Nossos serviços estão apresentando instabilidade no momento. Algumas informações podem não estar disponíveis.

PIB cresceu 3,2% e foi de R$ 2,1 trilhões em 2005

Após o aumento de 5,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2004, a economia brasileira enfrentou uma desaceleração, passando a uma taxa de crescimento de 3,2% em 2005. Em valores correntes, o resultado alcançado foi ...

09/11/2007 08h01 | Atualizado em 09/11/2007 08h01

 

Após o aumento de 5,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2004, a  economia brasileira enfrentou uma desaceleração, passando a uma taxa de crescimento de 3,2% em 2005. Em valores correntes, o resultado alcançado foi de R$ 2.147 bilhões; e o deflator1 do PIB foi de 7,2%.

Pela ótica da produção , o crescimento do PIB em 2005 resultou dos aumentos de 3,0% no valor adicionado2 e de 4,4% no volume dos impostos sobre produtos, que somaram, líquidos de subsídios, R$ 305 bilhões, com um crescimento nominal de 10,8% em relação a 2004. O crescimento do valor adicionado total, por sua vez, foi explicado pelas taxas dos serviços (3,7%) e da indústria (2,1%). A agropecuária variou 0,3%, em decorrência, sobretudo, da influência de fatores climáticos.

Pela ótica da demanda , o consumo final cresceu 3,9% em 2005. O consumo das famílias cresceu 4,5%, e o consumo final do governo e das Instituições Privadas Sem Fins de Lucro a Serviço das Famílias cresceram 2,3% cada um. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, o mesmo que investimentos) teve crescimento, em volume, de 3,6%. Seus preços subiram 5,7%, levando a um crescimento em valor de 9,5%. A balança de bens e serviços apresentou superávit, em 2005, de R$ 77,5 bilhões, superando o resultado de 2004 (R$ 75,3 bilhões). O aumento das exportações, de 1,9% em valores correntes, foi maior que o das importações (1,5%). Em volume, as exportações cresceram 9,3%, frente aos 8,5% das importações.

Pela ótica da renda , a expansão da economia em 2005 levou a um crescimento de 3,0% no número de vagas no mercado de trabalho, totalizando 90,9 milhões de ocupações. O rendimento médio anual, em valores correntes, alcançou R$ 9.702 por ocupação, superando nominalmente em 8,8% o resultado de 2004.

Todas as informações integram os resultados definitivos do Sistema de Contas Nacionais (SCN), para os anos de 2004 e 2005, já segundo a nova série, divulgada pelo IBGE em março deste ano.

 

Serviços ganham peso no PIB de 2005

Em relação à participação relativa no valor adicionado, os serviços ganharam peso em 2005, passando de 63,0% para 65,0%, com variações em volume (3,7%) e em preço acima do total da economia.

O destaque foi a atividade de intermediação financeira e seguros, com variação em volume de 5,3%, puxada pelo aumento da oferta de crédito. Os serviços imobiliários e de aluguel, por sua vez, cresceram 4,7%. O aluguel imputado, valor de aluguel atribuído aos imóveis residenciais próprios, cresceu 4,1%.

Na atividade serviços de informação, com crescimento em volume de 4,0%, destacaram-se os serviços de informática e conexas (7,1%). Já as atividades de comércio e de transporte, armazenagem e correio registraram, cada uma, elevação de 3,5%. No caso do transporte, o crescimento deveu-se a um aumento de 3,7% no volume de carga transportada e de 4,6% no de transporte de passageiros. Já em relação ao comércio, o crescimento deveu-se a um aumento de 2,6% no volume de bens intermediários e de 3,9% no de bens para consumo.

 

Atividade extrativa puxa crescimento da indústria

Em relação a 2004, a indústria (crescimento de 2,1% em 2005) perdeu 0,8 ponto percentual em sua participação no total do valor adicionado, que atingiu 29,3%, em 2005. Destacou-se o crescimento de 9,3% da atividade extrativa mineral, devido, principalmente, às elevações de 11,7% na produção de petróleo e gás natural e de 12,5% na produção de minério de ferro.

A construção civil manteve, embora com menor intensidade, a trajetória ascendente iniciada em 2004, crescendo 1,8% em 2005, enquanto a atividade eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana cresceu 3,0%.

Já a indústria de transformação cresceu 1,2% em 2005, contrastando com o crescimento de 8,5% em 2004. Considerando as atividades de maior peso, os destaques negativos foram a fabricação de resinas e elastômeros (-13,2%) e de aço e derivados (-3,3%), mas o desempenho também foi afetado pela queda no volume das atividades máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos (-0,9%) e produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos (-0,3%). O pequeno crescimento da atividade alimentos e bebidas (0,4%) também ajuda a explicar o índice total da indústria de transformação. Produtos farmacêuticos (12,6%), jornais, revistas e discos (8,4%) e celulose e produtos de papel (7,1%), por sua vez, tiveram desempenhos positivos.

 

Participação da agropecuária no valor adicionado cai de 6,9% para 5,7%

Além do baixo crescimento do volume da agropecuária (0,3%), a queda de 9,0% nos preços médios contribuiu para que a participação desse setor no valor adicionado caísse de 6,9%, em 2004, para 5,7%, em 2005. A atividade agricultura, silvicultura e exploração florestal teve redução de 0,5% em seu valor adicionado; por outro lado, a pecuária e pesca cresceu 2,3 %. A estiagem na região Sul e em parte de São Paulo e Mato Grosso do Sul provocou a quebra de safras agrícolas, com destaque para as do trigo (-19,9%), milho (-16,0%), café (-13,2%), fumo (-3,5%), algodão herbáceo (-3,5%), laranja (-2,5%) e arroz (-0,6%).

Já na pecuária, os destaques positivos foram as aves (5,8%) e os suínos (3,0%). Os bovinos, produto de maior importância, tiveram crescimento de 1,3% no rebanho, o menor dos últimos anos.

 

Taxa de investimento da economia passa de 16,1%, em 2004, para 15,9% em 2005

Pela ótica da demanda, o consumo final cresceu 3,9% em 2005, sendo que o consumo de bens agropecuários cresceu 1,8%; e o de bens da indústria de transformação, 4,2%. O maior aumento no consumo foi o dos serviços de intermediação financeira, seguros, previdência complementar e relacionados (8,3%).

Em relação à composição da FBCF, foi mantida a trajetória observada a partir de 2003, quando o valor investido em máquinas e equipamentos superou o investido em construção civil. Em 2005, enquanto máquinas e equipamentos responderam por 49,9% do total da FBCF, a construção civil foi responsável por 42,3% e os outros, por 7,9%. A explicação desse fenômeno está tanto nas variações de volume quanto nas de preço desses agregados.

A variação nominal do investimento em máquinas e equipamentos foi de 14,0%, contra 5,9% em construção e 2,8% em outros. Embora a variação nominal da FBCF em máquinas e equipamentos tenha sido maior que a do PIB - que cresceu aproximadamente 10% -, o desempenho do investimento em construção levou a uma variação nominal total da FBCF inferior à do PIB. Assim a taxa de investimento da economia brasileira passou de 16,1%, em 2004, para 15,9% em 2005, apesar de, em volume, a FBCF ter crescido mais do que o PIB.

 

Exportações de bens duráveis têm queda de cerca de 17%

Analisando as exportações por categorias de uso, houve queda apenas no volume exportado de bens de consumo duráveis, de cerca de 17%. Por outro lado, os bens de capital aumentaram 28%, seguidos pelos bens intermediários (6,9%) e pelos bens de consumo não-duráveis (5%).

O maior aumento no volume importado foi o dos bens de consumo não-duráveis (41%), seguido pelo dos bens de consumo duráveis (33%) e pelo dos bens de capital (15,6%). Já os bens intermediários permaneceram estáveis, com variação de 0,2%.

A variação de estoques em 2005 foi de R$ 5,7 bilhões, cerca de R$ 14 bilhões menor que a de 2004, (R$ 19,8 bilhões). Uma parte dessa redução se deve à quebra de safra na agropecuária, por exemplo do milho (-R$ 867 milhões), trigo (-R$ 771 milhões) e café (-R$ 591 milhões). Por isso, enquanto em 2004 a agropecuária teve um aumento de R$ 2,7 bilhões nos estoques, em 2005 houve queda de -R$ 1,1 bilhão.

 

Capacidade de financiamento da economia cai R$ 1,2 bilhão em 2005 3

Em 2005, a Renda Nacional Bruta (RNB) foi estimada em R$ 2.086 bilhões. O crescimento da RNB foi maior que o do PIB, o que é explicado pelo aumento de 5,3% no pagamento líquido de rendas de propriedade ao resto do mundo, menor que a variação do PIB, de 10,6%. O crescimento da despesa de consumo final (12,2%) fez com que a poupança aumentasse em apenas 3,9%. O crescimento da formação bruta de capital (4,7%) acima do da poupança implicou uma queda de R$ 1,2 bilhão na capacidade de financiamento, que passou de 1,4% para 1,2% do PIB em 2005.

 

 

Empresas não-financeiras são responsáveis por 54,5% da renda gerada no país

A manutenção de exportações elevadas (R$ 324,8 bilhões), associada ao aumento do consumo interno, permitiu que as empresas não-financeiras participassem com 54,5% do total da renda gerada no país, resultado que manteve o padrão verificado em 2003, quando elas voltaram a apresentar capacidade de financiamento, fato que não ocorria desde 1999. Naquele ano, por causa da conjugação do saldo externo de bens e serviços de R$ 56,1 bilhões e da queda do dólar, o setor apresentou uma capacidade de financiamento de R$ 25,3 bilhões. Já em 2005, apesar do crescimento do saldo externo de bens e serviços para R$ 77,5 bilhões e da valorização do Real frente ao dólar em 20,9%, a capacidade de financiamento das empresas não-financeiras foi de R$ 24,7 bilhões, um pouco inferior à de 2003. Isso se deveu aos aumentos de impostos sobre renda e propriedade pagos, de transferências correntes líquidas pagas e de investimentos realizados, comparados ao crescimento da renda disponível.

 

Aumenta a capacidade de financiamento das empresas financeiras

Os resultados das empresas financeiras em 2005 refletiram o aumento do crédito na economia. Segundo o Banco Central, a elevação do volume do crédito total foi de 45,1% em relação a 2003, com destaque para o crédito à pessoa física (88,8%). Os preços dos serviços cobrados pelo sistema financeiro subiram, em média, 41,5%, contribuindo também para que o setor apresentasse, em 2005, capacidade de financiamento de R$ 57,5 bilhões, 38,9% maior que em 2003.

 

Administração pública tem redução de 25,7% na necessidade de financiamento

A participação do setor institucional da administração pública no valor adicionado manteve-se estável em 2005, frente a 2003 (15,0% e 15,1%, respectivamente). Em 2005, o setor teve redução expressiva da necessidade de financiamento de aproximadamente 25,7%, frente a 2003 – passando de -R$ 82,7 bilhões para -R$ 61,4 bilhões. Tal redução é explicada pela manutenção da trajetória crescente da arrecadação de impostos, com a carga tributária bruta passando de 31,9% do PIB, em 2003, para 33,8% em 2005, e pela queda dos juros: a Selic média passou de 23,08% ao ano, em 2003, para 19,15% ao ano, em 2005.

A conseqüência desses dois movimentos foi a elevação dos saldos correntes da administração pública, especialmente do saldo das rendas primárias, que cresceu 53,3% em relação a 2003. A renda disponível do setor teve uma variação de 47,9% nessa comparação. Já o saldo da poupança bruta passou de menos R$ 60 bilhões em 2003 para R$ 27,1 bilhões negativos em 2005, uma redução de 54,8%.

 

Benefícios sociais recebidos pelas famílias crescem 25,4% entre 2003 e 2005

O valor adicionado pela produção do setor institucional famílias (que agrega a produção de pessoas físicas não formalizadas como empresas) cresceu apenas 15,3% entre 2003 e 2005, enquanto o valor adicionado total evoluiu 25,4%. Essa variação bem abaixo da média fez com que a participação do setor famílias no total da renda gerada caísse quase dois pontos percentuais. Em compensação, as remunerações recebidas pelos empregados cresceram 28,1% no período, chegando a R$ 861,4 bilhões, o que indica uma maior formalização da produção.

Os benefícios sociais recebidos pelas famílias cresceram 25,4% entre 2003 e 2005, chegando a R$ 321,7 bilhões, sendo que o subitem benefícios de assistência social em numerário praticamente dobrou, chegando a R$ 15,9 bilhões, com destaque para os benefícios de assistência ao idoso e ao deficiente e o Bolsa Família. Em 2005, o consumo final das famílias atingiu R$ 1.266 bilhões, estimulado pelo aumento do crédito. Sua variação em valor corrente foi de 22,7% em relação a 2003, maior que a da renda disponível bruta, que cresceu 20,6%, chegando a R$ 1.323 bilhões. Como conseqüência, a poupança das famílias apresentou queda de 2,4%, passando de R$ 94,6 bilhões em 2003 para R$ 92,4 bilhões em 2005.

A poupança das famílias financia sua formação bruta de capital (investimento), que cresceu 17,5%, chegando a R$ 84,4 bilhões. Com menos poupança e mais investimento, a capacidade de financiamento das famílias caiu de R$ 19,9 bilhões, em 2003, para R$ 4,9 bilhões, em 2005.

Outro item com forte crescimento entre 2003 e 2005 foi os juros pagos pelas famílias. As despesas com juros cresceram 70,9%, chegando a R$ 47,4 bilhões. Com mais acesso ao crédito, as famílias aumentaram seu endividamento e, assim, assumiram uma despesa maior com pagamento dos juros desses empréstimos.

 

____________________________________________________________________

1 Variação média dos preços do período em relação à média dos preços do período anterior.

2 Diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário absorvido por essas atividades.

3 A análise das contas econômicas integradas é feita por setores institucionais. Nos comentários sobre os agregados macroeconômicos da economia nacional, a base da comparação é o ano de 2004. Na análise dos setores institucionais, a referência é 2003, em razão de não estarem ainda disponíveis os dados do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.