período, participando com 15,9% da produção nacional, perdendo somente para o estado do Paraná (24,7%), reduziu em 5,9% a estimativa de produção, o mesmo ocorrendo nos estados da Bahia (-8,1%) e do Piauí (-20,2%). Este decréscimo é conseqüência de condições climáticas adversas agora provocadas por excesso de chuvas que causaram inundação de áreas produtoras de feijão. A redução de área de 56,7% indicada para o estado do Mato Grosso são projeções que não foram confirmadas nesta avaliação de campo. Na figura abaixo está representada a série histórica de produção, área e rendimento no período de 1990 a 2008, na qual se observa uma tendência na redução da área destinada a esta cultura neste período sem, contudo, determinar uma redução significativa da produção.

FEIJÃO em grão 2ª safra - No caso do feijão 2ª safra, que representa 40,9% da produção nacional, a quantidade esperada de 1,4 milhão de toneladas supera em 8,1% a estimativa anterior. Esse crescimento é verificado nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste de: 9,2%; 11,5% e 47,9%; respectivamente, em função, basicamente, ao aumento de área plantada, determinado pelos bons preços praticados no período. O Paraná é também o maior produtor, participando com 25,0% desta safra. Na figura seguinte encontramos a variação histórica de 1990 a 2008 das variáveis de área, rendimento médio e produção da cultura de feijão neste segundo período de plantio, percebendo-se uma tendência de estabilização, só alterada em função da cotação do produto. 

MILHO em grão 1ª safra - Para o milho 1ª safra a produção de 39,6 milhões de toneladas é maior 1,9% que a estimada em março, representando 68,5% do total de milho em grão estimado para 2008. Os estados do Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os maiores produtores de milho neste período, participando com, respectivamente, 23,9%; 16,0%; 13,9% e 10,7%. O acréscimo verificado nesta observação de abril deve-se a ajustes distribuídos por todas as Grandes Regiões produtoras. No Paraná houve um incremento de 2,7% na produção, agora estimada em 9.470.893 t, em função, principalmente, do aumento do rendimento médio em 2,6% passando de 6.724 kg/ha pra 6.898 kg/ha. Neste Estado a colheita já ultrapassou aos 87%. Na figura abaixo pode ser observada a série histórica desta cultura no período de 1990 a 2008, percebendo-se uma estabilidade da área plantada e variação da produção e rendimento mais em função das condições climáticas. Verifica-se que em 2008 se estabelecerá um novo recorde na produção de milho em grão 1ª safra.

MILHO em grão 2ª safra - O milho 2ª safra representará 31,5% da produção total de milho em grão para 2008, estimada em 18,2 milhões de toneladas e suplantando em 4,9% a informação de março e em. Este incremento deve-se, basicamente, às novas informações levantadas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, onde as estimativas de área e rendimento médio se encontram majoradas em Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Os bons preços que o milho tem alcançado e a continuidade das chuvas fizeram com que os agricultores realizassem plantios até o limite máximo tolerado no calendário agrícola observando-se lavouras em diferentes estágios de desenvolvimento. Os principais estados produtores neste período são o Paraná, participando com 35,7% da produção, o Mato Grosso (35,6%), o Mato Grosso do Sul (16,1%) e Goiás (5,5%). Na figura abaixo podemos observar a tendência de crescimento da área destinada a esta cultura com produção e rendimento médio com tendência de crescimento, mas com oscilações devido a condições climáticas adversas. Para 2008 é esperado novo recorde do milho em grão 2ª safra.

SOJA em grão - Para a soja estima-se uma produção de 59,5 milhões de toneladas distribuídas em 21,2 milhões de hectares com um rendimento médio de 2.805 kg/ha. As principais participações são dos estados do Mato Grosso (29,8%), do Paraná (19,9%), do Rio Grande do Sul (13,1%), de Goiás (11,1%), do Mato Grosso do Sul (7,8%), de Minas Gerais (4,2%) e da Bahia (4,1%) que juntas representam 90% da produção nacional desta oleaginosa.

Nesta estimativa da produção de abril ocorreu um decréscimo de 0,8% em relação ao mês anterior devido a ajustes de rendimento médio principalmente nas regiões Sul e Centro-Oeste, com destaque para Santa Catarina (-3,0%), Rio Grande do Sul (-3,8) e Mato Grosso do Sul (-6,5%). Para 2008, a figura anterior mostra que é esperado um novo recorde de produção.

TRIGO em grão – Em abril, foi estimada uma produção de 4,6 milhões de toneladas de trigo em grão em 2008, ocupando uma área de 1.999.224 ha e com rendimento médio de 2.298 kg/ha. O Paraná e o Rio Grande do Sul concentram 90% da produção nacional de trigo, sendo a participação de cada um, respectivamente, 56,7% e 33,3%. Comparativamente, a estimativa de abril supera em 20,1% a de março. Contribuem para isso o aumento de 21,3% na área plantada no Paraná, passando para 996.250 ha, e o aumento do rendimento médio em 15,8%, sendo estimado 2.614 kg/ha. Estima-se que, no Paraná, 28,9% do trigo em grão já se encontre plantado. Para o Mato Grosso do Sul, a avaliação de abril também indica um aumento de 16,4% na área plantada e de 26,9% para o rendimento médio.

Se as condições climáticas permitirem, o plantio de trigo pode ser superior à atual estimativa, pois vários fatores econômicos estimulam o aumento da área como as limitações das exportações por parte da nossa principal fornecedora de trigo, a Argentina, os baixos estoques internacionais do produto, a elevação dos preços e a garantia pelo governo do preço mínimo. O gráfico acima indica uma tendência de recuperação da área cultivada, voltando ao patamar de 2002. A produção em função dos bons preços que o produto vem alcançando apresenta um bom crescimento. A queda que se observa no rendimento médio, entre os anos de 2004 e 2006, deve-se as más condições climáticas enfrentada pela cultura.

 

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1 caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale.

2 Em atenção a demandas dos usuários de informação de safra, os levantamentos para Cereais, leguminosas e oleaginosas, ora divulgados, foram realizados em estreita colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra, iniciado em outubro de 2007, para as principais lavouras brasileiras.

3 O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) é uma pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras dos principais produtos agrícolas, cujas informações são obtidas por intermédio das Comissões Municipais (COMEA) e/ou Regionais (COREA); consolidadas em nível estadual pelos Grupos de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) e posteriormente, avaliadas, em nível nacional, pela Comissão Especial de Planejamento Controle e Avaliação das Estatísticas Agropecuárias (CEPAGRO) constituída por representantes do IBGE e do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA).